24/03/2023
Muitas vezes Morihei Ueshiba observava, “A única maneira que encontro para explicar o Aikido é desenhar um triângulo, um círculo e um quadrado” – as três proporções mais perfeitas da geometria.
Um triângulo com seu vértice voltado para cima simboliza o fogo e o linga cósmico; com sua ponta voltada para baixo, ele representa a água e o yoni cósmico. Os três lados do triângulo representam várias trindades: céu, terra e humanidade; mente, corpo e espírito; passado, presente e futuro. Um triângulo significa a dimensão do fluxo de ki.
O círculo é o emblema universal do infinito, da perfeição e da eternidade. A natureza se expressa em círculos, circuitos e espirais. O círculo é zero, o vazio que preenche todas as coisas. Ele representa a dimensão líquida.
O quadrado é estável, organizado e material. Ele é a base do mundo físico, composto de terra, água, fogo e ar. O quadrado simboliza a dimensão sólida.
Também é importante conceber os sangens em suas formas tridemensionais: o tetraedro (pirâmide), a esfera e o cubo. Sobre as três figuras fundamentais, Morihei dizia: “O triângulo representa a geração de energia e a iniciativa; é a postura física mais estável. O círculo simboliza unificação, serenidade e perfeição; ele é a fonte de técnicas ilimitadas. O quadrado retrata a forma e a solidez, base do controle aplicado.”
Pode-se interpretar esta imagem em muitos níveis, mas a explicação que mais toca os estudantes de Aikido é a da integração do céu (círculo), da humanidade (triângulo) e da terra (quadrado)
Texto extraído do livro: Os Segredos do Aikido de John Stevens.
Editora: Pensamento
Colaboração:
Francisco Jefferson – @mibbbrasil
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20/10/2021
Não cabe manifestação de ego no Aikido. É seu pré-requisito a intenção de desprendimento ao sentimento egóico.
Aikido é, acima de tudo, arte de iluminação, e a iluminação nunca se dá em benefício de um único ser. Lembremo-nos que O Sensei era extremamente religioso, e este sentimento foi fundamental na formação do Aikido.
Não há harmonia com a natureza, preso a uma vontade individual. A natureza não tem vontade…ela é. Assim devemos ser no Aikido, livres e fluidos. Se há vontade não há fluidez, não há harmonia, não há Aikido, que é o caminho da harmonia pela energia vital.
Levados por sentimentos adquiridos nas atividades esportivas, bem como no nosso meio social competitivo, preocupamo-nos em demonstrar destreza, conquistar graduações, obter destaque… Trabalha contra nossa prática a comparação com os outros, objetivo de sermos os melhores. A busca da superação deve ser sobre nós mesmos. A melhora obtém-se no aperfeiçoamento, que requer desprendimento e entrega à prática. Portanto, não há entrega se há apego, que são opostos entre si.
No Aikido há reverências, submissões a regras e posturas, a conduções; há humildade.
Se nossa preocupação ainda é com a obtenção da graduação, a exibição da já conquistada, o aprendizado de uma técnica que nos faça bom em luta, talvez devamos tornar a buscar informações sobre a história do fundador, que migrou seus estudos da marcialidade para a espiritualidade, do Jutsu para o Do. Assim procedendo, talvez compreendamos o significado da arte por você escolhida, e sejamos praticantes mais tranquilos e felizes, entregue as rotações naturais.
Nesse sentido, a lição do fundador:
“A Arte da Paz é o remédio para o mundo doente. Há maldade e desordem no mundo porque as pessoas se esqueceram que todas as coisas vieram de uma única força. Voltemos para essa fonte, deixando para trás todo pensamento egoísta, desejos mesquinhos e raiva. Aqueles que não possuem nada possuem tudo”.
“Se você não tem nada que o ligue ao verdadeiro desprendimento. Você nunca entenderá A Arte da Paz”.
* Ribamar Lopes – Shodan, filiado à União Sulamericana de Aikido
Original em: https://mussubi.wordpress.com/2011/09/03/o-ego-e-o-aikido/
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27/04/2020
Em 26 de abril de 1969, o fundador Morihei Ueshiba faleceu, ele tinha 86 anos. Ele dedicou sua vida a inaugurar e realizar a grande tarefa de consumar o Aikido. Quando o Sr. Isoyama, um dos discípulos do Fundador, e eu corremos para o leito de morte do Mestre, o Mestre sentou-se no colchão do futon, juntou as mãos em oração a cada um de nós e nos agradeceu por o que havíamos feito por ele. Nossos corações sangraram com lágrimas rolando incessantemente. Foi o fim inesquecível de um especialista em artes marciais.
O tempo voa, cinco anos se passaram desde a morte do Fundador. Alguns estudantes praticam o Aikido que nem sabem o nome do Fundador. O santuário de Aiki também sofreu com a falta de reconhecimento. Aqueles de nós que tiveram o privilégio de entrar em contato com o Fundador sentem profundamente que devem sempre continuar perguntando sobre o Fundador e transmitindo suas lições.O Fundador ainda respira em nossos corações e nos leva a um treinamento mais difícil. Se falsificarmos sobre o Fundador, sua voz de encorajamento não será mais audível e suas técnicas misteriosas, uma após a outra, serão esquecidas. Os instrutores de Aikido devem continuar seus estudos do Fundador. Este estudo o ajudará a resolver algumas das questões que ainda não foram esclarecidas. É seu dever entregar às gerações subsequentes as réplicas precisas das técnicas que eles aprenderam pessoalmente com o Fundador, bem como seu “Kuden” (Segredos de Arte do Orally Legacy).
A atitude dos alunos deve estar em sintonia com a de seus instrutores. É importante que os instrutores façam tudo o que estiver ao seu alcance para criar uma nova geração de instrutores bons e confiáveis entre seus aprendizes e criá-los em um programa estável e sustentado. Esse curso de desenvolvimento visa alcançar uma verdadeira disseminação do Aikido. Pessoalmente, acredito que instrutores e alunos devem se esforçar para atingir esse objetivo comum.
Saito Morihiro Shihan. 1974.
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Original em: https://pequeniosuniversos.wordpress.com/2020/04/26/deberes-de-aprendices-e-instructores/
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30/03/2020
Está fechado e pode permanecer fechado por meses. Alguns de seus instrutores dependem do dojo para parte ou todo o seu sustento; outras pessoas precisam de uma certa quantia de dinheiro para manter o dojo, pagar o aluguel etc. Se você considera isso como recreação ou um serviço em troca de uma taxa, é bastante natural que você pare de pagar as taxas de associação ao dojo, pois você não está recebendo nenhum serviço.
No entanto, se as artes marciais são mais do que isso para você, acredito que é a coisa certa a fazer, pagar suas taxas pelos próximos meses, até que as condições, certamente temporárias, em que vivemos atualmente, tenham se dissipado. Caso contrário, certamente alguns dojos, e talvez o seu, falirão. E se o que você está estudando é mais do que uma recreação ou um hobby, isso seria uma desgraça, pois algo tão valioso morreria neste mundo. Uma verdadeira escola de artes marciais é única – um grupo de irmãos e irmãs, sob a orientação de especialistas que fazem parte da mesma família, todos estudando juntos para tornar um ao outro mais forte e seguro.
Obviamente, se você deve reservar esse dinheiro para sua família, para seus negócios talvez ameaçados, a sobrevivência deve vir em primeiro lugar. No entanto, se a continuidade do seu dojo é parte da sua sobrevivência, ou parte do que dá vida a algo mais do que mera sobrevivência, peço às pessoas que considerem que o dinheiro que você continua a oferecer pode realmente ajudar adiante, tanto para você quanto para outros membros da sua comunidade.
Existe outro lado. Qual é a responsabilidade do instrutor? Nossa principal responsabilidade é ensinar a arte marcial que você conhece da maneira mais eficaz possível. Isso inclui o upload de vídeos que explicam em detalhes como aprimorar a técnica; anotando as coisas que seu instrutor lhe ensinou, que você nunca teve tempo para organizar; configurar classes virtuais. Além disso, entre em contato com seus alunos. Você está em uma posição de liderança e é possível que alguns de seus alunos estejam tendo problemas, mas são reticentes em pedir ajuda. Talvez alguém esteja doente e precise de ajuda para obter suprimentos. Talvez o dojo possa ter perdido uma ou outra pessoa apenas como comunidade real – assegure-se de que não o tenham perdido durante esse período.
As tradições marciais não eram originalmente meios de autocuidado. Elas eram métodos de proteção da comunidade. Isso pode ser a coisa mais valiosa que recuperamos à medida que passamos por essa crise.
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30/03/2020
O verbo japonês “kuzusu ” pode significar “derrubar (um edifício), derrubar, destruir ou nivelar (como em uma colina). Pode sinalizar uma “quebra” ou uma “mudança” no status ou condição de um objeto ou conceito. No Jiu-Jitsu, Judo e Aikido, o substantivo ” kuzushi ” normalmente se refere à quebra do equilíbrio do oponente e, portanto, à integridade de seu posicionamento e, portanto, à sua estabilidade.
Não é segredo que o Aikido foi o terceiro de uma linha de artes marciais japonesas modernas que têm sua gênese no “koryu ” ou nas artes de estilo antigo. Logo antes do Aikido era o Judô, e embora possam existir semelhanças na filosofia, elas têm características muito distintas que lhes permitem se destacar. Depois, há o Jiu-Jitsu, do qual parece uma infinidade de estilos e interpretações, que existem há várias centenas de anos. Também se reconhece que Morihei Ueshiba utilizou como base para sua forma de arte, Daito-ryu Aikijujutsu , seu professor sendo o famoso Sokaku Takeda. Pode-se discutir se o Daito-ryu Aikijutsu da Takeda é um representante de um gendai (moderno) ou um koryuarte marcial (antiga). Deixo para os estudiosos modernos disputar.
Um representante genuíno de Kano do Judô e Ueshiba do Aikido, foi Kenji Tomiki, um estudante direto de ambas as lendas históricas, que mais tarde introduziu uma forma de Aikido no Kodokan. Tomiki Sensei foi citado como tendo dito que “o jujutsu da velha escola consiste em quebrar a condição do corpo que perdeu o equilíbrio. É chamado kuzure-no-jotai (estado de equilíbrio quebrado). Às vezes, o próprio oponente perde o equilíbrio e, outras vezes, você destrói positivamente o equilíbrio do oponente, levando-o a uma postura vulnerável. No judô, a preparação do oponente consiste em destruir o equilíbrio do oponente antes de executar uma técnica e colocá-lo em uma postura onde será fácil aplicá-la.”
Pela minha experiência, acho que a descrição acima de “kuzushi” se aplica à maneira como as técnicas de Aikido foram originalmente projetadas para alcançar sua autenticidade, validade e eficácia. No entanto, na prática do Aikido de hoje, a aplicação do “kuzushi” é muitas vezes mais sutil e “sugerida” ao invés de aplicada explicitamente. Não é tão incomum para o nage começar uma manobra de “kuzushi” e para o uke terminá-la. Obviamente, isso cheira a “conluio” e demonstra uma séria perda de credibilidade, além de ampla falta de conhecimento ou entendimento na comunidade de treinamento de Aikido sobre o que o kuzushi realmente tem tudo a ver. Infelizmente, ilustra o que esses estudantes sinceros de Aikido, infelizmente, carecem de ignorar o papel crítico do Kuzushi em tornar o Aikido convencional, real, credível e viável.
Os cavalos parecem ter deixado o celeiro, por isso não é mais uma questão simples de corrigir o curso de todo o aikido moderno com um retorno fácil e sem falta a ontem. No entanto, para aqueles que realmente se importam, podemos individualmente, e em grupos dedicados, comprometer-se a reintroduzir muitos dos componentes esquecidos ou ignorados de forma descuidada da criação original de O`Sensei. É uma tarefa assustadora, mas se a sinceridade e a vontade de fazer o que for preciso ainda existirem, encontraremos tempo.
Pessoalmente, posso atestar o fato de que locais como o recente e inovador workshop de Stanley Pranin em Las Vegas, os Seminários da Ponte da Amizade popularizados por Hiroshi Ikeda Shihan , tentativas regionais de reunir talentos de estilos distintos de aikido, como em Seattle, Flórida e Nova Jersey, para citar alguns, uma nova onda de pensamento fora do tatami começou definitivamente. Que exemplo excelente de aplicação do kuzushi adequado ao equívoco desatualizado de “por que se preocupar, nosso aikido é bom o suficiente?” Como proclamou o Fundador, estamos apenas no início de uma busca indefinida do verdadeiro Aiki do Aikido escolhido, melhor definido e praticado por qualquer pessoa como um indivíduo soberano. No devido tempo, seremos capazes de atingir nossas metas individuais sem qualquer exigência ou necessidade de estilo estabelecido, afiliação organizacional ou prova de autenticidade a partes irrelevantes.
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Original em: https://aikidojournal.com/2012/10/19/kuzushi-an-aiki-perspective-by-francis-takahashi/?mc_cid=32978bcccd&mc_eid=3e12389011
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08/10/2019
“Acender a luz do próximo não apaga a sua”
Não sei relatar a origem desta frase, mas confesso que assim que pousei meus olhos sobre ela, uma memória de infância virou faísca dentro de mim.
Quando era criança tive a oportunidade de viver sob a luz de lampiões e lamparinas a querosene. Lembro que, na minha percepção infantil, era intrigante viver com uma iluminação tão precária, muitas sombras e um tantinho de fumaça em nossos rostos, todo anoitecer. Dessa época guardo também uma memória muito interessante, de uma história que minha mãe contava. Segundo ela, meu irmão mais velho não gostava que se acendesse nenhuma vela ou lamparina a partir da que estivesse com ele, sob intensos protestos de estarem diminuindo sua luz. Ele ainda não compreendia que compartilhar, não diminuiria nem afetaria a chama que ele segurava.
De posse dessa memória afetiva e diante da frase que me chamara a atenção, chego à conclusão de que, mesmo passado o tempo das velas e lamparinas, muitos de nós ainda temem dividir sua luz, a interior. Medo maior, tenho percebido, é o de que a luz dos outros seja mais intensa que a nossa própria.
Tenho visto muita gente com medo de manifestar o que tem de melhor. E gente mais receosa ainda de reconhecer o que os outros têm de melhor.
Andamos querendo esconder nossos talentos, nossa simpatia, nossas gentilezas, nossa bondade… como quem tem receio de mostrar-se e prefere manter tudo isso oculto, só para si, pra não ter que se dividir com mais ninguém.
Temos preferido fechar nossos olhos diante das luzes dos outros, por não querer reconhecer talentos, dons, capacidades e potenciais; com receio de que o outro brilhe mais do que nós. Nutrimos um comportamento que lembra a imaturidade da infância, com certo cunho egoísta, escondendo-nos, sob caras fechadas e palavras ásperas, sorrisos falsos e gestos pouco afáveis.
A maioria das pessoas esqueceu-se de que ser claridade é muito mais bonito. E que, decidindo ser luz não há quem nos ofusque.
Valorizar o que temos de bom dentro de nós e o que há de bom dentro das outras pessoas é um comportamento nobre e agradabilíssimo e que só faz clarear a alma de quem se permite.
A luz que ilumina nosso olhar, nosso sorriso, nossa presença, vem do bem que fazemos ou sentimos. É injustificável temer reparti-la. O que faz nossa luz diminuir é o mal, alimentado por nosso egoísmo e por outros sentimentos igualmente obscuros.
Não economize sua luz, não! Seja bom, agradável e gentil; sorria com frequência; elogie sem esperar nada em troca, sem inveja nem receio de que te passem à frente. Ninguém será capaz de tomar seu lugar, nem seu brilho, porque nossos lugares foram marcados, e cada um tem o seu.
Distribua luz, seja luz. Ilumine e se deixe iluminar. O mundo anda escuro demais pra você guardar sua luz só para si. Pense nisso!
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Alessandra Piassarollo – Administradora por profissão, decidiu administrar a própria casa e o cuidado com suas duas filhas, frutos de um casamento feliz. Observadora do comportamento alheio, usa a escrita como forma de expressar as interpretações que faz do mundo à sua volta. Mantém acessa a esperança nas pessoas e em dias melhores, sempre!
Link para o original: https://www.contioutra.com/acender-luz-proximo-nao-apaga-sua/
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15/01/2019
Eu joguei beisebol por 17 anos da minha vida. Durante esse tempo, eu tinha muitos treinadores diferentes e comecei a notar padrões repetidos entre eles.
Treinadores tendem a subir através de um certo sistema. Novos treinadores muitas vezes conseguirão seu primeiro emprego como assistente técnico com sua alma mater ou um time com quem jogaram anteriormente. Depois de alguns anos, o jovem treinador seguirá para o seu próprio trabalho de treinador principal, onde eles tendem a reproduzir os mesmos treinos, seguir horários de treinos semelhantes e até mesmo gritar com os seus jogadores de forma semelhante aos treinadores que aprenderam. As pessoas tendem a imitar seus mentores.
Esse fenômeno – nossa tendência a repetir o comportamento a que estamos expostos – se estende a quase tudo que aprendemos na vida.
Suas crenças políticas ou religiosas são principalmente o resultado do sistema em que você foi criado. Pessoas criadas por famílias católicas tendem a ser católicas. Pessoas criadas por famílias muçulmanas tendem a ser muçulmanas. Embora você possa não concordar com todas as questões, as atitudes políticas de seus pais tendem a moldar suas atitudes políticas. A maneira como nos aproximamos do nosso dia-a-dia e da vida é em grande parte o resultado do sistema em que fomos treinados e dos mentores que tivemos ao longo do caminho. Em algum momento, todos aprendemos a pensar em outra pessoa. É assim que o conhecimento é passado.
Aqui está a difícil pergunta: quem pode dizer que a maneira pela qual você aprendeu algo é o melhor caminho? E se você simplesmente aprendesse uma maneira de fazer as coisas, não a maneira de fazer as coisas?
Considere meus treinadores de beisebol. Eles realmente consideraram todas as diferentes maneiras de treinar uma equipe? Ou eles simplesmente imitavam os métodos aos quais haviam sido expostos? O mesmo poderia ser dito de quase qualquer área da vida. Quem pode dizer que a maneira pela qual você aprendeu originalmente uma habilidade é o melhor caminho? A maioria das pessoas pensa que são especialistas em um campo, mas na verdade são apenas especialistas em um estilo particular.
Desta forma, nos tornamos escravo de nossas antigas crenças, mesmo sem perceber. Adotamos uma filosofia ou estratégia baseada naquilo a que fomos expostos sem saber se é a melhor maneira de fazer as coisas.
Shoshin: a mente do principiante
Existe um conceito no zen-budismo conhecido como shoshin , que significa “mente de principiante”. Shoshin refere-se à ideia de abandonar seus preconceitos e ter uma atitude de abertura ao estudar um assunto.
Quando você é um verdadeiro principiante, sua mente está vazia e aberta. Você está disposto a aprender e considerar todas as informações, como uma criança descobrindo algo pela primeira vez. À medida que você desenvolve conhecimento e experiência, sua mente naturalmente se torna mais fechada. Você tende a pensar: “Eu já sei como fazer isso” e você se torna menos aberto a novas informações.
Existe o perigo que vem com a expertise. Nós tendemos a bloquear a informação que discorda do que aprendemos anteriormente e cedemos às informações que confirmam nossa abordagem atual. Acreditamos que estamos aprendendo, mas, na realidade, estamos nos movimentando por meio de informações e conversas, esperando até ouvirmos algo que corresponda à nossa filosofia atual ou experiência anterior, e escolhendo informações para justificar nossos comportamentos e crenças atuais . A maioria das pessoas não quer novas informações, elas querem validar as informações.
O problema é que, quando você é um especialista, você realmente precisa prestar mais atenção, não menos. Por quê? Porque quando você já está familiarizado com 98 por cento das informações sobre um tópico, você precisa ouvir muito cuidadosamente para pegar os 2 por cento restantes.
Como adultos, nosso conhecimento prévio nos impede de ver as coisas de novo. Para citar o mestre zen Shunryo Suzuki, “na mente do principiante existem muitas possibilidades, mas no especialista há poucas”.
Como redescobrir a mente do seu principiante
Aqui estão algumas maneiras práticas de redescobrir a mente de seu principiante e abraçar o conceito de shoshin.
Deixe de lado a necessidade de agregar valor
Muitas pessoas, especialmente as de alto desempenho, têm uma enorme necessidade de fornecer valor para as pessoas ao seu redor. Na superfície, isso parece ótimo. Mas, na prática, pode prejudicar o seu sucesso, porque você nunca tem uma conversa em que cala a boca e escuta. Se você está constantemente adicionando valor (“Você deveria tentar isso …” ou “Deixe-me compartilhar algo que funcionou bem para mim …”), então você mata a propriedade que outras pessoas sentem sobre suas idéias. Ao mesmo tempo, é impossível ouvir alguém quando você está falando. Então, o primeiro passo é deixar de lado a necessidade de sempre contribuir. Recue de vez em quando e apenas observe e ouça. Para saber mais sobre isso, leia o excelente livro de Marshall Goldsmith, What Got You Here não vai te levar até lá(audiobook ).
Deixe de lado a necessidade de vencer todos os argumentos
Há alguns anos, li um post de Ben Casnocha sobre se tornar menos competitivo com o passar do tempo. Nas palavras de Ben, “Outros não precisam perder para eu ganhar”. Essa é uma filosofia que se encaixa bem com a idéia de shoshin . Se você está tendo uma conversa e alguém faz uma declaração de que você não concorda, tente liberar o desejo de corrigi-los. Eles não precisam perder o argumento para você ganhar. Deixar de lado a necessidade de provar um ponto abre a possibilidade de você aprender algo novo. Aproxime-se de um lugar de curiosidade: não é interessante. Eles olham para isso de uma maneira totalmente diferente.Mesmo se você estiver certo e eles estiverem errados, isso não importa. Você pode sair satisfeito mesmo se não tiver a última palavra em todas as conversas.
Conte me mais sobre isso
Eu tenho uma tendência a falar muito (veja “Fornecendo muito valor” acima). De vez em quando, eu me desafio a ficar quieto e despejo toda a minha energia para ouvir alguém. Minha estratégia favorita é pedir a alguém: “Fale mais sobre isso.” Não importa qual é o tópico, estou simplesmente tentando descobrir como as coisas funcionam e abrir minha mente para ouvir sobre o mundo por meio de outra pessoa. perspectiva.
Suponha que você é um idiota
Em seu livro fantástico, Fooled by Randomness , Nassim Taleb escreve: “Eu tento lembrar ao meu grupo a cada semana que somos todos idiotas e não sabemos nada, mas temos a sorte de conhecê-lo.” As falhas discutidas neste artigo são simplesmente um produto de ser humano. Todos nós temos que aprender informações de alguém e de algum lugar, então todos nós temos um mentor ou um sistema que guia nossos pensamentos. A chave é perceber essa influência.
Somos todos idiotas, mas se você tem o privilégio de saber disso, pode começar a abandonar seus preconceitos e abordar a vida com uma mente de principiante. Shoshin.
NOTAS DE RODAPÉ
- Ocasionalmente, você também ouvirá sobre esse comportamento focado no sistema nos níveis de elite do esporte. “Ele treinou com Bill Belichick e aprendeu o sistema dos Patriots”. Ou: “Ele foi assistente de Urban Meyer e aprendeu a maneira de fazer as coisas”.
- Dica de chapéu para Richard W., um leitor deste site, por me explicar por que você precisa prestar mais atenção quando for um especialista. Ele percebeu que depois de ler muitos livros sobre um determinado assunto, você sabe tão bem que não pode simplesmente folhear livros semelhantes. A maioria das informações será repetitiva, então você precisa ler linha por linha para descobrir o insight que você nunca ouviu antes.
- Obrigado a Sam Yang por seu artigo sobre shoshin, que influenciou meu pensamento.
Link para o original: https://jamesclear.com/shoshin
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15/01/2019
Na década de 1920, um professor alemão chamado Eugen Herrigel mudou-se para o Japão. Ele veio para ensinar filosofia em uma universidade algumas horas a nordeste de Tóquio, em uma cidade chamada Sendai.
Para aprofundar sua compreensão da cultura japonesa, Herrigel começou a treinar em Kyudo, a arte marcial japonesa de arco e flecha. Ele foi ensinado por um arqueiro lendário chamado Awa Kenzo. Kenzo estava convencido de que os iniciantes deveriam dominar os fundamentos do arco e flecha antes de tentar atirar em um alvo real, e ele levou esse método ao extremo. Durante os primeiros quatro anos de seu treinamento, Herrigel só foi autorizado a atirar em um rolo de palha a apenas dois metros de distância.
Quando Herrigel reclamou do ritmo incrivelmente lento, seu professor respondeu: “O caminho para a meta não deve ser medido! De que importância são semanas, meses, anos?
Quando ele finalmente foi autorizado a atirar em alvos mais distantes, o desempenho de Herrigel foi sombrio. As flechas voaram para longe e ele ficou mais desanimado com cada tiro rebelde. Durante uma sessão particularmente humilhante, Herrigel afirmou que seu problema deve ser uma má pontaria.
Kenzo, no entanto, olhou para o aluno e respondeu que não era se alguém visava, mas como alguém abordava a tarefa que determinava o resultado. Frustrado com esta resposta, Herrigel deixou escapar: “Então você deve ser capaz de acertar os olhos vendados.”
Kenzo parou por um momento e depois disse: “Venha me ver hoje à noite”.
Arco e flecha no escuro
Depois que a noite caiu, os dois homens voltaram para o pátio onde ficava o consultório. Kenzo caminhou até seu local habitual de tiro, agora com o alvo escondido no escuro. O mestre de arco e flecha prosseguiu com sua rotina normal, acomodou-se em sua posição de tiro, apertou a corda do arco e soltou a primeira flecha na escuridão.
Lembrando o evento mais tarde, Herrigel escreveu: “Eu sabia pelo som que ele atingiu o alvo”.
Imediatamente, Kenzo puxou uma segunda flecha e atirou novamente na noite.
Herrigel deu um pulo e correu pelo pátio para inspecionar o alvo. Em seu livro, Zen na Arte do Arco e Flecha , ele escreveu: “Quando acendi a luz sobre o alvo, descobri, para meu espanto, que a primeira flecha estava alojada no meio do preto, enquanto a segunda flecha lascou o traseiro do primeiro e atravessou o poço antes de se encaixar ao lado dele.
Kenzo acertou um alvo duplo sem poder ver o alvo.
Tudo está apontando
Os grandes mestres do tiro com arco geralmente ensinam que “tudo está mirando”. Onde você coloca os pés, como segura o arco, o modo como respira durante a liberação da flecha – tudo isso determina o resultado final.
No caso de Awa Kenzo, o arqueiro mestre estava tão atento ao processo que levou a uma tomada precisa que ele foi capaz de reproduzir a série exata de movimentos internos, mesmo sem ver o alvo externo. Essa consciência completa do corpo e da mente em relação ao objetivo é conhecida como zanshin .
Zanshin é uma palavra usada comumente nas artes marciais japonesas para se referir a um estado de alerta relaxado. Traduzido literalmente, zanshin significa “a mente sem descanso”. Em outras palavras, a mente focou completamente na ação e fixou-se na tarefa em mãos. Zanshin está constantemente consciente de seu corpo, mente e ambiente sem se estressar. É uma vigilância sem esforço.
Na prática, porém, o zanshin tem um significado ainda mais profundo. Zanshinestá optando por viver sua vida intencionalmente e agindo com propósito, em vez de se tornar vítima do que quer que surja em seu caminho.
O Inimigo da Melhoria
Há um famoso provérbio japonês que diz: “Depois de vencer a batalha, aperte o capacete”.
Em outras palavras, a batalha não termina quando você ganha. A batalha só termina quando você fica preguiçoso, quando perde o senso de compromisso e quando você para de prestar atenção. Este é o zanshin também: o ato de viver com atenção, independentemente de o objetivo já ter sido alcançado.
Podemos levar essa filosofia a muitas áreas da vida.
Escrita: A batalha não termina quando você publica um livro. Ele termina quando você se considera um produto acabado, quando perde a vigilância necessária para continuar melhorando seu ofício.
Aptidão: A batalha não termina quando você bate em um PR. Ele termina quando você perde a concentração e pula os treinos ou quando perde a perspectiva e o overtrain.
Empreendedorismo: A batalha não termina quando você faz uma grande venda. Ele termina quando você fica convencido e complacente.
O inimigo da melhoria não é nem fracasso nem sucesso. O inimigo da melhora é o tédio, a fadiga e a falta de concentração. O inimigo da melhoria é a falta de compromisso com o processo, porque o processo é tudo.
A arte de Zanshin na vida cotidiana
“Deve-se abordar todas as atividades e situações com a mesma sinceridade, a mesma intensidade e a mesma consciência que se tem com o arco e a flecha na mão.”
Kenneth Kushner, uma flecha, uma vida
Vivemos em um mundo obcecado por resultados. Como Herrigel, temos uma tendência a colocar tanta ênfase em se a flecha atinge ou não o alvo. Se, no entanto, colocarmos essa intensidade, foco e sinceridade no processo – onde colocamos nossos pés, como seguramos o arco, como respiramos durante a liberação da flecha -, então acertar o alvo é simplesmente um efeito colateral.
O objetivo não é se preocupar em atingir o alvo. O ponto é se apaixonar pelo tédio de fazer o trabalho e abraçar cada peça do processo. O ponto é aproveitar aquele momento de zanshin , aquele momento de completa consciência e foco, e carregá-lo com você em todos os lugares da vida.
Não é o alvo que importa. Não é a linha de chegada que importa. É a maneira como abordamos o objetivo que importa. Tudo está apontando. Zanshin .
NOTA DE RODAPÉ.
- A frase atual é “katte kabuto no oo shimeyo”, que literalmente se traduz como “Aperte a corda do kabuto depois de vencer a guerra”. O kabuto era um capacete usado por guerreiros japoneses. Como seria de esperar, parece incrível.
Link para o original: https://jamesclear.com/zanshin
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18/12/2018
Fudô Myo-o é uma das importantes divindades do budismo japonês. Sua estátua pode ser vista em muitos lugares no Japão e não é incomum encontrar uma perto de uma cachoeira ou simplesmente por um caminho da montanha.
Seu nome em sânscrito é Ācala e em Japonês é escrito 不 動 明王, que significa, literalmente, “O rei da sabedoria imutável”. Ele é o guardião do Budismo e um dos cinco reis da Sabedoria, juntamente com Gōzanze, Gundari, Daiitoku e Kongōyasha. Quando os Cinco Reis da Sabedoria são representados juntos, ele geralmente é a figura do meio.
Fudô Myo-o converte a raiva em compaixão e corta os laços de sentimentos negativos e demoníacos para nos libertar do sofrimento através do autocontrole. Ele também combate o mal com sua fé inabalável e sua compaixão. Além disso, Fudô Myo-o é o guia para as almas falecidas, e desta maneira é feita uma cerimônia fúnebre realizada no sétimo dia após a morte.
Iconografia
Fudô-san (como ele é mais comumente chamado no Japão) tem um feroz olhar de monstro. Para quem não conhece melhor, ele parece exatamente como um demônio. Este não é o caso, Fudô Myo-o é geralmente cercado por chamas, muitas vezes pintado de vermelho vivo ou laranja, mesmo em estátuas de pedra. Eles representam a queima da raiva e da paixão para purificar a mente.
Ele geralmente fica de pé ou sentado sobre uma pedra que representa sua determinação, ficar onde ele está, sua imobilidade. Fudô Myo-o segura uma corda na mão esquerda, usada para pegar e amarrar os demônios e uma espada chamada “Kurikara” ou espada subjugadora do diabo para subjugar os demônios. A “Kurikara” também é usado para cortar ignorância.
Fudô Myo-o tem seu rosto contorcido de raiva, suas sobrancelhas elevadas e boca fazendo uma careta ameaçadoramente. Ele geralmente tem duas presas saindo de sua boca: uma apontando para cima (representa a força de seu desejo de progredir para cima em seu serviço pela a verdade) e a outra apontando para baixo (representa sua compaixão ilimitada por aqueles que sofrem em corpo e espírito).
Ele também costuma ter um terceiro olho, representando sua capacidade de ver tudo. Sua pele é geralmente muito azul escura, quase preta. Finalmente, o cabelo dele está trançado no lado da cabeça na forma de um servo para representar o seu serviço a todos os seres sencientes.
No Japão, o Fudô Myo-o é conhecido, também, como a deidade protetora das artes marciais, em especial do Aikido e do Ninjutsu, representando o espírito calmo, livre da agressividade. Para os praticantes de artes marciais, a figura do Fudô Myo-o representa o maior de todos os oponentes, qual seja, a própria pessoa, com seus medos e limitações autoimpostas, que impedem cada um de evoluir, eis que, para conseguir dominar e superar as barreiras e adversários, faz-se necessário conhecer-se a si próprio e vencer suas frustrações.
Mantra
の う ま く さ ん ま ん ん わ ば ざ ざ う だ だ ら ら ん だ か か ろ ゃ ゃ だ わ わ わ た や や う ん ん た ら た か ん ま ん
“Nômaku sanmanda bazaradan senda makaroshada sowataya un tarata kanman.”
Colaboração:
www.japanese-buddhism.com
WWW.impressione.wordpress.com
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01/12/2018
O Aikido se encontra em uma encruzilhada em seu desenvolvimento. Minha geração de professores andou na onda enquanto o Aikido crescia e se espalhava de seu começo modesto no Japão para uma presença mundial. Mas os tempos mudaram, os dados demográficos são diferentes e nos são apresentados vários desafios sérios no futuro.
Para começar, o Aikido, particularmente nos Estados Unidos, tem uma população que está envelhecendo. Enquanto muitos dojos conseguem ter programas infantis vibrantes, o número de jovens que continuam nas aulas para adultos é bem pequeno, assim como o número de adultos que voltam para o treinamento.
