Kawai Sensei – Décimo ano de sua passagem (28/02/1931 – 26/01/2010)

26/01/2020

A Comunidade Aikidoca Brasileira relembra hoje, 26/01/2020, ainda com saudades, o décimo ano da passagem do Mestre e Exemplo, Reishin Kawai.

“Humanidade, cabeça tudo diferente, muito tem, budista tem, xintoísta tem, catolicismo tem, cada cada, respeito precisa, tudo interligado, entendeu?” Kawai Sensei.

“Cabeça não ocupada, não pensamento, não triste nada, ‘bida marabilhosa’” Kawai Sensei.

Domo Arigato Gozaimashita, Kawai Sensei.

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O LIBERTAR-SE DE FORMAS RÍGIDAS – 20 anos da Academia Central de Aikido de Natal

03/07/2019

É com muita alegria que eu me preparo para este nosso importante reencontro de Aikido.

Vinte anos se passaram desde que tivemos nosso primeiro treino em Natal, no Centro Comunitário de Candelária em 1999 – CONACAN – e essa me parece ser a oportunidade perfeita para celebrarmos todas as pessoas que se reúnem em torno desta prática e princípios desde então.

Uma prática que nos aponta para a possibilidade de uma vida de relações mais presentes e diretas, uma atenção e um cuidado cada vez maiores para com o mundo a nossa volta e, principalmente, um desprendimento de quaisquer formas rígidas, sejam no pensamento, palavra, ou na ação.

É um grande prazer para eu estar, então, convidando a todos da Academia Central de Aikido de Natal, praticantes do passado e do presente, e das outras academias irmãs e interessadas, para nos reencontrar e comemorar mais esta passagem, com a reiteração de nossos propósitos. Propósitos estes que foram semeados no início do século passado, no Japão; viajaram de navio para São Paulo na década de sessenta, para Florianópolis no início dos anos 90 e vieram finalmente desembarcar em Natal, no Rio Grande do Norte, há vinte anos.

Estou muito animado em poder rever e treinar com todos que compartilharam, não somente dessa história comigo, mas rever os princípios que nos reuniu então, e continuou a nos reunir por esses 20 anos.

Forte abraço e até logo!

Rodrigo.

Programação:

Treino 1 – Misogi: A sensação de dor e o purificar da mente (Katame Wasa).

  • Dor e Reação: Elementos de separação;
  • A estabilidade da mente e sua tradução no corpo;
  • Padua Sensei: “Não há vida sem dor”;
  • Kawai Sensei e o conceito de konjo;
  • Kawai Sensei: “Por fora, suave como algodão; por dentro, forte como Ferro”.

Treino 2 – Conexão e o estender da energia (Kokyu Nage Wasa).

  • O Sentir como Instrumento de conexão;
  • Percepção sem escolha;
  • Apego a estratégias: A semente da violência;
  • Fatores psicológicos e emocionais que dificultam a conexão;
  • Samadhi: A qualidade da mente no Aikido;
  • Poder com os outros X Poder sobre os outros;
  • Percepção sem escolha.

Treino 3 – O estado de fluxo no Aikido (Katame/Nage Wasa).

  • Rei: O alicerce na nossa prática;
  • Ikeda Sensei e a “Chaleira Fervente”;
  • Jay Lindholm Sensei: “A energia deve sempre conduzir ao centro”;
  • Saotome Sensei: “Um convite ao seu coração aberto” .

Treino 4 – (Rogério Sensei – João Pessoa/PB)

Treino 5 – (Rogério Sensei – João Pessoa/PB)

Treino 6 – Dor, conexão, fluxo e impermanência (Nage Wasa, Jiu Wasa).

  • Marco Antônio Sensei e a questão da impermanência”;
  • James Sensei  (Treino e Encerramento).

“Aquele que está fora da esfera do controle, por estar livre do desejo de controlar, não pode ser controlado”.

– Do livro “A Semente do Infinito”, por Marco Antônio Rocha.

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Seminário e Exame de Dan – Aikidô Natal – 16, 17 e 18/06/2016

01/06/2016

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O propósito do Aikido é construir um céu na terra organizando as pessoas num convívio de amizade e harmonia. Eu ensino esta arte para ajudar meus alunos a aprenderem como servir seus próximos.” O’Sensei Morihei Ueshiba, Fundador do Aikido.

