O Hara no Hinduísmo

04/08/2009

Na índia, o Hara é conhecido como o Swadhistana (Morada do Prazer), em sânscrito, ou Chakra Sexual (sacro), no Brasil. Na verdade, a função desse chakra ultrapassa em muito a função genital. Ele também controla as vias urinárias e as gônadas (glândulas endócrinas: testículos no homem; ovários na mulher) e é responsável pela vitalização do feto em formação (função essa que divide com o chakra básico). Aliás, a ligação desses dois chakras é estreita demais. Isso se deve ao fato de que parte da energia Kundalini é veiculada do básico para dentro do chakra sacro. É por esse fator que alguns tibetanos consideram esses dois chakras como um único centro.

Devido à sua intensa atuação energética na área genital, o chakra sacro normalmente é suprimido por várias doutrinas espiritualistas ocidentais, muito presas à condicionamentos antigos sobre sexualidade. Muitas delas colocam o chakra esplênico (que fica na altura do baço) em seu lugar. O motivo disso é simplesmente o tabu em relação à questão sexual. Já os orientais não sofreram a repressão sexual imposta aqui no Ocidente pelo Cristianismo, daí não hesitaram em classificar o chakra sexual como um dos principais centros de força do campo energético, enquanto consideram o chakra do baço apenas como um centro de força secundário.

Osho, no livro The Golden Future, fala sobre a prática de reter o Ki ao “fechar o Hara”:

“O Hara é o centro por onde a vida deixa o corpo. É o centro da morte. A palavra Hara é Japonesa; eis porque no Japão, suicídio é chamado de Harakiri. O centro localiza-se a duas polegadas abaixo do umbigo. Isso é muito importante, e quase todo mundo já o sentiu. Porém, só no Japão eles se aprofundaram em suas implicações. 

O Hara está muito próximo do centro sexual. Se você não se elevar em direção aos centros mais altos, em direção ao sétimo centro que está na sua cabeça, se você permanecer por toda sua vida no centro sexual, bem ao lado do centro do sexo está o Hara, e quando sua vida acabar, o Hara será o centro por onde sua energia da vida sairá do corpo.

Energia transbordando no centro do sexo é perigoso, porque ela pode começar a ser liberada pelo Hara. E se ela começar a sair pelo Hara, ficará mais difícil conduzi-la para cima. Então eu tinha lhe dito para manter sua energia dentro e não para ser tão expressivo: Segure-a dentro! Eu só queria que o centro do Hara, que estava se abrindo e que poderia ser muito perigoso, ficasse completamente fechado.

Você seguiu isso, e você se tornou uma pessoa totalmente diferente. Agora quando lhe vejo, não posso acreditar na expressividade que tinha visto antes. Agora você está centrado e sua energia está se movendo na direção correta para os centros mais elevados. Está quase no quarto centro, que é o centro do amor e que é um centro muito equilibrado. Três centros estão abaixo e três centros estão acima dele.

Por causa desses sete centros, a Índia nunca deu importância ao Hara. O Hara não está na linha; está apenas ao lado do centro do sexo. O centro sexual é o centro da vida e o Hara é o centro da morte. Excitação demais, muito descentramento, lançar demasiada energia por todo o lugar é perigoso porque isso leva sua energia em direção ao Hara. E uma vez que a rota é criada, fica mais difícil mover-se para cima. O Hara situa-se paralelo ao centro sexual, assim a energia pode se mover muito facilmente. O Hara deve ser mantido fechado. Eis porque eu lhe disse para ficar mais centrado, para segurar seus sentimentos dentro, e para trazer a energia para seu Hara. Se você puder manter seu Hara controlando conscientemente suas energias, este não as permite sair. Você começa a sentir uma tremenda gravidade, uma estabilidade, um centramento, o que é uma necessidade básica para que a energia se eleve.

Seu centro do Hara tem tanta energia que, se ela for corretamente direcionada, a iluminação não é um lugar distante.

Portanto, essas são minhas duas sugestões: mantenha-se tão centrado quanto possível. Não se perturbe com coisas pequenas: alguém está zangado, alguém lhe insulta e você fica pensando nisso por horas. Toda sua noite fica perturbada porque alguém disse alguma coisa… Se o Hara puder segurar mais energia, assim, naturalmente essa imensa energia começa a subir. Há somente uma certa capacidade no Hara, e toda energia que se move para cima move-se através do Hara; mas o Hara deve estar bem fechado.