No passado, a maior parte dos novos alunos de qualquer dojo vinha de jovens de vinte e poucos anos do sexo masculino. No caso do Aikido, os tempos de boom coincidiram com o fim da Guerra do Vietnã. A maioria dos meus amigos estava envolvida de uma forma ou de outra com o movimento anti-guerra. Eu acho que a ideia de uma arte marcial que foi pensativa e tinha uma filosofia não violenta subjacente à prática teve um enorme apelo dessa geração.
Mas agora, MMA, ou artes marciais mistas, domina o cenário das artes marciais. O jiu-jitsu brasileiro é seu primo mais doméstico e saudável. Os jovens hoje em dia não parecem interessados nas artes marciais mais tradicionais. Eles querem lutar. E, é claro, é impossível para qualquer um de nós competir com o fato de o MMA ser exibido no horário nobre, sete dias por semana.
Então agora temos uma proporção maior de mulheres (muito sensatas para querer fazer MMA) e estudantes mais velhos. Mas eles não chegam com os mesmos números que os jovens costumavam fazer. Eles foram, em grande parte, para outro lugar.
Consequentemente, o Aikido (especialmente nos EUA) encontra-se em um estado do que eu chamo de “colapso da colônia de Aikido”. Números em declínio estão tornando cada vez mais difícil para os professores manterem as portas abertas. Eu tenho um grande número de amigos que perderam seus espaços e tiveram que voltar aos centros comunitários para manter um grupo funcionando.
Junte o declínio nos números com o boom econômico ocorrendo em muitas das principais áreas urbanas e você tem um duplo golpe de taxas de filiação em declínio e rendas rapidamente subindo para o espaço do dojo. No meu caso, apenas alguns dias atrás meu senhorio, de quem eu aluguei espaço por 29 anos, apenas aumentou meu aluguel em 75%, disse que eu precisava bolar $ 5.000 de depósito adicional e me deu até 22 de maio. (basicamente duas semanas de antecedência) para assinar os papéis.
Eu resisti a qualquer recessão econômica desde que abrimos em 1989. Nós sobrevivemos ao crash de 2008, embora nunca tenhamos nos recuperado totalmente. E agora, meu dojo está à beira da viabilidade porque a economia aqui está indo tão bem. Totalmente irônico, eu diria.
O envelhecimento da população tem impacto no treinamento. Quando eu comecei o Aikido, todos no dojo estavam em condição física máxima, seus corpos eram jovens o suficiente para absorver o impacto e lesões e se recuperar rapidamente, e o treinamento era muito intenso e exigente, muitas vezes um pouco assustador, fazendo você se sentir bem na beira da lesão. Na verdade, ferimentos leves eram comuns, como você esperaria quando o treinamento físico é tão intenso.
Mas quando você tem um dojo, onde 75% ou 80% dos alunos têm mais de 40 anos… Onde a grande maioria dos novos alunos que entram na porta já passou do seu auge físico… Isso muda a natureza da prática. A prioridade acaba sendo garantindo uma prática segura, o que significa que a intensidade é atenuada. Mesmo que haja jovens no dojo, quando o desequilíbrio de idade é tão grande, o treinamento deve ser direcionado à maioria. Isso significa que os jovens praticantes raramente são empurrados para seus limites do jeito que éramos.
Isso tem implicações para o futuro da arte. Onde os professores seniores virão daqui para frente? Neste ponto, as pessoas entram na arte e podem passar 30 anos treinando, mas porque elas pularam algumas experiências importantes que deveriam ter sido parte de seu treinamento jovem, elas simplesmente perderam o que deveria ter sido um trabalho fundamental importante.
Quando a maioria dos alunos envolvidos em uma arte é mais velha, as expectativas de desempenho na classificação são ajustadas, conscientemente ou não. Um teste de 45 anos para San Dan vai ter um conjunto de capacidades físicas muito diferentes do que uma pessoa de 30 anos. Quando o pool de ukes é todo passado, a energia do desempenho no teste é necessariamente atenuada.
Tudo isso tem um impacto direto na habilidade dos praticantes de Aikido de fazer Aikido como uma arte marcial e não apenas uma meditação em movimento ou um exercício saudável. Isso também significa que os alunos que estão chegando ao projeto, que um dia serão os professores do futuro, não estão recebendo o tipo de treinamento que os professores do passado fizeram. Isso muda a arte em si em um nível fundamental.
Acho que não podemos mais depender do dojo individual para produzir a próxima geração de professores. No Japão, o Aikikai Hombu Dojo sempre teve um programa de uchi-deshi projetado para produzir professores profissionais capazes de ensinar um determinado currículo. Além do que, muitos de nós, podem pensar sobre esse currículo, eles são bem sucedidos em fazer isso. Não existe tal programa nos EUA.
O que nossas organizações, e até professores individuais, precisam fazer é criar um verdadeiro programa de treinamento de instrutores. Eles precisam olhar em volta e identificar praticantes mais jovens, comprometidos e talentosos, e criar eventos nos quais eles possam se reunir e obter experiências de treinamento intensivo do tipo que simplesmente não podem ter em seus dojos domésticos. Eu gostaria de ver esses eventos sendo ministrados por vários professores seniores que podem fornecer diferentes pontos de vista sobre o que esses jovens trainees estão trabalhando (em oposição à abordagem Hombu de uma abordagem muito homogênea em que todos terminam o processo parecendo iguais).
Na chamada “Era de Ouro” do Hombu Dojo, a instrução foi fornecida por uma série de professores de nível superior, nenhum dos quais se parecia um com o outro, cada um tendo uma abordagem “estilística” diferente, uma visão espiritual diferente da arte. Era um ambiente em que se podia encontrar o próprio Aikido, que, na minha opinião, era a intenção de O-Sensei.
Eu gostaria de nos ver projetando experiências de treinamento para espelhar esse tipo de experiência para nossos praticantes mais jovens. Precisamos nos concentrar neles porque eles são o futuro da arte. Para a maioria dos praticantes mais velhos, é tarde demais para voltar no tempo e fazer o tipo de treinamento que eles poderiam ter quando eram jovens. Precisamos fazer algo sobre a criação de um sistema que possa ser um verdadeiro professor de nível superior daqui a vinte anos.
Eu falei com Josh Gold no Aikido Journal sobre isso. Eu acho que uma instituição como o Aikido Journal é o anfitrião perfeito para criar alguns eventos desse tipo. Mas, para que tenha um impacto real, nossas organizações também precisam fazê-lo. Uma experiência intensiva de vez em quando é melhor do que nenhuma, mas não é suficiente para realizar a profunda reprogramação que o treinamento deve fazer.
A maioria de nossas organizações administra um ou mais campos onde todos podem se reunir com seus professores seniores para treinar. Infelizmente, esses eventos costumam ser mais sociais do que intensivos. O que eu imagino é o treinamento de Shodan, Nidan e Sandan, com base em convite apenas para aqueles alunos identificados pelos professores seniores como tendo o potencial de ir à distância.
Até onde podemos oferecer um treinamento mais intensivo para o resto da nossa população idosa de Aikido, acho que o trabalho com armas pode oferecer muito do mesmo conjunto de insights, se feito corretamente. Embora um aluno possa ficar velho demais para que as quedas e o treinamento combativo sejam sensatos, o trabalho com a espada ou o jo pode permitir uma prática muito intensiva que pode levar o aluno ao limite. Mas, mais uma vez, as pessoas não podem continuar sugando a vida para fora do treinamento, a fim de garantir que seja “seguro”. Deve ser responsabilidade de nossos professores oferecer o tipo de treinamento que permitirá aos alunos entender como controlar suas armas adequadamente para trabalhar em um nível de intensidade que produzirá habilidades mais altas. Isto não é o que geralmente se vê com a maioria das armas de trabalho.
Resumindo… a maioria dos membros do dojo está diminuindo, uma população de praticantes que está envelhecendo, não há jovens o bastante entrando e não há chances suficientes para que tenhamos que treinar em seus limites. Nós temos um grupo de idosos de professores seniores que treinaram de forma diferente do que é feito agora e eles estão começando a falecer. Estamos fazendo o que precisa ser feito para ter uma geração de futuros professores prontos para assumir o papel dos altos executivos seniores que tivemos? Não acredito que tenhamos feito isso. Mas também acredito que ainda há tempo para isso. Eu acho que temos uma janela de quinze anos enquanto o uchi-deshi ainda tem algumas pessoas para ensinar, e as pessoas que treinaram diretamente sob esses professores ainda estão disponíveis também.
Depois disso, não haverá ninguém que trabalhe sob O-Sensei ou um professor treinado diretamente por quem o tenha feito. Se o Aikido quiser sobreviver como uma arte marcial respeitada, isso deve ser tratado. Eu acho que deveria ser o foco número um da nossa comunidade de Aikido. Eu também não sou terrivelmente otimista quanto a isso.
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*George Ledyard (7º Dan Aikikai) opera o Aikido Eastside na área de Seattle, aluno mais graduado de Mitsugi Saotome Shihan.
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Colaboração:
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19/10/2018
Aglutinando ideogramas diferentes, a língua japonesa tem a peculiaridade de construir frases sintéticas densas, com profundo sentido inerente à cultura e ao espírito japonês. Como a expressão “ichi-go, ichi-e”, que transmite um ideal estético ligado aos conceitos zen-budistas e à consciência da transitoriedade das coisas. Literalmente significando “um momento, um encontro”, sua conotação, porém, tem nuances e implicações que transcendem explicações ou traduções.
Regidos por estações de ano bem definidas em que a natureza cambiante faz o mundo flutuar numa constante mutação de temperatura, sons, cores, aromas e gostos, os japoneses tentam se apegar ao efêmero, procurando usufruir ao máximo o que cada estação oferece ao tato, aos olhos e ouvidos, ao olfato e paladar. Ichi-go, ichi-e traz à consciência a proposição de viver ao máximo cada dia, hora, minuto e segundo. Fazer de cada momento um encontro único para ser vivido bem e intensamente.
Esse pensamento zen tem muito a ver com o chadô, cerimonial de chá japonês. Apesar de o ritual continuar o mesmo desde há séculos, em cada cerimônia deve-se concentrar a atenção e o espírito naquele momento, com aquelas pessoas e objetos, naquele ambiente particular. Então será criada uma experiência original e única, que nunca mais será reproduzida exatamente daquela maneira, ainda que no mesmo local, com as mesmas pessoas e os mesmos recipientes. Nas artes marciais, esse conceito também se acha muito arraigado. Cada forma, kata, será praticada como se fora a primeira e única, com a máxima concentração e empenho, ainda que obedeça a regras tradicionais antigas, mil vezes praticadas e a serem praticadas. A mesma postura se observa nas artes como ikebana, shodô (caligrafia), sumiê (pintura); e na contemplação da natureza – hanami (flores), tsukimi (lua).
Ichi-go, ichi-e sugere que essa prática seja observada também no nosso dia a dia: um encontro banal, mesmo com um amigo a quem vemos com frequência, poderia ser encarado como momento especial. É prazeroso tratá-lo com atenção e consideração para que ele possa se despedir de nós com o coração aquecido, sentindo pena de nos deixar. Ir se despedindo e já ir “sentindo saudade daquele instante” – nagori oshiku.
A jornalista Lori Matsukawa, em matéria publicada no semanário The North American Post, de Seattle, WA, também tem sua versão para ichi-go, ichi-e: não deixar a chance escapar quando o destino bate à nossa porta. Nas coisas mais rotineiras da nossa vida. Por comodismo, falta de iniciativa ou pura preguiça, não raramente, desdenhamos convite para um evento, uma reunião, um desafio. Não seria esse o momento único de um encontro que talvez pudesse suscitar aberturas decisivas e novos horizontes? No mínimo sairíamos enriquecidos da experiência. Liderança de destaque na comunidade de Seattle, o que Lori Matsukawa quis dizer é que deveríamos nos engajar continuamente num ideal, e quando nada estiver acontecendo, compete a cada um de nós fazer acontecer o seu ichi-go, ichi-e. Aqui, agora: transformar nossa vida e nosso entorno, quiçá o mundo.
Original em: http://www.asiacomentada.com.br/2010/09/ichi-go-ichi-e-momento-nico-do-encontro-de-uma-vida/
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27/09/2018
Sou uma mulher que teve muita experiência em atividades dominadas por mulheres (certos tipos de dança), atividades dominadas por homens (videogames) e atividades equivalentes a gênero (música) ao longo da minha vida. Comecei a aprender o Aikido há cerca de um ano e fiquei agradavelmente surpresa ao descobrir que havia um número substancial de mulheres praticando no meu dojo, mesmo que, no geral, os homens ainda fossem a maioria. À medida que me aprofundei nas técnicas e práticas do Aikido, percebi que é uma disciplina que oferece benefícios que são muito úteis para as mulheres e também é uma arte em que as mulheres têm traços vantajosos.
Neste artigo, gostaria de expor esses benefícios e traços vantajosos conforme os vejo, para que as mulheres compreendam melhor a maneira como praticar o Aikido pode ajudá-las a alcançar seus objetivos. Nada neste artigo destina-se a julgar mulheres ou homens como um grupo – ou suas atividades de escolha – como bom ou ruim, pior ou melhor. A ideia é reconhecer e abordar os desafios que as mulheres enfrentam, as habilidades ou experiências que as mulheres valorizam e as várias características que o gênero traz à mesa. Muitas das informações contidas neste artigo também podem ser úteis para homens e indivíduos não-binários de gênero ou não-conformes de gênero. Agora, vamos começar.
Benefícios do Aikido para mulheres
Há uma série de coisas que o Aikido me ensinou ou me proporcionou que eu gosto muito, e acredito que muitas mulheres se sentiriam da mesma forma se aprendessem a prática. Alguns dos benefícios da minha perspectiva incluem:
- Maior autoconfiança física e consciência situacional;
- Uma comunidade de apoio onde fiz muitos amigos;
- Uma filosofia de não-violência e compaixão que ressoa e reforça a minha própria;
- Melhor postura e alinhamento corporal;
- Exercício cardiovascular divertido que aumenta a coordenação e a força do núcleo;
- Treinamento em análise estratégica de biomecânica;
- Um lugar onde eu posso ir e onde eu sei que posso me sentir confortável e respeitada e não me sinto constrangida com o meu corpo;
- Um sistema de progressão que me permite assumir desafios e alcançar objetivos no meu próprio ritmo, de forma independente e cooperativa;
- Muitas oportunidades para aprender coisas novas e ensinar o que sei;
- A capacidade de cair sem me machucar;
- Técnicas práticas de autodefesa física que são projetadas para convencer o atacante a desistir sem causar danos físicos permanentes.
No entanto, o maior benefício tem sido psicossocial, em que o Aikido me ensinou maneiras mais saudáveis de aparecer no mundo em torno de outras pessoas.
Se você se identifica como mulher, você já sentiu que deveria “se inclinar” e / ou “ocupar espaço”? Você tentou fazê-lo e depois descobriu que seus colegas de trabalho, familiares, amigos, etc. resistiram às suas tentativas de ser mais assertivo e expressivo em voz alta? Você já se sentiu desconfortável em agir contra o argumento e/ou parecer conflituoso ao fazê-lo? Isso pode ser porque é difícil imitar novos comportamentos eficazes ao longo dessas linhas sem diretrizes claras e treinamento real. O Aikido pode fornecer ambos.
No Aikido, você é fisicamente treinado para “se apoiar” ou se comprometer com o ponto de contato com seu parceiro (digamos, a mão dele agarrando seu pulso) para que você possa manipular a estrutura do seu corpo e/ou momento. Você também é treinado para literalmente entrar no espaço de outra pessoa de forma decisiva para distraí-los e/ou tornar mais fácil desequilibrá-los. Se você tentar ser educado demais com isso, um instrutor ou um praticante de alto escalão poderá corrigi-lo com gentileza, mas com firmeza, porque o Aikido é sobre a neutralização de ameaças da maneira mais humana possível, o que significa da maneira mais eficiente possível.
Assim como os exercícios de respiração profunda e o alongamento podem relaxar a mente, a prática do ato físico de se inclinar e ocupar o espaço de maneira calma e construtiva pode guiar os comportamentos sociais da pessoa, com grande efeito.
Eu aprendi que ser assertivo não tem que ser sobre estar com raiva ou resistente ou egoísta. Na verdade, muitas vezes é mais fácil colaborar com as pessoas quando elas são claras sobre suas ideias e necessidades. Compartilhar a perspectiva única de uma pessoa pode ajudar a mostrar a outras pessoas, independentemente do sexo, que não há problema em serem elas mesmas e elas podem ser respeitadas por serem diferentes.
Então, quando você troca de papéis com o seu parceiro, percebe o quanto é importante para eles executarem as técnicas da melhor forma possível, para que você possa aprender a reagir de forma adequada e segura à força de suas ações. Você percebe que não é uma ofensa imperdoável para alguém deliberadamente entrar em seu rosto em um ambiente estruturado de ensino e aprendizagem – na verdade, é muito valioso para você. Este conceito pode ajudar a reduzir o medo de pressionar ou ferir outras pessoas quando você metaforicamente se inclinar ou ocupa seu espaço.
Pessoalmente, tenho muito menos medo de ser meu eu entusiástico, inteligente e esquisito com outras pessoas, agora que internalizei essas lições. E eu definitivamente descobri que as pessoas apreciam isso e até gostam de me ter mais por perto porque gostam da minha energia e das minhas ideias. Tem sido bastante revelador.
Os traços vantajosos das mulheres no contexto do Aikido
É verdade que a população de praticantes de Aikido tende a ser dominada por homens. No entanto, isso não é por causa de qualquer desvantagem física inerente por parte das mulheres, em comparação aos homens – é mais um artefato histórico e cultural da época em que o Aikido e outras artes marciais foram inventadas e popularizadas. Aikidoca feminino e praticantes de artes relacionadas existiram desde os primórdios do Aikido, meninas japonesas do ensino médio praticaram o Aikido Budo por volta de 1940 em um raro manual técnico conhecido como Soden.
Hoje, o Hombu Dojo de Tóquio, que foi fundado pelo fundador do Aikido Ueshiba Morihei em 1931, realiza aulas regulares de mulheres, como ilustrado pelo artigo de Catalina von Crayen “O Guia do Aikidoista Feminino para o Hombu Dojo”. É claro que existe um lugar para mulheres no Aikido. Além disso, há razões específicas pelas quais ter características fisiológicas associadas ao fato de ser mulher pode realmente ser um trunfo significativo na prática do Aikido.
A técnica correta do Aikido não depende dos grupos musculares da parte superior do corpo, que os homens geralmente constroem facilmente e as mulheres geralmente não (ou seja, bíceps, tríceps, peitorais). O Aikido é sobre alavancar eficientemente o movimento e o momento para criar a força mais impactante, e usar grupos musculares menores, isoladamente, é ineficiente, mesmo que produza um resultado similar. Embora seja mais fácil, em níveis mais baixos, acabar com o arremesso ou imobilizar alguém no chão usando principalmente a força da parte superior do corpo, no momento em que você progredir no treinamento, é esperado que você use alinhamento, grandes grupos musculares (quadris / costas / pernas) e força do núcleo para executar movimentos. Como as mulheres não têm a opção de usar a força da parte superior do corpo tão facilmente quanto os homens, temos que confiar mais na técnica para chegar ao ponto de estarmos arremessando grandes caras por aí.
Além disso, como as técnicas de Aikido giram em torno de sua própria estabilidade para quebrar o equilíbrio de um oponente, é uma vantagem defensiva e ofensiva ter um centro de massa mais baixo, porque você é mais estável do que alguém com um centro de massa maior. A altura média de um macho americano é de 5’9.5 ”, enquanto a altura de uma fêmea americana média é de 5’4”. As mulheres também tendem a ter um centro de massa mais baixo do que um homem de igual altura, devido às características sexuais secundárias. Certas técnicas de Aikido como shihonage são mais fáceis e mais efetivas se você for menor que seu oponente, e outras técnicas de Aikido podem ser modificadas para tirar proveito desse tipo de diferencial de altura.
No Aikido, precisão de movimento e mobilidade articular são mais importantes que força muscular opressiva, é por isso que eu sinto que meu plano de dança ajudou minha prática muito mais que meu tempo no saco de pancada quando eu treinei kickboxing e taekwondo. Eu não sou bem versada na ciência da flexibilidade articular, mas parece que as mulheres tendem a ter uma amplitude maior de movimento nas áreas abdominal e do quadril, e também nos ombros (fonte). As mulheres às vezes são consideradas mais graciosas do que os homens, o que pode indicar melhor precisão de movimentos e coordenação motora fina. Certas atividades baseadas no movimento, como a ioga, que enfatizam a flexibilidade, a coordenação e a força central, são frequentemente populares entre as mulheres, e também fornecem uma excelente base para o Aikido.
Finalmente, enquanto o aikido é uma arte marcial que treina pessoas em técnicas de combate efetivas e práticas, é mais colaborativo e não tão conflituoso ou competitivo como muitas outras artes marciais ou sistemas de luta. Eu sei como é levar um soco na cara enquanto brinco, e a novidade se desgastou rapidamente. Na prática do parceiro de Aikido, que ocupa a maioria das classes de grupo, uma pessoa é o atacante (uke) e um outro é o defensor (nage). O uke “ataca” agarrando o pulso do nage ou a lapela do uniforme ou aproximando-se com um golpe de mão aberta (os ataques se tornam mais variados e realistas nos níveis avançados). O nage então executa a técnica especificada pelo instrutor em resposta ao “ataque” de maneira suave e precisa, mantendo contato físico com o uke para manipular suas articulações, momento e equilíbrio até que eles não estejam mais em uma posição onde possam atacar com sucesso . Depois de algumas iterações, os parceiros trocam de papéis. Como o objetivo geral é desencorajar o oponente de atacar sem causar danos permanentes, é relativamente fácil praticar diretamente em um parceiro humano sem perigo.
Uma vez que um dos principais objetivos do treinamento de parceiros é praticar a aplicação de técnicas sobre oponentes de diferentes tipos de corpo, os parceiros trabalham juntos de forma cooperativa para customizar a abordagem do nage para o uke em particular . Há um ramo do Aikido que pratica a arte competitivamente, mas a competição não é comum ou essencial à arte como um todo. As mulheres muitas vezes são culturalmente mais encorajadas a desenvolver mentalidades colaborativas e empáticas do que os homens, o que é um grande trunfo para se tornar um Aikidoca de sucesso.
As Upsides superam largamente as desvantagens
Dado tudo isso, por que o Aikido ainda é uma disciplina dominada por homens? Parte disso é porque o Aikido não é tão conhecido como outras artes marciais ou estruturas de exercícios, mas parte disso é também porque existem preocupações razoáveis que as mulheres podem ter com relação a esse tipo de prática. Exemplos (não uma lista completa):
- Artes marciais podem parecer violentas, dadas ícones como Bruce Lee e Jean-Claude Van Damme;
- Agarrar uma pessoa suada pelo pulso pode parecer anti-higiênico;
- Pode parecer muito alto o impacto e destrutivo para as articulações e outras partes do corpo;
- Causar desconforto físico a alguém, mesmo por consentimento, pode parecer conflituoso e desagradável;
- Sentir-se desequilibrado ou estar em uma posição física de fraqueza pode ser desconfortável;
- Sugerir que as mulheres aprendam uma arte associada à autodefesa física pode se sentir culpada pela vítima;
- A perspectiva de cometer erros na frente de outras pessoas pode parecer intimidante.
Estas são todas preocupações legítimas, e se elas ou outras pessoas forem pessoalmente importantes, então seria útil discuti-las com um instrutor em um bom dojo de Aikido.
Eu mesmo acho que o Aikido é cheio de graça e beleza, que é um sistema que enfatiza a segurança, que o suor não é tão grosseiro de lidar, que jogar alguém ou ser jogado é uma maneira incrível de construir confiança, que ter a capacidade de defender-me é extremamente fortalecedor, e eu me sinto confortável e apoio o aprendizado no meu próprio ritmo.
Para outros pontos de vista femininos, veja os artigos do Aikido Journal apresentando Patricia Hendricks (7º dan), Ginny Breeland (5º dan), Coralie Camilli (shodan) e Karen (shodan) de Ikazuchi Dojo , Sophia (terceiro kyu ) e Juliette (segundo kyu).
De uma perspectiva mais ampla, John Gerzema e o livro de 2013 de Michael D’Antonio, A Doutrina de Atena: Como as Mulheres (e os Homens que Pensam Como Eles) irão Governar o Futuro usaram uma pesquisa mundial de 64.000 pessoas para descobrir que o paradigma da liderança moderna é balançando para longe do passado machista e para virtudes “femininas” como flexibilidade e colaboração. Embora muitas pessoas possam aspirar a serem líderes e mudar o mundo, pode ser difícil desenvolver esse poder ao máximo sem uma crença sólida na própria força e capacidade de responder a situações desafiadoras. O Aikido é uma excelente maneira de desenvolver a confiança e as habilidades para navegar em um mundo complexo e dinâmico de maneira fundamentada e fortalecida.
Para encerrar, o O-Sensei (o termo honorífico para o fundador do Aikido) era conhecido como um formidável e poderoso artista marcial, mas ele não criou uma arte marcial para perpetuar a destruição. “Aikido não pode ser outra coisa senão uma arte marcial de amor. Não pode ser uma arte marcial de violência”, disse ele em entrevista. “O estado de espírito do aikidoca deve ser pacífico e totalmente não-violento. Ou seja, aquele estado mental especial que leva a violência a um estado de harmonia”.
Embora o Aikido possa, superficialmente, parecer se concentrar na resolução física de conflitos, as técnicas de combate são realmente apenas a ponta do iceberg. As habilidades mentais, emocionais e físicas que os praticantes aprendem formam uma abordagem coerente para relacionamentos de todos os tipos que promovem maior paz e compreensão. Qualquer um pode se beneficiar fazendo Aikido, e gênero certamente não precisa atrapalhar.
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*Christina Kelly é editora do Aikido Journal e pratica aikido há cerca de um ano, ocupando atualmente o quarto kyu . É escritora e editora profissional especializada em videogames e esportes, tendo trabalhado anteriormente em editorial na Blizzard Entertainment e na ESPN Esports. Seu último editorial sobre AJ foi intitulado “ Por que o mundo precisa do Aikido, uma perspectiva do milênio ”. Este editorial foi escrito para uma audiência geral que pode não estar familiarizada com o Aikido.
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Link para o original: http://aikidojournal.com/2018/09/25/why-aikido-is-great-for-women/?mc_cid=15cbff8039&mc_eid=3e12389011
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Colaboração:
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18/07/2018
O fundador, Ueshiba Sensei disse: “Em uma verdadeira batalha, atemi é setenta por cento, a técnica é trinta por cento“. O treinamento que seguimos no dojo é projetado para ensinar vários tipos de técnicas, a maneira correta de mover nosso corpo, formas eficazes de usar nosso próprio poder e como criar um relacionamento com a outra pessoa.
Em uma batalha real, devemos usar o poder que desenvolvemos em nossos corpos no dojo e fazê-lo explosivamente em um instante; devemos decidir o resultado da luta naquele momento. Nessa situação, o atemi é muito importante.
No Aikido não usamos nenhuma força especial para aplicar o atemi, mas em todas as técnicas, podemos gerar energia usando energia concentrada. Por exemplo:no caso de shomen-tsuki, se pudermos usar o joelho da frente para transferir efetivamente todo o poder de movimento para a frente de nosso corpo, toda a energia será transferida para o nosso punho.
No atemi, o timing é obviamente muito importante. Quando o uke avança em nossa direção, se pudermos sincronizar com esse avanço para que seja possível lançar nosso ataque no momento em que ele estiver desequilibrado, mesmo sem usar a força, poderemos atacar com grande poder.
A maneira de realizar os ataques no Aikido não se limita simplesmente a acertar com o punho ou tegatana (canto da mão). Se fizermos contato com o uke com poder concentrado, isso é atemi, podemos usar o ombro, as costas ou qualquer parte do nosso corpo para fazer atemi.
Gozo Shioda Shihan, no livro Total Aikido, 2004.
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Textos Interessantes | Marcado: Academia Central de Aikidô de Natal, Aikidô, Aikidô Natal, Atemi, Gozo Shioda, Shioda |
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13/11/2017
Os meus primeiros estágios de Aikido, há já mais de vinte anos, foram os estágios orientados pelo Mestre Georges Stobbaerts no Ten Chi, na Várzea de Sintra. O tapete era enorme e o Mestre gostava de fazer as saudações no início e fim das aulas com todos os participantes alinhados à volta do tapete, em forma de “u”, em vez da mais comum forma em linhas paralelas de acordo com a orientação do dojo. Usávamos cintos coloridos, do branco ao preto, o que permitia ver perfeitamente o número de alunos por cada grau. Muitos cintos brancos — os iniciados — e uma quantidade cada vez menor de alunos por cada grupo de cores, até chegar ao cinto castanho. A seguir vinham os cintos pretos, que usavam um hakama1 também preto e eram novamente um pouco mais por terem no seu seio um conjunto grande de diferentes graduações. Da leitura deste “u” que todos formávamos, facilmente se concluía que apenas uma pequena parte dos praticantes chegaria um dia a yudansha2 e que a grande maioria dos participantes nos estágios era de principiantes ou gente ainda com pouca experiência.
O cenário mudou radicalmente de então para os dias de hoje. Seja qual for a escola ou grupo que organize um estágio de Aikido, invariavelmente o tapete está cheio de praticantes avançados e os cintos brancos ou coloridos3 são uma evidente minoria. Qual a razão para esta diferença? A resposta parece-me óbvia, por mais dura que possa ser para um professor de Aikido: não há entrada de novos praticantes em número suficiente para compensar os que abandonam a disciplina. Os praticantes mais avançados, para quem o Aikido tem já um lugar importante na sua vida continuam a prática, mas não há uma procura que compense as desistências a meio do percurso, normais em qualquer arte marcial. E este fenómeno não é apenas português; é internacional.
Há então que enfrentar a realidade: o Aikido perdeu nos últimos tempos grande parte do seu poder de atracção e esta quebra tem as suas razões.
Vivemos numa sociedade ao mesmo tempo muito competitiva e desespiritualizada (não estou certo que o termo exista). A competição é estimulada desde os primeiros anos de escola e aceite como forma de organizar o trabalho e a vida. Simultaneamente, as manifestações de vida espiritual — sejam religiosas ou outras — são desvalorizadas ou substituídas por produtos de auto-ajuda ou prometedores de um conforto emocional rápido (e evidentemente falso). Ora, nos últimos anos têm aparecido inúmeras disciplinas no campo das artes marciais que oferecem eficácia — falaremos mais à frente do que isso é — em pouco tempo e com uma aplicação prática mais evidente. Para já não falar do crescimento dos chamados desportos de combate, alguns deles modalidades olímpicas, que oferecem o aspecto competitivo que o Aikido não tem. No caso de Portugal, com a particularidade de, nos últimos anos, se terem conseguido resultados de nível internacional, naturalmente mobilizadores para os mais jovens e seus pais.
Neste cenário, o Aikido está aparentemente num beco sem saída. Se no início da sua expansão pelo ocidente oferecia a novidade de uma prática marcial suportada por um trabalho espiritual, de transformação pessoal e de visão do mundo — por mais diferentes que fossem as suas variantes — essa oferta parece não ter hoje muitos destinatários. Por outro lado, face às novas promessas de artes com aplicação prática simples e resultados imediatos, ou face às disciplinas desportivas competitivas, o Aikido parece não ter nada a oferecer. Aparentemente, propõe algo que as pessoas não querem, exigindo em troca o que não têm: paciência e um gosto pelo caminho maior do que pelo destino.
No Aikido não existem progressões rápidas. Mais do que situações concretas como “a um ataque do tipo X responde-se da forma Y”, trabalham-se princípios aplicáveis de forma diferente em diferentes situações. Educa-se o corpo e a mente através de um trabalho do movimento e de todos os elementos que o compõem (deslocação, respiração, concentração…) Não é portanto possível exigir resultados rápidos e esses mesmos resultados, não havendo competições nem metas definidas no tempo, dependerão dos objectivos de cada praticante. Mais ainda, as técnicas de Aikido são deliberadamente trabalhadas por forma a não provocar danos no parceiro de prática o que é, aparentemente, um paradoxo difícil de resolver.
O Aikido é, por tudo isto, visto muitas vezes como uma arte ineficaz. Este conceito é no entanto uma grande armadilha uma vez que, e logo à partida, a eficácia de qualquer actividade só pode ser medida tendo em conta os seus objectivos. Se o objectivo for, num mês, treinar um soldado para um cenário de guerra, o Aikido é muito provavelmente ineficaz. Se o objectivo for, através do estudo de uma arte marcial, melhorar a autoconfiança ou a concentração, talvez seja realmente eficaz.
Cabem-nos portanto a nós, professores, duas tarefas: Uma, ser pacientes e aceitar que o panorama por agora é este mas que as coisas não vão ser assim sempre. Outra, fazer tudo o que está ao nosso alcance para mostrar a quantidade de coisas que a nossa arte tem para oferecer e que, mesmo à luz dos nossos dias, tem validade, quem sabe até mais do que nunca. E o trabalho no tapete, com os alunos que investem connosco algum do seu tempo é talvez a melhor ferramenta de divulgação. É essencial que aquilo que ensinamos seja sentido como importante por quem pratica e, não tendo na manga um estrangulamento que resulta sempre ou uma medalha para o melhor, aquilo que importa terá de ser de outra natureza. Para as crianças o Aikido deverá ser uma ferramenta auxiliar na sua formação e para todos, grandes e pequenos, terá que trazer qualquer coisa mais que nos ajude a crescer, sentir integrados, enfim, que faça de nós melhores Seres Humanos.