O propósito descrito por O’Sensei tem sido alcançado ao longo desses anos e a Academia Central de Aikido de Natal resolveu enaltecer a AMIZADE promovendo, agora em 2016, o reencontro de três grandes amigos, os senseis: Rogério Paodjuenas, Valdecir Fornazier e Rodrigo Martins. Amizade esta nascida e fortalecida quando foram uchideshi do inesquecível Shihan Reishin Kawai (introdutor do Aikido no Brasil) na Academia Central de Aikido em São Paulo.

No final da década de 90, cada um recebeu a missão de implantar o Aikido em diferentes cidades brasileiras: Sensei Rogério em Recife (PE), Sensei Valdecir em Blumenau (SC) e Sensei Rodrigo em Natal (RN).

A Missão determinada por Kawai Sensei foi um sucesso e a Academia Central de Aikidô de Natal, como um desses frutos, expressará esta eterna gratidão reunindo esses verdadeiros desbravadores nos dias 16, 17 e 18 de junho/2016.

PROGRAMAÇÃO

16/06 :: QUINTA ::
18h30 – Exame de Dan
20h – Treino com Sensei Valdecir Fornazier

17/06 :: SEXTA ::
19h às 20h – Treino com Sensei Rodrigo Martins
20h15 às 21h15 – Treino com Sensei Valdecir Fornazier

18/06 :: SÁBADO ::
Treinos com os Senseis convidados:
08h30 às 09h30 – Rodrigo, Rogério e Valdecir Sensei
10h às 11h – Rodrigo, Rogério e Valdecir Sensei

— Intervalo para o almoço —

16h às 17h – Rodrigo, Rogério e Valdecir Sensei
17h30 às 18h30 – Rodrigo, Rogério e Valdecir Sensei

INVESTIMENTO:

Até o dia 31 de maio – R$130,00 (cento e trinta reais).
A partir do dia 01 de junho até o dia do evento – R$150,00 (cento e cinquenta reais).
OBS.: Alunos da ACAN só poderão participar se estiverem em dia com a mensalidade.
……………………………………………………………………………………………………………………………………….
INSCRIÇÕES NA SECRETARIA DA ACADEMIA.
MAIORES INFORMAÇÕES OU SOLICITAÇÃO DO NÚMERO DA CONTA PARA DEPÓSITO:
aikidonatal@gmail.com
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SUGESTÕES PARA HOSPEDAGEM:

POUSADA RIO TOUR
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Rua Missionário Gunnar Vingren, 3500, Capim Macio.
RESERVAS SÓ PELOS TELEFONES: (84) 3217-1715 / 3207-3236 / 99987-3480

CHALÉS PARAÍSO TROPICAL
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Telefax : (84) 3219 3435 | oi 98833 0155 | tim 4141-7044 | claro 9149- 6860
E-mail: contato@chalesparaisotropical.com.br

RECANTO DA COSTEIRA
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Rua Pedro Fonseca Filho, 8856 – Ponta Negra – Natal/RN
Tel.: (84) 3219-3856 / 99629-4940 (TIM) / 98772-8988 (OI)
E-mail: hotel@recantodacosteira.com.br

O TEMPO E O VENTO HOTEL POUSADA
Rua Élia Barros, 66 – Ponta Negra – Natal/RN
Fones / Fax: (84) 3219-2526 e 3219-2591
E-mail: hotel@otempoeovento.com.br

Ou no próprio Dojo (solicite: aikidonatal@gmail.com)

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Treino em Homenagem ao Aniversário de Kawai Sensei – 28/02/2015

27/02/2015

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Kawai Sensei, como carinhosa e respeitosamente é chamado pela Nação Aikidoca, nasceu em 28/02/1931. Se fisicamente estivesse entre nós (certamente ele está em espírito), seria comemorado seu 84º aniversário.

Em homenagem à data do nascimento de nosso eterno Sensei, a Academia Central de Aikidô de Natal fará dia 28/02/2015, sábado, às 08h, treino especial em sua homenagem, com a participação de alunos de todas as Academias de Aikido do RN.

Todos estão convidados.

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Kawai Sensei – 28/02/1931 – 26/01/2010

26/01/2015

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A comunidade aikidoca brasileira relembra hoje, 26/01/2015, com muita saudade, a passagem de mais um ano de falecimento do mestre e exemplo, Reishin Kawai.

“Humanidade, cabeça tudo diferente, muito tem, budista tem, xintoísta tem, catolicismo tem, cada cada, respeito precisa, tudo interligado, entendeu?” Kawai Sensei.

“Cabeça não ocupada, não pensamento, não triste nada, ‘bida marabilhosa’” Kawai Sensei.