Então uma coisa é que o Hara deve permanecer fechado.

A segunda coisa é que você deve trabalhar sempre pelos centros mais elevados. Por exemplo, se você fica zangado com muita freqüência você deve meditar mais sobre a raiva, para que essa raiva desapareça e essa energia se transforme em compaixão. Se você é um homem que a tudo odeia, então você deve se concentrar no ódio; medite sobre o ódio, e essa mesma energia se transforma em amor. Prossiga movendo-se para cima, pense sempre nos degraus mais altos, para que você possa alcançar o ponto mais elevado de seu ser. E não deve haver nenhum vazamento no centro do Hara.

Não deve ser permitido que a energia se mova através do Hara. Uma pessoa cuja energia começa através do Hara, você pode detectar muito facilmente. Por exemplo, existem pessoas com quem você irá se sentir sufocado, com quem você irá sentir como se elas estivessem sugando sua energia. Você descobrirá isso, depois que elas vão embora, você relaxa e fica à vontade, embora essas pessoas não estivessem fazendo nada de errado a você.

Você também encontrará o tipo oposto de pessoas, cujo encontro lhe torna alegre, mais saudável. Se você estiver triste, sua tristeza desaparece; se você estiver zangado, sua raiva desaparece. Essas são as pessoas cujas energias estão se movendo para os centros mais elevados. A energia delas afeta a sua energia. Estamos continuamente afetando uns aos outros. E o homem cônscio, escolhe amigos e companhias que elevam sua energia.

Um ponto está bem claro. Existem pessoas que lhe sugam, evite-as! É melhor ser claro quanto a isso, diga adeus a elas. Não há necessidade de sofrer, porque são perigosas; elas também podem abrir o seu Hara. O Hara delas está aberto, eis a razão de criarem tal sentimento de sugação em você.

A psicologia ainda não percebeu isso, mas é muito importante que pessoas psicologicamente doentes não deviam ficar juntas. E isso é o que está ocorrendo por todo o mundo. Pessoas psicologicamente doentes são colocadas juntas em instituições psiquiátricas. Elas já são psicologicamente doentes e vocês as estão colocando numa companhia que irá arrastar a energia delas mais para baixo ainda.

Mesmo os médicos que trabalham com doentes mentais já deram indicações suficientes disso. Mais psicanalistas cometem suicídio do que qualquer outra profissão, mais psicanalistas enlouquecem do que qualquer outra profissão. E todo psicanalista de vez em quando precisa ser tratado por algum outro psicanalista. O que acontece com esses coitados? Cercado de pessoas psicologicamente doentes, eles são continuamente sugados, e eles não têm a menor idéia de como fechar o Hara delas.

Existem métodos, técnicas para fechar o Hara, assim como há métodos para a meditação, para mover a energia para cima. O melhor e mais simples método é: tente permanecer tão centrado em sua vida quanto possível. As pessoas não podem sequer sentar em silêncio, elas ficam mudando de posição. Elas não podem deitar silenciosamente, por toda à noite elas ficam agitadas e revirando-se.

Você fez bem. Basta continuar o que você está fazendo, acumulando sua energia dentro de você mesmo. A acumulação de energia automaticamente a faz subir. E quando ela ficar mais elevada você irá se sentir em paz, mais amoroso, mais alegre, compartilhando, mais compassivo, mais criativo. Não está muito longe o dia quando você irá se sentir repleto de luz, e com o sentimento de ter chegado de volta em casa.”

Referências nos links abaixo:

O conceito de Chi;

Qi e Energia: Tradução, Tradição, Traição;

Confusão do chakra esplênico com o sacro;

A Importância do Musubi

Colaboração: www.saindodamatrix.com.br

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O Hara na Medicina Chinesa

31/07/2009

O Tan t’ien está no centro do corpo. Os taoístas acreditavam que no útero o feto humano recebe um tipo especial de Ki pelo cordão umbilical. Era o chamado “Ki pré-natal“, que circulava livremente em sua órbita bem como em todos os 32 meridianos de energia. Depois do nascimento e com o passar do tempo este Ki perde seu controle sobre o corpo, não circula mais livremente, os meridianos ficam bloqueados e resultam em desequilíbrios emocionais, doenças físicas e fragilidade, na velhice.

