Yamada Sensei – Para a Aikidô Today Magazine

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Trecho de uma entrevista de Yamada Sensei publicado na Aikidô Today Magazine. A pergunta do entrevistador confirma a dúvida de muitos iniciantes nos caminhos do Aiki e a resposta do Shihan derruba aqueles que, sem conhecimento do Shintoísmo ou da religiosidade que permeia o caminho, tentam se passar por oradores, filósofos ou ainda “iluminados”. Boa leitura.

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Pergunta: Diz-se que a popularidade do Aikidô baseia-se no fato de não ser apenas uma arte de defesa pessoal, mas um modo de vida. É também algo que as pessoas estão procurando nesse final de século e na transição para o próximo. Portanto, a filosofia do Aikidô ou seu lado religioso torna-se muito importante. Quando o senhor ministra seminários ou aulas, raramente fala sobre os conceitos Shinto em que se baseia o Aikidô. O senhor favorece o lado técnico, enquanto parece não apreciar o aspecto da meditação ou da filosofia. Isso é simplesmente uma imagem que o senhor quer passar, ou acha desnecessário ensinar a teoria ou a filosofia que permeiam o Aikidô? Antigos estudantes do fundador dizem que O’Sensei, com frequência, ensinava filosofia Shinto.

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Resposta de Yamada Sensei: Em primeiro lugar eu não sou filósofo, ou uma pessoa religiosa. Ainda que O’Sensei em sua idade avançada tenha sido extremamente religioso, nunca nos forçou a pensar do mesmo jeito. Compreendo e concordo que o Aikidô não é somente uma arte marcial, mas também um modo de vida. No entanto, Aikidô é Budô. Portanto, creio que os praticantes de Aikidô não devem colocar muito peso na sua relação com o dogma espiritual ou cair na armadilha de transformá-lo em uma religião.

A razão pelo qual não falo sobre Shinto é porque não sou autoridade no assunto; e também acredito que Aikidô, em si mesmo, tem pouco a ver com o Shinto.

Gosto de meditações. Para mim, a prática de meditação é algo que alguém deve fazer sozinho e não em público. No entanto, a meditação é também algo que podemos praticar em todos os momentos. Da forma como vejo, meditação é consciência, a consciência da vida. É a percepção da vida no momento. Podemos fazer da nossa vida uma medição em todo e qualquer lugar, e a qualquer hora.

Eu não sei quem falou que o O’Sensei ensinava muito Shinto. Que eu saiba, não. Temos que compreender que as pessoas atualmente envolvidas com o Aikidô têm maneiras diferentes de ser e de pensar. Cada um vem com o seu próprio entendimento e credo, baseado na sua cultura, religião, ou experiência de vida. Como resultado, cada pessoa se conecta e interpreta os princípios do Aikidô ao seu próprio modo, segundo direções baseadas em suas origens. As pessoas veem e estudam o Aikidô como uma manifestação de suas próprias crenças.

Consequentemente, também usam seu aprendizado dos princípios do Aikidô para melhorar ou aprimorar suas crenças. Por exemplo, um adepto de Shinto pode usar seu conhecimento de Aikidô para melhorar ou aprimorar seu desenvolvimento e compreensão do Shinto. O mesmo se aplica aos budistas, ou a qualquer pessoa de qualquer religião ou filosofia. Eu não tenho aspirações de ser um líder espiritual.

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Colaboração:

www.impressione.wordpress.com

Aikidô Today Magazine

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One Response to Yamada Sensei – Para a Aikidô Today Magazine

  1. É interessante notar e manter um ambiente de liberdade e neutro quanto às convicções religiosas de cada praticante. Num país coimo o nosso ainda mais se ressalta essa necessidade. Arte Marcial e Religiões são dois ramos distintos. Cada um com ou sem um credo religioso no ambiente do Dojo, voltado para os seus objetivos de prática de uma arte marcial. Mesmo quando porventura algum Sensei venha a ressaltar aspectos da prática de uma arte marcial, ligando a outros aspectos da vida ordinária e comum de todos nós, há que se ressaltar de quem provoca uma reflexão a partir de um discurso não está excluído de uma problemática analisada, posto que somos, em essência, seres humanos comuns trafegando por diversos aspectos de dificuldade pessoal e coletiva na vida. Este pensamento vacina-nos contra uma possível idealização de um ser comum, que todos somos em verdade, como porventura algum sentimento de soberba que venha a querer instalar-se em nosso íntimo, insuflando-nos o nosso tão velho e presente orgulho que todos trazemos ainda em nós.

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