Domo Arigato Gozaimashita, Kawai Sensei.

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O Trigal – Por Leilton Lima

25/09/2014

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Eu me sentia como em um conto japonês. A aura de disciplina, suavidade e sabedoria dava um toque oriental naquele início de noite natalense. Eram os meus primeiros passos de encantamento na arte da harmonia, o Aikido. Ao terminar o treino, nos sentamos em seiza lado a lado de frente para o kamiza. O jovem mestre Rodrigo Sensei percorre com seu olhar os olhares de cada um de nós, escorregando de uma face para a outra, sorriso sereno fluindo.

Então sua expressão se molda para acomodar palavras de sabedoria de remotos tempos. É hora de falar para o coração. De passar adiante uma história ouvida de Dona Alice, filha de Kassa Sensei, a guru do Kawai Sensei, nosso mestre maior. Alguém aqui já viu um campo de trigo?”. Ele pergunta. Eu não. O mais próximo de um campo de trigo que minha visão já alcançara, havia sido os capinzais nos baixios de Japecanga. Mas minha mente voou na discrição que era feita: “Em um trigal as plantas se unem em um dourado uniforme, se movimentando em ondas, ao sabor do vento. Isso ocorre porque cada pé de trigo se dobra graciosamente em reverência ao vento que sopra”.

Eu ouvia o sopro do vento, via sua força varrendo aquele mar vegetal, com suavidade, criando ondulações que se deslocavam continua e suavemente. O sol da Cidade do Sol se fundia ao sol da Terra do Sol Nascente e se derramava sobre aquele campo, seus raios encontrando no dourado do trigal sua identidade de cor. Via cada trigo se curvar com graça e voltar à sua condição, ainda fortes, ainda belos, ainda íntegros.

E ele continuou: “Em meio ao mar de trigo, alguns se mantêm de pé. Não se curvam ao vento. Não o reverenciam flexíveis. E diz-se que também são muito bonitos. Mas ao olhá-los de perto podemos constatar que são diferentes: eles não têm sementes. Não tem vida para doar”.

Guardei essa história no coração e tenho recorrido a ela todas as vezes em que algo maior me conduz. Assim, guardo a esperança de jamais deixar de semear.

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*Leilton Lima, Jornalista, e Nidan (faixa-preta 2º Dan) formado pela Academia Central de Aikidô de Natal

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Treino em Homenagem ao Aniversário de Kawai Sensei – 28/02/2014

25/02/2014

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Kawai Sensei, como carinhosa e respeitosamente é chamado pela Nação Aikidoca, nasceu em 28/02/1931. Se fisicamente estivesse entre nós (certamente ele está em espírito), seria comemorado seu 83º aniversário.

Em homenagem à data do nascimento de nosso eterno Sensei, a Academia Central de Aikidô de Natal fará dia 28/02/2014, das 19h às 20h, treino especial em sua homenagem com a participação de todas as Academias de Aikido do RN, logo após, haverá confraternização no Açaí.

Todos estão convidados.

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Kawai Sensei – 28/02/1931 – 26/01/2010

26/01/2014

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A comunidade aikidoca brasileira relembra hoje, 26/01/2014, com muita saudade, a passagem de mais um ano de falecimento do mestre e exemplo, Reishin Kawai.

“Humanidade, cabeça tudo diferente, muito tem, budista tem, xintoísta tem, catolicismo tem, cada cada, respeito precisa, tudo interligado, entendeu?” Kawai Sensei.

“Cabeça não ocupada, não pensamento, não triste nada, ‘bida marabilhosa’” Kawai Sensei.

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Aikidô Natal – Academia Central – Fotos do Exame de Faixa (Kyu) e do Bonenkai – Dez/2013

22/12/2013

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Já estão disponíveis no Facebook da Academia Central de Aikidô de Natal as fotos do Exame de Kyu e do Bonenkai ocorrido em 21 de Dezembro de 2013. O evento se deu na sede da Academia no bairro de Capim Macio – Natal/RN. Passe lá, deixe seu comentário, sua curtida e compartilhe.

Clique AQUI e veja as novas fotos

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Aikidô Natal – Academia Central – Exame de Faixa (Kyu) e Bonenkai

09/12/2013

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Sábado, 21/12/2013, às 8h, na Academia Central de Aikidô de Natal, acontecerá o evento de troca de faixas e confraternização de final de ano (Bonenkai). O evento, além de exame de faixa serve como confraternização entre os alunos dos diversos horários, seus familiares e amigos. Compareça você também e comemore mais um ano de harmonia, energia e realizações.