Por outro lado, Tan t’ien é o nome dado aos três principais centros de energia localizados no eixo interno de nosso corpo:

1º) Tan t’ien Superior – Localizado atrás do ponto médio entre as sobrancelhas – Hipófise.

2º) Tan t’ien Médio – Localizado na região do Plexo – Coração.

3º) Tan t’ien Inferior – Localizado três dedos abaixo do umbigo. 

É esse último ao qual nos referimos aqui, também chamado “Mar de Energia“. Segundo a Medicina Tradicional Chinesa, estando cheio o reservatório, ele transborda para os oito vasos energéticos (“vasos maravilhosos“) e posteriormente flui para os doze canais (meridianos), cada um dos quais associados a órgãos específicos. Dessa forma o Ki circula por todo o corpo ao longo de canais (muitas vezes seguindo um percurso paralelo ao sistema cardiovascular), animando toda a matéria viva de nosso ser.

O Tan t’ien, portanto, é claramente a base de todo o sistema energético. Mas os órgãos de vital importância para o corpo, na medicina chinesa, são os rins (Shen), pois eles que regulam o armazenamento e distribuição de Ki para o corpo.

Sabedor disso (de alguma forma), os sacerdotes das diversas religiões usam uma cinta, faixa ou corda exatamente nesta altura (notem que não é uma questão estética, já que ela fica um pouco acima da cintura). Lutadores de artes marciais também costumam amarrar uma larga faixa bem apertada nesse local, para ativar e evitar dispersão da energia. A importância parece estar no judaísmo, também, pois no velho testamento os Salmos fazem várias referências ao coração e rins.

No ritual de iniciação ao Zoroastrismo o sacerdote pega três cordões, que simbolizam a essência filosófica dessa religião: boas palavras, bons pensamentos e boas ações. O iniciado beija as cordas, que são então levadas à altura da fronte (ou terceiro olho) e é então amarrado na cintura do iniciado, na altura dos rins, simbolizando um comprometimento com essas três bases Zoroástricas de uma forma muito parecida com o judaísmo, que usa um Tefilin no braço e na cabeça para simbolizar que se está intimamente “atado” a Deus.

Referências nos links abaixo:

O conceito de Chi;

Qi e Energia: Tradução, Tradição, Traição;

Confusão do chakra esplênico com o sacro;

A Importância do Musubi

Colaboração: www.saindodamatrix.com.br


Fontes Ideológicas das Artes Marciais Japonesas

10/07/2009

O Japão sempre foi fiel aluno e profundo admirador da cultura da China e da Coréia. Importou da China o budismo, o confucionismo, as artes, a escrita, o sistema político, instrumentos musicais, usos e costumes.

Os coreanos ensinaram a arte da fundição, da arquitetura, da carpintaria e incentivados pelo príncipe Shotoku, a escrita chinesa kanji foi ensinada pelo mestre coreano Wang-I aos iletrados japoneses do século VI, como instrumento necessário para o aprendizado do budismo.

Discípulo aplicado, o japonês entendeu a natureza da sua alma e o conforto espiritual que lhe proporcionava a doutrina que falava da salvação pela iluminação, ou seja, pelo conhecimento. Mais ainda, moldou sua personalidade, sua cultura, seu modo de falar, de se relacionar com as pessoas pelos cânones budistas. Não há no budismo nenhum mandamento. Nada obrigatório, nada mandatário, nada no imperativo. Não há nem mesmo Deus ou deuses. Há apenas caminhos apontados. Buda, que significa apenas “O Iluminado”, dizia que o caminho natural de todo ser humano é atingir o estado de Buda. E para isso, apontava caminhos, mas nunca obrigou ninguém a trilhá-los, nunca sequer disse que o que pregava era uma religião. Dizia apenas que a salvação do homem só se dá pela compreensão das quatro nobres verdades, segundo a tradição Theravada.

“A vida é cheia de sofrimento”;

“O sofrimento provém da ânsia”;

“O sofrimento pode terminar se eliminar a ânsia”;

“O meio de atingir a paz interior (nirvana) é através das oito vias sagradas”.

“As oito vias sagradas são ditas a senda óctupla dos três treinamentos superiores: Sabedoria, Ética e Meditação”.