Devemos procurar que a transmissão seja feita de uma forma adequada aos tempos, sem no entanto desvirtuar o Aikido que chegou até nós (nas suas diversas leituras). O respeito pelo passado deve ser mantido, mas de maneira a que aquilo que nos foi transmitido tenha uma utilidade no presente. Enquanto veículos da nossa arte, devemos procurar manter-nos actualizados por forma a melhorar sempre e de novo, não só a forma como ensinamos mas também também a nossa própria compreensão do que transmitimos. É uma questão de honestidade para com quem nos ouve e em si mesmo uma expressão de um dos fundamentos do Aikido: a adaptabilidade.
*JOÃO TINOCO é 4º Dan Aikikai. Pratica Aikido e Jodo sob a orientação de Vicente Borondo, 5º Dan Aikikai e Menkyokaiden de SMR Jodo da Federação Europeia de Jodo.
Texto escrito em Português de Portugal e publicado originalmente em: https://sayanouchi.wordpress.com/2017/11/12/o-sentido-do-aikido-hoje
…
- Calças largas com pregas com origem na indumentária dos samurai.
- Praticante que possui um grau Dan.
- Em algumas escolas os praticantes com graus Kyu usam cintos coloridos, noutras apenas se usa o cinto branco para Kyu e preto para Dan.
Colaboração:
http://www.sayanouchi.wordpress.com
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Aikidô, Textos Interessantes | Marcado: Adaptabilidade, Aikidô, Aikido Portugal, Arte marcial não competitiva, Competição, Esporte, João Tinoco, João Tinoco Sensei, Não Competição, Objetivos, Saya no Uchi, Sentido do Aikido, Stobbaerts |
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21/07/2017
Tanzan e Ekido certa vez viajavam juntos por uma estrada lamacenta. Uma pesada chuva ainda caía, dificultando a caminhada. Chegando a uma curva, eles encontraram uma bela garota vestida com um quimono de seda e cinta, incapaz de cruzar a intercessão.
“Venha, menina,” disse Tanzan de imediato. Erguendo-a em seus braços, ele a carregou atravessando o lamaçal.
Ekido não falou nada até aquela noite quando eles atingiram o alojamento do Templo. Então ele não mais se conteve e disse:
“Nós monges não nos aproximamos de mulheres,” ele disse a Tanzan, “especialmente as jovens e belas. Isto é perigoso. Por que fez aquilo?”
“Eu deixei a garota lá,” disse Tanzan. “Você ainda a está carregando?”.
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Textos Interessantes | Marcado: Academia Central de Aikidô, Aikidô Kawai, Aikidô Natal, Conto Zen |
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16/05/2017
Há dias, num estágio de Aikido, eu e o parceiro com quem praticava debatíamos-nos com a falta de área livre à nossa volta para terminar uma dada técnica. Reparando que eu esperava por algum espaço para concluir o que já deveria normalmente estar concluído, o meu companheiro mudou artificialmente de posição por forma a que, aí sim, eu tivesse o espaço suficiente para terminar o tal movimento. Terminei-o e, enquanto nos preparávamos para recomeçar o trabalho, brinquei com um dos estereótipos a que o Aikido está frequentemente sujeito: o de que só funciona graças à generosidade de quem se submete à técnica.
— Isto é que é o que se chama cooperação!
— Claro! — respondeu com um sorriso — Cooperar para progredir.
A uma piada na qual fiz referência a um preconceito contra a arte marcial que pratico, o meu parceiro respondeu confirmando-o na formulação mas mudando totalmente o contexto no qual foi empregue.
Não me esqueci da resposta. Por vezes, há coisas que sabemos mas que, verbalizadas de certa forma e por outra pessoa, se nos revelam de outra maneira. Como se alguma coisa nos aparecesse à frente pela primeira vez, embora soubéssemos que já lá estava. O conceito, assim dito, ganhou a força das coisas que, sendo simples na forma, têm o poder de explicar muito.
De facto, cooperar é a maneira mais fácil e, arrisco a dizer, mais lógica de progredir. Como? E o que será cooperar no contexto do Aikido? Tentarei explicar através de um exemplo pela negativa: Imaginemos um jovem que, cheio de vontade de aprender Boxe, chega pela primeira vez a uma aula. Depois de ouvir e ver as explicações de alguns do golpes que terá que executar, encontra à sua frente para praticar o que acabou de aprender, um colega mais avançado. O colega é mais forte, mais alto, tem os braços mais compridos e, claro, já sabe os golpes que o jovem principiante terá que executar pela primeira vez. À primeira tentativa de acertar no gigante que tem à frente, este coloca-lhe a mão na cara, de braço esticado, impedindo que o jovem iniciado conclua qualquer movimento com um mínimo de êxito. O pobre principiante faz tudo para conseguir qualquer coisa parecida com o que o professor mostrou. Põe mais força nos gestos, rapidez nos braços, desequilibra-se e volta a equilibra-se, sempre na tentativa de escapar do travão imposto pelo colega. A aula chega ao fim. O aspirante a boxeur está esgotado mas não conseguiu fazer um único movimento dos que lhe foram propostos. Sai do ginásio frustrado e, muito provavelmente, com a sensação de que afinal não tem queda para o Boxe… Se calhar, nunca mais voltará a tentar.
A história acima, sendo uma caricatura, é bem o retrato daquilo que muitas vezes se passa num tapete de Aikido. Frequentemente, ouvimos praticantes menos experientes queixarem-se de que, aqui ou ali, apanharam pela frente um parceiro avançado que não os deixou executar uma única técnica e muitas vezes sem lhes explicar o que está mal (se é que está…) Chegado o fim do tempo para executar a técnica proposta, o aluno menos avançado não aprendeu nada e, pior, terá ganho medo ou até má vontade em relação ao colega mais graduado.
Voltemos ao Boxe. O que deveria ter feito o colega mais avançado do nosso personagem? Antes de mais, não esconder nunca a sua superioridade técnica, mas mostrá-la de uma forma que levasse o menos experiente a confiar em si e no que lhe ensinava. Depois, mostrar o seu próprio gesto para que servisse de exemplo. Aceitar os golpes do principiante, passando a recusar mais falhas na mesma medida em que este progredisse. Provocar, expondo a parte certa do seu próprio corpo, o golpe correspondente e reagir com peso e medida mas colocando gradualmente mais desafios. A isto ter-se-ia chamado cooperar. Para quê? Para os dois progredirem. O trabalho com um parceiro menos experiente obriga o mais avançado a rever todos os seus conhecimentos, actualizando-os. Obriga à atenção constante e ao trabalho da sensibilidade para com quem está à sua frente e, nessa medida, progridem os dois.
Voltando ao Aikido, como podemos definir o que será uma justa cooperação? Em cada praticante, segundo o seu nível técnico, idade, compleição física, etc. será de esperar um diferente grau de resposta aos estímulos colocados. Como será evidente, uma resposta aceitável em alguém com um ano de prática, não o será muito provavelmente se falarmos de um praticante com dez anos de experiência. A primeira tarefa do mais avançado será esta avaliação. (É subjectiva, é certo, mas é necessária e o bom senso deverá na medida do possível ser usado.) Depois, e baseado na sua percepção, deverá aceitar o erro em maior ou menor grau. Se a deficiência técnica do principiante não é de todo aceitável, o mais experiente terá a obrigação enquanto aikidoka de explicar o movimento. Não necessariamente de forma verbal (pode até, por vezes, não ser correcto fazê-lo) mas com o seu próprio corpo, ajustando-se à técnica por forma a emendar o erro do iniciado, travando o movimento aqui para abrir uma possibilidade ali. O parceiro menos experiente aprenderá assim, através do contacto físico, a trajectória correcta, a descontração ou a coordenação de movimentos, entre outros factores.
Também o prazer que ambos retiram da técnica tem um papel fundamental. Sem o prazer da execução, não há aprendizagem correcta. Aceitar algum grau de erro na técnica do parceiro é facultar-lhe o acesso à satisfação de completar um movimento, sensação essa que será convertida em vontade de praticar mais e, logo, de progredir. Um principiante bem acolhido no tapete, tornar-se-á num praticante acolhedor e que retirará prazer da progressão dos próximos iniciados. Um praticante avançado que não aceita o erro, não indica caminhos para o corrigir, enfim, não coopera, só contribui para frustração de quem tem à sua frente ou, quem sabe, para uma ilusória elevação da sua auto-estima.
*JOÃO TINOCO é 4º Dan Aikikai. Pratica Aikido e Jodo sob a orientação de Vicente Borondo, 5º Dan Aikikai e Menkyokaiden de SMR Jodo da Federação Europeia de Jodo.
Texto escrito em Português de Portugal e publicado originalmente em: https://sayanouchi.wordpress.com/2017/05/09/cooperar-para-progredir/
Colaboração:
http://www.aikidorn.com.br
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Aikidô, Textos Interessantes | Marcado: Aikidô, Aikidô em Portugal, Aikido Portugal, Federação Europeia de Jodo, João Tinoco, Jodo, Saya No Uchui, sayanouchi, Vicente Borondo |
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09/09/2016
(Revisão: Suzana Mafra)
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Sábado, fim de tarde, fui atender a um pedido da minha mestra de reiki: regar as plantas do interior de sua casa apenas neste dia, já que breve retornaria de viagem. As plantas da área externa ficaram a cargo de outro colega, por coincidência, também aikidoca.
Fui com uma certa preguiça, confesso… Estacionei o carro em frente ao portão e me deparei com um gato deitado em uma das duas cadeiras que ela mantém na pequena área que dá acesso à porta de entrada da casa. Já fiquei chateada, pois não gosto muito de gatos. Abri o portão e fui atravessando o pequeno jardim em direção à porta da casa, sob o atento olhar do felino. No entanto, o maai entre ele e eu não era suficiente para que ambos não se sentissem ameaçados. Ele, então, rosnou e eu, num misto de medo e raiva, recuei.
Resolvi então fazer a tarefa do outro aikidoca, regar o jardim externo e, claro, molhar o gato. Afinal, todos dizem que gatos não gostam de água…
Com a mangueira ligada e vigorosos “SAI GATO!” joguei pequenos esguichos em sua direção (pois se o molhasse totalmente, danificaria o forro da cadeira), mas para minha infeliz surpresa o gato só se encolhia, com um olhar nada amistoso.
Foi então que vi uma canaleta para fios elétricos – de mais ou menos um metro e meio – jogada no jardim. O material ideal: leve e flexível. Eu poderia enfim cutucar ou mesmo bater no tal gato sem machucá-lo, e o mais importante, com uma distância segura. Agora vai dar certo! Com outros “SAI GATO!!! SAI GATO!!!” eu cutucava o gato dos infernos que cada vez mais se fechava em pokémon… Tive que apelar e bati em sua cabeça, mas a leveza e flexibilidade da canaleta acabaram por fazer “carinho” no gato e foi justamente isso que ele entendeu, pois começou a esticar o pescoço para receber o “afago”. Percebendo esta oportunidade, comecei de fato a acariciá-lo com a canaleta, é claro, e com ele totalmente rendido em seu trono, consegui com a outra mão abrir o cadeado da grade e, em seguida, a porta, torcendo para que ninguém estivesse vendo a ridícula cena.
Entrei rapidamente com minha espada em mãos e fechei a porta. Cumpri minha tarefa e o que temia aconteceu: o gato havia saído da cadeira e estava literalmente colado à porta, pronto para entrar, rosnando seu pedido de licença. Fechei, então, a porta novamente e peguei minha espada para aplicar o mesmo golpe: carinho. Atraído pela necessidade do golpe, o gato prontamente aninhou-se sob a ponta da canaleta, rendido aos afagos, permitindo que eu saísse e fechasse a porta e a grade. Fugi rapidamente para o portão do muro, abandonei minha espada e deixei o gato carente aos miados.
Entrei no carro ainda chateada, mas com um certo ego inflado, por ter utilizado o Aikido na situação. Na segunda-feira cheguei contando o grande feito para os alunos da turma das seis horas. Relatei a minha sensível percepção ao movimento do gato, que viu como carinho a minha agressão inicial, fazendo-me transmutar minha intenção e controlá-lo: puro Aikido.
Ao terminar o relato bateu uma grande dúvida… quem foi o nage e quem foi o uke dessa história? Eu percebi a sutil mudança e a necessidade do gato por carinho, e ele transformou minha agressão em afago: quem de nós foi nage e quem foi uke? E no tatame? Até que instante de um movimento técnico nós somos nage ou uke? Estamos sendo sinceros em nossos objetivos ou a espada é apenas uma banda de canaleta leve e flexível? Em uma aula magistral sobre ukemi, o Sensei James nos fez perceber que somos os dois: quando o uke ataca, está sendo nage, e ao receber este ataque, o nage se torna uke – a alternância entre esses papéis se faz presente até a conclusão do movimento.
Acredito que – dentro ou fora do tatame – buscar, perceber e viver (DO) esta constante troca nage/uke é o movimento (KI) em equilíbrio (AI).
Esqueci de dizer: eu estava à paisana, mas o gato vestia dogi e hakama, ele era preto e branco… Domo Arigato Gozaimashita Gato Sensei.
*CrisB – faixa-preta 3º Dan da Academia Central de Aikidô de Natal
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Glossário
REIKI – Técnica criada em 1922 pelo monge budista japonês Mikao Usui, onde os praticantes acreditam ser possível canalizar a energia universal – manipulável através da imposição de mãos – a fim de restabelecer um suposto equilíbrio natural, não só espiritual, mas também emocional e físico.
MAAI – Momento em que os dois aikidocas se encontram na distância ideal, física e psicológica prontos para a prática da forma ou da técnica livre.
POKÉMON – É a contração de duas palavras em inglês: pocket, que significa bolso; e monster, que significa monstro. Assim, um pokémon é um”monstro de bolso”, uma criatura fictícia popular em videogames e desenhos. Criado por Satoshi Tajiri em 1996, essas criaturas se transformam em esferas.
UKEMI – É um termo composto de duas palavras: uke, de ukeru – receber; e mi – o corpo. O ukemi é o comportamento do uke, como absorve e dissipa uma projeção de forma que não se machuque.
UKE – Praticante que faz o ataque e recebe a técnica do nage.
NAGE – Praticante que recebe o ataque e o redireciona através da técnica o ataque ou a contenção do uke.
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Colaboração:
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Aikidô, Textos Interessantes | Marcado: Academia Central de Aikidô de Natal, Aikidô, Aikidô Natal, Arte Marcial, CrisB, Dô, Gato, Gato Sensei, James Carlos Sensei, Ki, Maai, Nage, Pokémon, Reiki, Tatame, Uke, Ukemi |
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08/09/2016
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O Aikido não é uma religião, mas um processo de educação e refinamento do espírito. Você não será convidado a aderir a nenhuma doutrina religiosa, somente a manter-se espiritualmente aberto. Quando nos curvamos em reverência isto não é um gestual religioso, mas um sinal de respeito pelo mesmo espírito da inteligência criativa universal que está dentro de todos nós.
A cerimônia de abertura e encerramento de cada treino de Aikido é uma reverência formal em direção ao shomen, seguindo-se duas palmas e novamente outra reverência ao shomen e então uma reverência entre o instrutor e os alunos. As reverências em direção ao shomen simbolizam o respeito pelo espírito e pelos princípios do Aikido e gratidão ao Fundador pelo desenvolvimento deste sistema de prática e estudo. As duas palmas simbolizam unidade, musubi. A primeira palma envia nossa vibração ao mundo espiritual. A segunda recebe o eco dessa vibração e conecta seu espírito com o espírito do Fundador e com a Consciência Universal. A vibração que você emite e o eco que você recebe são ditados pelas suas próprias crenças espirituais e atitudes.
Não há modo certo ou errado no Aikido. Se um movimento obedece às leis físicas do universo, está correto. Se você obedece às leis físicas do universo, sua atitude deve estar correta. Em seguir estas leis você está seguindo o caminho (a vontade) de Deus. Portanto, Aikido não é um treinamento técnico. É um treinamento de sabedoria.
Não há kata individual no Aikido porque Aiki é a harmonia das relações. Numa área de treinamento de Aikido você encontrará pessoas de diferentes níveis sociais, diferentes culturas e linguagens, diferentes filosofias políticas e religiosas. Elas não estão juntas para competir ou para pressionar suas próprias ideias sobre quem quer que seja, mas para aprender a ouvir um ao outro, a comunicar-se através do contato do Aikido. No tatami onde treinamos nós não podemos esconder nossa verdadeira identidade. Mostramos nossas fraquezas tão bem quanto nossas forças. Suamos juntos, nos cansamos juntos, ajudamos um ao outro e aprendemos a confiar. Todos estão estudando os mesmos princípios universais e a essência, que é a mesma em cada um, torna-se brilhantemente clara assim como cai a máscara de insegurança e o ego. Somos todos indivíduos mas também somos todos parte de cada um. Se você estivesse sozinho no universo sem ninguém para conversar, ninguém com quem compartilhar a beleza das estrelas, para rir juntos, para tocar, qual seria seu propósito de vida? É outra vida, é amor, que dá significado a sua vida. Isto é harmonia. Devemos descobrir a alegria de cada um, a alegria dos desafios, a alegria do crescimento.
No treinamento do Aikido você não vence. Em tentar vencer você perde. Se você vê o treinamento como competição, você perde, seu parceiro de treino perde, todos perdem. Se você encara a vida como competição, você não pode vencer, pois consequentemente você morrerá. Mas se você vê a vida como um processo de criatividade universal, você nunca morrerá, pois você faz parte deste processo. Se você encarar o crescimento do seu corpo e sua mente como um prelúdio para um crescimento espiritual, sua força durará para sempre.
Uma mente voltada para desafios não é uma mente voltada para competição. O maior desafio é desafiar-se a si próprio. Você não deve passar sua vida inteira buscando por segurança. Se você cobrir-se de camadas e camadas de pesadas armaduras, você ficará incapaz de mover-se, incapaz de lutar e de proteger a si e aos outros. Você nunca sentirá o toque quente do sol nem a força de uma tempestade sobre sua pele. A alegria se perderá. Sua liberdade e independência se perderão.
Se você passa a vida na segurança de uma caverna ao pé da montanha, você verá somente escuridão. Sua experiência será limitada e você nunca sentirá a doce dor do crescimento. Você deve deixar esta proteção e segurança e desafiar a si mesmo nas montanhas acima de você. Você deve escalar cada vez mais alto, elevando sua visão, sua habilidade e experimentar expandir-se a cada topo. E estando aberto e desprotegido do vento, com o sol e a neve tocando seu coração, você experimentará o grande panorama do universo inteiro a seu redor. Você alcançará e tocará galáxias e quem sabe, tocará a face de Deus.
Bushido é desafio e sacrifício. É o poder e a força de um espírito independente. Um espírito dependente é fraco e não consegue sacrificar seu próprio egoísmo e sua ganância. Para ser verdadeiramente independente e provar o desafio da liberdade, o espírito deve estar vazio. Numa análise final, você, e somente você, é o responsável pelo seu próprio crescimento. Você cria a sua própria realidade.
Você sente dor, você sente medo, mas está intensamente vivo. Escalando uma montanha de gelo, com frio, faminto, exausto, você está só com o som do vento. Desista e você morre. Talvez um passo, talvez uma polegada por dia, mas tente. A vida é a mesma coisa. Às vezes com frio, com fome, e sozinho. Você deve depender exclusivamente de você. Isto é Bushido.
Este é o meu mundo do Aikido. A busca pelo topo das montanhas.
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Extraído do livro Aikido e a Harmonia da Natureza de Mitsugi Saotome
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16/05/2016
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Ser uma kohai (iniciante) na prática do Aikidô e escrever acerca desta arte de raízes tão profundas não é uma tarefa das mais fáceis. Mas, partindo da compreensão de que os seus ensinamentos são transmitidos Kokoro to kokoro (de coração para coração), procurarei expressar alguma das minhas sensações-percepções envolvendo a minha práxis no dojô.
Certa feita, em um dia de treino no espaço da Academia Central de Aikidô de Natal, pude observar os bambus dançarem ao ritmo do vento e ouvir o som suave que o balançar das suas folhas produziam, me senti em paz. Não pude me furtar de perceber o quanto os bambus têm semelhança com o Aikidô, o quanto a arte imita a vida…
O bambu é uma planta de raízes extremamente profundas, que leva anos para despontar da terra e crescer da forma como o visualizamos. Plantada a semente, são aproximadamente cinco anos para que finque as suas raízes ao solo de forma a lhe garantir estabilidade e resistência quando emergir. Ao crescer, ele se reveste de fortaleza, por haver se erguido em bases sólidas, apesar da sua aparência frágil. Assim, mesmo com a força dos ventos, ele verga, se curvando em respeito a esta força natural, no entanto não se parte, sendo a sua flexibilidade um exemplo de resiliência.
O mesmo processo descrito pode ser vislumbrado no Aikidô; os resultados no início da prática podem parecer imperceptíveis, podem não ser sentidos, mas as transformações estão acontecendo dentro de nós, bem no âmago do nosso ser, que com a necessária persistência e paciência em sua continuidade farão com que os seus efeitos se tornem certamente manifestos.
Da mesma forma que ocorre nos bambus, as mudanças conosco acontecem a priori internamente, na construção de uma fundação consistente, no intuito de manifestar uma fortaleza que nasce de dentro para fora e se expande, sendo esta inabalável. Com o passar do tempo, os movimentos do Aikidô conferem aos nossos corpos mais flexibilidade, e, com isso, passamos a não nos machucar com a aplicação da técnica; a força externa aplicada não consegue mais nos causar dor, sofrimento. Em outras palavras, no momento em que despertarmos a nossa força interior, e nos moldamos às realidades vivenciadas, nada conseguirá nos abalar, deter, permanecendo serena a nossa alma, e esta lição levamos para a vida.
Minha imensa gratidão aos ensinamentos que fortalecem as minhas raízes: Domo arigato gozaimashita!
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*Pâmela Alves – Faixa-branca, aluna da Academia Central de Aikido de Natal.
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07/04/2016
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“Um verdadeiro guerreiro coloca um fim em todo o conflito e evita que as pessoas busquem nas armas a solução para as disputas. Essa é a missão de um guerreiro. Um guerreiro se esforça pra criar harmonia interna e externa, unidade e paz por todo o mundo. O guerreiro sabe que todos os seres humanos contém todo o universo dentro deles. Esse é o princípio supremo, razão que guia suas ações. Estabelecer a paz e a unidade da mente universal é o propósito do Aikido.”
O-Sensei Morihei Ueshiba
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06/11/2015
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O estudante de artes marciais aproximou-se do professor:
— Gostaria muito de ser um grande lutador de aikidô – disse. — Mas penso que devia também me dedicar ao judô, de modo a conhecer muitos estilos de luta; só assim poderei ser o melhor de todos.
— Se um homem vai para o campo, e começa a correr atrás de duas raposas ao mesmo tempo, vai chegar um momento em que cada uma correrá para um lado, e ele ficará indeciso sobre qual deve continuar perseguindo. Enquanto decide, ambas já estarão longe, e ele terá perdido seu tempo e sua energia.
“Quem deseja ser um mestre, tem que escolher apenas UMA coisa para aperfeiçoar-se. O resto é filosofia barata.
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22/09/2015
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Eu acho que é uma coisa positiva estudar o Aikido ou tomar a decisão de estudar o Aikido e continuar a praticá-lo, quer seja porque você ache que ele é algo maravilhoso, ou porque você o considere algo que se encaixa perfeitamente às suas necessidades. E eu acredito que seja apropriado e necessário praticar o Aikido tendo bem em mente a sua origem. Atualmente, contudo, você frequentemente encontra pessoas que desistiram, após experimentarem o Aikido por um curto período de tempo. Eles não têm qualquer noção do que é o Aikido.
Se as pessoas acham que o Aikido consiste somente em mexer os braços e as pernas e se o que se desenvolve, a partir daí, é algo que lembra, de uma maneira vaga, o Aikido original, teremos algo para nos lamentar profundamente. Isto ofenderia a essência do Aikido. Portanto, é importante conhecer as dificuldades que Morihei Ueshiba teve de enfrentar para criar esta arte.
É evidente que o aspecto físico do Aikido é importante. Contudo, o principal não é simplesmente mover os seus braços e suas pernas. Mais do que isso, é uma questão de espírito, uma questão de coração. Se este treinamento espiritual não é expresso nos movimentos do corpo, então tudo que se faz não corresponderá à verdade. É errado imaginar que você está praticando Aikido porque você pode arremessar o seu oponente e subjugá-lo, ou porque a sua técnica é forte. Por exemplo, no Judo e no Karate existem pessoas fortes, assim como no Sumo. No Aikido, existem pessoas fortes também. Contudo, o verdadeiro Aiki não consiste somente em ter um corpo forte, não é somente força muscular. É a unificação da mente e do corpo. Se não for cultivado um espírito que permaneça sereno, não importe qual seja a dificuldade ou situação, uma pessoa não poderá ser classificada como forte. Logo, se uma pessoa pratica o Aikido entendendo como O-Sensei criou o seu caminho, a partir de seu ponto de vista a respeito de humanidade ou mesmo da vida, ela não se enganará em relação ao verdadeiro caminho do Aikido.
*Entrevista que aconteceu em 30 de maio de 1978, em Shinjuku, Tokyo, na residência do Doshu Kisshomaru Ueshiba a Stanley Pranin (editor do Aiki News) e Midori Yamamoto (intérprete).
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04/03/2015
“Budo”, escritos de Morihei Ueshiba de 1938, é um dos documentos históricos mais importantes sobre a evolução das técnicas de aikido, e é de grande relevância para os estudantes contemporâneos de aikido. Estamos em débito com o Fundador e com Morihiro Saito Sensei por ter criado esse recurso maravilhoso.
Do ponto de vista técnico, “Budo” oferece inúmeros insights sobre a arte marcial de Morihei Ueshiba referente ao período pré-guerra. Ele fornece uma visão das técnicas que Ueshiba considerava como sendo conceitos básicos e a maneira que elas foram executadas em meados dos anos 30. As descrições técnicas oferecidas são sucintas e altamente instrutiva. Como “Budo” foi publicado em 1938, as técnicas cobertas por ele representam uma fase de transição entre o Daito-ryu aikijujutsu que Ueshiba aprendeu com Sokaku Takeda e o aikido moderno. Várias técnicas básicas cobertas no manual – por exemplo, ikkyo, iriminage e shihonage – já tinham uma estreita semelhança com as ensinadas pelo Fundador no período do pós-guerra em Iwama.
Surpreendente, para alguns, será o grande número de técnicas incluídas no “Budo” que são executadas com armas. Um terço do livro apresenta técnicas executadas usando a faca, a espada, a lança e a mock-baioneta. Há uma série de influências identificáveis que se relacionam com a inclusão dessas técnicas de armas. Uma delas é o fato de que, nesta época, Ueshiba foi experimentando as técnicas de espada da escola Kashima Shinto-ryu.
O manual inclui vários movimentos de suburi derivados de práticas (kumitachi) Kashima. Ueshiba, em conjunto com Zenzaburo Akazawa, frequentaram formalmente esta tradição clássica de 500 anos de idade, em Kashima, na prefeitura de Ibaraki em 1937. Apesar de Ueshiba nunca ter realmente praticado no dojo Kashima, instrutores da escola vistavam o dojo de Ueshiba uma vez por semana, por cerca de um ano, para ensinar a alguns alunos, incluindo Akazawa e o filho de Ueshiba, Kisshomaru. Ueshiba observava profundamente estas sessões especiais de formação e, em seguida, praticava por conta própria com seus alunos, tais como seu filho e Akazawa, que haviam tido aulas com os professores do Kashima. Ueshiba iria continuar a sua experimentação com essas artes de espada até por volta 1955. Estas formas iniciais foram as raízes das técnicas de aikiken que foram posteriormente sistematizados em suas formas atuais por Morihiro Saito em Iwama.
Referente à inclusão das técnicas de baioneta, sem dúvida, refletiram o fato de que Ueshiba foi contemporâneo no ensino destas em várias instituições militares, incluindo a Escola Toyama do Exército, onde o príncipe Kaya mais tarde serviu como superintendente. Tais práticas de baioneta eram do treinamento de infantaria do exército japonês até a Segunda Guerra Mundial. Quando jovem, o próprio Ueshiba praticava intensamente as formas de baioneta durante seu treinamento militar como soldado durante a Guerra Russo-Japonesa.
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26/02/2015
Sokaku Takeda está registrado na história do budo moderno como o transmissor do Daito-ryu Jujutsu. Ele era uma pessoa inspiradora com uma aparência formidável e, embora tivesse cerca de 2 centímetros a menos que o O-Sensei, ele sempre parecia olhar para baixo, e para as coisas, com um olhar misteriosamente penetrante, acompanhado por uma carranca de boca fechada devido à sua falta dos dentes da frente. Diz-se que Onisaburo Deguchi, que tinha a reputação de ser capaz de dizer a sorte das pessoas, uma vez disse a Takeda que mesmo que ele tivesse dominado um “Caminho”, ele era um homem com o cheiro de sangue e um destino infeliz. Mestre Deguchi muitas vezes se perguntou por que Ueshiba era tão subserviente à Takeda, e essa atitude foi um ponto de irritação para o líder religioso. Mas Ueshiba foi sempre fiel à etiqueta e era grato ao seu professor, para quem ele sempre tentou atender às demandas.
Foi em fevereiro de 1915, enquanto visitava Engaru em Kitami que O-Sensei conheceu Takeda. Ambos foram se hospedar no mesmo hotel e eles se encontraram nos corredores da pousada. Ueshiba, que na época tinha cerca de 30 anos, estudou com ele na estalagem por um mês, mas enquanto ele estava sendo ensinado ele sentiu algum tipo de inspiração, que espiritualmente ele não entendeu muito bem, então ele convidou Takeda para ir com ele à área de Shirataki onde cerca de 15 de deshi e servos de Ueshiba receberiam as instruções de Takeda no Daito-ryu. Mais tarde, quando perguntado a ele se enquanto estudava o Daito-ryu lhe havia vindo a inspíração para o Aikido, O-Sensei balançou a cabeça, “- Não”, e disse: “- Eu diria que a Takeda Sensei abriu meus olhos para budo”.
Quando se conheceram, Sokaku apresentou-se dizendo: “- Eu sou Sokaku Takeda.” O-Sensei reconheceu o nome, porque antes ele havia lutado e derrotado um enorme lutador de sumô de Kitami Ridge, e naquela época ele tinha sido perguntado se ele era Takeda. De acordo com o Sumo Ozeki (o segundo mais alto posto em Sumo) a quem ele havia derrotado, Takeda era um homem do budo, de classificação samurai, que tinha vindo para Hokkaido a convite de um de seus alunos. Foi esse incidente que tinha familiarizado O-Sensei com o nome de Takeda.
Este foi o início da ligação longa e decisiva entre os dois homens. Após a reunião, Takeda convidou Morihei para o quarto dele, onde eles conversaram a noite toda. Foi então que Morihei percebeu o grande conhecimento do budo possuído por este personagem formidável. Quando Ueshiba pediu para ser instruído em Daito-ryu jujutsu, algo completamente novo para ele, Takeda imediatamente o convidou para permanecer na estalagem. Parece que ele percebeu que Ueshiba tinha treinado duro e tinha um grande potencial.
O-Sensei ficou muito impressionado com as técnicas secretas de Daito-ryu que ele viu pela primeira vez durante esse mês de sessões de treinamento intensivo de um dia inteiro. Mais tarde, ele recebeu um pergaminho de transmissão que listou 188 técnicas gerais, 30 técnicas de aiki, e 36 ensinamentos secretos. Ele estava bastante surpreso com o enorme número de variações que tinha sido dado a ele.
As técnicas de Daito-ryu foram mais práticas do que as do Jujutsu que ele havia aprendido até aquele momento, e a eficácia violenta das técnicas de bloqueio bem como os ataques aos pontos vitais (atemi) eram algo novo para ele. Embora Morihei fosse fisicamente mais forte do que Takeda, ele era impotente em face de controle técnico do seu professor. Morihei tornou-se profundamente absorvido em pesquisar essas técnicas secretas, mas depois de cerca de um mês ele retornou à Shirataki.
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Mestre Sokaku Takeda e o Daito-ryu.
Daito-ryu jujutsu é uma arte marcial tradicional do clã Takeda. O fundador foi Shinra Saburo Yoshimitsu a partir da linha Seiwa Genji (um ramo principal do clã Minamoto). O nome do sistema pode ter sido tirado da “Mansão Daito” em Shiga, onde o treinamento acontecia. A tradição foi transmitida na família Kai Takeda e quando Lord Takeda Tosa Kunitsugu foi nomeado para ser o senhor de “Aizu Han”, foi ele quem trouxe para Aizu. As técnicas mantiveram-se secretas nesse domínio até o final do período feudal em 1860. Sokaku tinha sido destaque em artes marciais quando jovem e foi chamado de gênio com a espada. Uma história conta que Takeda matou muitos desafiantes, e ele iria se vangloriar disso a Ueshiba. Parece no entanto, que depois de um tempo definiu que a espada seria absorvida na tradição Daito-ryu Jujutsu. Em 1898, ele recebeu a licença de um mestre nas técnicas secretas. Isto foi como Takeda tornou-se um transmissor (em japonês, literalmente, um “fundador do meio”) da tradição Daito. Depois disso, ele viajou para vários lugares para ensinar e difundir o Daito-ryu e, eventualmente, fez o seu caminho para Hokkaido.
Durante os anos O-Sensei tratou Takeda com muita humildade e educadamente, e fez o seu melhor para serví-lo até sua morte em 1943. Durante muito tempo Takeda viveu e ensinou na área de Shirataki, Morihei cuidou dele completamente sozinho e apesar do fato de que ele estava em uma posição de grande respeito na comunidade, ele voluntariou-se fazendo trabalhos humildes fora de suas atribuições. Era a crença de O-Sensei que a devoção total ao seu professor era simplesmente a etiqueta correta ou esperada, uma vez que tinha recebido instruções dele. Em referência ao acontecido, o segundo Dosshu Kisshomaru disse: “- Não consigo pensar em ninguém que realizou o decoro e a etiqueta em grau mais elevado do que ele (O-Sensei). É por isso que o fundador foi capaz de desenvolver a capacidade de impor respeito como o próprio professor “.