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Local: Academia Central de Aikidô de Natal – ACAN

Dia e Hora: Sábado 21/12/2013 – 8h

Endereço: Rua Professor João Ferreira de Melo – Capim Macio – Fundos do CCAB Sul – Natal/RN

Telefone: (84) 2020-4841

Site: www.aikidorn.com.br

Facebook: AQUI!!!

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Os Cinco Espíritos do Budô – Por Dan Penrod

15/10/2013

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Shoshin: (初心) Mente de principiante;

Zanshin: (残心) Mente que permanece;

Mushin: (無心) Não Mente ;

Fudoshin: (不動心) Mente Imóvel;

Senshin: (先心) Espírito Purificado, atitude iluminada.

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Existem 5 mentes fundamentais ou espíritos do Budô; shoshin, zanshin, mushin, fudoshin, e senshin. Estes conceitos muito antigos são geralmente ignorados nos dojô(s) modernos de Aikidô. O budoka que se esforça para compreender as lições destes 5 espíritos em seu coração amadurecerá para se tornar um artista marcial e um ser humano forte e competente. O aluno que não se esforça para conhecer e receber estes espíritos sempre terá uma falha em seu treinamento.

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Shoshin

O estado de shoshin é aquele da mente de principiante. É um estado de atenção que permanece sempre completamente consciente, atento e preparado para ver coisas pela primeira vez. A atitude de shoshin é essencial para continuar o aprendizado. O-Sensei uma vez disse, “Não espere que eu lhe ensine. Você deve roubar as técnicas sozinho”. O aluno deve ter um papel ativo em cada aula, observando com a mente shoshin, para conseguir roubar a lição de cada dia.

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Zanshin

O espírito de zanshin é o estado do espírito que permanece, que continua. É freqüentemente descrito como um estado continuado de atenção aumentada e de decisão. Mas o verdadeiro zanshin é um estado de foco ou concentração antes, durante e depois da execução de uma técnica, em que uma ligação ou conexão entre o uke e o nage é mantida. Zanshin é o estado da mente que nos permite permanecer espiritualmente conectados, não apenas a um único atacante, mas a múltiplos atacantes e mesmo a um contexto completo; um espaço, um tempo, um evento.

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Mushin

O manual da ASU define mushin como a “Não mente, uma mente sem ego. Uma mente como um espelho que reflete e não julga”. O termo original era “mushin no shin”, que significa “mente da não mente.” É um estado mental sem medo, raiva ou ansiedade. Mushin é freqüentemente descrito pela frase, “mizu no kokoro”, que significa “mente como a água”. Esta frase é uma metáfora que descreve o lago que reflete claramente o que o cerca quando suas águas estão calmas, mas as imagens são obscurecidas quando uma pedra é jogada em suas águas.

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Fudoshin

Uma mente que não é abalada e um espírito que não se move é o estado de fudoshin. É a coragem e a estabilidade demonstradas mentalmente e fisicamente. Mas ao invés de indicar rigidez e inflexibilidade, fudoshin descreve uma condição que não é facilmente transtornada por pensamentos internos ou por forças externas. É capaz de receber um ataque forte e manter a postura e o equilíbrio. Recebe e devolve com leveza, está firmemente aterrado, e reflete a agressão de volta à sua fonte.

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Senshin

Senshin é o espírito que transcende os primeiros quatro estados da mente. É um espírito que protege e se harmoniza com o universo. Senshin é um espírito de compaixão que abraça e serve a toda a humanidade e cuja função é reconciliar e dissipar a discórdia no mundo. Ele considera que todos os tipos de vida são sagrados. É e mente de Buda e é a percepção de O-Sensei da função do Aikidô.

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Aceitar completamente o senshin é essencialmente a mesma coisa que se tornar iluminado, e pode ir muito além da abrangência do treinamento diário do Aikidô. Entretanto, os primeiros 4 espíritos são provavelmente atingíveis por qualquer aluno sério através de atenção concentrada e treinamento firme. Abraçar estes estados da mente pode ser recompensador de diversas formas.

Shoshin pode libertar um aluno do “vale” frustrante do aprendizado, dando-lhe a visão para enxergar o que ele não poderia ver antes. Zanshin pode aumentar a atenção total, melhorando o treinamento de randori e de estilo livre. Mushin pode liberar a ansiedade do aluno quando está sob pressão, capacitando-o para uma performance melhor durante um exame. Fudoshin, pode lhe dar a confiança para proteger seu território em face de ataques físicos esmagadores.