Derivada do budismo, a tônica do zen-budismo é a integração com o todo pelo fazer e pela meditação. A ação existe como recurso para esvaziamento da mente. Não se fala, não se pensa, faz-se o mais perfeito porque o corpo é apenas expressão da alma. Ao falar e ao pensar, estamos conscientes, ocupando, portanto, parcela muito pequena das nossas mentes grandemente mergulhadas no insondável inconsciente. No gesto e na ação perfeitas, fora do consciente, revela-se a perfeição do inconsciente, a perfeição da alma. 

O xintoísmo é a religião primitiva do Japão. Nasceu da relação do homem com a Natureza, seus sentimentos, crenças e superstições, por isso, é animista e panteísta. Tudo é dotado de alma, há divindades para tudo: florestas, águas, rios, mares, árvores, pedras, entes falecidos etc. Assim, o nipônico primitivo tornou sagrados os elementos que amava e respeitava.

Dentre todos os elementos da Natureza, o ser humano é o único ser passível de veneração, porque nasce de deuses celestiais. Nos lares, o japonês venera seus ancestrais num pequeno santuário de madeira, oferecendo-lhes água e a primeira porção da comida. Contrariamente ao budismo, não há ensinamentos no xintoísmo, apenas uma mitologia escrita em 712 no Kojiki (Relato de coisas antigas) e em 720 no Nihonshoki (Crônicas do Japão). Há inúmeras divindades, mas nenhuma necessidade de igreja ou templo.

Antigamente os japoneses cercavam um pedaço do terreno com a corda de palha trançada (shimenawa) e ali celebravam suas cerimônias xintoístas. O visitante que quisesse reverenciar a divindade máxima no altar de um santuário xintoísta, seria levado pelo sacerdote ao altar onde há apenas um espelho. “Tipifica o coração humano que quando perfeitamente plácido e claro reflete a própria imagem da Divindade”, explica Inazo Nitobe. Não se pode ensinar o xintoísmo porque não há o que ensinar: nem doutrina, nem mandamento, apenas a mitologia narrando a origem do arquipélago e do povo japonês. Só se aprende o xintoísmo pela convivência e pelo exemplo, afirma Yunagita Kunio, um dos maiores estudiosos da cultura japonesa.

Do sábio chinês Confúcio (Kung Fon Tzeu) o japonês aprendeu a ética social, o respeito à hierarquia familiar e à da sociedade. Confúcio ocupava-se unicamente do presente; nada ensinava da vida além-morte. Em comum com o budismo, o confucionismo prega a sabedoria e a benevolência, além da justiça, honestidade e sentido da propriedade. 

Toda arte japonesa ao harmonizar corpo, mente e espírito, reflete os princípios religiosos expostos. Não há a perfeição como objetivo a ser atingido. A concepção de perfeição é zen-budista: está no buscar, no caminhar, por isso, grande parte das artes japonesas, têm a finalização (caminho). Shodô é o caminho da escrita, kadô, o caminho das flores ou dos arranjos florais também conhecido como ikebana, kadô, com outro kanji para “ka” significando poesia, é o caminho da poesia ou a arte do poeta, butsudô, o caminho dos ensinamentos budistas, sadô ou chadô, o caminho do chá ou a arte da cerimônia do chá, kendô, o caminho da espada, aikidô, o caminho para harmonia do espírito, judô, caminho suave ou caminho da luta suave, karatê-dô, caminho da arte marcial de mãos vazias. Mesmo que se repute perfeita a arte, o mestre se considera apenas no caminho porque cada execução é única, irrepetível, irretocável, produto do estado de alma naquele exato instante. E executa-se porque o enlevo da alma é também único para cada instante.

A cultura japonesa considera natural trilhar o caminho do aprimoramento da alma. A arte é apenas um dos meios para isso. O xintoísmo moldou as artes ensinando o respeito e a necessidade de convivência com o próximo para nosso aperfeiçoamento como homens. Para os praticantes das artes marciais japonesas, o local de treinamento, é como no xintoísmo, terreno sagrado, merecedor de respeito e reverência. É local de aprendizado e elevação espiritual, para o que as lutas são meros instrumentos, por isso, é muito natural que lutadores de aikidô, judô, sumô, kendô ou outra arte marcial reverenciem o local da prática e o adversário, antes e depois da luta. Natural também que as regras éticas tenham moldado as regras esportivas, surgidas depois.