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Aikidô, Textos Interessantes | Marcado: Aiki, Aikidô, Ayabe, Ô-Sensei, Budô, Caminho, Clã, Daito Ryu, Doshu, Engaru, Etiqueta, Hokkaido, Jujutsu, Kisshomaru Ueshiba, Kitami, Midori Yamamoto, Morihei Ueshiba, Respeito, Samurai, Shirataki, Sokaku Takeda, Stanley Pranin, Sumô, Takeda, Ueshiba |
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15/12/2014
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“Pessoa a qual devemos todo o nosso respeito, admiração e agradecimento, não só hoje, mas por toda a vida.”
Sensei em japonês significa “aquele que nasceu antes, que tem o conhecimento” e aqui a tradução mais comum é professor. É um termo utilizado no Japão com muito respeito e designado apenas àqueles que o merecem. Não é um termo exclusivamente para professores, mas também utilizado para médicos, advogados e para pessoas que detém grande conhecimento em determinada área.
O termo Sensei não significa uma profissão, e sim um título, provido de muita responsabilidade, onde a pessoa é considerada um exemplo para a sociedade, uma pessoa a ser seguida.
Nas Artes Marciais japonesas aqui no Brasil, muito se confunde sobre este título. Muitos imaginam que se “formando” Faixa Preta já é um Sensei. Primeiro que Faixa Preta não é formatura, não é o final, é exatamente o inverso, é o primeiro passo rumo ao verdadeiro conhecimento da Arte, por isso se diz “ShoDan” (Grau Iniciante). E para ser considerado Sensei, uma pessoa com conhecimento suficiente para ensinar a outra, é necessário ter no mínimo o “SanDan” (Terceiro Grau). Uma pessoa sem vivência, sem maturidade, sem conhecimento técnico e dotada de bons exemplos, não pode e não deve ser considerada “Sensei”.
Devemos muito respeito a nossos “verdadeiros Sensei” que nos ensinaram não apenas seus conhecimentos técnicos, mas também sua filosofia de vida, através de seus bons exemplos. Se hoje nos tornamos o que somos, é graças não somente aos nossos próprios esforços, e sim, às pessoas que nos deram parte de si, e que foram essenciais em nossa formação.
Por nós e por nossos Sensei, vamos trabalhar duro para transformar o mundo em um lugar melhor!!!!
GANBARIMASHOU!!!!!
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*Akira Saito é colunista do Jornal Nippak e praticante do Budô por mais de 30 anos.
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Cultura, Textos Interessantes | Marcado: Admiração, Agradecimento, Akira Saito, Arte Marcial, Exemplo, Faixa-Preta, Honra, Japão, Respeito, Sandan, Sensei, Título, Terceiro Grau |
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23/10/2014
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Certa vez o Ô-Sensei disse: “Eu não criei o Aikidô. Aiki é o caminho de Kami. É fazer parte das leis do universo. É a fonte dos princípios da vida. A história do Aikidô começa com a origem do universo.” A leitura do livro de Mitsugi Saotome reúne a meu ver, o que mais se aproxima da essência do Aikido.
Todos, buscamos ou imaginamos o caminho que nos leva ao Criador. Todas as religiões visam a religação com o Deus que apregoamos. Todas elas trazem conceitos de paz na terra, mas cada um com o seu próprio entendimento abstrato. Deus é um só, mas aos olhos das suas criaturas, tem muitas faces.
O Aikido é um dos caminhos que também visa buscar essa reconexão com a energia criadora a que nominamos de Deus. O arquiteto desta arte a que hoje conhecemos por Aikidô era um japonês que foi esculpido pela sua cultura e profundamente influenciado pelas tradições da religião xintoísta e budista. A arte era a Katana (espada) e o seu caminho o Budô.
Na leitura do livro de Saotome, me sinto, pois, preenchido com um conteúdo complexo e denso, que ao meu ver, dá sentido a esta arte que praticamos dentro do tatame no dia a dia. Resumiria assim o Aikido, se pudesse, na caminhada que leva à adaptação (musubi – através dos movimentos) indo de encontro ao equilíbrio e harmonia (satori). Por vezes e equivocadamente o aikidô é entendido como sendo apenas uma arte marcial de defesa pessoal. A prática nos leva a muito mais que isso. Ela nos mostra o quão profundo e diverso são os caminhos que podemos traçar para atingir os nossos objetivos. O refinamento ou não desta arte dependerá do que nós temos para trabalhar em nossos interiores.
Um trecho da obra de Saotome traduz bem esse conceito: “Muitas pessoas escalam o Monte Fuji a cada ano, mas nem todas vão pelo mesmo caminho. O Fuiyama tem diversos lados e cada pessoa sobe por uma razão diferente, com diferentes habilidades. Não se discute qual caminho é o certo, porque o cume é o cume e todos os caminhos levam à mesma verdade última. Quem haverá de negar que o espírito de Deus falou pelos lábios de Jesus? Quem poderá dizer que os ensinamentos do Buda não eram os ensinamentos de Deus? E não é a Deus que Maomé dirigia suas preces fervorosas? Todos os grandes mestres espirituais mostraram o caminho para o alto, para a realidade absoluta que é a Conciência Universal. O caminho não tem importância: o importante é seguir e imitar um grande espírito, um grande mestre, ser sincero e devoto da caminhada.“
Quando parte do tratado de Saotome é dito que “A unidade é o poder de Deus que resolve todos os conflitos. O processo de unificação dos opostos é musubi, a junção das duas faces de Deus.“, entendo que as duas figuras (uke e nague) são a personificação na arte materializada do aikidô das forças que se complementam buscando o equilíbrio e o diálogo contínuo com a energia criadora. Se o musubi é movimento que cria e une, esta, é a verdadeira força da alquimia criadora. A mudança é a única constante universal, então a adaptação deveria ser a regra matriz para a convivência com essa lei universal. Não existe harmonia sem o conhecimento prévio do conflito.
O racional enxerga os extremos como protagonistas do conflito. Felicidade e desventura, amor e ódio, moralidade e imoralidade, estes, são elementos que só tem sentido com relação ao observador. Não se conhece a alegria sem vivenciar o sofrimento. No prazer há dor.
Então…, o termo “musubi” traduz a unificação de forças contrárias, de opostos. Àquele, é o movimento que produz energia criadora para fusão dos contrário, do yin e yang. Ele é o elemento da alquimia de Deus. É o ciclo do vir a ser. No musubi chegamos ao “satori“, que é aproximação com o Deus, com a harmonia. Esta é a verdadeira religião, é o que nos conecta e coloca-nos novamente em sintonia com o Criador. É o retorno a casa do pai. Não existe harmonia sem caos prévio, sem conflitos, sem contrários. Nessa experiência vivenciada na própria pele somos levados ao patamar que exala serenidade e paz harmoniosa.
Assim, pensar o aikido e o que ele nos traz, tentando o definir em absoluto, é muito difícil, na medida também que é muito fácil. Treinar e buscar vivenciar intensamente as práticas é dádiva a ser abarcada de coração.
A sinceridade nos movimentos e a constância da prática para toda a vida, naturalmente para aqueles que encontraram no AI, a harmonia, no KI, a energia propulsora da própria existência, e no DO, o caminho não definitivo, mas essencial e confortador para essa curta passagem por esse mundo, é absolutamente iluminador.
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*Pablo Ricardo Medeiros é servidor público estadual e aluno, faixa-roxa, da Academia Central de Aikidô de Natal.
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07/10/2014
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Acredito que um texto relacionado ao AIKIDO escrito por alguém com o tempo de prática que eu possuo não passa de um simples relato. Nesse caso, trata-se de um breve relato de alguns dos ensinamentos que pude absorver durante os treinos com os Sensei(s) da Academia Central de Aikidô de Natal.
Um dos ensinamentos do fundador que sempre despertou o meu encanto e do qual procuro sempre me recordar nos momentos mais obscuros é aquele segundo o qual devemos forjar continuamente, por meio da prática do Aikido, o nosso corpo e a nossa mente com o fim de aperfeiçoar o nosso caráter.
Pessoalmente, é assim que os treinos funcionam, como um momento em que posso purificar o meu espírito, trabalhar e livrar de tensões o meu corpo e esquecer as preocupações que eventualmente preenchem a minha mente.
É certamente por isso que me incomoda profundamente treinar com indivíduos que fazem exatamente o contrário, trazendo para o dojô um espírito impregnado de malícia e vaidade, um corpo desnecessariamente tenso e uma mente preocupada com qualquer outra coisa, exceto com a prática sincera do Aikido.
O reconhecimento, a conquista de novas graduações e a aquisição de novas habilidades e percepções devem ser consequências do comprometimento com os treinos de Aikido e do respeito aos ensinamentos dos nossos mestres.
Treinar com essa concepção é algo extremamente difícil. Penso, porém, ser de fundamental importância a sua incessante busca, dia após dia, treino após treino, queda após queda.
Se trouxermos para o nosso cotidiano a mesma essência que presenciamos em um treino de Aikido, sentiremos um prazer imensamente maior em viver. A adaptabilidade e fluidez, a busca de uma consciência unificada de tempo e espaço, a harmonização entre os nossos movimentos e os movimentos do nosso companheiro de treino, o respeito e a atenção concedida aos ensinamentos dos nossos mestres (podemos aceitar a própria vida e o próprio universo como grandes mestres), são nuances que ganham um sentido ainda maior fora do tatame.
Podemos compreender, assim, por que o Aikido é algo que vai além da prática marcial, podendo ser adotado como um estilo de vida, um caminho a ser seguido.
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*Rayr Fernandes – Faixa-verde, Aluno da Academia Central de Aikido de Natal.
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25/09/2014
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Eu me sentia como em um conto japonês. A aura de disciplina, suavidade e sabedoria dava um toque oriental naquele início de noite natalense. Eram os meus primeiros passos de encantamento na arte da harmonia, o Aikido. Ao terminar o treino, nos sentamos em seiza lado a lado de frente para o kamiza. O jovem mestre Rodrigo Sensei percorre com seu olhar os olhares de cada um de nós, escorregando de uma face para a outra, sorriso sereno fluindo.
Então sua expressão se molda para acomodar palavras de sabedoria de remotos tempos. É hora de falar para o coração. De passar adiante uma história ouvida de Dona Alice, filha de Kassa Sensei, a guru do Kawai Sensei, nosso mestre maior. “Alguém aqui já viu um campo de trigo?”. Ele pergunta. Eu não. O mais próximo de um campo de trigo que minha visão já alcançara, havia sido os capinzais nos baixios de Japecanga. Mas minha mente voou na discrição que era feita: “Em um trigal as plantas se unem em um dourado uniforme, se movimentando em ondas, ao sabor do vento. Isso ocorre porque cada pé de trigo se dobra graciosamente em reverência ao vento que sopra”.
Eu ouvia o sopro do vento, via sua força varrendo aquele mar vegetal, com suavidade, criando ondulações que se deslocavam continua e suavemente. O sol da Cidade do Sol se fundia ao sol da Terra do Sol Nascente e se derramava sobre aquele campo, seus raios encontrando no dourado do trigal sua identidade de cor. Via cada trigo se curvar com graça e voltar à sua condição, ainda fortes, ainda belos, ainda íntegros.
E ele continuou: “Em meio ao mar de trigo, alguns se mantêm de pé. Não se curvam ao vento. Não o reverenciam flexíveis. E diz-se que também são muito bonitos. Mas ao olhá-los de perto podemos constatar que são diferentes: eles não têm sementes. Não tem vida para doar”.
Guardei essa história no coração e tenho recorrido a ela todas as vezes em que algo maior me conduz. Assim, guardo a esperança de jamais deixar de semear.
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*Leilton Lima, Jornalista, e Nidan (faixa-preta 2º Dan) formado pela Academia Central de Aikidô de Natal
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27/05/2014
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Quando assistimos a um vídeo de Aikido ficamos maravilhados com a beleza e a graça dos movimentos. Podemos imaginar que tudo poderia muito bem ter sido ensaiado, e de certa forma, se não há o lado espiritual e treinamos apenas o corpo, então sim, teremos apenas golpes ensaiados. Certa vez escutei um professor de uma outra arte marcial se referir ao Aikido como “aquele balé”. Trata-se de uma visão superficial e bastante míope de quem não tem conhecimento suficiente para emitir uma opinião, digamos mais justa sobre o assunto.
Sabe-se que O-Sensei era possuidor de uma força extraordinária e de uma técnica que não há o que comentar, entretanto, é de conhecimento público a sua profunda convicção espiritual. Homem de grande fé nas coisas em que acreditava, tinha em muita conta a importância espiritual na sua vida, assim como na de seus alunos. Principalmente os mais próximos, aqueles que tiveram o privilégio de conviver com o cotidiano de O-Sensei, puderam constatar a seriedade com que falava sobre o assunto, não obstante, muitos deles não compreenderem completamente o sentido do que o mestre tentava transmitir.
Gosto do relato de um fato ocorrido com um grupo de alunos veteranos citado no livro Os Segredos do Aikido de John Stevens, quando o fundador os convidou para irem ao dojo no intuito de revelar-lhes os tais segredos do Aikido. Acho interessante a maneira como o autor descreveu a ansiedade dos mesmos em saber como se tornariam invencíveis e capazes de realizar proezas extraordinárias e como ficaram frustrados após escutarem por mais de uma hora sobre temas os mais sutis possíveis, como a necessidade de serenar o espírito e retornar à Fonte.
Então, o que estou querendo dizer é que a leveza e a graça do Aikido não residem essencialmente em como se realiza a técnica e sim no espírito, na vontade de crescer entendendo o sentido espiritual. Não importa o quão forte estejamos empenhados em aprimorar e refinar os movimentos se não estivermos igualmente preocupados em forjar nosso espírito. Se um praticante não aprender a essência do Aikido, as técnicas jamais ganharão vida. (1)
O que significa Ki? É a força que nos move. Espírito também pode ser entendido através do ki. Ki, energia vital, ou a força da vida. As duas coisas se confundem. Daí a sua relevância dentro da técnica. A função do Ki é muito bem explicada no livro de William Gleasom, Aikido e o Poder das Palavras. No nosso corpo é o hara, a fonte do nosso ki e do nosso sangue. É o ponto que dá origem à vida e ao movimento. (2)
O movimento começa com a intenção, com nosso desejo de realizar os golpes ou posturas. Posturas graciosas no yoga são chamados Ásana. Às vezes é útil que o praticante pense nos movimentos do Aikido, não como técnicas de uma arte marcial mortífera, mas como Ásana, posturas físicas que ligam o praticante a verdades mais elevadas. (1)
Para concluir, acredito que deveríamos nos preocupar, antes de qualquer coisa, com a evolução espiritual, pois o refinar da técnica viria como consequência, assim como está escrito na Bíblia, no livro de Mateus, versículo 33 onde se pode ler “Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. (3)
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*Roberta Macedo Xavier – bancária, Shodan (faixa-preta) da Academia Central de Aikido de Natal.
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Referências Bibliográficas:
(1) John Stevens, OS SEGREDOS DO AIKIDO, editora pensamento, 1995.
(2) William Gleason, AIKIDO E O PODER DAS PALAVRAS – OS SONS SAGRADOS DO KOTOTAMA, editora Pensamento, 2013.
(3) Tradução do Padre Antônio Pereira de Figueiredo, BÍBLIA SAGRADA edição ecumênica da Barsa, 1977.
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23/05/2014
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É engraçado como no começo da prática de Aikido nos deparamos com conselhos tão valiosos, mas para os quais não dispensamos muita atenção. Desde a primeira vez que coloquei os pés no tatame, tenho ouvido meus Sensei(s) dizerem: “Olha a postura, preste atenção na respiração, movimente o centro, Aikido é jeito e não força”… Eu até tentava dispensar a atenção que eles me solicitavam, mas por algum motivo isso não passava, se muito, dos primeiros minutos da prática – quem já treina há algum tempo, sabe exatamente ao que me refiro. Não se trata de ignorar a ordem de nossos mestres, mas ao vermos a energia de uma intenção dirigir-se a nós, automaticamente nosso senso de autopreservação fala mais alto, e quando não ficamos paralisados, com medo de sermos pegos pela energia contrária que pode se manifestar na forma de um golpe frontal (tsuki, atemi, shomen, etc.) ou um aprisionamento (katadori, morotetori, etc.), tentamos impor nossa força física sobre nossos colegas, tentando conduzir por meio da força, o que deveria ser conduzido por meio da leveza.
E foi justamente pensando nessas coisas que nos meus últimos treinos decidi mudar a abordagem. Tentei me manter presente durante todo o treino, tanto quando estava no papel de Uke, como quando estava no papel de Nage. Comecei a prestar atenção na respiração, mesmo durante a prática do aquecimento que antecede o treino e tentei expandir meus sentidos para conseguir registrar as mínimas sensações em meu corpo. O resultado não poderia ser mais gratificante.
Pela primeira vez, durante esses quase quatro anos de treino, eu pude registrar uma experiência de aprimoramento pessoal e extrassensorial. Pela primeira vez eu estava totalmente presente durante a prática e o mais incrível de tudo, foi o despertar de uma consciência que até então eu apenas tinha ouvido falar a respeito. Enquanto realizávamos uma prática de Sankyo, eu senti minha consciência se desdobrar e se separar da própria ideia de unicidade física – já não era apenas o Uke ou Nage, mas ao mesmo tempo uma terceira entidade que era capaz de observar tudo, sentir tudo. Ao passo em que a prática ia se desenrolando e a mente objetiva tentava entrar em grau de relaxamento automático (você já viu esse movimento centenas de vezes, já o executou umas mil, então pra quê prestar atenção nisso?) essa terceira entidade que ao mesmo tempo era e não era eu, me questionava: “onde você está agora?”. Devido a esse nível de atenção, toda a movimentação alcançou um novo aspecto, de repente eu sabia exatamente como e quando me movimentar. Sabia exatamente quando meu colega estava com o braço no ponto exato de tensão necessário e podia registrar tudo o que ocorria a minha volta, sem precisar ficar olhando diretamente para as coisas, inclusive lembro-me de ter comentado com ele: “é incrível como as coisas ficam quando nos dispomos a fazer algo com toda a força de vontade, a prática se torna totalmente diferente e tudo vira uma verdadeira explosão sensorial”.
Repito, nunca havia experimentado algo assim e espero nunca mais perder essa capacidade. A caminhada será longa, tenho certeza que esse foi apenas o insight inicial, mas mesmo assim me sinto grato por conseguir alcançar o ponto primeiro daquilo que sempre desejei conseguir após ingressar no Aikido.
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*Rafael Jhonata – Faixa-amarela, Aluno da Academia Central de Aikidô de Natal.
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13/05/2014
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Nessa última sexta, durante o treino com espada, finalmente, eu consegui entender um erro besta, mas que fez muita coisa fazer sentido.
Sensei James tem frisado bastante o movimento com a espada em cada uma das mãos, separadamente. Primeiro fazemos com uma, depois fazemos com a outra. Eu achava que era só pra entendermos como segurar a espada de forma correta, como movimentarmos ela de forma correta.
Desde a primeira vez em que comecei no aikido (em 2009), e comprei minha espada, eu treinava no quintal de casa, na areia mesmo e repetia os mesmos movimentos por um tempo razoável. Corte na linha do shomen, corte na linha de yokomen. Sempre procurando prestar atenção na noção de centro e sempre atentando para o tai sabaki.
Depois de 4 anos afastado e fazendo uns 8 meses desse retorno, no treino de sexta, ainda percebi o mesmo erro: o corte em zigue-zague, Um “S” que a espada faz ao descer eu sempre me perguntava: – o que diabos eu tô fazendo errado??? – Por que danado essa espada não desce reta? – Será o lance de “tremor essencial” que minha família tem? Uns tremores quase imperceptíveis dos membros, mas que não são parkinson.
Juntando algumas coisas que o senpai Iran tinha me ensinado em um dia de treino com espadas com o que Sensei James tem repetido e insistido de forma tão sábia, acho que entendi o que provavelmente a maioria de vocês já sabem: usar a força das duas mãos. Ora, eu estou descendo a espada com as duas mãos. Eu não posso desequilibrar a força de uma com a outra. As duas tem que doar a energia necessária de forma equilibrada para que o corte saia certo, coerente, firme, mas com sensibilidade suficiente para que as duas se harmonizem.
A partir disso, outra coisa bacana me veio à cabeça, sobre o estudo de uke que venho fazendo: temos um uke e um nage dentro de nós o tempo todo. Vemos isso na natureza, na homeostase, na entropia, em tudo… O tempo todo, temos forças conflitantes dentro de nós, que, na maioria das pessoas, só chega ao ponto de equilíbrio quando estamos pertinho de fechar os olhos pela última vez.
Assim como o estudo de uma coisa simples como o descer de uma espada merece atenção, cuidado, carinho e sensibilidade, eu percebo o quão importante tem sido doar a energia necessária da firmeza, do amor, da imperatividade, da calma e estudar isso. Vejo isso no meu filho, quando procuro educá-lo. Vejo isso na minha esposa, quando procuro entender os anseios dela, vejo isso nos meus amigos, quando procuro entender o ciclo da vida deles, vejo isso em mim, quando procuro entender que tenho um uke extremamente agressivo, territorialista, arrogante, bruto e que vai aprendendo aos poucos a doar a energia necessária para que o nage execute as tarefas do dia a dia.
Sempre me cobrei tanto, sempre fui tão exigente em fazer as coisas da forma correta, ter valores excelentes, um caráter irrepreensível que, quando falhava de forma miserável, eu sentia o peso de tudo e todo o trabalho parecia perdido. Passei 4 anos afastado do aikido, e sempre me prometendo voltar, lembrando do que Sensei Sérgio falou uma vez sobre as correntes que criamos para nós mesmos, que nos prendem a maus hábitos e a coisas negativas. E, quando passei a me aceitar, a abraçar meus erros e entender que eles fazem parte de quem eu sou, comecei a ter mais força pra trabalhar esses erros, a quebras as correntes, a ser um uke melhor para meus colegas, para meu filho, para minha esposa e passei a me respeitar e amar mais, afinal, se eu não conseguir ser um bom uke para meu nage interior, nunca vou conseguir fazer um shomen em linha reta, nunca vou conseguir sequer andar sem tropeçar e me sentir animado a continuar andando.
Sinto uma enorme gratidão a meus colegas por terem me proporcionado isso e aos sensei que tem nos acompanhado no aprendizado que só acaba quando descansamos no final da vida.
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*Diogo Paschoal, faixa-amarela, Aluno da Academia Central de Aikidô de Natal.
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08/05/2014
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Foi em meados do ano de 2005 que fui apresentada ao AIKIDO, através de um colega de trabalho já praticante dessa arte marcial. Convidou-me a conhecer a Academia Central de Aikido de Natal e eu aceitei prontamente, pois tinha curiosidade em saber o que tanto o atraía nela. Mal entrei e senti um clima diferente, o soar dos bambus dos sinos dos ventos levemente era o que se podia ouvir. Aproximei-me, sentei em frente ao tatame e fiquei fascinada com aquela calça-saia preta, que depois descobri chamar-se hakama, quanta elegância! Mas, o que me fez apaixonar à primeira vista foi a postura educada das pessoas que estavam treinando. Ah! Polidez e delicadeza ao ouvir àquele que estava falando, presumi ser o professor. O colega explicou-me que quando o Sensei falava, os alunos se colocavam na posição de seiza (de joelhos), em sinal de respeito para aprender o que lhes era ensinado.
Então, no dia 19 de agosto do mesmo ano, resolvi começar esse grande desafio. Fiz a matrícula e iniciei os treinos. Qual não foi minha surpresa, que logo no primeiro dia, tive grandes e esclarecedores ensinamentos vindos do Sensei James, que me acompanhariam durante toda minha caminhada, não apenas naquele lugar, mas em toda minha vida. A etiqueta no dojô é apenas um vislumbre do que se pode ter quando se observa um treino de AIKIDO. O respeito, a gentileza, o uso do dogi limpo, tudo isso é apenas cortesia, uma pequena parte, atrevo-me a dizer, a mais superficial do AIKIDO.
Explicou-me, o Sensei, que no AIKIDO não existe competição, não necessitamos vencer o outro para nos sentirmos melhores, entretanto não precisamos fugir de algo que se coloca em nossa frente e vem em nossa direção. Um grande ponto de interrogação se formou em minha cabeça, como assim? Não precisei externar minhas conjeturas, o Sensei calmamente continuou. Através de um ataque shomen uchi com a finalização irimi nage, Sensei James foi explicando. Perceba, quando alguém tem um ponto de vista diferente do seu, talvez queira confrontá-la, ou convencê-la de que está certa e talvez de uma maneira que você não espera, golpeando-a frontalmente. Devemos estar preparados para isso. Entrando levemente na diagonal, apenas para sairmos da linha de ataque, desviando, porém, sem fugir do que nos foi proposto, nos colocamos de forma a ficar ao lado dessa pessoa. Dando um passo e um giro, irimi tenkan, ficamos juntos do suposto agressor, então somos capazes de ver o que essa pessoa estava vendo ao tomar essa decisão, o ponto de vista dela, a realidade dela. Mais do que isso, devemos nos preocupar com o bem estar dessa pessoa, conduzindo-a de uma forma a preservar a sua integridade física, redirecionado a energia gerada no ataque para um caminho inesperado para a pessoa que desferiu o golpe. Talvez também não seja o que você gostaria, mas uma terceira opção, o da harmonia.
Use o espírito para forjar o corpo físico. Use o seu Ki para superar todos os obstáculos que lhe confrontarem e nunca evite um desafio. Não tente controlar ou restringir seu oponente de modo não natural. (1) Exatamente o que me ensinou Sensei James naquele dia.
Sim, acredito que não devemos tentar mudar o outro, mas se desejamos o caminho da harmonia, devemos também estar abertos a aprimorar nosso espírito. A tentar enxergar o que o outro vê, a se colocar no lugar dele e tentar entender o que o levou a tomar certa atitude. Qualquer caminho a ser trilhado estará repleto de desafios e dificuldades a serem superados, independente de religião, profissão ou seja lá o que escolhermos realizar em nossas vidas. O que faz a diferença é a disposição de querermos vencer, não no sentido de derrotar, mas de construir algo melhor, para todos.
O treinamento em AIKIDO não visa tornar alguém fisicamente forte ou torná-lo habilidoso no combate; seu propósito é reunir pacificamente todas as pessoas do mundo, melhorar as coisas pouco a pouco, ficar centrado e em sintonia com o universo. O AIKIDO é uma bússola que nos aponta a direção correta, e assim cada um de nós pode realizar a sua missão na terra. AIKIDO é o caminho da harmonia. AIKIDO é a senda do amor. (1)
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Referência Bibliográfica:
1.Morihei Ueshiba; ENSINAMENTOS SECRETOS DO AIKIDO, editora Cultrix, SP, 2010.
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*Roberta Macedo Xavier – Bancária, Shodan (faixa-preta 1º Dan), aluna da Academia Central de Aikidô de Natal.
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25/04/2014
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Amanha, 26/04/2014, fará exatos 45 anos da morte do Fundador do Aikidô, Morihei Ueshiba, conhecido pelos Aikidocas ao redor do mundo como Ô –Sensei – Grande Mestre.
Os últimos anos de Morihei Ueshiba foram passados principalmente em Tóquio à medida que a sua saúde se tornava gradualmente mais frágil em virtude de sua idade já avançada, 86 anos. Não obstante, continuou ensinando até março de 1969, altura em que adoeceu, devido a complicações no fígado, e foi internado no hospital da Universidade de Keio. Na ocasião Morihei disse a seu filho Kisshomaru: “Deus está me chamando”.
Uma das últimas aparições do Ô-Sensei deu-se no dia 15 de abril de 1969, Morihei participou das comemorações do ano novo no Hombu Dojô. Mesmo parecendo estar com a saúde impecável, sua condição física deteriorava-se rapidamente e devido a tal quadro seus numerosos discípulos e amigos fizeram suas últimas visitas e homenagens. Mesmo já no final de sua existência neste plano Ô-Sensei propagava os ideais do Aikidô, e dizia aos presentes: “O Aikidô é para todos…” dizia o Mestre, “não treinem por razões egoístas, mas para todas as pessoas em todos os lugares”.
No dia 26 de abril de 1969, Morihei Ueshiba, aos 86 anos de idade, tomou a mão de seu filho Kisshomaru, riu e disse: “Tome conta de tudo”, e desencarnou.
Uma vigília foi realizada no Hombu Dojô no dia 1º de maio de 1969, a partir das 19h e, no mesmo dia, foi consagrada ao Fundador do Aikidô uma condecoração póstuma pelo Imperador Hirohito. Suas cinzas foram depositadas no cemitério de Tannabe, no templo da família Ueshiba, e mechas de seu cabelo foram guardadas em relicários no Santuário Aiki, em Iwama; no cemitério da família Ueshiba, em Ayabe; e no Grande Santuário de Kumano. Kisshomaru Ueshiba foi eleito para suceder seu pai como Aiki Doshu, por decisão unânime da Aikikai, em 14 de junho de 1970.
“O Budô não é um meio de se derrotar um oponente pela força ou com armas letais. Também não é seu propósito levar o mundo à destruição pelas armas ou por outros meios ilegítimos.O verdadeiro Budô busca ordenar a energia intrínseca do Universo, protegendo a paz mundial, moldando e também preservando tudo na natureza em sua forma correta. Praticar o Budô é essencial para fortalecer, em meu corpo e em minha alma, o amor do kami, a divindade que gera, preserva e nutre todas as coisas na natureza” – Morihei Ueshiba.
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Conheça o Aikidô
Local: Academia Central de Aikidô de Natal – ACAN
Endereço: Rua Prof. João Ferreira de Melo – Capim Macio – Natal/RN – Fundos do CCAB Sul
Telefone: (84) 2020-4841
Site: www.aikidorn.com.br
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06/03/2014
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Penso que treinar Aikido é uma forma de diálogo. Cada um tem seu ponto de vista individual, que pode diferir de um dia para o outro, que depende com quem está se comunicando e outros fatores, mas que tem uma linha de raciocínio e ação característica.
Num diálogo, duas pessoas se encontram, estão presentes fisicamente, se percebendo, quando um, o uke (o agressor), propõe um argumento. A primeira ação do outro (o nage – quem aplica a técnica) então é captar isso. A partir do primeiro momento cada um já tem uma série de opções de como agir ou reagir.
Primeiro vamos considerar que existem muito mais maneiras de um diálogo não se constituir, o que é muito frequente na sociedade moderna. Por exemplo, o nage está tão preocupado consigo mesmo, que não tem capacidade de perceber o outro. Então antes mesmo de um diálogo começar, o nage precisa estar tranquilo, relaxado e sensível ao que acontece nele e ao redor dele. Melhor o nage, mais atencioso ele é. Não só se percebe, mas olha além da aparência do outro, entende seus motivos, antecipa seus desejos, prevê seus movimentos.
Lembrando que estamos falando aqui de um paralelo entre os movimentos de palavras e os movimentos físicos mesmo e é exatamente nisso que reside uma das belezas do Aikido, porque você aprende a transpor diálogos físicos para os orais e vice versa.
Uma vez estabelecido a condições básicas de um diálogo, precisamos dar atenção aos preconceitos. Vamos usar a metáfora da folha branca. Aprendemos muito rápido e é mais fácil de usar padrões: A é de um jeito, B do outro, já sei o que A vai dizer e já sei o que B vai fazer. Apesar de parecer simples, é difícil limpar a mente, relaxar o corpo, porém, como ensinava Sensei Marco (Marco Antonio Rocha – Academia Central de Aikidô de Natal), continuar com atenção em tudo. E este processo não só deve existir no início, mesmo durante o diálogo precisamos, de vez em quando, esvaziar a mente.
O próximo passo é a harmonização. Precisamos entender o outro, não só ouvir as palavras, mas olhar o corpo, perceber os motivos, ir além do texto falado. Isso feito, podemos começar cuidadosamente a aplicar os nossos argumentos/movimentos. É difícil se expressar bem, porém mais difícil ainda é continuar com a atenção no outro enquanto você apresenta seu ponto de vista. Não é porque estamos aplicando nossos argumentos que devemos deixar de ouvir o outro. Precisa existir uma troca contínua até chegar numa conclusão ou encerrar o diálogo. Um dos erros comuns é achar que estamos certo e o outro errado e que isso nos dá o direito de nos impor. É a hora quando o ego cresce e o outro nos serve apenas para confirmar nossa opinião e é quando perdemos contato com o outro e não há mais diálogo, mas só um monólogo.
Importante é entender que mesmo sem conclusão podemos aprender muito, o que interessa de fato é muito mais o processo do que o resultado e dentro deste processo aprendemos mais ouvindo do que falando. Isto me lembra do processo de ensino de meu professor de Tai chi chuan de Recife, Jaaziel Campos, que, se baseando no método do seu professor chinês, ensinava mostrando e pedindo para os alunos olharem e repetirem, sem comentar nada. Acredito que seja uma característica oriental de valorizar mais o processo do que o método ocidental que trabalha muito mais com resultados.
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*Frank Düesberg é aluno da Academia Central de Aikidô de Natal .
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17/02/2014
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Nas primeiras aulas de Aikido, recebemos várias explicações básicas sobre o funcionamento dos treinos, técnicas, etiqueta no tatame, entre outras. É natural que, ao longo da permanência do aluno nos treinos, a curiosidade comece a aumentar e que passemos a ler sobre aquilo que aplicamos nas práticas. Sensei fala – Aikido é para o dia-a-dia, exercício para o corpo e disciplina para a mente. Esta frase parece mais um simples jargão clichê que poderia ser aplicado a todas as formas de se exercitar ou mesmo outras artes marciais, mas nos parece que esta máxima é um pouco mais profunda na bela arte do “caminho para a harmonização das energias”.