O Aikidoka sério deve encontrar formas de incorporar estes espíritos do Budô em seu treinamento diário

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Tradução: Jaqueline Sá Freire – Brazil Aikikai – Hikari Dojo – Rio de Janeiro

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Budô e o Ciclo da Repetitividade – Por Paulo de Carvalho Junior

28/08/2013

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Quando começamos no Budô tudo é festa, nos encantamos com a beleza das técnicas funcionando e com a magia disso acontecendo através de nossas mãos. Cada novo ensinamento abre as cortinas de um mundo novo de realizações e possibilidades e, então, nos sentimos fortes. Descobrimos que temos potencialidades que antes não éramos capazes de reconhecer e isso nos excita.

Com o tempo, conforme o treinamento começa a representar algo rotineiro em nossas vidas, o “brinquedo novo” vai perdendo o brilho e logo parece que estamos nos dispondo a mais um ato de automatismo, como ir à escola ou frequentar a missa. É costumeiro, só isso. Quando isto acontece, parece que o Budô já não tem mais aquilo tudo que enxergávamos anteriormente e a tendência natural é deixarmos o empenho nos treinamentos de lado. É justamente aí que aparece o maior contraste entre o raciocínio oriental e o ocidental.

No ocidente, os fatores aparecem como “ondas“, as quais têm de início um grande impacto, mas logo perdem a força e o efeito parece recuar. Talvez seja por isso que tantos se iniciam na prática de alguma arte marcial e logo acabam parando, na maioria das vezes logo nas primeiras faixas. O fato é que tão logo isso aconteça aparece uma nova onda, que pode se manifestar na forma do intuito de aprender a tocar algum instrumento musical ou dançar, compromissos estes que também logo serão abandonados, a menos que a pessoa se disponha a compreender o que há do lado de lá da cortina. Que cortina? – poderia você se questionar. A esta pergunta um oriental normalmente responderia: a cortina da ilusão. Isso porque é justamente o que vai embora quando os primeiros ajustes de excitação de dispersam – a ilusão. O que está se desfazendo, na verdade, é a nossa visão premeditada da coisa; aquilo que imaginávamos que era depois de nosso primeiro contato. E o que resta então? Bem, o que resta é o verdadeiro valor da arte: o , ou caminho. E como todo caminho que vale à pena é longo, o que aparece diante de nossos olhos quando a ilusão se dissipa é uma grande obra a se realizar, porém, PASSO POR PASSO. É justamente aí que muita gente desiste e o irônico é que isto acontece a despeito do que de fato deveria estar sendo enxergado, isto é, “um caminho que de fato vale à pena provavelmente não tem um destino visível a olhos nus“.

É preciso enxergar com os olhos da alma… Quando vemos grandes mestres manifestando seu Aikidô, ficamos logo maravilhados com a beleza de seus movimentos. Porém, para o praticamente mais avançado a curiosidade certamente vai além: como será que este mestre come? Como se porta diante dos imprevistos? O que faz ele em suas horas vagas? Em outras palavras, a curiosidade que fica para os “iniciados” é a seguinte: o que o Aikidô trouxe de realmente valioso para a vida deste homem? Sim, porque uma arte jamais poderia se deter nos valores efêmeros da beleza plástica de movimentos bem executados. Se assim fosse, Balett poderia ser considerado uma via espiritual. Tem que haver um algo mais, uma chama que mova a intenção de praticar, MESMO DIANTE DE TREINAMENTOS EM QUE AS REPETIÇÕES SE DÊEM DE FORMA PRATICAMENTE INFINITA.

Quando praticamos uma técnica milhares de vezes, o fazemos para enxergar além dela. Interiorizando-a, podemos desocupar nossas mentes do movimento para então dar espaço para um outro nível de compreensão. É então que a verdade suprema das artes marciais se manifesta, provando que o trabalho todo está em sentir e não em simplesmente racionalizar o que está sendo feito. De fato, quando nos tornamos capazes de “sentir” um movimento ao invés de simplesmente executá-lo, que movimento é este já não importa mais. Repetir uma, cem ou mil vezes já não faz mais diferença, justamente porque o prazer da prática passa a se concentrar no durante, no ato de fazer em si, e não mais no que fazer aquilo possa representar.

Moral da história: competência (técnica, espiritual, etc.) é algo que se desenvolve de dentro para fora – nunca ao contrário.