Produto cultural dessa ideologia, tudo ligado ao conhecimento e àquilo que nos aprimora, é respeitado e venerado: as escolas, os livros, os professores, os santuários, os templos, a prática de qualquer arte que eleve, instigue nossa sensibilidade estética, como na poesia ou pintura, ou dê paz espiritual ao homem, como na arte do bonsai ou da cerimônia do chá. Os professores ou aqueles que ensinam gozam de alta reputação social. Sensei (professor), além de ser pronome de tratamento para quem ensina, é pronome altamente respeitoso, equivalente a doutor para nós brasileiros.

Referências Bibliográficas:

Michiko Yusa – Religiões do Japão – pag 31 – ed 2002 – Edições 70 – Lisboa – Portugal

Inazo Nitobe – Bushidô – a alma de samurai – ed pag 16 apud in Benedito Ferri de Barros – Japão – harmonia dos contrários – ed 1988 – página129

Para saber mais: D. T. Suzuki e Erich Fromm – Zen-budismo e Psicanálise

Para saber mais: op cit Michiko Yusa e Xintoismo e Edmond Rochedieu – Editorial Verbo ed 1982 Lisboa/Portugal.

Colaboração: www.aikikaizen.com.br


Conto Sufi – CÉU e INFERNO

30/06/2009

Os sufi são uma das centenas de castas da Índia. São um povo pobre, temente a Deus e que se especializaram em contar histórias que transmitissem aos mais jovens os ensinamentos filosóficos de seus ancestrais. Segue um conto: 

Mulla Nasrudin sonhou que estava no céu e que tudo à sua volta era muito bonito e fácil. Só encontrava beleza e não precisava fazer esforço para nada, bastava desejar alguma coisa – qualquer coisa – e ela aparecia.

Nasrudin tinha tudo que queria e estava super satisfeito, os milagres aconteciam sempre que desejava. Foi bom demais por algum tempo, até que ele começou a se entediar, deixou de achar graça naquela vida. Aí resolveu procurar algum problema, qualquer situação que lhe aborrecesse ou até lhe fizesse ficar deprimido, porque já não suportava mais tanta maravilha. Não encontrou nada que lhe perturbasse. Passou a procurar um trabalho para fazer, uma responsabilidade qualquer e não havia nada, porque era perfeito.

No seu sonho Mulla Nasrudin gritou:

– Não agüento mais! Estou cheio de não fazer nada e de ter tudo! Preferiria estar no Inferno!

E uma voz lhe respondeu:

– E onde é que você pensa que está?

By IMPRESSÕES – www.impressione.wordpress.com


Não desistir – Por Paulo Coelho

08/06/2009

De vez em quando escutamos o seguinte comentário:

Vivo acreditando em sonhos, muitas vezes procuro combater a injustiça, mas sempre termino me decepcionando”.

Um guerreiro da luz sabe que certas batalhas impossíveis merecem ser lutadas, e por isso não tem medo de decepções – já que conhece o poder de sua espada, e a força do seu amor. Ele rejeita com veemência aqueles que são incapazes de tomar decisões, e estão sempre procurando transferir para os outros a responsabilidade de tudo de ruim que acontece no mundo.

Se ele não luta contra o que está errado – mesmo que pareça acima de suas forças –  jamais encontrará o caminho certo.

Meu editor iraniano, Arash Hejasi, me enviou uma vez um texto que dizia:

Hoje uma grande chuva me pegou de surpresa, enquanto eu caminhava pela rua… graças a Deus eu tinha meu guarda-chuva e minha capa. No entanto, ambos estavam na mala de meu carro, estacionado bem longe. Enquanto eu corria para pegá-los, pensava que estranho sinal estava recebendo de Deus: temos sempre os recursos necessários para enfrentar as tempestades que a vida nos prepara, mas na maior parte das vezes estes recursos estão trancados no fundo de nosso coração, e isso nos faz perder um tempo enorme tentando achá-los. Quando os encontramos, já fomos derrotados pela adversidade”.

Estejamos, portanto, sempre preparados: caso contrário, ou perdemos a chance, ou perdemos a batalha.

Colaboração: http://colunas.g1.com.br/paulocoelho/


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