Para sustentar esta afirmativa lembramos que, dentre muitos princípios que doutrinam a arte aikidoca, há um que nos dias de hoje nos parece um dos mais importantes, inclusive para o aprendizado e desenvolvimento dos outros princípios. Este é chamado Missogui, que significa: “a prática para remover a poluição (Kegare) do corpo, da mente e do espírito (…). Missogui é o primeiro conceito do Xintoísmo esotérico. É o Missogui aquilo que cria espaço dentro do indivíduo para que ele possa entrar em conexão (Mussubi) com o mundo divino.”[1]
Abrir espaço para algo dentro de nós nos dias hoje é tarefa muito difícil, principalmente na sociedade ocidental, cada vez mais capitalista, consumista e desumana. E é neste ponto onde encontramos o maior presente que a prática do Aikido oferece. Um bom sensei irá levar o aluno à pratica do missogui no tatame mesmo sem que ele perceba. No entanto, quando o fazemos de forma consciente ele é muito mais proveitoso e eficiente. “Aikido é o exercício de estarmos sendo ensinados pelos Kamisama (divindade), sobre as vibrações da criação universal (tamashii)”.[2] É preciso estar aberto a estes ensinamentos para recebê-los em sua plenitude.
Para entrarmos no estado onde possamos nos harmonizar com a energia universal e ao aprendizado do Aikido, precisamos nos abrir e sermos propensos a receber. É aí que começa o exercício interno verdadeiro.
A prática do Missogui pode ser realizada de diferentes formas e ao longo de todo o dia. Algumas formas são mais ritualísticas, ligadas à religião e outras mais mundanas. Neste texto, não entraremos em detalhes sobre a ritualística Xintô, pois o nosso objetivo é justamente dar uma pincelada no que a segunda prática pode gerar de benefícios ao praticante de Aikido.
A etiqueta cobrada dentro do tatame e a presença do sensei, já nos convidam a doutrinar a mente para fazer uma pausa no nosso dia e descansar das preocupações. A “ritualística” da aula, o respeito pelas explicações e o treino do que é ensinado buscando imitar os movimentos da forma demonstrada nos leva a um estado de concentração que começa a limpar nossa mente de outros pensamentos, problemas, preocupações, etc.. A concentração “forçada” nas técnicas de queda, principalmente quando estamos como Uke, leva a aflorar nosso instinto de autopreservação que acaba por ajudar a retirar de nossa mente pensamentos ruins. Então o Missogui acontece. Começamos a retirar de nós tensões, asperezas e preocupações e, ao fim de um bom treino, começamos a ver tudo de forma diferente, com a mente mais tranquila e o corpo mais relaxado. Somos até capazes de julgar melhor os motivos de nossas apreensões e tomar decisões mais centradas.
Qual a mágica? Não há mágica, há perseverança, disciplina, disposição para o aprendizado e consideração mútua. Para que ocorra uma aula proveitosa que nos permita praticar o Missogui, é preciso que estejamos dispostos a ceder e a se por no lugar do outro enquanto nage, respeitando as condições físicas e mentais dos nossos colegas de treino. É necessário também que quando Uke, estejamos prontos para sermos flexíveis e perceber a condução do nage, condução esta que pode ser encarada como uma analogia para as formas que a vida nos apresenta as mais variadas situações.
De nada servem as correções e as explicações individuais se não houver espaço mental e humildade para recebê-las. A limpeza interna abre espaço para o aprendizado e para os bons sentimentos de todos aqueles que partilham o dojo conosco. Devemos nos sentir gratos pelas oportunidades e por toda a doação que encontramos no sensei e nos colegas de treino.[3]
Concluindo esta exposição, lembro a frase de Kisshomaru Ueshiba parafraseando o Fundador, “a ressonância do corpo deriva da unidade mente-corpo que se harmoniza com a ressonância do universo”[4]. Para que esta ressonância seja positiva e possamos nos beneficiar dela, precisamos estar no estado adequado para dar e receber. O Missogui é uma prática que nos leva a purificar-nos e abrirmos espaço para aprender a receber, sabendo conscientemente o que e como. E para nós, este é um grande diferencial da prática do Aikido das demais atividades físicas e artes marciais e um grande exercício para toda vida.
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*Daniel Nicolau é Arquiteto, Servidor Público e faixa-preta 1º Dan (Shodan) da Academia Central de Aikidô de Natal.
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Referências:
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[1] BULL, Wagner José. Aikido-caminho da sabedoria. A Teoria.Editora Pensamento, São Paulo. Pg 181 e 182.
[3] SUNADOMARI, Kanshu. A iluminação através do Aikido. Ed. Pensamento. São Paulo 2006. Pg. 107 a 109.
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13/02/2014
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Esse não é um texto sobre Aikido, é um texto sobre mim e como cheguei ao Aikido.
Tudo começou com uma leitura de um livro chamado A Arte Cavalheiresca do Arqueiro ZEN de Eugen Herrigel, que recomendo fortemente a leitura, nesse livro aprendi um pouco mais sobre a mentalidade oriental e principalmente sobre o caminho do Arco e Flecha, o Kyudo. Vi nessa prática marcial e de meditação um refúgio para os dissabores do dia-a-dia e, por consequência, decidi que tentaria me realizar nessa “entediante” prática de arco e flecha. Como um bom quase nativo da era digital, a minha busca começa pela internet e todo material que encontrava me instigava ainda mais a curiosidade, as perguntas surgiam como um turbilhão: “como podem esses oito passos para atirar uma flecha possuírem tanto conteúdo?”, “Como alguém pode passar quinze anos praticando os mesmos movimentos e ainda ser um aprendiz?”, “Porque um treino de arco e flecha não está focado em atingir o alvo?”, muitos outros questionamentos surgiram e nem me recordo deles agora. Pois bem, após assistir alguns vídeos no Youtube e pesquisar a presença do Kyudo no Brasil, descobri, para minha surpresa, que temos Kyudo em Natal. Fui me informar com pessoas conhecedoras de Arte Marciais e para minha decepção, havia sido enganado por um texto ou post qualquer na internet, e o Kyudo em Natal se tornou uma lenda urbana: todo mundo sabe que existe, mas ninguém nunca viu.
Um certo dia, conversando com amigos praticantes de Kung Fu, lembrei que em um prédio próximo a empresa onde trabalho existe uma academia de Aikido, aquela arte que os caras usam uma saia para lutar. Também não me perguntem como liguei o Kyudo ao Aikido: nosso cérebro trabalha mais por associação do que por lógica, e acredito que nesta ação empregamos também nossa alma. Decidi fazer uma visita, e numa terça-feira cheguei a ACAN juntamente com minha esposa e assistimos o treinamento até o fim*. A partir desse dia assisti aos treinos da terça e quinta por duas semanas até que decidi-me por começar a treinar, e assim o fiz.
Hoje, com três meses de academia, sinto-me em casa, sinto-me integrado ao Aikido. Encontrei no Aikido resposta para várias perguntas que havia feito ao Kyudo. Aprendi que uma arte marcial pode não ser violenta e não ter como objetivo ferir o adversário, na realidade até o conceito de adversário não se aplica ao Aikido. Em uma conversa após o treino fui informado que não treinamos Aikido até chegarmos a faixa preta e fiquei entusiasmado com o entendimento que essa informação me trouxe, afinal, eu tenho até a faixa marrom para aprender Aikido e na preta eu começarei a praticar e aperfeiçoar o que aprendi durante essa jornada. Veja como esta é uma reposta possível ao questionamento “Como alguém pode passar quinze anos praticando os mesmos movimentos e ainda ser um aprendiz?”.
Outro exemplo que considero importante é a resposta para o questionamento “Porque um treino de arco e flecha não está focado em atingir o alvo?”, essa resposta nenhum livro de Aikido poderia me proporcionar, apenas o treino e o compromisso com o treino me trouxe essa resposta. A prática do Aikido me fez transcender a ideia de graduação, me fez participar do treino pelo treino, o corpo treinando, a mente em descanso**, é não querer ferir o UKE é simplesmente conceder o que ele me pede, e ele me pede com a energia dele e devolvo para ele uma energia equivalente e nos harmonizamos***, desta forma não posso feri-lo, pois ele está preparado para receber o que me dá.
O Aikido está mudando a minha vida, me trouxe novos amigos e uma nova família. Alguns eu nem conheço ainda, mas estou unido com todos pelos elos e princípios que estão apresentados no Hakama, que aprendi que não era uma saião. E vamos juntos aprendendo diariamente a receber e devolver a energia do mundo, da sociedade, dos amigos e familiares que são os grandes UKEs de nossas vidas.
Obrigado.
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* O Sensei Vinicius nos explicou muito sobre o Aikido nos dias em que estávamos visitando a ACAN.
** Fiquei muito feliz em ver o Ono Sensei afirmando que no treino a mente deve estar longe.
*** Esse esclarecimento teve como pivô um comentário do Sensei James durante um treino.
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*José Diego Marques é Analista de Requisitos de Softwares e faixa-branca da Academia Central de Aikidô de Natal.
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06/02/2014
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Por algum tempo questiono-me sobre a quantidade e localização da força usada pelo nage na aplicação da técnica. Vamos tentar analisar qual é o princípio que rege o uso da força, além de como, com que parte do corpo e com que intensidade ela deve ser usada.
No final de 2013 fiz a seguinte pergunta a Max Eriksson, Sensei alemão, com 25 anos de Aikido, cujo Dojo eu já visitei várias vezes, que treinou junto com Sensei Gabriel no Japão e que esteve mais de um mês na Academia Central de Natal acerca de dois anos atrás:
Pergunta: Quanto menos força o nage usa, melhor é seu Aikido?
A resposta foi bem clara: Sim.
A questão é, de acordo com Max, que é muito mais fácil ensinar uma técnica do que um princípio!
Como devemos entender esta resposta e a justificativa?
O “Ai” de Aikido significa harmonia. Num ataque correto (ver meu artigo anterior) uma força vem ao encontro do nage. Inexoravelmente, para que seja Aikido, é preciso se harmonizar com esta energia que vem na direção do mesmo.
A pergunta então é quanta energia o nage precisa para se harmonizar com o ataque? Como ele apenas precisa direcionar seu corpo para que se alinhe na mesma direção vetorial do ataque, a energia necessária é pouca já que na forma ideal não tem nenhum impacto, comparado com, por exemplo, uma defesa de karaté, que tenta bloquear ao máximo o ataque com os vetores de força indo um contra o outro.
O segundo estágio da aplicação da técnica é do desvio. O nage precisa desviar a energia do ataque para não ser atingido e para colocar o atacante em desequilíbrio. Aqui alguma energia é necessária, porém é aqui que se mostra a qualidade do Aikidoista. A técnica impõe um movimento do nage, quando o princípio ensina o uso inteligente do desequilíbrio, respeitando o tempo do atacante (Sensei Gabriel sempre alertava para treinar também com o ouvido, percebendo, por exemplo, quando o uke pisa no chão). Ao invés de querer impor uma sequência de movimentos, o nage precisa captar o eixo do atacante, torná-lo fraco e tomá-lo para si próprio, para levar o atacante para a terceira fase, a finalização.
Nesta, o atacante encontra-se desequilibrado e o nage precisa dirigir e acompanhar sua queda para finalizar a técnica, novamente observando o mínimo de uso de força. Isto é muito diferente do nage agressor, que nesta hora usa sua força para a técnica aparentar ser eficiente e desvia o atacante da sua queda natural ou reforça-a além do necessário.
É nesta hora que aparece o ego, a vontade de mostrar eficiência, a capacidade de dominar o outro e isto se expressa pelo uso excessivo de força ou pela vontade de infringir dor no outro. Isto é outro ponto fundamental, infringir dor no outro não é o objetivo do verdadeiro Aikidoista. Se uma técnica envolve dor, ela é apenas um meio para causar desequilíbrio ou imobilização, mas nunca é um fim em si.
Outra questão desta fase crítica e sempre alertada pelo Sensei Gabriel é a alteração da velocidade da aplicação da técnica, o que demonstra também um uso errado da força: a primeira fase de se proteger, sair da linha de ataque e a harmonização pode ser feita muito rápida, porém a partir do momento do desequilíbrio, quando acontece o momento mais frágil do uke, a técnica deve ser executada com muito cuidado. O uke coloca seu corpo a disposição e deve ser respeitado. É proibido então de começar devagar e acelerar durante o processo, já que a aceleração prova que o nage usa sua força ao invés de usar a do ataque.
Comparamos agora detalhadamente a aplicação de um shihonage com um ataque gyaku hammi. Neste exemplo quero demonstrar também a segunda questão inicial, a da localização da força. Para ser mais claro usarei dois extremos, um típico faixa branca e a forma ensinada por Sensei Gabriel, que aprendeu este formato de shihonage com Takeshi Kanazawa Sensei do Hombu Dojo.
Fases |
Faixa branca |
Sensei Gabriel |
Preparação |
Olhar fixo na mão do atacante;Braços tencionados; |
Percepção geral do atacante;Braços relaxados; |
Pegada gyaku hammi |
Opõe-se ao vetor de energia; |
Recebe a pegada movendo o corpo com o braço na mesma direção do ataque; |
Desvio |
Puxa com força para o lado e para baixo;Põe o polegar por cima do pulso do atacante; |
Com o braço na mesma posição forma um U com o movimento do corpo, primeiro recebendo a energia, depois a desviando e em seguida devolvendo-a; |
Aplicação |
Sobe com força os braços (já que acabou de puxar para baixo) agarrando o pulso com duas mãos abrindo ainda os cotovelos; |
Na posição exata de ombro com ombro, deixa a mão que foi segurada vir até a testa, com os cotovelos juntos como se tivesse segurando uma espada e a outra mão só de segurança, caso o atacante solte a pegada; |
Finalização |
Gira em desequilíbrio, com os braços tensos e fora do eixo, recua e puxa o atacante para baixo e para frente tendo que usar toda força nos braços. |
Gira equilibrado no eixo terminando novamente ombro com ombro e sem tencionar os braços, em seguida solta o peso do corpo no giro do quadril levando o atacante ao chão usando praticamente só a força da gravidade. |
No exemplo acima podemos observar que o Sensei Gabriel quase não usa força nos braços, a técnica é executada na maior parte pelos movimentos do corpo com as mãos e braços sempre o mais relaxado possível e sempre na frente do corpo.
Eu entendo então que o Aikido é melhor:
- quanto menos força é usada em geral;
- quanto menos força é usada nos braços e nas mãos;
- quanto mais a força é usada vindo do centro do corpo.
A grande dificuldade é de não interromper a energia do atacante. Ele cai com a mesma intensidade com que ele atacou, sem que o nage precise acrescentar a força dele. Ao contrário, quanto mais forte o ataque, menos força o nage usa.
Tendemos a querer resolver tudo com nossas mãos e braços e esquecemos a força do nosso corpo. Mas porque Aikido funciona também para mulheres? Treinei na Alemanha com a colega de Max, a senhora Ulrike, magra e baixa, porém com 10 anos a mais de Aikido que Max. Ataquei, a pedido, com toda minha força e fui derrubado sem esforço da parte dela. Como? Usando os princípios básicos do Aikido!
Lembro-me também de um faixa colorida me atacando e depois reclamando que caiu muito forte. O que ele não tinha entendido, é que foi o ataque dele que definiu a força da queda. Ele se surpreendeu porque não estava acostumado a treinar com o entendimento dos princípios.
Um motivo comum disso é uma inversão dos papéis durante a execução da técnica. O ataque é parado e o nage se transforma em agressor através da tentativa de aplicar alguma técnica. É de extrema importância entender que a partir do momento que a energia do ataque é interrompida, não há mais Aikido!!!
São as palavras do Max: aplicando uma técnica de Aikido não transforma você em Aikidoista, somente o uso dos princípios o faz. Ser Aikidoista significa então entender os princípios e treinar este entendimento, muito mais do que saber uma técnica.
Para finalizar quero acrescentar mais um pensamento nesta linha de raciocínio. De acordo com o supracitado devemos trazer a força na aplicação da técnica para o centro do nosso corpo. Sendo assim, como fica a comparação entre uma aplicação em uma pequena articulação com um desequilíbrio do corpo todo?
Exemplificamos com um Kote gaeshi. A finalização pela pequena articulação é pela dor que o atacante sente quando seu dedo indicador é empurrado contra o pulso. O ataque já foi parado, o nage agressor domina o atacante pela dor na articulação do dedo indicador e o atacante (que já não é mais, agora é apenas vítima) é obrigado a se deitar no chão. Precisamos entender que a dor acontece quando não tem para onde a força do ataque escapar (aqui já me refiro ao nage agressor).
Na técnica Kote gaeshi ensinada pelo Sensei Gabriel (1. tração, 2. mão fora do ombro e 3. giro do quadril), a pouca força usada passa da articulação do dedo, para o pulso, daí para o cotovelo e para o ombro e finalmente causando um desequilíbrio completo do corpo, sem infringir dor. O ataque foi desviado, o nage se preservou e preservou o atacante.
Desta forma os princípios do Aikido são preservados e podemos pensar em um mundo melhor.
(Revisão de Sensei Gabriel Lopes)
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*Frank Düesberg é aluno da Academia Central de Aikidô de Natal .
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03/02/2014
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Em meus primeiros contatos com o Aikido, principalmente através dos filmes de Steven Seagal, a técnica que mais me chamava atenção era o irimi nage (a qual só soube a denominação muitos anos depois). A maneira como o braço ia de encontro ao pescoço do oponente, a forma de projeção ao chão, a aparente efetividade marcial, eram pontos que me encantavam nesta técnica e me entusiasmavam a aprendê-la.
Muitos anos depois, quando iniciei meus estudos como aluno na Academia Central de Natal, ainda me entusiasmava pela questão “incisiva” da técnica. Agora também animado não apenas pela sua aplicação, como também pela graça na forma de recebê-la, quando os ukes caiam em yoko ukemi ou em variações de ushiro hanten.
Firmeza, força, forma, poderio de efetividade, coisas deste tipo me atraiam na técnica. Eu nem imaginava como a minha visão estava mais do que limitada. Ela estava completamente errada, sobre o irimi nage. Eu não sabia nada sobre a técnica e quanto mais me voltava a estes aspectos, mais me impossibilitava de aprendê-la de verdade.
Após alguns anos de treino, modificando minha visão não apenas sobre o Aikido, mas também sobre diversos aspectos da vida, comecei a ter uma pequena compreensão sobre a realidade desta técnica. Estudos e formas de ver a técnica de maneira mais branda, conduzindo o uke e não contundindo o mesmo, me levaram a começar a ver que a harmonia do Aikido é muito mais interessante de ser aplicada, do que a simples intenção de ser incisivo e “forte”.
Se na prática do Aikido sempre buscamos nos harmonizar com o universo e, obviamente, com o uke, o emprego das técnicas de forma contundente está totalmente em desacordo com a filosofia da arte. A aproximação do uke, seja com um atemi waza, seja com um katame waza, não necessariamente precisa ser entendido como uma tentativa de agressão, mas como um ponto de vista diferente do seu.
Em vários momentos da minha vida, não apenas na prática das artes marciais, mas também na vida profissional e pessoal, eu compreendi que conflitos, principalmente de opiniões, podem ser resolvidos quando ambas as partes estão dispostas a olhar pelo ponto de vista do outro, a compreender o ponto de vista do outro, para que então possa apresentar o seu ponto de vista. É lógico que como alguém que está ainda iniciando seu estudo no Aikido, eu teria grandes dificuldades para compreender, sozinho, esta questão aplicada às técnicas isoladas.
Estudando o irimi nage nos treinos mais recentes, tendo a técnica sido apresentada de uma maneira um pouco diferenciada, sem interferir no braço do uke que se aproxima, buscando um posicionamento não apenas nas costas do uke, mas também olhar para a onde ele está olhando, para que só então eu possa completar o movimento conduzindo ele a olhar para onde eu estava olhando. Começo a compreender que ele nada mais é do que, olhar o conflito sob a ótica de quem me confronta e mostrar a ele o meu ponto de vista, para que só então possamos chegar a um entendimento.
Ao olhar na direção que o uke está olhando, somos capazes de enxergar e até mesmo compreender o seu ponto de vista. Mas a boa resolução de um conflito passa pelo ponto em que ambas as partes compreendam o ponto de vista do outro. Ainda falta que o uke compreenda o seu ponto de vista e cabe ao nage apresentar este ponto, conduzir o uke a enxergá-lo. Mas esta condução não precisa ser violenta, ou contundente, ela pode ser feita de maneira harmônica, suave e, até mesmo, gentil. Lembrando palavras de O Sensei:
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Assim que a
Cobra Demônio
Ataca
Eu já estou atrás dela
Guiando-a com amor
(Ensinamentos secretos de Aikido, 2010)
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Vejo como uma referência exata ao conceito aplicado aqui. Mas que não pode ser limitado apenas ao irimi nage, muito menos ao Aikido, existe a necessidade de observarmos muito mais do nosso dia-a-dia sob essa maneira de resolver casos conflituosos. Outras técnicas, outras artes, outras situações. Nem sempre será possível aplicá-la de forma tão direta como posta aqui, mas a intenção, a maneira de enxergar a situação, essa sim poderá ser sempre aplicada.
É interessante como uma técnica que é repetida com grande frequência, quando praticada de um modo diferente, pode nos mostrar que o conhecimento sempre esteve presente e claro, nós apenas não estávamos prestando a devida atenção a ele. Em estudos mais abrangentes, encontrei algumas referências que podem ser analisadas sob esta mesma intenção.
Richard Moon, em seu livro Aikido em três lições simples (2006), fala sobre duas questões que se mostram bem aplicadas ao assunto que se trata aqui. Ao tratar sobre o item Fora da linha de choque ele diz: Fique fora da linha de choque. Não deixe que a interação com outra pessoa se torne uma questão pessoal. Opte por aceitá-la e compreender seu significado como uma expressão do modo como ela se sente. Se não tomar a reação do outro como uma afronta, você ficará livre para iniciar um diálogo genuíno. Que ainda pode ser completado pelo que é dito logo após em O poder do questionamento: Não se oponha aos seus sentimentos ou aos sentimentos das outras pessoas. Investigue as origens desses sentimentos e procure por uma mensagem, um senso de orientação.
Assim como essas citações, encontramos várias outras que refletem a intenção da boa resolução de conflitos. De Sun Tzu à Confúcio, de textos sobre Aikido à textos sobre Karate. A orientação sempre esteve presente, mas muitas vezes precisamos de uma aplicação prática, uma técnica, por exemplo, para que a compreensão aconteça de maneira real. Para que possamos identificar que o sentido daquelas palavras pode ser aplicado em nossa vida.
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*Marcio Henrique é arquiteto, professor universitário e Shodan (faixa-preta 1º Dan) formado pela Academia Central de Aikidô de Natal.
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23/01/2014
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Entrevista concedida por Hiroshi Ikeda a Stanley Pranin.
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Por favor, nos conte qual é a sua abordagem sobre treinar.
A primeira questão é que devemos treinar com o corpo e não com a cabeça. É bom recebermos muito ukemi para sentir na pele o que é treinar. Se você usar demais a cabeça, seu aikidô ficará muito intelectualizado e isso afetará de forma negativa seus movimentos corporais. Minha filosofia é aprender e entender o aikidô com o corpo.
Normalmente começamos a nossa pratica com irimi-tenkan. Em vez de entrar logo nos movimentos de arremesso, creio que é mais produtivo trabalhar o corpo de forma gradativa, começando com irimi-tenkan para aquecer, depois praticando ushiro ukemi, e só depois os outros movimentos.
Melhor do que apenas ensinar ou treinar, é importante que eu também encontre oportunidades para aprender, crescer e cultivar meu próprio aikidô, então procuro sempre novas abordagens. A prática consistindo apenas em agarrar ou ser agarrado tem a sua utilidade num estágio inicial, mas acho que você deve ir mudando e experimentar com outras coisas quando estiver num nível mais avançado, como por exemplo, treinar como ser agarrado ou como permitir que seja agarrado de forma correta. A prática de quebra de equilibro também é outra possibilidade.
Recentemente tenho trabalhado o conceito do “centro” (chushin), especificamente como manter o meu centro enquanto quebro o equilíbrio do meu parceiro.
A Qualidade do Treinamento – O senhor se sente muito influenciado pelo Saotome Sensei?
Sim, com certeza. Observando o que o Saotome Sensei tem feito ao longo dos anos, vejo que o aikidô não pode ser apenas aikidô; como budô, tem que ser completamente capaz de responder a tudo. Em outras palavras, tem que valer fora dos seus confinamentos. Saotome Sensei defende isto há anos.
Saotome Sensei manifesta um caráter incomum nas suas demonstrações, pois elas sempre possuem uma intensidade explosiva e muita seriedade. As demonstrações de Saotome Sensei não só mostram que existe fluidez, mas também apontam claramente para uma proposta de treinamento que viabiliza a habilidade de responder a qualquer situação. Isto é algo que prezo como parte importante do meu próprio treinamento. Minha busca no aikidô é de um budô que vá além dos confinamentos do aikidô, aperfeiçoando uma forma de movimento como Saotome Sensei que parta do centro. A maneira do corpo se mover é de grande importância.
Faz uso do atemi em seu aikidô?
Muito pouco, especialmente nenhum golpe em áreas como o rosto. Podemos dar uma encostada em alguém se eles se posicionam de forma perigosa ao agarrarem o parceiro, apenas para que eles se conscientizem que não devem se posicionar de forma vulnerável para um contra-ataque. Mas está mais para o peteleco do que para um golpe. Apenas o necessário para que eles percebam que devem se posicionar mais para o lado, ou para onde for. Dar este tipo de sinal para o parceiro o ajuda a prestar atenção à forma de agarrar corretamente. Desta maneira, tanto a pessoa que arremessa quanto a pessoa que agarra podem se beneficiar do treinamento. Em outras palavras, ambos devem considerar como se posicionam. Defendo um sistema de treinamento onde tanto o nage quanto o uke possam aprender de forma ativa.
Como se sente em relação ao intercâmbio entre artes marciais como treinamento?
Durante meus dias na universidade nós costumávamos dividir as dependências do departamento de educação física com praticantes de outras artes marciais como Shorinji kempo, judô e sumô. Lembro-me de algumas brincadeiras com eles; tentando sentir como um aikidoista responderia a esta ou aquela técnica. Fora isso, fazíamos com frequência treinos de intercambio com outras universidades.
A minha universidade era em Shibuya, então treinávamos com grupos de outras universidades na região – Aoyama Gakuin e a Universidade Kokushikan, por exemplo. Tinha um rapaz na Kokushikan que fazia belíssimos movimentos de esquiva corporal (tai sabaki) contra ataques com faca. Observar e treinar com ele era muito instrutivo.
Acho importante estudar com vários professores. Provavelmente a melhor proposta de aprendizado é de pegar elementos que você considere práticos de vários professores e usá-los para criar algo que se adapte ao seu corpo.
Se o treinamento com armas é ou não é essencial aos treinos de aikidô é um assunto controvertido hoje em dia. Em sua opinião, a essência do aikidô está apenas no taijutsu, ou deve se incluir o treinamento com armas?
Ambos, eu acho. Porém, tornar-se habilidoso com um boken ou jô é algo para ficar em segundo plano. O importante é permanecer com as mãos na sua frente quando for treinar com estas armas.
Como já mencionei, tenho treinado com o conceito de “centro” sempre em mente. Os meus alunos treinam movimentos com o boken porque evitam que suas mãos se afastem dos seus respectivos centros. Se as mãos forem desviadas pros lados fica difícil conseguir algum poder executando as técnicas. Então considero o uso de treinamento com armas proveitoso no sentido de ajudar os alunos a firmarem e manterem seus próprios centros dentro dos movimentos no aikidô.
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Tradução: Christian Oyens
Texto Origem: http://www.aikidojournal.com/article?articleID=86&lang=br
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17/01/2014
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Fala galera!
Quando eu era pequeno e abria a gaveta do guarda roupa, por uma mágica que eu desconhecia naquele tempo, minhas meias, camisetas, shorts, calças, blusas, cuecas, etc., apareciam sempre limpinhas e dobradas na gaveta. Por mais sujeira que eu derrubasse nelas, por mais que eu me deitasse no chão sujo (e quando digo sujo, leia-se imundo mesmo), por mais que eu as rasgasse subindo em árvores, elas sempre reapareciam intactas ou na melhor condição possível depois destes eventos… rs. Com a casa não era diferente, ao brincar eu espalhava meus brinquedos, deixava papéis e canetas pela casa, o chão ficava manchado por conta das bolhas de sabão, mas no outro dia, tudo estava limpo e organizado para uma nova etapa de diversão.
Quando cresci, descobri que essa “mágica” era administrada por uma pessoa experiente, com conhecimentos de química, ergonomia, administração, entre outras ciências… minha mãe! Ela cuidava de tudo, e garantia um ambiente pronto e adequado para o meu crescimento. Por essas e outras – Mãe, meu eterno agradecimento!
Aí vocês me perguntam – Mas Cadu, como você descobriu isso!? – vou contar pra vocês. Não foi minha mãe que me contou com o intuito de ganhar algum crédito, jamais… Aprendi isso no DOJO! Sim, isso mesmo, no dojo! Já tive que limpar muito tatame por aí, organizar banheiros, vestiários, e outros cômodos de escolas por onde passei…
Lá as coisas não aparecem organizadas por mágica. Lá, ou nós fazíamos, ou tudo ficaria uma bagunça… e com isso, também aprendi o trabalho em equipe.
Há pouco tempo, aprendi também no dojo, que se queremos ensinar isso aos nossos alunos, não basta simplesmente mandá-los pegar uma vassoura e cuidar do tatame, precisamos liderar pela frente, mostrando como se faz, dando exemplos e cuidando do dojo com carinho, pois é nesse lugar que alcançamos tanto conhecimento para a vida.
Se nos preocuparmos em cuidar uns dos outros fora do tatame, exatamente como nos preocupamos durante a prática do Aikido, nosso cotidiano será muito mais agradável.
Então, deixo aqui a pergunta: QUEM CUIDA DO SEU DOJO!?
Mãos à obra…
ABRIU ? FECHE.
SUJOU ? LIMPE.
ACENDEU ? APAGUE.
LIGOU ? DESLIGUE.
QUEBROU ? CONSERTE.
DESARRUMOU ? ARRUME.
É DE GRAÇA ? NÃO DESPERDICE.
NÃO SABE COMO FUNCIONA ? NÃO MEXA.
NÃO SABE COMO FAZER MELHOR ? NÃO CRITIQUE.
ESTÁ USANDO ALGO ? TRATE-O COM CARINHO.
NÃO SABE CONSERTAR ? CHAME QUEM FAÇA.
PARA USAR O QUE NÃO LHE PERTENCE ? PEÇA LICENÇA.
ESTÁ FAZENDO ALGO ? FAÇA COM ATENÇÃO E BEM FEITO…
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*Carlos Eduardo, Cadu, é faixa preta 3º grau de Aikido no Espírito Santo, 32 anos e Educador Físico.
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10/01/2014
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“A Arte da Paz começa em você. Trabalhe consigo mesmo e com a tarefa que lhe foi consignada na Arte da Paz. Nós todos temos um espírito que pode ser refinado, um corpo que pode ser treinado de certa maneira, uma senda conveniente a ser seguida. Estás aqui com o único propósito de dares conta de tua divindade interior e manifestar a tua iluminação inata. Alimente a paz em tua própria vida e aplique logo a arte a tudo o que encontrares.”
Ô-Sensei Morihei Ueshiba
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09/01/2014
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Ano novo, vida nova. Em 2014, faça melhor. Faça Aikidô!
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ACADEMIA CENTRAL DE AIKIDO DE NATAL
Rua Prof. João Ferreira de Melo, 2978, Capim Macio,
CEP 59078-320 – Natal/RN – Fone: (84) 2020-4841
Site: www.aikidorn.com.br
E-mail: aikidonatal@gmail.com
Facebook: AQUI !!!
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22/11/2013
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“A verdadeira vitória é a vitória sobre si mesmo, agora!”
Seja vitorioso todas as vezes e em todas as situações, sem lutar!
Somente através do treinamento sincero, dedicado e despojado de sentimentos de orgulho e vaidade, que o praticante poderá almejar a unificação do ki, da mente e do corpo. Nesse estado, ele conseguirá gerar um fluxo poderoso de energia.
Tal estado era chamado pelo Fundador de Nen. O Nen quando colocado no centro do Ki universal, gera um tipo especial de intuição que responde imediatamente à qualquer eventualidade. Essa intuição pura, simbolizada nas artes marciais japonesas, como o “estado de água serena/espelho brilhante”, denota perfeitamente o tema Masakatsu agatsu katsuhayabi.
Masakatsu é conformar seu coração à verdade e perseverar até o fim para atingir a vitória.
Agatsu significa derrotar a natureza inferior e transcender o egoísmo.
Katsuhayabi é a capacidade de responder a qualquer eventualidade de maneira fluida, harmoniosa e desimpedida, sem hesitação ou oscilação.
Em suma, no Caminho do valor marcial, a vitória verdadeira, é a vitória do espírito.
Abaixo, dois doka (Poemas do Caminho) do Fundador sobre o tema:
“A verdadeira vitória é a vitória sobre si mesmo! Harmonize-se com a essência das coisas e encontre a salvação dentro do seu corpo e da sua alma!”
“Contemplando este mundo às vezes eu suspiro um lamento, mas logo continuo minha batalha banhado pela luz espiralada que traz para mais perto o Dia da vitória Rápida!”
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Fontes:
Os segredos do Aikido – John Stevens
A Arte do Aikido – Kisshomaru Ueshiba
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14/11/2013
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“Kihaku,” normalmente traduzido como “espírito” ou “vigor”, é um termo que pode ser usado para descrever o nível geral de energia ou o foco, evidentes no aikido do Fundador. Havia uma qualidade “elétrica” ou “cheia de energia” em seus movimentos que era tão palpável que podia ser percebida até por um observador. Todas as características do aikido de O-Sensei das quais falamos, ao serem reunidas, podem ser resumidas como kihaku. É uma intensidade dinâmica que é gerada pelo foco absoluto em sintonia com o ambiente que o cerca.