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Reflexões sobre o título de Yudansha – Por Mitsugi Saotome

19/08/2013

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O título de Yudansha (Faixa-Preta e seus dans) é concedido por várias razões, não apenas por habilidades técnicas. Só porque uma pessoa recebe um certo ranking de Yudansha, não significa que ele ou ela conseguiram o respectivo nível de habilidade naquele momento. Significa que eu sinto que a pessoa está no limiar e crescerá naquele nível com a pressão da responsabilidade que adquiriu.

É óbvio que, receber promoção a qualquer nível de Yudansha, pressupõe-se a existência de certa competência técnica. Mas somente isso não é o suficiente. Meus olhos enxergam de modo diferente quando vejo um aluno praticando. Eu vejo a personalidade e o crescimento dessa ou desse aluno. Eu freqüentemente sei qual é o tipo de dificuldade que o aluno tem que superar. Tenho uma boa noção do quanto essa pessoa tem feito por seu grupo, quanta responsabilidade ele é capaz de suportar e o quanto ele ou ela fez para ajudar aos outros. Eu conheço o crescimento espiritual e social dessa pessoa e suas habilidades no que diz respeito à liderança.

Foi me perguntado várias vezes como um aluno deve treinar e com que tipo de meta em mente para cada exame de Yudansha. A maioria disso não pode ser colocada em palavras e devem vir do coração individual de cada aluno com seu crescimento na compreensão; mas eu posso lhe dar alguns conselhos:

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Para treinar para Shodan (Faixa-Preta 1° Dan):

Você está treinando para se tornar um iniciante, e não mais um convidado no dojô, mas um aluno com reais responsabilidades. Deve-se estudar a forma básica de técnica e o princípio básico, até que o movimento correto se torne automático e seja natural.

Para treinar para Nidan: (Faixa-Preta 2° Dan):

A potência do movimento deve ser enfatizada e desenvolvida. A realidade funcional da técnica deve ser explorada e uma compreensão do que realmente funciona e porque deve ser desenvolvida.

Para treinar para Sandan: (Faixa-Preta 3° Dan):

O aluno deve desenvolver um entendimento do princípio de Aiki e começar desprender-se da técnica.

Para treinar para Yondan: (Faixa-Preta 4° Dan):

O aluno deve descobrir a filosofia do princípio de Aiki e seu relacionamento com a técnica. A forma técnica deve estar profundamente refinada de acordo com sua compreensão, e o estudante deve começar a desenvolver seriamente a arte de treinar a outros. O treinamento pessoal já não é o suficiente. O aluno deve entender a responsabilidade social.

Para treinar para Godan: (Faixa-Preta 5° Dan):

Deve-se fazer do princípio de Aiki uma parte direta em sua vida, desenvolvendo assim um espírito incrível, qualidades de liderança e a aplicação espiritual e social do princípio de Aiki. Uma completa espontaneidade de técnica deve ser desenvolvida, a qual não é mais técnica, mas o princípio que suporta a base da técnica. Deve haver, quando se atingir esse ponto, uma dedicação completa à arte, e um grande crescimento espiritual. Um crescimento que produz não uma preocupação com um dojô ou uma área, mas uma preocupação ativa por todos os alunos e todas as pessoas do mundo. Por todos esses anos de treinamento, sua compreensão física, mental, social e espiritual e força devem uniformemente sempre estar progredindo. A aplicação espontânea de Aiki deve progredir. Se você para de treinar em qualquer desses níveis, seu Aikidô não crescerá mais.

Apenas gastar seu tempo treinando não faz sentido. A qualidade e intensidade de seu treinamento, as descobertas que você faz a cada dia, essas coisas são significativas. Você deve treinar duramente e descobrir a resposta por si mesmo.

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Tradução:

Paulo C. G. Proença – Dojô Kokoro – www.aikido.sorocaba.nom.br

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O Aikidô – Por Morihei Ueshiba

24/07/2013

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Como ai (harmonia) é comum com ai (amor), eu decidi nomear meu budô único (no sentido de diferenciado) de “Aikidô“, embora a palavra “aiki” seja uma palavra antiga. A palavra como foi usada pelos guerreiros no passado é fundamentalmente diferente da minha. Aiki não é uma técnica para lutar com ou derrotar o inimigo. É o caminho para reconciliar o mundo e fazer dos seres humanos uma só família.

O segredo do Aikidô é nos harmonizar com o movimento do Universo e trazer-nos em unidade com o próprio Universo. Aquele que obteve o segredo do Aikidô tem o Universo em si mesmo e pode dizer: “Eu sou o Universo“.

