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O texto que segue foi enviado pelo aikidoca Frank Düesberg. Frank é aluno da Academia Central de Aikidô de Natal .
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Existe uma tendência muito forte de valorizar a aplicação da técnica. Entende-se neste sentido como técnica uma sequência de movimentos padronizados. Para conseguir executar os mesmos, requer-se um esforço, principalmente dos braços, para levar o corpo do uke de acordo com a exigência da técnica. Sendo assim, eu questiono se ainda se trata de Aikido no sentido como eu o compreendo, porque a partir do momento que o nage usa sua força, além do necessário para desviar o ataque, ele mesmo se transforma em agressor e o uke em vítima. O critério vital para discernir um do outro é exatamente a quantidade de força que o nage aplica. Um dos pontos chaves para mim para saber da qualidade de um nage é o uso minimizado de força.
Nessa perspectiva o ataque do uke ganha outra dimensão quase totalmente ignorado devido ao papel dominador da aplicação padronizada dos movimentos. Quais são os erros mais comuns nos ataques? Aqui cabe uma comparação com a vida na nossa sociedade. As pessoas que encontramos no dia-a-dia não vêm com intenções claras, diretas e sem reservas. A falta de honestidade é prática comum, as pessoas não são como querem ser vistos. São cheios de subterfúgios, maliciosos, e em qualquer mudança das circunstâncias imediatamente mudam de atitude de acordo com seus interesses.
No ataque do uke isto significa que ele não é efetuado com 100% de intenção direcionada, o que pode ser observado nos ataques mais comuns pelos seguintes critérios:
– no quadril recuado e no tronco inclinado para frente;
– no peso do corpo nas duas pernas ou até na perna de trás;
– no braço retesado na hora do arremesso nos golpes;
– na falta de direcionar a intenção para o centro do nage no caso das pegadas;
– na pouca precisão do local pretendido do ataque e
– na reação antecipada sabendo a técnica a ser aplicada.
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Para um bom ataque então, o uke precisa:
– definir antes do início do ataque o local preciso que quer atingir e manter este objetivo o máximo de tempo possível;
– arremessar o braço nos golpes para conseguir o máximo de potência;
– soltar a musculatura do braço nos golpes após alcançar o local pretendido do ataque;
– manter uma pressão contínua para o centro do corpo do nage nas pegadas;
– colocar o peso do corpo na perna da frente mantendo o quadril e tronco alinhado;
– evitar a antecipação da técnica;
– manter o ataque numa velocidade adequada até o final do movimento;
– após o término do ataque ficar numa posição equilibrada;
– não cair sozinho;
– evitar a antecipação do movimento do nage.
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Colaboração:
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[…] “Ai” de Aikido significa harmonia. Num ataque correto (ver meu artigo anterior) uma força vem ao encontro do nage. Inexoravelmente, para que seja Aikido, é preciso se […]
Muito boas as observações Frank-sempai, como sempre treinar com você é uma excelente forma de aprendizado, acabo aprendendo mais sendo seu uke do que quando sou o nague..