A arte do Fundador era realmente mágica. Até mesmo assistindo antigos filmes que preservam seus movimentos, somos cativados por sua presença dominadora, por sua energia cheia de alegria, e pela completa maestria da energia e do espaço. Tal nível habilidade só pode ser atingido por uma pessoa que chegou ao estado que muitos chamam de “iluminação”.
De qualquer forma, sem dúvida ele transcendeu a consciência humana normal e entrou em um estado elevado de alerta e sensibilidade. Este estado de união é a meta que deve ser o exemplo brilhante para os aikidoka de todos os lugares, que são tocados por sua mensagem atemporal. Porque deveríamos almejar algo inferior a isso em nosso treinamento?
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11/11/2013
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O Fundador demonstrava grande interesse pela espada durante toda a sua carreira nas artes marciais. Ele chegou a receber um certificado de uso de espada do Yagyu Shinkage-ryu de Sokaku Takeda em 1922, apesar do fato de que o conteúdo de seu treinamento de espada com Sokaku não ser conhecido. Posteriormente, em 1937, ele oficialmente se uniu à escola clássica Kashima Shinto-ryu que teve influência em suas experiências com o uso da espada, especialmente durante os anos de Iwama, de 1942 até cerca de 1960.
O-Sensei não tentou codificar ou desenvolver um kata de espada para ser usado formalmente no treinamento do aikido. A espada era, para o Fundador, uma extensão do poder divino, para ser usado exclusivamente com o propósito de dar a vida. Seu trabalho com a espada — e pode-se dizer o mesmo em referência ao jô – era simplesmente uma ferramenta diferente para a expressão do movimento do aiki baseado nos mesmos princípios universais que as técnicas de taijutsu.
Como a espada é uma extensão do corpo, certos usos e princípios dos movimentos são compreendidos melhor e com mais clareza em comparação com as técnicas de mãos livres. O Fundador frequentemente ilustrava um movimento ou algum princípio com e sem sua espada durante o treinamento para esclarecer seu inter-relacionamento.
Assim, as comparações do uso da espada por O-Sensei com as escolas clássicas são inúteis, pois sua intenção não era ensinar técnicas de campo de batalha mas sim demonstrar como a energia divina é canalizada através do corpo humano, pelo espaço a sua volta e através de todo o Universo.
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05/11/2013
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Uma explicação tradicional das estratégias no contexto das artes marciais japonesas frequentemente envolvem uma discussão em três níveis da iniciativa de combate: “go no sen”, “sen” e “sensen no sen”. Estas estratégias são definidas como se segue: “Go no sen”, significa “ataque posterior” envolve um movimento defensivo ou um contra ataque em resposta a um ataque; “sen”, uma iniciativa defensiva lançada simultaneamente ao ataque do oponente; e “sensen no sen”, uma iniciativa iniciada em antecipação a um ataque em que o oponente está inteiramente concentrado em seu ataque, e assim, psicologicamente além do ponto de onde poderia voltar. Esta ultima estratégia é em geral considerada como o nível mais alto do cenário das artes marciais clássicas.
O conceito do Fundador da estratégia do aiki vai muito além da dimensão da confrontação psicofísica. Em uma entrevista de 1957, ele expressa o conceito com estas palavras:
“Não é uma questão de ‘sensen no sen’ ou de ‘sen no sen’. Se eu tentasse colocar em palavras eu diria que você controla seu oponente sem tentar controlá-lo. Este é o estado da vitória contínua. Não existe qualquer ideia de vencer ou perder em relação a um oponente. Neste sentido, não existe um oponente no aikido. E mesmo que você tenha um oponente, ele se torna uma parte de você, apenas um parceiro que você controla”.
O conceito chave aqui é que o que normalmente consistiria de uma confrontação física com um possível atacante é transformado em uma harmoniosa interação. O impulso de luta do uke foi suplantado e coberto por amor. Em outras palavras, a meta é viver toda a vida em um plano diferente de consciência, em harmonia com o seu redor e com as pessoas com que se encontra. Olhado por este lado, o aikido se torna uma metáfora para a vida em paz, com a posse de habilidades necessárias para se neutralizar e subjugar um oponente violento.
Este é um pensamento superior que só pode ser atingido com longos anos de treinamento para desenvolver uma sensibilidade maior em relação às pessoas e aos acontecimentos que nos rodeiam. Além disso, isso envolve o desenvolvimento de um grupo de habilidades espontâneas que consistem em respostas físio-psicológicas adaptadas a qualquer tipo imaginável de interação humana. O Fundador descrevia esse estado como “Takemusu Aiki” – o nível mais alto do aikido em que se é capaz de executar espontaneamente técnicas perfeitas em resposta a qualquer circunstância.
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30/10/2013
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AWASE
O conceito de “unir-se” com seu oponente no aikido é frequentemente usado quando os professores descrevem a mecânica de uma técnica. O que geralmente se quer dizer com isso é que o movimento deve ser coordenado para coincidir com a velocidade e a direção do ataque do uke. Após isso ter sido alcançado, como a ideia prossegue, o nage coloca o uke em uma posição desequilibrada e executa o arremesso.
Na verdade, essa é uma explicação muito superficial do conceito da união como era vista pelo Fundador. A razão é que, neste cenário, é o uke quem controla o tempo e a direção do ataque enquanto o nage “reage” em uma tentativa de se unir ou se igualar aos movimentos do uke. Contra um oponente hábil e capaz de movimentos muito rápidos, simplesmente não há tempo suficiente para responder desta maneira.
Em um nível bem mais alto, o nage toma a iniciativa forçando o uke a reagir à “direção” psíquica indicada pelo nage. O uke não consegue coordenar um ataque significativo contra a pressão psicológica aplicada pelo nage. Exemplos desta estratégia aqui descrita pode ser uma postura natural acompanhada por uma sutil mudança do corpo, metsuke ou contato visual, ou a alteração do ritmo da respiração, para listar algumas poucas possibilidades. Sob tais condições, o uke deve lidar com um campo de energia que se altera e mudar seu ataque para compensar.
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KIAI
O kiai é um “grito de combate” usado para interromper ou neutralizar o ataque de um oponente. O uso desta poderosa técnica de vocalização corresponde à exalação de ar e concentra o corpo e o espírito do nage em um ponto específico. O resultado final de um kiai bem executado é a interrupção do fluxo do ki do uke e a inutilização de seu ataque. Frequentemente o movimento do uke será congelado por um breve instante, dando ao nage uma excelente oportunidade para aplicar uma técnica.
O-Sensei frequentemente usava o kiai como um instrumento para controlar seu uke. Ele o usava com maior frequência ao fazer demonstrações com a espada. Ironicamente, o uso que o Fundador fazia desta técnica era tão eficiente que os ataques de seus uke costumavam parecer fracos, porque eles eram interrompidos por seu kiai bem sincronizado.
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ATEMI
O Fundador podia ser visto aplicando atemi ou “golpes antecipados” até o fim de sua vida. Mas, atualmente, o atemi caiu em desuso no aikido. Acredito que isso se deve à falta de compreensão quanto ao seu propósito. O atemi é uma ação usada para antecipar a intenção agressiva do uke através de uma manobra de distração na forma de um golpe. O uso do atemi não é para o propósito de ferir ou “enfraquecer” o uke antes de se efetuar uma técnica. Seu papel é semelhante ao do kiai, pois ele interrompe a concentração do uke.
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28/10/2013
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Uma das coisas que percebi cedo na minha carreira de pesquisador das origens do aikido é o fato de que poucos professores de aikido da atualidade têm consciência de certos dados específicos da arte do Fundador. Mais que Morihei Ueshiba, os pioneiros do aikido do pós-guerra eram pessoas como Kenji Tomiki, Gozo Shioda, Kisshomaru Ueshiba, Koichi Tohei, Morihiro Saito, Seigo Yamaguchi, Michio Hikitsuchi e outras, que foram as figuras principais que deixaram a impressão mais forte na forma como a arte é praticada atualmente.
A metodologia de ensino de Morihei Ueshiba, que estava fora de sincronia com a sociedade japonesa do pós-guerra, sua forte orientação religiosa, suas frequentes viagens e seus horários irregulares, tornaram difícil para a maioria de seus alunos receberem instruções profundas do Fundador. A isso se soma o fato de que o aikido se desenvolveu e se espalhou pelo Japão durante uma era de paz e posteriormente floresceu em um período de uma prosperidade econômica sem precedentes.
Em tal enquadramento social afastado do constante espectro da Guerra e da sensação de perigo físico, o treinamento do aikido em um período de paz não tinha a intensidade e o foco dos tempos de insegurança da era anterior à guerra. Além disso, a prática do judo e do kendo se espalhou antes da Guerra e era ensinada em escolas. Isso significa que aqueles alunos que aprenderam com O-Sensei no período anterior à Guerra tinham um nível preparação física e mental muito maior ao iniciarem seu treinamento se comparados aos alunos que vieram depois da guerra.
Certamente, existiram alguns técnicos excelentes e professores inspiradores durante os anos iniciais de crescimento do aikido a partir da década de 1950. Também havia alguns que falavam da dimensão moral do aikido e de seu papel como veiculo para o aperfeiçoamento dos indivíduos e da sociedade. Mesmo assim, a alta percepção, a agudeza e a absoluta exuberância apresentadas pelo Fundador ao demonstrar sua arte dificilmente poderiam ser vistos em qualquer lugar.
Da mesma forma, a perspectiva religiosa do Fundador e sua visão de si mesmo como um instrumento do “kami”, cujo propósito seria trazer a paz e a igualdade na terra, é uma visão muito grandiosa para a maioria dos professores de aikido, que veem a si mesmos principalmente como pessoas que oferecem treinamento em autodefesa e exercícios para o público.
Ninguém duvida de que não existe um substituto para longos anos de treinamento dedicado, e o Fundador é o exemplo máximo. Mas, além disso, quais são as características especiais da arte de O-Sensei que o separam das gerações de estudantes que seguiram seus passos?
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16/10/2013
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Ficar “fora da linha de choque” é o primeiro passo da relação de harmonia. Na prática do Aikido no tatame, isso significa ficar fora do caminho de um ataque, do golpe de uma espada, de um empurrão físico ou de uma tentativa de agarramento, O ataque serve como uma metáfora para qualquer mudança ou pressão na vida diária. A pressão do ataque representa a pressão da vida diária: o tempo, o stress psicológico e emocional, etc.
Ficar fora da linha de choque é uma técnica poderosa, especialmente quando o atacante tem a intenção de causar mal — do ponto de vista físico, político ou social. Se você não “estiver lá” para receber o ataque e o seu adversário não conseguir acertar o golpe, ele não poderá machucar você. Fora da linha de choque, a energia que seria gasta para se defender fica disponível para ser usada no processo criativo.
O movimento de sair da linha do choque pode ser descrito num contexto emocional como “não levar para o lado pessoal“. Fique fora da linha de choque. Não deixe que a interação com outra pessoa se torne uma questão pessoal. Opte por aceitá-la e compreender o seu significado como uma expressão do modo como ela se sente. Aceitação não significa necessariamente concordância. Se não tomar a reação do outro como uma afronta, você ficará livre para iniciar um diálogo genuíno. vocês podem buscar soluções criativas juntos, em vez de se perderem em argumentos negativos ou defensivos, que mais drenam que vitalizam e diminuem a qualidade do relacionamento.
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*Richard Moon — em Aikido em três lições simples.
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15/10/2013
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Shoshin: (初心) Mente de principiante;
Zanshin: (残心) Mente que permanece;
Mushin: (無心) Não Mente ;
Fudoshin: (不動心) Mente Imóvel;
Senshin: (先心) Espírito Purificado, atitude iluminada.
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Existem 5 mentes fundamentais ou espíritos do Budô; shoshin, zanshin, mushin, fudoshin, e senshin. Estes conceitos muito antigos são geralmente ignorados nos dojô(s) modernos de Aikidô. O budoka que se esforça para compreender as lições destes 5 espíritos em seu coração amadurecerá para se tornar um artista marcial e um ser humano forte e competente. O aluno que não se esforça para conhecer e receber estes espíritos sempre terá uma falha em seu treinamento.
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Shoshin
O estado de shoshin é aquele da mente de principiante. É um estado de atenção que permanece sempre completamente consciente, atento e preparado para ver coisas pela primeira vez. A atitude de shoshin é essencial para continuar o aprendizado. O-Sensei uma vez disse, “Não espere que eu lhe ensine. Você deve roubar as técnicas sozinho”. O aluno deve ter um papel ativo em cada aula, observando com a mente shoshin, para conseguir roubar a lição de cada dia.
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Zanshin
O espírito de zanshin é o estado do espírito que permanece, que continua. É freqüentemente descrito como um estado continuado de atenção aumentada e de decisão. Mas o verdadeiro zanshin é um estado de foco ou concentração antes, durante e depois da execução de uma técnica, em que uma ligação ou conexão entre o uke e o nage é mantida. Zanshin é o estado da mente que nos permite permanecer espiritualmente conectados, não apenas a um único atacante, mas a múltiplos atacantes e mesmo a um contexto completo; um espaço, um tempo, um evento.
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Mushin
O manual da ASU define mushin como a “Não mente, uma mente sem ego. Uma mente como um espelho que reflete e não julga”. O termo original era “mushin no shin”, que significa “mente da não mente.” É um estado mental sem medo, raiva ou ansiedade. Mushin é freqüentemente descrito pela frase, “mizu no kokoro”, que significa “mente como a água”. Esta frase é uma metáfora que descreve o lago que reflete claramente o que o cerca quando suas águas estão calmas, mas as imagens são obscurecidas quando uma pedra é jogada em suas águas.
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Fudoshin
Uma mente que não é abalada e um espírito que não se move é o estado de fudoshin. É a coragem e a estabilidade demonstradas mentalmente e fisicamente. Mas ao invés de indicar rigidez e inflexibilidade, fudoshin descreve uma condição que não é facilmente transtornada por pensamentos internos ou por forças externas. É capaz de receber um ataque forte e manter a postura e o equilíbrio. Recebe e devolve com leveza, está firmemente aterrado, e reflete a agressão de volta à sua fonte.
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Senshin
Senshin é o espírito que transcende os primeiros quatro estados da mente. É um espírito que protege e se harmoniza com o universo. Senshin é um espírito de compaixão que abraça e serve a toda a humanidade e cuja função é reconciliar e dissipar a discórdia no mundo. Ele considera que todos os tipos de vida são sagrados. É e mente de Buda e é a percepção de O-Sensei da função do Aikidô.
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Aceitar completamente o senshin é essencialmente a mesma coisa que se tornar iluminado, e pode ir muito além da abrangência do treinamento diário do Aikidô. Entretanto, os primeiros 4 espíritos são provavelmente atingíveis por qualquer aluno sério através de atenção concentrada e treinamento firme. Abraçar estes estados da mente pode ser recompensador de diversas formas.
Shoshin pode libertar um aluno do “vale” frustrante do aprendizado, dando-lhe a visão para enxergar o que ele não poderia ver antes. Zanshin pode aumentar a atenção total, melhorando o treinamento de randori e de estilo livre. Mushin pode liberar a ansiedade do aluno quando está sob pressão, capacitando-o para uma performance melhor durante um exame. Fudoshin, pode lhe dar a confiança para proteger seu território em face de ataques físicos esmagadores.
O Aikidoka sério deve encontrar formas de incorporar estes espíritos do Budô em seu treinamento diário
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Tradução: Jaqueline Sá Freire – Brazil Aikikai – Hikari Dojo – Rio de Janeiro
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10/09/2013
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O sistema de combate conhecido como Jujutsu ou Jiu-Jitsu, nos seus mais diversos estilos, nasceu no Japão, designando ele genericamente todos os sistemas japoneses de combate sem uso de arma ou minimamente armado, sendo o seu uso o campo de batalha.
Shihan Jigoro Kano informa na sua obra “Kodokan Judo” que o caracter “Ju” do termo Jujutsu significa “gentileza”, “ceder”, ideograma Ju-no-Michi, tendo o termo Jujutsu o significado de arte (prática) de ceder, da flexibilidade, como também informa que é possível que a origem do termo Jujutsu tenha nascido da expressão Ju Yoku Go o Seisu, significando Flexibilidade controla a rigidez.
Os bushis desenvolveram as artes marciais clássicas japonesas, incluindo as diversas armas, assim como também desenvolveram vários sistemas de combates armados, minimamente armados e desarmados, voltados para a aplicação em campo de batalha.
Um dos primeiros registros da existência de artes combativas no estilo japonês dos tempos primitivos é encontrado no Nihon Shoki (Crônicas do Japão), escrito no ano 720, narrando a existência de Chikara Kurabe ou competições de “Comparação de Força”.
Outros documentos do século X descrevem a mecânica de métodos combativos semelhantes, e essas habilidades foram transmitidas através dos tempos, utilizadas por guerreiros que constituíram um estrato social aristocrático e privilegiado da sociedade japonesa, sendo conhecidos como bushis, que realizaram um estudo completo de muitos tipos de lutas que empregavam instrumentos letais.
A partir do século dezessete a paz doméstica no Japão marcou o início do colapso da classe guerreira (os samurais) que havia tomado as rédeas do poder a partir do século doze, com o afastamento da família imperial. Com o início da Era Meiji, a partir de 1868, os diversos estilos (Ryu) de Jujutsu foram-se adaptando de uma forma de luta em campo de batalha para a vida civil urbana.
Shihan Mifune, 10º Dan de Judô, assinala em sua obra, The Canon of Judo, que os principais registros acerca do assunto encontram-se do Período Edo (1600-1868) em diante, informando a existência de uma arte marcial parecida com o Jujutsu encontrada no Judo Higashuko (Registros Secretos do Judô), constando haver uma forma de luta popular desde o Período Eisei (1504-1520), existindo também a informação em uma obra intitulada Honcho-Bugei-Shoden (Uma Breve História das Artes Marciais Japonesas), publicada no Período Shotoku (1711-1715), cujo autor, Hinatsu Shigetaka, narra a existência de um grupo de artes marciais desenvolvido ao longo da história, incluindo-se nesse grupo o Taijutsu, Taido, Wajutsu e o Gojutsu, como também narram Tadao Otaki em Donn F. Draegger, em sua obra “Judo Formal Techiniques: a complete guide to Kodokan Randori no Kata”, que, em sentido amplo, a partir do século XVII o termo Jujutsu inclui diferentes sistemas de combate como Kumi-uchi, Kogusoku, Koshi no Mawari e outros.
No mês de junho do ano de 1532, Takenouchi Hisamori fundou a Takenouchi Ryu, referindo-se ao Jujutsu como Yawara.
Do estilo (Ryu) Yoshin, informam Shihan Jigoro Kano e T. Lindsay no Relatório da Sociedade Asiática do Japão, volume 15, que esta escola começou com Miura Yoshin, um médico de Nagasaki, nos tempos dos Shoguns Tokugawa, significando “Coração de Salgueiro” ou “Espírito do Salgueiro” e que a Tenjin-Shino-Ryu originou-se de Iso Mataemon, que estudou primeiro a Yoshin-Ryu, com Hitotsuyanagi e a Shin-no-Shinto-Ryu com Homma Joyemon.
O estilo (Ryu) Araki, de acordo com o Bugei-Ryusoroku (Registro dos Fundadores das Escolas de Artes Marciais) desenvolveu-se no Período Tensho (1573-1591) por Araki Numisai. O Ryoi-Shinto-Ryu, também conhecido como Fukuno-Ryu foi criado por Fukuno Schichiroemon no século XVII, desse estilo derivou-se a Kito Ryu, que chegou a possuir em determinada fase de sua história cerca de três mil praticantes.
Citamos alguns estilos (Ryu) de Jujutsu: Yoshin, Kyushin, Iga, Teiho-Zan, Kuso, Jiki-Shin, Seiso, Kashin, Isei Jitoku-Tenshin, Tenshin-Shinyo, Totsuka, Takenouchi.
Por volta do século XIX, o Jujutsu constituía-se em uma coleção de táticas usadas contra um adversário armado ou desarmado, tornando-se os seus estilos tão números que eram contados as centenas, com a multiplicação das Ryu.
Do estilo guerreiro e marcial passou a um uso civil, o que lhe trouxe um refinamento das suas técnicas a partir do período de paz por que passava o Japão, contudo, durante já a primeira metade do século XIX estava ocorrendo uma deturpação da arte com as atitudes de alguns praticantes de alguns Dojos que acreditavam ser necessário, para a aferição da efetividade das técnicas criarem uma situação real de combate no ambiente urbano que reproduzisse o campo de batalha, passando a desafiar os praticantes de outras academias, com também agredindo alguns civis de forma aleatória, provocando badernas e confusões, trazendo a má fama para a imagem do Jujutsu, assim como realizavam exibições em teatros em combates contras praticantes de Sumô (Sumotori).
Os diversos estilos de Jujutsu incluíam duas partes em sua prática, o Randori e o Kata, constituindo-se o primeiro em técnica livre, em que dois alunos combatiam dentro do ambiente do Dojo, enquanto que o Kata era uma forma de movimentação para dois participantes de maneira pré-arranjada.
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Referências:
KANO, Jigoro. Kodokan Judo. 1 ed. Tóquio: Kodansha International. 1986.
MIFUNE, Kyuzo. Then Canon Of Judo: classic teachings on principles and techniques. Tóquio: Kodansha International. 2004.
OTAKI, Tadao; DRAEGER, Donn F. Judo Formal Techiniques: a complete guide to Kodokan Randori no Kata. Tóquio: Charles E. Tuttle Company Inc. 1997.
http://judoinfo.com/new/alphabetical-list/judo-history/136-jujutsu-by-jigoro-kanoand-t-lindsay
WATSON, Brian. The father of Judo: a biography of Jigoro Kano. Tóquio: Kodansha International.2000
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*Marcos José do Nascimento – Servidor Público Federal e faixa-preta em Judô pela Higashi e de Aikidô pela Academia Central de Aikidô de Natal.
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04/09/2013
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No Aikido estilo Aikikai não há combates, só aplicações de técnicas em katas e no Ju-waza.
A execução das técnicas, tanto numa quanto noutra realidade dentro do Dojo, dá-se a partir de um estado mínimo de colaboração do uke para com o nage ou tori, esse estado de espírito ou de colaboração pode denominar-se como ki-no-nagare.
Ele deve possuir uma dosagem mínima, a ponto de não vir a causar uma descaracterização da técnica aplicada, como também não impedir a sua realização.
Não é concebível, dentro do ambiente de treino, uma postura rígida que venha a dificultar a realização de uma técnica, posto que não há nenhuma forma de combate no Aikido Aikikai, e tal atitude demonstra, quando não desconhecimento dos princípios básicos da arte, um gesto de descortesia do uke para com o nage.
O Aikido é herdeiro, assim como o Judô, das tradições samurai, a partir dos diversos estilos de Jujutsu, arte desenvolvida pelos samurais e utilizada em campos de batalha, em situações de vida e morte. Tem-se notícia de que uma das antigas escolas de Jujutsu, ainda hoje ativa no Japão, é a Takenouchi, criada pelo samurai Takenouchi Hisamori, em 1532, e que antes da existência do Jujutusu já havia outras formas de combate semelhantes, como Yawara e Kogusoku, entre elas.
Quando o Jujutsu tornou-se uma forma de combate aplicado ao modo de vida urbano, à vida civil, na segunda metade do século XIX, alguns de seus praticantes inconformados com o declínio do poder samurai e ainda muito apegados ao passado recente não acreditavam apenas no treino e pugnavam pelo teste real da efetividade das técnicas, provocando desordens das mais variadas na sociedade japonesa da época, entre elas desafios na rua com outros Dojos.
Era uma crença entre esses praticantes que a única maneira de testar a efetividade de uma técnica era o combate real, descrendo dos treinos realizados nas academias de então. Ainda podemos encontrar traços desse comportamento na história recente das artes marciais, mais ou menos acentuados.
Pode-se valer, por analogia, para o exame do assunto, o exemplo do Judô, que é, em um de seus aspectos, sem que não o único como muitos crêem, a existência do combate com ou sem árbitro, respectivamente, shiai e handori.
Nos treinos de técnicas, entre eles há o uchi-komi, que se constitui em repetição de técnicas tanto pelo lado direito ou esquerdo, e ele pode ser realizado parado ou em movimentação nas mais variadas direções.
No treino de uchi komi, há um uke e um tori. O uke não resiste à movimentação feita pelo tori ou nage, da mesma forma que não dificulta os seus movimentos, também não os facilita em demasia, descaracterizando uma movimentação pretendida, como também não lhe opõe resistência, pois esta só acontece no momento do handori ou do shiai.
Há também no Judô o treino de henraku-henka-waza e henzoku-henka-waza, combinações de técnicas, em que o nage inicia uma técnica e, a depender da combinação usada, pode haver uma discreta resistência do uke, que faz mesmo parte do treino, estando prevista, integrando a movimentação, mas ainda assim ela não é tão real quanto acontece em combate efetivo.
Desta forma, compreende-se que é descabível, por completo, haver resistência do uke ao que pretende realizar o tori, dentro do ambiente do Aikido Aikikai, postura totalmente equivocada, quando não deseducada ou desrespeitosa para com o parceiro de treino, uma vez que o espírito que norteia é o de cooperação, não havendo motivo para testar-se a técnica do outro, que não é um oponente, um adversário.
Assumir tal postura demonstra desconhecimento dos princípios elementares e quando parte de um menos graduado para o mais graduado é desrespeito, que pode ser relevado se parte de um iniciante, ainda não informado sobre o assunto, e se parte de um mais graduado para um menos graduado, ainda que ostente o título de Yundansha, demonstra que a sua preocupação é com a técnica (Jutsu) e não com o Do (caminho), e ainda se encontra imbuído do mesmo espírito que havia do século XIX para trás na história do Jujutsu.
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Marcos José do Nascimento – Servidor Público Federal e faixa-preta em Judô pela Higashi e de Aikidô pela Academia Central de Aikidô de Natal.
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28/08/2013
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Quando começamos no Budô tudo é festa, nos encantamos com a beleza das técnicas funcionando e com a magia disso acontecendo através de nossas mãos. Cada novo ensinamento abre as cortinas de um mundo novo de realizações e possibilidades e, então, nos sentimos fortes. Descobrimos que temos potencialidades que antes não éramos capazes de reconhecer e isso nos excita.
Com o tempo, conforme o treinamento começa a representar algo rotineiro em nossas vidas, o “brinquedo novo” vai perdendo o brilho e logo parece que estamos nos dispondo a mais um ato de automatismo, como ir à escola ou frequentar a missa. É costumeiro, só isso. Quando isto acontece, parece que o Budô já não tem mais aquilo tudo que enxergávamos anteriormente e a tendência natural é deixarmos o empenho nos treinamentos de lado. É justamente aí que aparece o maior contraste entre o raciocínio oriental e o ocidental.
No ocidente, os fatores aparecem como “ondas“, as quais têm de início um grande impacto, mas logo perdem a força e o efeito parece recuar. Talvez seja por isso que tantos se iniciam na prática de alguma arte marcial e logo acabam parando, na maioria das vezes logo nas primeiras faixas. O fato é que tão logo isso aconteça aparece uma nova onda, que pode se manifestar na forma do intuito de aprender a tocar algum instrumento musical ou dançar, compromissos estes que também logo serão abandonados, a menos que a pessoa se disponha a compreender o que há do lado de lá da cortina. Que cortina? – poderia você se questionar. A esta pergunta um oriental normalmente responderia: a cortina da ilusão. Isso porque é justamente o que vai embora quando os primeiros ajustes de excitação de dispersam – a ilusão. O que está se desfazendo, na verdade, é a nossa visão premeditada da coisa; aquilo que imaginávamos que era depois de nosso primeiro contato. E o que resta então? Bem, o que resta é o verdadeiro valor da arte: o DÔ, ou caminho. E como todo caminho que vale à pena é longo, o que aparece diante de nossos olhos quando a ilusão se dissipa é uma grande obra a se realizar, porém, PASSO POR PASSO. É justamente aí que muita gente desiste e o irônico é que isto acontece a despeito do que de fato deveria estar sendo enxergado, isto é, “um caminho que de fato vale à pena provavelmente não tem um destino visível a olhos nus“.
É preciso enxergar com os olhos da alma… Quando vemos grandes mestres manifestando seu Aikidô, ficamos logo maravilhados com a beleza de seus movimentos. Porém, para o praticamente mais avançado a curiosidade certamente vai além: como será que este mestre come? Como se porta diante dos imprevistos? O que faz ele em suas horas vagas? Em outras palavras, a curiosidade que fica para os “iniciados” é a seguinte: o que o Aikidô trouxe de realmente valioso para a vida deste homem? Sim, porque uma arte DÔ jamais poderia se deter nos valores efêmeros da beleza plástica de movimentos bem executados. Se assim fosse, Balett poderia ser considerado uma via espiritual. Tem que haver um algo mais, uma chama que mova a intenção de praticar, MESMO DIANTE DE TREINAMENTOS EM QUE AS REPETIÇÕES SE DÊEM DE FORMA PRATICAMENTE INFINITA.
Quando praticamos uma técnica milhares de vezes, o fazemos para enxergar além dela. Interiorizando-a, podemos desocupar nossas mentes do movimento para então dar espaço para um outro nível de compreensão. É então que a verdade suprema das artes marciais se manifesta, provando que o trabalho todo está em sentir e não em simplesmente racionalizar o que está sendo feito. De fato, quando nos tornamos capazes de “sentir” um movimento ao invés de simplesmente executá-lo, que movimento é este já não importa mais. Repetir uma, cem ou mil vezes já não faz mais diferença, justamente porque o prazer da prática passa a se concentrar no durante, no ato de fazer em si, e não mais no que fazer aquilo possa representar.
Moral da história: competência (técnica, espiritual, etc.) é algo que se desenvolve de dentro para fora – nunca ao contrário.
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Aikidô, Textos Interessantes | Marcado: Academia Central de Aikidô de Natal, ACAN, Agilidade, Aiki, Aikidô Natal, Aikikai, Alma, Arte Marcial, Atenção, Auto-Defesa, Ô-Sensei, Beleza, Budô, Calma, Caminho, Ciclos, Competência, Compreensão, Compromisso, Confiança, Coragem, Cris B, Cris Cuono, Dô, Disciplina, Dojo, Energia, Equilíbrio, Espírito, Flexibilidade, Harmonia, Ilusão, James Carlos, Japão, Kawai Sensei, Ki, Kisshomaru Ueshiba, Leveza, Magia, Morihei Ueshiba, Moriteru Ueshiba, Novidade, Ocidente, Oriente, Paulo de Carvalho Júnior, Postura, Repetição, Repetitividade, Respeito, Rodrigo Martins Sensei, Rotina, Satisfação, Sensei, Técnica, Treinamento, Vinicius Brasil |
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19/08/2013
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O título de Yudansha (Faixa-Preta e seus dans) é concedido por várias razões, não apenas por habilidades técnicas. Só porque uma pessoa recebe um certo ranking de Yudansha, não significa que ele ou ela conseguiram o respectivo nível de habilidade naquele momento. Significa que eu sinto que a pessoa está no limiar e crescerá naquele nível com a pressão da responsabilidade que adquiriu.
É óbvio que, receber promoção a qualquer nível de Yudansha, pressupõe-se a existência de certa competência técnica. Mas somente isso não é o suficiente. Meus olhos enxergam de modo diferente quando vejo um aluno praticando. Eu vejo a personalidade e o crescimento dessa ou desse aluno. Eu freqüentemente sei qual é o tipo de dificuldade que o aluno tem que superar. Tenho uma boa noção do quanto essa pessoa tem feito por seu grupo, quanta responsabilidade ele é capaz de suportar e o quanto ele ou ela fez para ajudar aos outros. Eu conheço o crescimento espiritual e social dessa pessoa e suas habilidades no que diz respeito à liderança.
Foi me perguntado várias vezes como um aluno deve treinar e com que tipo de meta em mente para cada exame de Yudansha. A maioria disso não pode ser colocada em palavras e devem vir do coração individual de cada aluno com seu crescimento na compreensão; mas eu posso lhe dar alguns conselhos:
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Para treinar para Shodan (Faixa-Preta 1° Dan):
Você está treinando para se tornar um iniciante, e não mais um convidado no dojô, mas um aluno com reais responsabilidades. Deve-se estudar a forma básica de técnica e o princípio básico, até que o movimento correto se torne automático e seja natural.
Para treinar para Nidan: (Faixa-Preta 2° Dan):
A potência do movimento deve ser enfatizada e desenvolvida. A realidade funcional da técnica deve ser explorada e uma compreensão do que realmente funciona e porque deve ser desenvolvida.
Para treinar para Sandan: (Faixa-Preta 3° Dan):
O aluno deve desenvolver um entendimento do princípio de Aiki e começar desprender-se da técnica.
Para treinar para Yondan: (Faixa-Preta 4° Dan):
O aluno deve descobrir a filosofia do princípio de Aiki e seu relacionamento com a técnica. A forma técnica deve estar profundamente refinada de acordo com sua compreensão, e o estudante deve começar a desenvolver seriamente a arte de treinar a outros. O treinamento pessoal já não é o suficiente. O aluno deve entender a responsabilidade social.
Para treinar para Godan: (Faixa-Preta 5° Dan):
Deve-se fazer do princípio de Aiki uma parte direta em sua vida, desenvolvendo assim um espírito incrível, qualidades de liderança e a aplicação espiritual e social do princípio de Aiki. Uma completa espontaneidade de técnica deve ser desenvolvida, a qual não é mais técnica, mas o princípio que suporta a base da técnica. Deve haver, quando se atingir esse ponto, uma dedicação completa à arte, e um grande crescimento espiritual. Um crescimento que produz não uma preocupação com um dojô ou uma área, mas uma preocupação ativa por todos os alunos e todas as pessoas do mundo. Por todos esses anos de treinamento, sua compreensão física, mental, social e espiritual e força devem uniformemente sempre estar progredindo. A aplicação espontânea de Aiki deve progredir. Se você para de treinar em qualquer desses níveis, seu Aikidô não crescerá mais.