Eu nunca sou derrotado, por mais rápido que o inimigo possa atacar. Não é porque minha técnica é mais rápida do que a do inimigo. Não é uma questão de velocidade. A luta é finalizada antes mesmo de já ter começado.

Quando o inimigo tentar lutar contra mim, o próprio Universo, ele precisa quebrar a harmonia do Universo. Por isso, no momento em que sua mente está focada em lutar comigo, ele já está derrotado. Não existe nenhuma medida de tempo – rápido ou devagar.

O Aikidô é não-resistência. Como é não-resistente, é sempre vitorioso. Aqueles que têm uma mente conturbada, uma mente de discórdia, já foram derrotados desde o começo. Então, como você pode endireitar uma mente conturbada, purificar seu coração, e ser harmônico com as atividades de todas as coisas da Natureza? Você deveria primeiro fazer do coração de Deus o seu coração. É um Grande Amor, Onipresente em todos os cantos e em todos os tempos do Universo. “Não há desacordo no Amor. Não há inimigos do Amor.” Uma mente conturbada (em desacordo), pensando na existência do inimigo, não é mais consistente com o desejo de Deus.

Aqueles que não concordam com isso não podem estar em harmonia com o Universo. O budô deles é de destruição. Não é um budô construtivo.

Portanto, competir nas técnicas, ganhar ou perder, não é o verdadeiro budô. Verdadeiro budô não conhece derrota. “Nunca derrotado” significa “nunca lutando“.

Ganhar significa ganhar sobre a mente de discórdia dentro de você. Isso é conseguir realizar a missão a qual lhe foi conferida. Isso não é mera teoria. Você pratica isso. Então você aceitará o grande poder da unidade com a Natureza.

Não olhe nos olhos do oponente, ou sua mente será direcionada para os olhos dele. Não olhe para espada de seu oponente, ou você será morto pela espada dele. Não olhe para ele, ou seu espírito será distraído. Verdadeiro budô é o cultivo da atração pela qual você direciona o oponente por inteiro para você. Tudo que tenho de fazer é continuar a ficar nesse caminho.

Até mesmo ficando de costas para o oponente é suficiente. Quando ele ataca, batendo, ele vai se machucar com a própria intenção de bater. Eu sou um com o Universo e nada mais. Quando eu me posiciono, ele será direcionado para mim. Não existe tempo e espaço perante Ueshiba do Aikidô‚ apenas o Universo como é.

Não existe inimigo para Ueshiba do Aikidô. Você está equivocado se você pensa que budô significa ter oponentes e inimigos, e ser mais forte e derrubá-los. Não existe nem oponentes nem inimigos para o verdadeiro budô. Verdadeiro budô é ser uno com o Universo; isto é, estar unido com o Centro do Universo.

Uma mente para servir a paz de todos os seres humanos no mundo é necessária no Aikidô, e não uma mente daquele que deseja ser forte ou que pratica apenas para derrubar o oponente. Quando alguém pergunta se meus princípios Aiki budô são tirados da religião, eu digo: “Não.” Meus verdadeiros princípios do budô iluminam as religiões e as lideram para a plenitude.

Eu sou calmo em qualquer momento ou maneira que eu for atacado. Eu não tenho nenhum apego com a vida ou a morte. Eu deixo tudo como é para Deus. Seja desapegado da ligação com a vida e a morte, e tenha uma mente que deixa tudo para Deus, não apenas quando estiver sendo atacado, mas também em sua vida diária.

Verdadeiro budô é um trabalho de Amor. É um trabalho de dar vida para todos os seres, e não de matar e lutar uns com os outros. Amor é a divindade guardiã de tudo. Nada pode existir sem Amor. Aikidô é a realização do Amor.

Eu não faço companhia com homens. Para quem, então, eu faço companhia? Deus. Este mundo não está indo bem porque as pessoas estão fazendo companhia entre si, dizendo e fazendo besteiras. Seres bons e seres maus são todos uma única família no mundo. Aikidô deixa de fora qualquer ligação, qualquer apego; Aikidô não julga casos relativos em bons ou maus. Aikidô mantém todos os seres em constante crescimento e desenvolvimento, e serve para a plenitude do Universo.

No Aikidô nós controlamos a mente do oponente antes de enfrentá-lo. Isto é, nós direcionamos ele para dentro de nós. Nós nos movemos para frente na vida com esta atração do nosso espírito, e tentamos ter uma visão inteira do mundo.

