Ukemi e a função do medo – Por Rubens Caruso Jr.

17/07/2009

Normalmente enxergamos a função do Uke como sendo simplesmente ser imobilizado, arremessado ou ferido. Nada poderia estar mais distante de sua verdadeira função durante o treinamento. Aprender a receber corretamente uma determinada técnica, proporcionando ao parceiro a possibilidade de estudá-la corretamente é algo realmente difícil.

Geralmente cedemos com relutância nosso corpo ao parceiro, esperando somente nossa vez de executar a técnica. Agindo dessa forma impedimos o crescimento de nosso parceiro e o nosso próprio, e pior ainda, acabamos por cultivar os sentimentos mais baixos como o ódio, o rancor e a vingança. . . Acabando por passá-los também ao parceiro, criando assim um círculo vicioso que somente terá fim com a destruição de ambos.

Muitas vezes durante o treinamento colocamos o fardo de nossa própria segurança excessivamente sobre os ombros do Nague, culpando-o por nossa falta de naturalidade e capacidade que muitas vezes vem de uma total falta de vontade em doar-se.

Aprender a receber um Ukemi leva muito tempo, mas certamente levará uma eternidade se o Uke não aprender a doar-se completa e construtivamente à sua função. Quando digo doar-se, quero dizer que você deve ir além do conceito que tenha sobre suas próprias limitações, e somente conseguirá isso cultivando a modéstia e a sinceridade além de uma atitude de cooperação.

O medo faz parte de nosso dia a dia, o Ukemi ensina não como extingui-lo, mas sim visualizá-lo como realmente é, nos possibilitando usá-lo de uma forma construtiva em nossa vida. Normalmente o receio de nos ferir faz com que acabemos por agir de uma maneira destrutiva para com os outros, utilizando como ferramentas os sentimentos como o ódio, rancor, repulsa e inveja. O verdadeiro estudo do Ukemi cultiva valores mais elevados, que nos conduzem à uma compreensão da verdadeira função do medo em nossa vida.

Abaixo coloco algumas indicações que consegui nos últimos anos, que podem ajudar à aprimorar sua arte do Ukemi e conseqüentemente seu Aikidô:

1) Enquanto iniciante esforce-se para aprimorar as qualidades físicas de seu Ukemi. É através dele que você alcançará uma compreensão melhor do coração do Aikidô.

2) Logicamente existem barreiras físicas e psicológicas difíceis de serem superadas mas não impossíveis, confie em seu instrutor, aprender a doar-se também significa aprender a confiar.

3) Quando mais experiente, aprimore-se a ponto de não opor uma resistência negativa ao Nague, mesmo que ele tente ferir-lhe aprenda a envolver-lhe no calor de seu coração transformando sua atitude de destruição em uma atitude de crescimento mútuo.

4) Cultive a entrega de si mesmo ao aprimoramento não seu, mas de seu parceiro. Isso lhe abrirá portas que jamais sonhou existirem.

* Rubens Caruso Júnior – 4° Dan de Aikidô – Aikidô Nova Era

Colaboração: www.aikidonovaera.com.br

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Capacidade de Explorar o Mundo Interior – Por Roberto Shinyashiki

04/06/2009

Ficar em silêncio ajuda muito a escutar a voz da sua alma.

Você já ouviu a opinião de muitos autores a respeito da importância de seguir o seu coração. Eles têm razão: um caminho que não fale ao seu coração não alimentará a sua alma; e uma pessoa sem alma é um ser perdido no oceano da vida.

A exploração do nosso mundo interior ajuda a nos conhecer melhor e, portanto, a construir uma vida que tenha sentido. Fico muito triste quando converso com pessoas ricas e importantes que me confessam, quase chorando: é horrível ver que batalhei e consegui tantas coisas que queria, mas não sou feliz. O meu sacrifício não me deu felicidade.