Apenas gastar seu tempo treinando não faz sentido. A qualidade e intensidade de seu treinamento, as descobertas que você faz a cada dia, essas coisas são significativas. Você deve treinar duramente e descobrir a resposta por si mesmo.
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Tradução:
Paulo C. G. Proença – Dojô Kokoro – www.aikido.sorocaba.nom.br
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Colaboração:
www.impressione.wordpress.com
www.aikido.sorocaba.nom.br
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Aikidô, Textos Interessantes | Marcado: Academia Central de Aikidô de Natal, ACAN, Agilidade, Aiki, Aikidô Natal, Aikidô Sorocaba, Aikikai, Arte Marcial, Atenção, Auto-Defesa, Ô-Sensei, Bokken, Calma, Caminho, Confiança, Coragem, Dan, Dô, Dô Caminho, Dificuldade, Dojô Kokoro, Dojô Kokoro Sorocaba, Dojo, Energia, Equilíbrio, Flexibilidade, Godan, Harmonia, Impressões Aikidô, Impressione, Japão, Jô, Kawai Sensei, Ki, kishomaru Ueshiba, Leveza, limiar, Maturidade, Mitsugi Saotome, Morihei Ueshiba, Moriteru Ueshiba, Nidan, Paulo C. G. Proença, Postura, Respeito, Responsabilidade Social, Sandan, Saotome, Satisfação, Shodan, Tanabe, Tantô, Vinicius Brasil, Yondan, Yudansha |
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05/08/2013
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Milhares de horas são gastas no desenvolvimento das técnicas, porém muitas mais são gastas lutando com os grandes tópicos da existência humana, portanto considerar o Aikidô como uma arte marcial que envolve somente arremessos e imobilizações – habilidades que podem ser adquiridas em qualquer sistema de defesa pessoal – é um insulto à incansável busca espiritual do fundador.
A mensagem do fundador, no entanto, não pode ser assimilada rapidamente. Ele usou livremente ideias para expressar sua própria visão, sendo que suas conversas eram uma mistura de frases do Budismo esotérico, obscuros mitos Xintoístas e enigmáticas doutrinas da Omoto-Kyo. Nenhuma pessoa, incluindo o próprio fundador, jamais alegou compreendê-las por completo, e em uma ocasião ele afirmou : “Palavras e letras nunca poderão adequadamente descrever o Aikidô – seu significado é revelado somente para aqueles que através de um intensivo treinamento obtém o esclarecimento”.
Shirata Sensei contou-me que embora estivesse no início totalmente confundido pelas explicações de Ô-Sensei, gradualmente com o passar dos anos elas começaram a fazer sentido.
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A seguir está um resumo dos pontos chave da filosofia religiosa do fundador, feito por Shirata Sensei.
O Aikidô possui sua própria cosmologia. As palavras Aiki, Kami e Takemussu são termos antigos, porém o fundador as reinterpretou sob a luz de seu profundo despertar. Ki é a energia primária que surgiu do vazio. Através do Aiki, a combinação do Ki positivo com o Ki negativo (Yin e Yang), as infinitas formas dos fenômenos foram e são manifestadas. Aiki, a fonte e amparo da vida é Kami “O Divino”, originalmente essa palavra consiste dos caracteres Ka (fogo) que simboliza o espírito e Mi (água) simbolizando a matéria. A confluência desses dois elementos resulta no surgimento do mundo material. A partir das funções do Kami, como o Iki (Kokyu, a vivificante respiração da vida), surgem os Kotodama (vibrações divinas). A essas duas forças procriadoras o fundador acrescentou uma terceira o Takemussu (o valor da atividade do ser), Take (ardor marcial) também pronunciado Bu como em Budô é o empenho incansável; Mussu é Mussubi, o poder de transformação.
A grande percepção do fundador sobre o universo é Takemussu Aiki. Em seu mais alto nível Takemussu Aiki pode ser interpretado dessa forma: “Bu nasceu do Aiki; Bu dá a luz ao Aiki.” Dentro da perspectiva humana, poderia ser descrito assim: “Eu nasci dos meus pais; Eu dei a luz aos meus pais.” Isso é o mesmo que dizer, “Eu sou Aiki; Eu sou o universo!” Em termos mais concretos Aiki é primeiramente aplicado para harmonizar as três funções: Corpo, mente e Ki.
Depois de realizada essa harmonização, usamos o Aiki para fundir nossos movimentos com os do parceiro quando executamos uma técnica, nesse caso Aiki é A-i-Ki representado por um triângulo, um círculo e um quadrado que juntos formam os modelos básicos da criação. Os movimentos do Aikidô surgem a partir desses modelos: postura triangular, entrada circular e controle quadrado (Devemos lembrar que as técnicas não são Aiki; Aiki trabalha através das técnicas).
Uma vez que essas harmonizações são alcançadas – não com muita facilidade – é necessário nos colocarmos em sintonia com a natureza, naturalmente nos ajustando à suas mudanças (é por isso que os Dojôs no Japão nunca estão frios ou quentes demais para se treinar). Eventualmente nós imperceptivelmente nos fundimos com o universo, incorporando seu dinamismo ao nosso próprio, esse processo completo é Kimusubi (unificar os Ki para promover a vida). O Aiki unifica o corpo e a mente, nosso Eu com os demais, matéria e espírito, o homem e o universo. Em seus últimos anos o fundador sugeriu que Ai (harmonia) deveria ser vista como Ai (amor), já que o amor é a forma mais elevada da harmonia que nutri todas as coisas e as conduz para a realização.
“O amor é a divindade guardiã de todos os seres; sem o amor nada pode florescer. O caminho do Aiki é uma expressão do amor. . . o amor não odeia, ao amor não existe nada para se opor. O amor é a essência de Deus”.
Kami Sama (Deus) foi a frase que o fundador usou para representar o mais elevado nível, o absoluto, o espírito universal de amor e harmonia. Hito, palavra japonesa para ser humano, é composta do símbolo Hi (centelha divina) parada temporariamente nesse vaso ao qual chamamos nosso corpo. O Ka de Kami, e Hi de Hito são o mesmo símbolo – Se não há Kami não há Hito e vice-versa. É por isso que o fundador insistia que “O ser humano é filho de Deus e um santuário vivo do divino”.
Aiki O Kami (O grande espírito do Aiki) é o símbolo supremo dos ideais que o fundador mais estimava. Através da prática devota das técnicas do Aikidô – funções do divino – é possível avançarmos para esse elevado estado. De fato podemos nos tornar um Kami, um ser humano perfeito. Um Kami não é uma criatura sobrenatural, mas sim alguém que descobriu sua verdadeira natureza – nada mais que o universo em si – através de seu constante esforço. “O Aikidô é o caminho de Deus estabelecendo a força do Aiki e edificando a força da atividade divina”.
A força da atividade divina é nenhuma outra senão Takemussu Aiki. Antigamente Take significava “lei da selva”: “Se eu não o matar, ele provavelmente o fará”. Tal atitude é contrária à sobrevivência da humanidade, o fundador compreendeu que Take não significava destruição e morte, mas sim vida e luz. A força e determinação do guerreiro devem ser canalizadas para um propósito elevado: O restabelecimento da harmonia, a preservação da paz e a proteção de todos os seres. Shirata Sensei acredita que o fundador foi uma espécie de mensageiro divino, que esteve aqui para prevenir a nós imprudentes seres humanos da inutilidade do empreendimento da guerra e da matança uns dos outros. “Aiki não é uma arte para derrotar os outros, mas sim para a unificação do mundo e para reunir todas as raças em uma grande família”.
Sobretudo o Aikidô é Misogi, o grande caminho de purificação. Já que estamos dotados de vida somos divinos, porém devido a pensamentos inferiores e imperfeições nossa verdadeira natureza está obscurecida. Em vez de utilizarmos a água para purificar nossas impurezas nós utilizamos as incorruptas técnicas do Aikidô, sendo que cada corte de espada, cada estocada do bastão e cada movimento do corpo é um ato de expulsar o mal limpando o coração.
Misogi é o processo de conduzir para fora do corpo a maldade, livrando-o de corrupções e polindo o espírito. Conforme as camadas de sujeira e corrupção são retiradas, nossa imaculada luz interior brilha com maior intensidade.
O legado espiritual do fundador – como viver em harmonia divina com o mundo e todos os seus habitantes, cheio de uma força indomável e de um criativo amor – deve ser buscado através do sincero treinamento do Aikidô.
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Shirata Rinjiro e John Stevens – Extraído do livro “Aikido the Way of Harmony.
Tradução: Rubens Caruso Júnior – Instrutor de Aikidô 4° Dan – Aikikai – Aikidô Nova Era – São Paulo/SP
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Colaboração:
www.impressione.wordpress.com
www.aikidonovaera.com.br
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24/07/2013
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Como ai (harmonia) é comum com ai (amor), eu decidi nomear meu budô único (no sentido de diferenciado) de “Aikidô“, embora a palavra “aiki” seja uma palavra antiga. A palavra como foi usada pelos guerreiros no passado é fundamentalmente diferente da minha. Aiki não é uma técnica para lutar com ou derrotar o inimigo. É o caminho para reconciliar o mundo e fazer dos seres humanos uma só família.
O segredo do Aikidô é nos harmonizar com o movimento do Universo e trazer-nos em unidade com o próprio Universo. Aquele que obteve o segredo do Aikidô tem o Universo em si mesmo e pode dizer: “Eu sou o Universo“.
Eu nunca sou derrotado, por mais rápido que o inimigo possa atacar. Não é porque minha técnica é mais rápida do que a do inimigo. Não é uma questão de velocidade. A luta é finalizada antes mesmo de já ter começado.
Quando o inimigo tentar lutar contra mim, o próprio Universo, ele precisa quebrar a harmonia do Universo. Por isso, no momento em que sua mente está focada em lutar comigo, ele já está derrotado. Não existe nenhuma medida de tempo – rápido ou devagar.
O Aikidô é não-resistência. Como é não-resistente, é sempre vitorioso. Aqueles que têm uma mente conturbada, uma mente de discórdia, já foram derrotados desde o começo. Então, como você pode endireitar uma mente conturbada, purificar seu coração, e ser harmônico com as atividades de todas as coisas da Natureza? Você deveria primeiro fazer do coração de Deus o seu coração. É um Grande Amor, Onipresente em todos os cantos e em todos os tempos do Universo. “Não há desacordo no Amor. Não há inimigos do Amor.” Uma mente conturbada (em desacordo), pensando na existência do inimigo, não é mais consistente com o desejo de Deus.
Aqueles que não concordam com isso não podem estar em harmonia com o Universo. O budô deles é de destruição. Não é um budô construtivo.
Portanto, competir nas técnicas, ganhar ou perder, não é o verdadeiro budô. Verdadeiro budô não conhece derrota. “Nunca derrotado” significa “nunca lutando“.
Ganhar significa ganhar sobre a mente de discórdia dentro de você. Isso é conseguir realizar a missão a qual lhe foi conferida. Isso não é mera teoria. Você pratica isso. Então você aceitará o grande poder da unidade com a Natureza.
Não olhe nos olhos do oponente, ou sua mente será direcionada para os olhos dele. Não olhe para espada de seu oponente, ou você será morto pela espada dele. Não olhe para ele, ou seu espírito será distraído. Verdadeiro budô é o cultivo da atração pela qual você direciona o oponente por inteiro para você. Tudo que tenho de fazer é continuar a ficar nesse caminho.
Até mesmo ficando de costas para o oponente é suficiente. Quando ele ataca, batendo, ele vai se machucar com a própria intenção de bater. Eu sou um com o Universo e nada mais. Quando eu me posiciono, ele será direcionado para mim. Não existe tempo e espaço perante Ueshiba do Aikidô‚ apenas o Universo como é.
Não existe inimigo para Ueshiba do Aikidô. Você está equivocado se você pensa que budô significa ter oponentes e inimigos, e ser mais forte e derrubá-los. Não existe nem oponentes nem inimigos para o verdadeiro budô. Verdadeiro budô é ser uno com o Universo; isto é, estar unido com o Centro do Universo.
Uma mente para servir a paz de todos os seres humanos no mundo é necessária no Aikidô, e não uma mente daquele que deseja ser forte ou que pratica apenas para derrubar o oponente. Quando alguém pergunta se meus princípios Aiki budô são tirados da religião, eu digo: “Não.” Meus verdadeiros princípios do budô iluminam as religiões e as lideram para a plenitude.
Eu sou calmo em qualquer momento ou maneira que eu for atacado. Eu não tenho nenhum apego com a vida ou a morte. Eu deixo tudo como é para Deus. Seja desapegado da ligação com a vida e a morte, e tenha uma mente que deixa tudo para Deus, não apenas quando estiver sendo atacado, mas também em sua vida diária.
Verdadeiro budô é um trabalho de Amor. É um trabalho de dar vida para todos os seres, e não de matar e lutar uns com os outros. Amor é a divindade guardiã de tudo. Nada pode existir sem Amor. Aikidô é a realização do Amor.
Eu não faço companhia com homens. Para quem, então, eu faço companhia? Deus. Este mundo não está indo bem porque as pessoas estão fazendo companhia entre si, dizendo e fazendo besteiras. Seres bons e seres maus são todos uma única família no mundo. Aikidô deixa de fora qualquer ligação, qualquer apego; Aikidô não julga casos relativos em bons ou maus. Aikidô mantém todos os seres em constante crescimento e desenvolvimento, e serve para a plenitude do Universo.
No Aikidô nós controlamos a mente do oponente antes de enfrentá-lo. Isto é, nós direcionamos ele para dentro de nós. Nós nos movemos para frente na vida com esta atração do nosso espírito, e tentamos ter uma visão inteira do mundo.
Nós incessantemente rezamos para que as lutas não aconteçam. Por esta razão, não há torneios no Aikidô. O espírito do Aikidô é de um ataque amoroso e de uma reconciliação pacífica. Neste foco, nós juntamos e unimos os oponentes com a intenção poderosa do Amor. Através do Amor, nós somos capazes de purificar os outros.
Compreenda o Aikidô primeiramente como budô e então como um meio de serviço para construir a Família Mundial. Aikidô não é para um único país ou alguém em particular. Seu único propósito é realizar o trabalho de Deus.
O verdadeiro budô é a proteção amorosa de todos os seres com um espírito de reconciliação. Reconciliação significa permitir a realização da missão de todos.
O “Caminho” significa ser uno com o desejo de Deus e praticá-lo. Se estamos só um pouquinho fora dele, não é mais o caminho. Nós podemos dizer que Aikidô é um caminho para varrer os demônios com a sinceridade da nossa respiração ao invés da espada. Isto é, mudar a mente demoníaca do mundo para o Mundo do Espírito. Esta é a missão do Aikidô. A mente demoníaca sucumbirá na derrota e o Espírito se erguerá na vitória. Então o Aikidô colherá frutos neste mundo.
Sem budô uma nação se arruinará, porque budô é a vida do amor protetor e a fonte das atividades da ciência.
Aqueles que procuram estudar o Aikidô deveriam abrir suas mentes, ouvir a sinceridade de Deus através do Aiki, e praticá-la. Vocês deveriam compreender a grande limpeza do Aiki, pratique-a e aperfeiçoem-se sem hesitação. Neste desejo começa o cultivo de nosso espírito.
Eu quero sensibilizar as pessoas a ouvirem a voz do Aikidô. Não é para corrigir os outros; é para corrigir sua própria mente. Isto é Aikidô. Esta é a missão do Aikidô e esta deveria ser sua missão.
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Palavras de Morihei Ueshiba do livro: “Aikido by Kisshomaru Ueshiba“
Tradução Livre: Saulo Nagamori Fong
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19/07/2013
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“Onegai shimasu” é uma frase difícil de traduzir diretamente para o português.
A segunda parte, “shimasu”, é basicamente o verbo “suru“, que significa “fazer”, conjugado no tempo presente. “Onegai” vem do verbo “negau“, que significa literalmente “orar por (algo)” ou “desejar (algo)”. O “O” no início é o “honroso O” que torna a frase mais “honorífica”. É claro, nós nunca devemos dizer a frase sem esse “O“, (Não confunda esse “O” com o “O” em O-Sensei. O “O” em O-Sensei é realmente “Oo“, significando “Grande” ou “Grandioso”).
Na cultura japonesa, usamos “onegai shimasu” em várias situações. A conotação básica da expressão é o sentimento de expressar “boa vontade” em relação ao futuro de um encontro entre duas partes. De fato, é muitas vezes como dizer “Espero que nosso relacionamento traga boas coisas no futuro”.
Costuma-se usá-la durante a celebração do ano novo dizendo “kotoshi mo yoroshiku onegai shimasu“, que significa “também este ano desejo boas novidades”. Capte a essência. Outra conotação é “por favor” como em “por favor, permita-me treinar com você”. É uma solicitação frequentemente usada para pedir a outra pessoa que lhe ensine algo, expressando que você está pronto para aceitar o ensinamento da outra pessoa. Se você está se sentindo realmente modesto, pode dizer “onegai itashimasu“, que usa “kenjyougo“, a forma “humilde” do verbo. Isto o põe numa posição mais abaixo hierarquicamente do que a pessoa com a qual está falando (a menos que ela use a mesma forma).
A pronúncia correta seria: o ne gai shi ma su. (Falando tecnicamente, o último “su” é uma sílaba pausada-fricativa, sendo pronunciada como o “s” final em “gás”, e não como um “su” longo – tal como em “sul”).
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Texto original em inglês: http://www.aikiweb.com/language/onegai.html
Tradução: http://www.aikidobahia.com.br
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12/07/2013
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SEIZA é um modo de sentar sobre os joelhos e é usado extensivamente na arte marcial do Iaidô, bem como no Aikidô. A prática de SEIZA pode envolver estas artes, ou pode ser feita simplesmente como um “exercício sentado“.
“Sentar calmamente” usando a postura de SEIZA é uma maneira de superar os temores generalizados da vida e o medo subjacente da morte. É um excelente meio de regular as funções do corpo. Pode trazer a mente mais perto do mundo “como ele é“, numa atitude mais apropriada que seu foco habitual em “como ele deveria ser“. Em outras palavras, SEIZA é um método de passar através das ilusões da vida diária. Quando sentado, os círculos sem fim de pensamento, tão danosos à saúde mental, são rompidos e o claro frescor do simples viver no mundo é por fim liberado para aflorar.
Sente-se em SEIZA dobrando suas pernas e apoiando seu joelho esquerdo no chão. Coloque o joelho direito a uma distância de cerca de dois punhos do esquerdo. Em seguida estique os dedos do pé e posicione-os sobre o chão de modo que os dedões apenas toquem um no outro. Abaixe as nádegas de modo que elas repousem sobre ou entre os calcanhares.
Deixe a coluna ereta e a parte inferior das costas para frente de modo que se forme uma curva em S na espinha dorsal. Arredondar a parte inferior das costas ou tentar inclinar-se causará fadiga muscular. O peso do corpo deve ser centrado num ponto ente o topo dos pés e os joelhos, mais na direção dos pés.
A cabeça deve repousar solta no topo da espinha. As orelhas devem estar em linha com os ombros e o nariz em linha com o umbigo. Note que pondo o nariz nessa posição você move suas costas levemente para fora da posição vertical. No Iaidô é importante porque encoraja a pressão para a fronte. Empurre o queixo levemente e estique a base do pescoço. Isto resulta como se alguém o puxasse pelo cabelo para alongar sua espinha. Para encontrar essa linha central você pode balançar em círculos sobre as costas, parando suavemente até atingir uma posição de equilíbrio. Este centro é importante para prevenir cãibras ou fadiga enquanto está sentado.
Outra maneira de checar sua postura é imaginar uma corda atada ao topo de sua cabeça pelo lado de dentro. A corda desce por dentro do seu pescoço e tronco e é amarrada a um peso na altura do seu Tanden (cerca de 4 ou 5 cm abaixo do umbigo). Se você inclinar sua cabeça para frente ou curvar demais seu tronco a corda tocará a parte externa de seu corpo. Se você inclinar-se demais para frente ou para trás o peso baterá na linha do quadril. Ponha o peso diante do hara.
Relaxe os ombros e deixe seus braços caírem para baixo naturalmente. A mão direita é posta com a palma para cima sobre o colo, com o dedo mínimo levemente tocando a parte inferior do abdome. A mão esquerda é colocada sobre a direita, também com a mão espalmada para cima. Os dedos devem estar juntos, sem tensão alguma. Coloque as pontas dos polegares juntas de modo que elas se toquem sem pressão. Os polegares e demais dedos devem assumir uma forma oval em volta de um ponto cerca de 4 a 5 centímetros abaixo do umbigo. Este ponto é chamado de Tanden ou Saika Tanden e corresponde rigorosamente ao centro de gravidade. A mão esquerda sobre a direita representa o aspecto da quietude (“Sei” ou “In” em japonês) cobrindo o aspecto ativo (“Do” ou “Yo“). Os polegares unificam os dois princípios.
O Tanden é visto como o centro do ser, em torno do qual o hara ou cordão da cintura é organizado. Este centro é o ponto a partir do qual sua vida é gerada. Variações desta forma são algumas vezes usadas, mas este é o método mais equilibrado e relaxado.
Sem inclinar a cabeça para frente, baixe os olhos e mire um ponto centrado cerca de um metro à frente dos seus joelhos. O nariz deve estar no campo de visão ou a cabeça está caída para frente. Isto serve para entrecerrar os olhos, excluindo a maior parte do campo visual sem permitir que a pessoa adormeça.
Ponha a língua no céu da boca, mantendo os dentes levemente juntos. Deixe sem ar o espaço entre a língua e o palato. Isto inibe a produção de saliva e a necessidade de engolir. A respiração é feita de modo bastante específico, e é o aspecto mais importante da prática. Os antigos taoístas acreditavam que respiração era vida e que cada pessoa foi unicamente aquinhoada com esse dom. A respiração lenta e profunda era vista como prolongadora da vida.
Inale fácil e profundamente através do nariz usando o diafragma. O abdome deve expandir-se para frente enquanto o peito expande-se sem nenhuma assistência muscular. Mantenha toda a tensão e esforço muscular fora da parte superior do corpo. Os ombros não devem mover-se para cima de modo algum, mas também não os pressione para baixo, apenas deixe a gravidade agir. Inspire até os pulmões ficarem cheios e nada, além disso, deixe o fôlego ditar a mudança para a expiração. Não retenha o ar ou faça nada de especial, simplesmente comece a exalar. A expiração é sempre mais suave que a inalação. Não deve haver nenhum ruído ou agitação, simplesmente sopre suavemente, deixando a barriga murchar. Expire até precisar inspirar novamente, e então reinicie o ciclo. Quando exalando não deixe a barriga flácida, mas mantenha-a viva e com uma certa tensão ou tônus, sem realmente enrijecer os músculos.
Nunca force a respiração em nenhuma etapa. Com a prática continuada o ritmo diminuirá até talvez dois ciclos por minuto, mas não tente atingir nenhum objetivo, apenas respire calmamente.
Seguindo seu fôlego, conte ambas a inalação e a exalação ou, mais adiante, apenas as expirações. Conte de 1 até 10 e então reinicie. Se perder a contagem, recomece de 1, não tente lembrar o último número, isso não é importante, Chegar a 10 não deve ser uma disputa ou desafio, apenas conte. Quaisquer pensamentos que surjam devem ser notados, mas ignorados. Apenas olhe para eles e deixe-os ir, não os persiga ou siga qualquer linha de raciocínio. Volte para a contagem. Todos os pensamentos devem ter o mesmo valor, nada, quando sentado. Quando sentado… Sente. Volte à contagem. O mesmo vale para qualquer luz brilhante, alucinações, pânico, medo ou outras ilusões. Simplesmente, sentando…Sente.
Quando os pensamentos não afloram tão rápidos e furiosos, você pode abandonar a contagem e simplesmente sentar. Se os pensamentos tornam a dispersá-lo conte novamente. Preferencialmente, tente sentar em Seiza por cerca de 30 minutos pela manhã cedo e outra vez à noite. Quando iniciando a prática são sugeridos períodos curtos até que as pernas estejam flexíveis e a circulação ajustada.
Se as pernas começam a adormecer, levante-se sobre os joelhos para reativar a circulação. Outra opção é por uma almofada entre a parte inferior das pernas para erguer o quadril acima dos calcanhares. Um pouco de dor é inevitável mas não faça disso um teste de força de vontade para sentar pelo maior tempo possível.
A prática deve ser feita em um local sossegado com iluminação suave e poucos elementos que possam causar distração, visual ou de qualquer natureza. Música é inadequada, já que a ideia é não ser distraído, o que pode acontecer. Eventualmente, a prática poderá ser feita em qualquer lugar onde haja um pouco de atividade em volta. Quando a prática terminar ou as pernas precisarem ser esticadas, curve-se para frente a partir da cintura e ponha a testa no chão mantendo o quadril sobre os calcanhares. Ponha as mãos espalmadas sobre o chão ao lado da cabeça, deslocando-as para diante alguns centímetros. Isto simboliza sua abertura (e aceitação) a tudo que o mundo tenha a lhe oferecer. Respirar nesta posição por um curto tempo antes de sentar novamente permitirá longos períodos de prática.
Existe uma vasta literatura de autoajuda e meditação e há muitos que desejam ensinar métodos secretos de cura da alma cobrando algum preço. Tudo que é realmente necessário é um local para estar só e umas poucas respirações. Se algum suporte é considerado de valia então o Seiza pode ser praticado em grupo, mas isso não é necessário.
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01/07/2013
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Sobre este tema, eu gostaria de discutir no que se requer para ser um bom instrutor, assim como a mentalidade necessária para ser efetivo como professor. Não é necessário dizer, que meu ponto de vista está puramente baseado na minha experiência como instrutor de Aikidô. Tenho visto também alguns dos meus próprios alunos chegarem a professores e é através deles, e de meus próprios anos como Sensei,que realizo algumas observações.
Um dos fatos principais é que tem aspectos mais importantes que simplesmente habilidade técnica para chegar a ter sucesso na arte de ensinar. Tenho me dado conta que não necessariamente é sempre o mais talentoso Aikidoca que pode compartilhar o que ele ou ela conhece sobre a arte. Por exemplo, um excelente jogador de baseball não é necessariamente um coach efetivo. Esta ideia nos demonstra que geralmente se requer algo mais que habilidade física.
Um professor necessita ser respeitado e querido por seus alunos. Falando de respeito, frequentemente escuto professores queixando-se de que seus alunos não lhes oferecem o devido respeito. Na minha opinião o respeito não é algo que pertence, não se pode forçar a nada tê-lo. Deve ser ganho, na maioria das vezes através da experiência, confiança em si mesmo e respeito pelos demais.
Para ser um bom instrutor, seus alunos devem sentir seus anos de experiência comprometida e sua confiança no que estás fazendo. Infelizmente, no meu caso, sempre lamentei ter me transformado em professor de Aikidô sendo tão jovem, imaturo e relativamente inexperiente nos caminhos do mundo. Os chefes do Aikidô não tiveram outra opção, já que o Aikidô era uma nova arte e não tinham tantos praticantes dedicados a difundir o Aikidô nesse momento. Eu era sincero, mas sem as habilidades necessárias para ser tão eficaz como podia ter sido. Enquanto se é jovem, suas técnicas podem ser fortes em razão de suas proezas físicas. No entanto, um poderia precisar de outros fatores, que o ajudam a transforma-se em um líder. Por exemplo, a experiência social, como tratar as pessoas ou como atuar como um ser humano com qualidades que alguém aprende através do tempo.
Uma coisa que sempre tenho em minha mente quando ensino é que, entre os corpos dos alunos, há diferentes tipos de gente de diferentes campos, e que já estão estabelecidos e maduros em suas próprias profissões. Eles não são diferentes de mim. É bastante interessante, mas que eu realmente comecei a me sentir satisfeito como professor quando me aproximei dos meus cinquenta anos. Como disse anteriormente além do tempo e da experiência, é também crucial ter confiança, para chegar a ser um bom instrutor.
Frequentemente, tenho conhecido instrutores que não permitem a seus alunos nenhuma liberdade e os proíbem de ir a outros seminários dados por outros instrutores. Eles não poderiam chegar tão longe ao ponto de dizer que ficar com eles é suficiente, e que os alunos não necessitam se expor a outras influências. Para mim, isso demonstra falta de confiança por parte do instrutor. Deixar seus alunos ver outros mundos, os mantém livres para utilizar seu próprio juízo. Essa classe de segurança em si mesmo é uma maneira importante de chegar a ser um líder.
Lembro claramente uma vez, quando em um grande seminário de diferentes Shihans de Aikidô, havia um grupo de um dojô em particular, que ao invés de treinar com o resto dos participantes, que é a essência da “experiência do seminário”, somente treinavam entre eles mesmos. Seu professor, que não era um dos Shihan, que também assistiu ao seminário, os proibiu de interagir, para não comprometer seu Aikidô.
Adicionalmente, em lugar de tratar de fazer o que estava sendo demonstrado, continuaram treinando como sempre faziam. Que triste é isso, tanto para os alunos, que poderia se beneficiar sentindo diferentes estilos, como para o professor que não tinha confiança suficiente em que seus alunos poderiam desenvolver seu próprio estilo através de outras influências e, todavia, ser dedicado a ele. Finalmente, eles não adquiriram a vantagem completa das possibilidades de crescimento.
É necessário dizer, que os bons instrutores não necessitam se sentir com se precisassem provar de si mesmo para seus alunos. Nem ter que demonstrar quão fortes são. Presumivelmente, os alunos já sabem. Não é bom para os professores ver que as habilidades físicas de seus alunos são do mesmo nível que as suas. Em outras palavras, para evitar a comparação de si mesmos com seus alunos, os professores precisam se dar conta de que dez pessoas diferentes têm dez aptidões e condicionamentos físicos diferentes. Um Sensei valioso demonstra carinho, generosidade e paciência enquanto trata com cada aluno apropriado e individualmente.
Um último conselho é não fazer seus alunos o verem como um ser superior. Se te rodeias de gente que vão lhe colocar em um pedestal, estás se programando para a ilusão de que és superior às outras pessoas. A pessoa deve entender que fora do tatami és o mesmo ser humano que eles são. Não obstante, uma vez que estás no tatami, podes demonstrar-lhes “quem é o chefe”.
Quando lidero uma aula, sinto que sou o diretor de uma orquestra, cada um dos meus alunos está tocando um instrumento diferente, onde minha responsabilidade é criar uma boa harmonia entre eles. Algumas vezes, sinto que sou um chef de um grande restaurante que através de minhas receitas levo variedade e sabor aos meus alunos, e assim eles não se sentem cansados ou aborrecidos, sempre buscando dar-lhes inspiração.
Como Sensei de Aikidô, sempre estou buscando a maneira de ser um melhor professor. É um processo de evolução que me ajuda a expressar minha humanidade e a aprender a ser um melhor ser humano. Depois de tudo, é o êxito de seus alunos que lhe faz um bom professor, no tanto que um bom professor cria fortes futuros praticantes. Ensinar é uma relação de respeito mútuo e entendimento. Dessa forma, seus alunos sempre terão alguém para admirar e vice versa. Para mim, isso é respeito ganho.
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*Yoshimitsu Yamada – Instrutor Chefe do New York Aikikai – Chairman of the Board of the United States Aikidô Federation (USAF).
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Colaboração:
www.impressione.wordpress.com
www.aikikai.org.br
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Escrito por IMPRESSÕES
21/06/2013
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Todo principiante de Aikidô aparece motivado por alguma razão em particular, e um conjunto de objetivos. Entre os mais comuns estão os de autodefesa, desenvolver a forma física, ou travar relacionamentos. Com o passar do tempo os objetivos vão mudando e a pessoa vai percebendo que o Aikidô está provocando transformações em sua vida. Considerando que o Aikidô, assim como outras artes marciais de um modo geral ensinam técnicas capazes de machucar e mesmo matar um adversário, todas têm que ser praticadas com seriedade e atenção a detalhes por força dos riscos naturais, inerentes à atividade.
Treinar assim, respeitando a concentração, vai-se alcançando passo a passo o aperfeiçoamento do que pode ser descrito como um “espírito de marcialidade“. O termo marcial é aqui empregado no mesmo sentido em que o Fundador do Aikidô usava a palavra japonesa “bu“, normalmente traduzida por “arte marcial” (de guerra).
“Bu” comporta duas interpretações distintas: primeiro serve para distinguir um sistema que engloba técnicas de lutas de origem clássica dirigidas originariamente para o ensino de auto defesa. E “Bu” acaba abrangendo o conceito de uma atividade ou prática destinada a conduzir o indivíduo através de um caminho de crescimento espiritual.
QUANDO O TREINAMENTO OBJETIVA A LUTA EM SI
O elemento marcial – ou “bu” é um componente tão vital do treinamento de Aikidô que removê-lo totalmente significaria reduzir a arte a um conjunto de meros exercícios visando saúde física. Acaba ficando implícita uma consciência de existência de perigos inerentes que acaba produzindo uma ultrassensibilidade ao pensamento. Eis a seguir alguns comportamentos que auxiliam no desenvolvimento desse espírito de marcialidade.
A ETIQUETA
A etiqueta é um dos pilares do comportamento adequado a um dojô. É comum menosprezarem a importância das formalidades adotadas em um dojô. Os padrões observados antes, durante e após os treinos têm o objetivo de gerar um ambiente em que técnicas perigosas possam ser praticadas com segurança.
A etiqueta também possui grande significado fora do dojô, servindo como um lubrificante nas relações interpessoais. Pessoas bem educadas raramente fazem inimigos, e desenvolvem um caráter adequado à prática de artes marciais.
O PAPEL DO UKE
O Uke é aquele que simula o ataque e vai sofrer o movimento do Aikidô. O treino de Aikidô consiste no revezamento entre os parceiros: enquanto um simula o ataque (Uke) o outro (o Nague, ou Tori – Hitori) aplica a técnica de Aikidô.
No Aikidô a técnica a ser aplicada é sempre de prévio conhecimento de ambos, o que garante um treino seguro. De forma que também é importante que o Uke esboce o ataque de forma clara, sincera e segura, sem antecipar a reação do Nague baseados nesse conhecimento prévio. O Nague precisa de um ataque sincero a fim de absorver os conhecimentos de equilíbrio, coordenação motora e o fluxo da energia.
A atitude marcial adotada pelo Uke vai protegê-lo de ferimentos e promover seu próprio progresso e o do companheiro. O Uke será também recompensado por seus esforços adquirindo flexibilidade e condicionamento físico através das quedas – uma experiência perturbadora quando não perigosa para a maioria das pessoas.
O PAPEL DO NAGUE
Conforme descrito acima, conhecendo a natureza do ataque, o Nague pode se concentrar em sua postura, no distanciamento e no desequilíbrio a que irá submeter o Uke. O stress emocional, que normalmente existe em confrontos da vida real, passa a estar ausente do contexto básico do treino.
O movimento inicial do Nague deve ser no sentido de desequilibrar o Uke, que não oferecerá resistência aos efeitos da força da gravidade, pois estará sem centro. Os benefícios da prática contínua, para o Nague, é que as técnicas do Aikidô vão se tornar uma sua segunda natureza. Seus instintos serão reestruturados para evitar ataques iminentes de forma a adotar as posturas harmoniosas que caracterizam as técnicas do Aikidô. Ele aprende a manter o equilíbrio físico e mental diante de ataques que normalmente seriam desorientadores para pessoas sem treino.
Enquanto o processo de aprendizado se desenvolve (conscientemente ou não) o Nague amplia seu nível de sensibilidade ao mover-se em seu ambiente. Torna-se capaz de perceber o que possa ser ou não algum tipo de ameaça. Essa atitude de alerta constante é um componente fundamental da arte marcial e destaca as pessoas com esse conhecimento.
IDENTIFICANDO O OBJETIVO DO TREINO
Praticantes de Aikidô devem regularmente passar em revista suas atividades normais e as circunstâncias a fim de estar sempre identificando e dando atenção a situações de perigo ou fraqueza. Um exemplo: aikidocas costumam ver pontos fracos em sua arte, quando a comparam com outras artes marciais. Consequentemente ele passa a se sentir tentado a discutir situações hipotéticas com relação às técnicas de Aikidô do tipo “e se….?“
Na verdade não se treina Aikidô para se descobrir capaz de enfrentar o campeão mundial de karatê, ou de boxe ou de luta livre. A partir do momento em que eu canalizo minhas energias para esse tipo de pensamento, como se esse fosse o meu objetivo em treinar Aikidô, como poderei eu estar preparado para todo e qualquer outro tipo de ameaça ou ataque a que a gente se sente exposto o tempo todo durante o dia-a-dia, durante a vida? Pensar assim só é bom para discussões acadêmicas. Não há como hierarquizar as artes em termos de eficácia nem como ficar especulando sobre a relatividade de seus métodos. Quem pensa assim é melhor que nem comece a treinar Aikidô. A abordagem do Aikidô não é por esse lado.
O objetivo do Aikidô é proteger a vida, a saúde, a integridade física, a liberdade, a propriedade, e não para derrotar o semelhante como num torneio. Vamos supor que a gente se depare com algum ataque aleatório. A gente pode ser surpreendido caminhando pela rua, dirigindo o carro, e mesmo dentro de casa. No mundo real, assaltantes geralmente portam armas de fogo, facas e vêm acompanhados de comparsas. O elemento surpresa geralmente é o que dá sucesso a esse tipo de ataque aleatório. Não se trata de avaliar a qualidade, a sofisticação do ataque, mas sim o fato de que a vítima quase sempre é apanhada desprevenida, com a guarda baixa, no que vai resultar em sua derrota, ou morte. Aqui é quando se deve dar ênfase muito mais ao preparo psicológico do que ao conhecimento de qualquer técnica específica de defesa.
Temos que desenvolver um constante estado de alerta a fim de responder imediata e instintivamente a ameaças inesperadas. Temos que nos tornar saudáveis, flexíveis e bem preparados para nos adaptar rapidamente a qualquer mudança de situação.
POR QUE O AIKIDÔ?
Essa pergunta traz à mente uma dúvida razoável. Por que estudar Aikidô e não qualquer outra coisa que traga um resultado mais imediato em caso de violência urbana, como treinamento com armas e técnicas de brigas de rua?
Dependendo de cada um, talvez seja mesmo o caso de se praticar outras disciplinas. Nesse sentido há fortes argumentos quanto aos benefícios de se saber várias coisas ao mesmo tempo. Aqui é que entra o segundo componente da proposta inicial, mencionada acima, relativamente ao “bu“. Acontece que o Aikidô é também, e mais ainda, um caminho para o desenvolvimento espiritual da pessoa. Ele contém um imperativo moral de cultivo e respeito por todo ser vivo. O Aikidô propõe uma visão idealista de um mundo vivendo em harmonia e as técnicas da arte tornam essa visão abstrata em algo físico, concreto, tangível. Mais que qualquer outro princípio, as técnicas de Aikidô se baseiam no princípio da não resistência, conforme o ensinamento do fundador, Morihei Ueshiba, o que deve estar sempre presente na mente de todo praticante de Aikidô. O que não deixa de consistir em uma excelente fórmula de viver bem a vida em meio a esse mundo atemorizado pelo perigo e pela discórdia.
EPÍLOGO: TOMANDO DECISÕES EM TEMPOS DIFÍCEIS
A maioria dos desafios que enfrentamos no dia-a-dia não são os de embates físicos. A maioria dessas batalhas são de origem interior, são travadas num plano psicológico, posto que nossa vida consiste em uma luta constante e interminável contra problemas e incertezas. O espírito marcial cultivado durante anos de treinamento de Aikidô acaba se transformando em um acervo precioso, de valor incalculável nessas horas.
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Tradução:
Nereu Peplow – Fudoshin Dojo – Curitiba – www.aikidofudoshindojo.pro.br
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Colaboração:
www.impressione,wordpress.com
www.aikidobahia.com.br
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Aikidô, Textos Interessantes | Marcado: Academia Central de Aikidô de Natal, ACAN, Agilidade, Aikidô Bahia, Aikidô Journal, Aikidô Natal, Arte Marcial, Atenção, Auto-Defesa, Ô-Sensei, Bokken, Bu, Budô, Calma, Caminho, caminho do Guerreiro, Confiança, Coragem, Dô, Energia, Equilíbrio, Flexibilidade, Fudoshin Dojô, Guerreiro, Harmonia, Hitori, Japão, Jô, Kawai Sensei, Ki, kishomaru Ueshiba, Leveza, Luta, Morihei Ueshiba, Moriteru Ueshiba, Nague, Nereu Peplow, Postura, Respeito, Rodrigo Martins Sensei, Satisfação, Stanley Pranin, Tanabe, Tantô, Tori, Uke |
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17/06/2013
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O iniciante em qualquer área é um curioso por natureza. No Aikidô não poderia ser diferente. Abaixo seguem alguns questionamentos e diretrizes para facilitar a vida dos iniciantes no Aikidô, mas que se encaixam, em sua maioria, para iniciantes, ou não, em outras áreas de convivência. Quando cada um tem a consciência do espaço que lhe cabe e se porta de forma digna, a convivência é facilitada.
Propósitos do Aikidô
O objetivo do Aikidô é contribuir para fazer uma sociedade melhor através do treinamento do corpo e do espírito. “Todo mundo possui um espírito que pode se aperfeiçoar, um corpo que pode ser treinado e um caminho a seguir”. – Morihei Ueshiba – Fundador do Aikidô.
Diferencial do Aikidô
Um caminho marcial japonês com a intenção de obter uma excelente saúde através do treinamento do corpo e do espírito. A partir de 4 anos de idade, todas as pessoas podem treinar.
Aula Experimental
As pessoas interessadas estão convidadas a ir a qualquer Dojô (academia) para fazer aulas experimentais, sem compromisso e sem custo, para ter uma ideia mais clara do que é o Aikidô.
Inscrição no Dojô
Para aqueles que se identificam com a arte, depois das aulas experimentais, é só dirigir-se à secretaria do Dojô para fazer sua inscrição.
Avaliações
Cada Dojô tem sua forma e datas de avaliação, mas os que estão subordinados à Academia Central de Aikidô em São Paulo – Federação Sul Americana de Aikidô – www.aikidokawai.com.br – seguem o estabelecido por esta. Caso esteja na época de fazer a avaliação, o Sensei comunicará ao aluno e este deverá dirigir-se à secretaria do Dojô, preencher a ficha de inscrição e pagar a taxa a ela referente.
Etiqueta e Costumes do Dojô (Local de Treinamento)
1. Ao entrar na área de treinamento do Dojô, ou sair, faça uma reverência em pé.
2. Ao pisar no tatame, ou sair dele, faça sempre uma reverência em direção ao shomen e ao retrato do Fundador.
3. Respeite o seu material de treinamento. O dogui (kimono) deve estar sempre limpo e em ordem. As armas devem estar em boa condição e no lugar apropriado quando fora de uso.
4. Nunca use o dogui ou as armas de outra pessoa.
5. Poucos minutos antes do início da prática, esteja aquecido, sentado formalmente segundo a hierarquia, e em meditação silenciosa. Esses minutos são para você esvaziar a mente dos problemas do dia e preparar-se para o estudo.
6. A aula começa e termina com uma cerimônia formal. É importante que você não se atrase e participe dessa cerimônia, mas, se houver motivo de força maior que retarde sua entrada, deverá esperar sentado formalmente ao lado do tatame, até que o Sensei lhe dê permissão para juntar-se à turma. Faça uma reverência prostrada ao chegar ao tatame. Evite com isso perturbar a aula.
7. O modo correto de sentar-se no tatame é em seiza (posição formal sentada). Se tiver alguma lesão no joelho, poderá sentar-se de pernas cruzadas, mas nunca estiradas, nem com as costas apoiadas na parede. Deve ficar alerta o tempo todo.
8. Não abandone o tatame durante a prática, exceto em caso de machucadura ou doença.
9. Durante a aula, quando o Sensei demonstrar uma técnica a ser executada, fique sentado em seiza, silencioso e atento. Após a demonstração, curve-se diante do Sensei e de um parceiro, e inicie a prática.
10. Quando o fim de uma técnica for determinado, pare imediatamente. Faça uma reverência ao parceiro e junte-se depressa aos outros estudantes.
11. Não perambule pelo tatame: você deverá estar praticando ou, se necessário, sentado formalmente à espera da sua vez.
12. Se, por alguma razão, for absolutamente preciso fazer alguma pergunta ao Sensei, vá até ele (nunca o chame), curve-se respeitosamente e espere o seu assentimento (a reverência em pé é apropriada).
13. Quando estiver recebendo instruções pessoais durante a aula, sente-se em seiza e observe atentamente. Faça uma reverência ao Sensei quando terminar. Se o Sensei estiver instruindo outro aluno, você pode suspender a prática a fim de observar. Sente-se formalmente e faça uma reverência quando ele terminar.
14. Respeite os mais experientes. Nunca discuta a respeito da técnica.
15. Você está aqui para praticar. Não impinja as suas ideias aos outros.
16. Se você conhecer o movimento que está sendo estudado e o seu parceiro não, conduza-o. Mas nunca tente corrigi-lo ou instruí-lo se não for sênior do nível yudansha (faixa preta).
17. No tatame, fale o mínimo possível. O Aikidô é experiência.
18. Não ande pelo tatame nem antes nem depois da aula. O espaço é para estudantes que querem treinar. Há outras áreas do Dojô para o convívio social.
19. O tatame deve ser varrido todos os dias, antes e depois da prática. É responsabilidade de todos manterem o Dojô sempre limpo.
20. Nada de comida, bebida, cigarro ou goma de mascar no tatame ou fora dele, durante a prática.
21. Não se usa qualquer jóia, pulseira, relógio, etc., durante a prática.
22. Jamais beba bebidas alcoólicas enquanto estiver com o seu dogui.
23. Se estiver inseguro quanto ao que fazer em determinada situação, consulte um aluno avançado ou simplesmente siga os passos de seu sênior.
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06/06/2013
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Texto longo, mas importante para os praticantes de Aikidô e de outras artes marciais.
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Através da popularidade desta coluna, recebo correspondência vinda de todo o país. E a pergunta mais frequente é “quanto tempo leva para obter a faixa preta?”. Não sei como se responde a essa questão em outras escolas, mas meus alunos sabem que fazer tal pergunta em meu dojô pode atrasá-los vários anos em seu treinamento. Seria um desastre.
A maioria das pessoas ficaria satisfeita se eu dissesse que leva apenas um par de anos para obter a faixa preta, mas infelizmente não é assim. E embora eu tenha receio de que a maior parte das pessoas não ficaria feliz com a minha resposta, acho que os falsos conceitos em geral sobre “o que é uma faixa preta” devem ser esclarecidos tanto quanto possível. Este não é um assunto muito popular para ser discutido da forma como o farei. Sem dúvida, advirto meus alunos a não fazer essa pergunta em primeiro lugar. A resposta não é aquela que eles querem ouvir.
Como se obtém a faixa preta? Você deve encontrar um professor competente e uma boa escola, começar a treinar e a trabalhar duro. Algum dia, quem sabe quando, ela chegará. Não é fácil, mas vale a pena. Pode levar um ano; pode levar dez anos. Talvez você nunca a consiga. Quando você compreende que a faixa preta não é tão importante quanto à prática em si, provavelmente está se aproximando do nível de faixa preta. Quando você compreende que não importa quanto tempo ou quão duro você treine, há uma vida inteira de estudo e prática à sua frente até a morte, você provavelmente está chegando perto da faixa preta.
Seja qual for o nível que você obtenha, se você achar que “merece” uma faixa preta ou se achar que você agora “é bom o bastante” para ser um faixa preta, você está fora do caminho e, sem dúvida, muito distante alcançá-la. Treine duro, seja humilde, não se exiba diante do seu mestre ou de outros alunos, não reclame de nenhum encargo e dê o seu melhor em tudo em sua vida. Este é o significado de ser uma faixa preta. Ser autoconfiante demais, exibir suas habilidades, ser competitivo, desprezar os outros, demonstrar falta de respeito e escolher aquilo que faz ou não faz (acreditando que alguns trabalhos são indignos de você) caracterizam o aluno que nunca obterá a faixa preta. Aquilo que vestem ao redor da cintura não passa de uma peça de comércio comprada por uns poucos dólares em alguma loja de artigos para artes marciais. A verdadeira faixa preta, usada por um verdadeiro possuidor de uma faixa preta, é a faixa branca do principiante, tingida de preto pela cor do seu sangue e do seu suor.
Padrão de Treinamento
O primeiro nível de faixa preta é chamado em japonês de shodan, palavra que significa literalmente “primeiro nível”. O ideógrafo para Sho (primeiro) é muito interessante. Ele é formado de dois radicais que significam “roupa” e “faca”. Para fazer uma peça de vestuário é preciso primeiro cortar o molde no tecido. O padrão determina o estilo e aparência do produto final. Se o padrão está fora de proporções ou contém erros, as roupas terão má aparência e não vestirão bem. Do mesmo modo, seu treinamento inicial para atingir a faixa preta é muito importante; ele determina como você se desenvolverá como faixa preta.
Em meus muitos anos de ensino, tenho notado que os estudantes que estão unicamente preocupados em obter uma faixa preta se desencorajam facilmente, tão logo eles percebem que é mais difícil obtê-la do que imaginavam. Estudantes que vêm apenas pela prática, sem preocupação com graduações ou promoções, sempre seguem bem. Eles não são abatidos por objetivos irrealistas ou sem profundidade.
Existe uma famosa estória sobre Yagyu Matajuro, que foi um filho da famosa família Yagyu de espadachins do Japão feudal, no século XVII. Ele foi expulso de casa por sua falta de talento e potencial, e tornou-se discípulo do mestre espadachim Tsukahara Bokuden, com a esperança de atingir a maestria na espada e reaver sua posição no clã Yagyu. Em sua entrevista inicial, Matajuro perguntou a Bokuden, “Quanto tempo levará para que eu me torne um mestre na espada?” Bokuden respondeu, “Oh, cerca de cinco anos se você treinar com afinco.” “Se eu treinar duas vezes mais duro, quanto tempo levará?” tornou Matajuro. “Nesse caso, dez anos”, respondeu Bokuden.
Encontrando um Foco
O que você deve focar, se você não está concentrado em obter sua faixa preta? É mais fácil dizer que fazer, mas você deve focar sua energia na prática. Porém, pensar, “Eu vou me concentrar em meu treinamento para obter uma faixa preta”, é simplesmente brincar com jogos mentais que ao final conduzirão você ao desapontamento.
Você pode pensar simplesmente “Vou esquecer as graduações completamente”? Você pode dizer simplesmente a si mesmo que nunca irá atingi-las? Você sempre estará ligado à sua faixa preta, permitindo a essa ideia persistir em sua mente? Em outras palavras, você pode simplesmente concentrar-se em seu treinamento sem se preocupar com nada mais? Pode você finalmente perceber que uma faixa preta é nada mais que “algo para segurar suas calças”?
Você deve perceber também que embora você domine todos os pré-requisitos, o número correto de técnicas, todas as formas requeridas, e tenha o número apropriado de horas de treinamento, você pode não se qualificar para a faixa preta. Alcançar faixa preta não é uma questão quantitativa que pode ser medida ou pesada. Sua faixa preta tem a ver com você como pessoa. Como você se conduz dentro e fora do dojô, sua atitude com seu professor e seus colegas estudantes, seus objetivos na vida, como você enfrenta os obstáculos que lhe aparecem, e como você persevera em seu treinamento, são todas importantes condições para a faixa preta. Ao mesmo tempo, você se torna um modelo para outros estudantes e eventualmente atinge o status de professor ou instrutor assistente.
Alcançando o Foco no Treinamento
Como nos mantermos focados em nosso treinamento? Treinar com êxito significa, em grande medida, que nós observamos nossos atos de um modo racional e realista. Frequentemente não estamos contemplando objetivos realistas, mas sonhos e ilusões. Você que praticar artes marciais como um caminho para melhorar a si próprio e a sua vida, ou você está motivado pelo último filme de ação? Sua prática é motivada pelo desejo de iluminar-se, ou para imitar os atores de filmes marciais? … Essas pessoas são quem são por seus próprios esforços. Você é você mesmo. Todos nós temos nossos heróis, nossos modelos e sonhos, mas temos de separar fantasia de realidade se nosso treinamento deve ser significativo e bem-sucedido.
Atingindo a Faixa Preta
Pense sobre perder a faixa preta, e não em ganhá-la. Sawaki Kodo, um mestre Zen, frequentemente dizia: “Ganhar é sofrimento; perder é iluminação.” Se alguém perguntar a diferença entre praticantes de hoje e do passado, eu responderia que os praticantes do passado viam o treinamento como “perda”. Eles abandonavam tudo por sua arte e sua prática. Famílias, trabalho, segurança, fama, dinheiro, para desenvolverem-se a si próprios. Hoje, eles apenas pensam em ganhar. “Eu quero isto, eu quero aquilo.” Nós queremos praticar artes marciais, mas também queremos dinheiro, fama, telefones celulares e tudo que qualquer um possa ter.
Quando o estudante olha seu treinamento do ponto de vista da perda em vez do ganho, ele se aproxima do espírito da maestria, e verdadeiramente torna-se valoroso como faixa preta. Só quando você finalmente desiste de seus pensamentos sobre exames e faixas, troféus, fama, dinheiro e a própria maestria na arte, você alcança que o mais importante é sua prática. Seja humilde, seja gentil, cuide dos outros e ponha a todos adiante de você. Estudar arte marcial é estudar você mesmo – seu verdadeiro Eu. Isto nada tem a ver com graduações. Um grande mestre Zen disse uma vez: “Estudar o Eu é esquecer o Eu. Esquecer o Eu é compreender todas as coisas”.
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03/06/2013
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Bushido (武士道) significa, literalmente, “caminho do guerreiro” – era um código de conduta não escrito e um modo de vida para os Samurai (a classe guerreira do Japão feudal ou bushi), que fornecia parâmetros para esse guerreiro viver e morrer com honra. O ideograma “do” (道), no sentido utilizado no termo japonês Bushido, é equivalente à forma chinesa “Tao”, e exprime o conceito filosófico de absoluto. Este conceito traz a ideia de origem, princípio e essência de todas coisas.
O maior princípio do Bushido era buscar uma morte com dignidade, conforme expresso no Hagakure – “oculto nas folhas”, um dos mais importantes tratados acerca do Bushido, escrito por Yamamoto Tsunetomo, um samurai da província de Nabeshima, atual Saga, em 1716.
Um samurai jamais poderia se entregar e deveria estar sempre preparado para a morte. Além disso, a honra do samurai, de seus antepassados e de seu senhor deveria ser preservada por ele. Outros aspectos importantes é que um samurai jamais pode fugir de uma luta. Mesmo apenas um samurai contra um exército de oponentes, ele não pode abandonar a luta. O samurai também deve estar sempre do lado da justiça e ter compaixão com seu inimigo derrotado ou mais fraco. Lealdade, etiqueta, educação e noção de gratidão eram outras coisas que o Bushido pregava. Um samurai honrado deveria ser leal ao seu daimyo (senhor feudal), Shogun e Imperador.
No geral, guerreiro é aquele que busca seu próprio caminho. Muitas pessoas podem estar perfeitamente buscando o caminho sem saber disso. Guerreiro é a pessoa que tem um objetivo, e que por meio deste, passa a ter consciência de seu dom e suas limitações. Através dessa consciência, o guerreiro atinge sua meta, combinada com a vontade de vencer fraquezas, temores e limitações.
Cada pessoa trilha seu próprio caminho, já que existem vários caminhos: como o caminho da cura pelo médico, o caminho da literatura pelo poeta ou escritor, e muitas outras artes e habilidades. Cada pessoa pratica de acordo com a sua inclinação. Por isso pode-se chamar de guerreiro, aquele que segue seu caminho específico.
Porém, no bushido, a palavra guerreiro significa muito mais do que isso. O termo bushi não pode ser designado a qualquer um. O bushi é diferente, pois seus estudos do caminho baseiam-se em superar os homens. A casta guerreira se distingue das demais por sua fidelidade e honra, a palavra do guerreiro vale mais do que tudo.
O caminho do guerreiro é o caminho da pena e da espada, esse conceito vem do antigo Japão feudal e determinava que o guerreiro (bushi) dominasse tanto a arte da guerra quanto a da leitura, e que ele deve apreciar ambas as artes. O bushi deve aprender o caminho de todas as profissões; se informar sobre todos os assuntos; apreciar as artes e quando não estiver ocupado em suas obrigações militares, deverá estar sempre praticando algo, seja a leitura ou a escrita, armazenando em sua mente a história antiga e o conhecimento geral, comportando-se bem a todo momento para ter uma postura digna de um samurai, tudo isso sem desviar do verdadeiro caminho, o bushido.
A etiqueta deve ser seguida, todos os dias da vida cotidiana, assim como na guerra pelos samurais. Sinceridade e honestidade são as virtudes que avaliam suas vidas. Transcender um pacto de fidelidade completa e confiança esta ligada à dignidade. Os samurais também precisavam ter autocontrole, desapego e austeridade para manter a sua honra, em função disso, podemos dizer que o samurai é o guerreiro completo e seu código de honra – o bushido – tem forte influência no estilo de vida do povo japonês.
Para o bushido, exige-se que a conduta de um homem seja correta em todos os sentidos, dessa forma, a preguiça é um mal que deve ser abominado. Mas existem problemas quando a pessoa se apoia no futuro, pois torna-se preguiçosa e indolente, já que deixa para amanhã, aquilo que poderia ser feito hoje. Pessoas que agem dessa maneira, não seguem o verdadeiro preceito do bushido, que de um modo geral, é a aceitação resoluta da morte e esta pode chegar a qualquer momento.
Se o guerreiro tem plena consciência da morte, evitará conflitos, estará livre de doenças, além de ter uma personalidade com muitas qualidades e diferenciada às dos demais seres humanos. O guerreiro vive o presente sem se preocupar com o amanhã, de modo que quando contempla as pessoas, sente como se nunca mais fosse vê-los novamente, e, portanto, seu dever e consideração as pessoas, serão profundamente sinceros. O verdadeiro guerreiro é aquele que aceita a morte; dessa maneira, ele não irá se meter em discussões desnecessárias que venham a provocar um conflito maior, já que assim ele pode acabar matando ou sendo morto; esta última poderia resultar em sua desonra ou afligiria a reputação e nome de sua família.
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“Os homens devem moldar seu caminho. A partir do momento em que você ver o caminho em tudo o que fizer, você se tornará o caminho”. Miyamoto Musashi (1584 – 1645)
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29/05/2013
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O Sensei Hibino Raifu Masayuki foi o fundador do estilo Shinto Ryu Iaido. E certa vez, disse ele:
“A sua fome não deve controlar as palavras que saem da sua boca.
A sua dor não deve controlar a expressão da sua face.
A sua tristeza não deve controlar a energia que emana do seu corpo.
A sua ira não deve controlar as ações de sua mente.
Não permita que os imprevistos incutam temor no seu coração.
Não permita que o dinheiro insufle apego no seu coração.
Não permita que a comida e a bebida façam de você um escravo.
Mantenha a retidão e não se desvie do caminho.
Faça o que deve ser feito e não se vanglorie dos seus atos.
Que a grandeza da sua pessoa seja vasta como o mar.
Que a determinação em seguir os preceitos seja firme como uma rocha.
Que o estado do seu espírito seja limpo como uma pérola.
Que o caminho que você percorre seja o caminho que os sábios do passado percorreram.
Seja estoico, rigoroso e negue a si mesmo. Mas ao mesmo tempo seja elegante, tolerante e vivaz.
Seja indômito. Mas ao mesmo tempo, seja gentil e humilde.(…)”
Sobre o estilo Shinto Ryu
O Shinto Ryu foi oficialmente fundado na era Edo, em 1864 por Hibino Raifu. Hibino Masayoshi nasceu em Kagoshima, Kyushu (uma das ilhas no Japão). Aos 5 anos mudou-se para a província de Saitama Ken e iniciou seus estudos de Iai e Kenjutsu. Aos 16 anos começou a aceitar alunos. Após sua fundação, o Shinto Ryu começou a se expandir por todo Japão, com suporte tanto para o lado militar quanto para as comunidades culturais.
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22/05/2013
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O hakama é a calça parecida com uma saia que alguns aikidocas usam. É uma peça tradicional da vestimenta de um samurai. O gi (vestimenta) padrão usado em aikidô bem como em outras artes marciais tais como judô ou karatê-dô era originalmente uma roupa de baixo. Vestir o hakama é parte da tradição do Aikidô (em muitas escolas).
O hakama era no princípio uma proteção para as pernas dos cavaleiros contra atritos, arranhões etc. – não muito diferente das calças de couro usadas pelos cowboys americanos ou pelos vaqueiros sertanejos. O couro era muito difícil de encontrar no Japão, um país sem pecuária, assim o tecido pesado era usado em seu lugar. Após a transformação dos samurais em combatentes desmontados, atuando mais a pé, o hakama continuou sendo usado porque isso os distinguia em meio à tropa e os tornava mais facilmente identificáveis.
Porém havia diferenças de estilo nos hakamas. O tipo usado hoje em dia pelos praticantes de artes marciais – com “pernas” – é chamado de “joba hakama” (ao pé da letra, utensílio para montagem a cavalo o qual alguém calça). Havia uma versão de hakama que parecia um tipo de saia em forma de tubo – sem pernas – e ainda um terceiro tipo que era uma versão longa do segundo. Ele era vestido nas visitas ao Shogun ou ao Imperador. Media habitualmente 3,6 a 4,5 metros de comprimento e era dobrado repetidamente e colocado entre os pés e a parte posterior do corpo do visitante. Isto fazia com que ele necessitasse shikko – “caminhar ajoelhado” – para sua audiência e dificultava bastante para alguém esconder uma arma ou erguer-se rapidamente para um ataque.
Em muitas escolas, apenas os faixas-pretas vestem hakama, em outras, todas as pessoas o fazem. Em algumas as mulheres podem iniciar seu uso antes dos homens (geralmente o motivo dado é a modéstia – recato – feminina – lembremos que o gi era originalmente roupa de baixo).
O Sensei era bastante enfático em que TODOS deviam vestir hakama, mas ele vinha de um tempo/cultura não muito distante em que o hakama era uma forma padrão de vestimenta formal.
Muitos dos estudantes eram pobres demais para comprar um hakama, mas era exigido que o usassem. Se eles não puderem conseguir um de um parente mais velho, poderiam pegar a cobertura de um velho colchão, cortá-la, pintá-la e dá-la a uma costureira para fazer um hakama. Se eles tiverem que usar uma tinta barata, porém, depois de um tempo a cor da capa vai começar a aparecer e a felpa do colchão começará a passar pelo material.
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Saito Sensei, sobre o uso do hakama no dojo de O-Sensei nos velhos dias:
“No Japão do pós-guerra muitas coisas eram difíceis de obter, inclusive roupas. Por causa da escassez, nós treinávamos sem hakama. Nós tentamos fazer hakamas de cortinas de blackout contra ataques aéreos, mas essas cortinas tinham ficado ao sol durante anos, e os joelhos rasgavam tão logo arrastavam pelo chão na prática de suwariwaza. Nós estávamos constantemente trocando aqueles hakamas. Foi nessas condições que alguns fizeram a sugestão: ‘Por que nós não adotamos que seja aceito não vestir hakama até que a pessoa seja shodan?’ Esta idéia foi posta em prática como uma política temporária para evitar despesas. A idéia por trás da sugestão não tinha nada a ver com o uso do hakama como um símbolo da ascensão à faixa-preta“.
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Shigenobu Okumura Sensei, “Aikido Today” Magazine” #41:
“Quando eu era uchi-dechi de O Sensei, todos eram instados a usar hakama para a prática, começando do primeiro dia em que pisassem no tatame. Não havia restrições sobre o tipo de hakama que você poderia usar, e o tatame era um lugar bastante colorido. Havia hakamas de todos os tipos, todas as cores e variedades, de hakamas de kendo, aos hakamas listrados usados em dança japonesa, até os caros hakamas de seda chamados sendai-hira. Eu imagino que alguns iniciantes foram mandados ao inferno por terem emprestado os caríssimos hakamas dos avós, usados apenas em ocasiões especiais e cerimônias, para esgarçarem seus joelhos fazendo suwariwaza. Eu lembro vivamente o dia em que esqueci meu hakama. Eu me preparava para subir ao tatame, vestindo apenas meu dogi, quando O Sensei me deteve. ‘Onde está seu hakama?’ Ele perguntou asperamente. ‘O que faz você pensar que você pode receber a instrução do seu professor vestindo nada mais que sua roupa de baixo? Você não tem senso de adequação? Obviamente. Você carece da atitude e etiqueta necessária em alguém que possui treinamento no budô. Sente-se fora do tatame e assista a aula”!
“Este foi apenas o primeiro de muitos puxões de orelha que recebi de O Sensei. Porém, minha ignorância nesta ocasião alertou O Sensei a orientar seus uchi-dechi depois da aula sobre o significado do hakama. Ele nos falou sobre o hakama como tradicional indumentária dos estudantes do kobudo e perguntou se algum dos estudantes conhecia a razão para as sete dobras do hakama.
‘Elas simbolizam as sete virtudes do budo’, disse O Sensei. ‘Estas são jin (benevolência), gi (honra ou justiça), rei (cortesia e etiqueta), chi (sabedoria, inteligência), shin (sinceridade), Chu (lealdade) e koh (piedade). Nós encontramos estas qualidades nos relevantes samurais do passado. O hakama convida-nos a refletir sobre a natureza do verdadeiro bushido. Vesti-lo simboliza tradições que chegaram até nós passando de geração em geração. O Aikido nasceu do espírito do bushido do Japão, e em nossa prática devemos buscar polir as sete virtudes tradicionais´”.
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10/05/2013
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Ficar “fora da linha de choque” é o primeiro passo da relação de harmonia. Na prática do Aikido no tatame, isso significa ficar fora do caminho de um ataque, do golpe de uma espada, de um empurrão físico ou de uma tentativa de agarramento, O ataque serve como uma metáfora para qualquer mudança ou pressão na vida diária. A pressão do ataque representa a pressão da vida diária: o tempo, o stress psicológico e emocional, etc.
Ficar fora da linha de choque é uma técnica poderosa, especialmente quando o atacante tem a intenção de causar mal — do ponto de vista físico, político ou social. Se você não “estiver lá” para receber o ataque e o seu adversário não conseguir acertar o golpe, ele não poderá machucar você. Fora da linha de choque, a energia que seria gasta para se defender fica disponível para ser usada no processo criativo.
O movimento de sair da linha do choque pode ser descrito num contexto emocional como “não levar para o lado pessoal”. Fique fora da linha de choque. Não deixe que a interação com outra pessoa se torne uma questão pessoal. Opte por aceitá-la e compreender o seu significado como uma expressão do modo como ela se sente. Aceitação não significa necessariamente concordância. Se não tomar a reação do outro como uma afronta, você ficará livre para iniciar um diálogo genuíno. vocês podem buscar soluções criativas juntos, em vez de se perderem em argumentos negativos ou defensivos, que mais drenam que vitalizam e diminuem a qualidade do relacionamento.
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Richard Moon em “Aikido em três lições simples“
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Aikidô São Leopoldo
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