É importante escutar a nós mesmos o tempo todo, para saber se estamos realizando objetivos que nascem do nosso coração. Só assim teremos certeza de que, no final da vida, não iremos nos martirizar com o arrependimento.

– Mas, Roberto, como conhecer a minha alma? Como escutar o meu coração?

Bem, a primeira dica é: faça a pergunta certa. Quando você faz a pergunta errada, o seu coração vai para muito longe. Quer um exemplo de pergunta errada? Suponha que o seu chefe foi duro com você e apontou vários problemas de desempenho no seu trabalho. Se você perguntar a si mesmo: “Por que meu chefe está me sacaneando?”, não vai encontrar uma resposta que lhe ajude a crescer.

Sentir-se vítima do seu chefe, em vez de analisar o próprio trabalho, vai deixar você distante da resposta que lhe interessa. Nesse momento o melhor é olhar para dentro de si, verificar em quais pontos o seu chefe tem razão, analisar suas atitudes e tentar melhorar o seu desempenho. Seu namorado terminou o relacionamento com você. Em vez de perguntar por que ele a sacaneou, seria mais interessante entrar em sintonia com os próprios sentimentos. Se a tristeza aparecer, o melhor é chorar em paz, e só depois analisar seu comportamento.

Talvez você se dê conta de que estava sendo muito crítica com seu namorado e, a partir daí, aprenda a admirar mais a pessoa que você ama, percebendo com isso o que pode melhorar em sua maneira de demonstrar amor. Se você fizer as perguntas certas, conseguirá aprender muito sobre si mesmo. Faça suas perguntas, mesmo que elas fiquem muito tempo sem resposta:

• O que é essencial para você?

• Qual é a sua meta profissional?

• Como gostaria de estar daqui a dez anos?

• O que você precisa fazer para realizar seus projetos?

• A sua vida está do melhor jeito que poderia estar neste momento?

A capacidade de explorar nosso mundo interior nos ajuda a tomar melhores decisões e a evitar problemas decorrentes da nossa maneira de ser. Quando tinha aproximadamente 20 anos eu era o rei das decisões impulsivas. Decidia comprar alguma coisa sem pensar e alguns dias depois tomava consciência de que tinha feito besteira.

Depois de algum tempo decidindo errado, prometi a mim mesmo que sempre me daria um prazo de uma semana para pensar antes de comprar qualquer coisa mais cara. Isso evitou que eu fizesse muitas bobagens. Conhecer-se melhor pode ajudá-lo a tomar decisões que lhe façam realmente crescer.

Certa vez um deputado que gostava muito do meu trabalho telefonou-me e convidou-me a assumir um cargo de diretor de um importante hospital público. Consegui pedir a ele um prazo de um dia antes de lhe dar a resposta, o que foi um grande sacrifício, pois a minha vontade era dizer sim na hora. Fiquei pensando sobre o assunto e me dei conta de que aceitar o convite para cuidar de um hospital não tinha o menor sentido, considerando a minha vocação de psiquiatra. O que eu gostava mesmo era de escutar as pessoas e ajudá-las a se realizar. Foi um alívio quando, no dia seguinte, liguei para dizer “não, obrigado!”. Minha alma celebrou a minha decisão.

Algumas vezes, sua rota precisa ser reajustada e você só descobrirá isso se souber conversar consigo mesmo. Ficar em silêncio ajuda muito a escutar a voz da sua alma.

Sabe quando rastreamos todos os arquivos e pastas do computador em busca de alguns vírus que possam ter invadido o sistema? Sabe quando navegamos pela internet e mantemos o antivírus acionado para impedir a entrada de elementos suspeitos? Na vida real, o autoconhecimento é nosso melhor antivírus. Para que você não perca todos os seus documentos nem tenha de configurar novamente sua máquina, pergunte-se sempre o que realmente importa em cada momento de sua vida.

* Roberto Shinyashiki é psiquiatra, palestrante e autor de 13 títulos.

Colaboração: http://shinyashiki.uol.com.br


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