Nós incessantemente rezamos para que as lutas não aconteçam. Por esta razão, não há torneios no Aikidô. O espírito do Aikidô é de um ataque amoroso e de uma reconciliação pacífica. Neste foco, nós juntamos e unimos os oponentes com a intenção poderosa do Amor. Através do Amor, nós somos capazes de purificar os outros.

Compreenda o Aikidô primeiramente como budô e então como um meio de serviço para construir a Família Mundial. Aikidô não é para um único país ou alguém em particular. Seu único propósito é realizar o trabalho de Deus.

O verdadeiro budô é a proteção amorosa de todos os seres com um espírito de reconciliação. Reconciliação significa permitir a realização da missão de todos.

O “Caminho” significa ser uno com o desejo de Deus e praticá-lo. Se estamos só um pouquinho fora dele, não é mais o caminho. Nós podemos dizer que Aikidô é um caminho para varrer os demônios com a sinceridade da nossa respiração ao invés da espada. Isto é, mudar a mente demoníaca do mundo para o Mundo do Espírito. Esta é a missão do Aikidô. A mente demoníaca sucumbirá na derrota e o Espírito se erguerá na vitória. Então o Aikidô colherá frutos neste mundo.

Sem budô uma nação se arruinará, porque budô é a vida do amor protetor e a fonte das atividades da ciência.

Aqueles que procuram estudar o Aikidô deveriam abrir suas mentes, ouvir a sinceridade de Deus através do Aiki, e praticá-la. Vocês deveriam compreender a grande limpeza do Aiki, pratique-a e aperfeiçoem-se sem hesitação. Neste desejo começa o cultivo de nosso espírito.

Eu quero sensibilizar as pessoas a ouvirem a voz do Aikidô. Não é para corrigir os outros; é para corrigir sua própria mente. Isto é Aikidô. Esta é a missão do Aikidô e esta deveria ser sua missão.

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Palavras de Morihei Ueshiba do livro: “Aikido by Kisshomaru Ueshiba

Tradução Livre: Saulo Nagamori Fong

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Por que treinar Aikidô? – Por Stanley Pranin (Aikido Journal)

21/06/2013

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Todo principiante de Aikidô aparece motivado por alguma razão em particular, e um conjunto de objetivos. Entre os mais comuns estão os de autodefesa, desenvolver a forma física, ou travar relacionamentos. Com o passar do tempo os objetivos vão mudando e a pessoa vai percebendo que o Aikidô está provocando transformações em sua vida. Considerando que o Aikidô, assim como outras artes marciais de um modo geral ensinam técnicas capazes de machucar e mesmo matar um adversário, todas têm que ser praticadas com seriedade e atenção a detalhes por força dos riscos naturais, inerentes à atividade.

Treinar assim, respeitando a concentração, vai-se alcançando passo a passo o aperfeiçoamento do que pode ser descrito como um “espírito de marcialidade“. O termo marcial é aqui empregado no mesmo sentido em que o Fundador do Aikidô usava a palavra japonesa “bu“, normalmente traduzida por “arte marcial” (de guerra).

Bu” comporta duas interpretações distintas: primeiro serve para distinguir um sistema que engloba técnicas de lutas de origem clássica dirigidas originariamente para o ensino de auto defesa. E “Bu” acaba abrangendo o conceito de uma atividade ou prática destinada a conduzir o indivíduo através de um caminho de crescimento espiritual.

QUANDO O TREINAMENTO OBJETIVA A LUTA EM SI

O elemento marcial – ou “bu” é um componente tão vital do treinamento de Aikidô que removê-lo totalmente significaria reduzir a arte a um conjunto de meros exercícios visando saúde física. Acaba ficando implícita uma consciência de existência de perigos inerentes que acaba produzindo uma ultrassensibilidade ao pensamento. Eis a seguir alguns comportamentos que auxiliam no desenvolvimento desse espírito de marcialidade.

A ETIQUETA

A etiqueta é um dos pilares do comportamento adequado a um dojô. É comum menosprezarem a importância das formalidades adotadas em um dojô. Os padrões observados antes, durante e após os treinos têm o objetivo de gerar um ambiente em que técnicas perigosas possam ser praticadas com segurança.

A etiqueta também possui grande significado fora do dojô, servindo como um lubrificante nas relações interpessoais. Pessoas bem educadas raramente fazem inimigos, e desenvolvem um caráter adequado à prática de artes marciais.

O PAPEL DO UKE

O Uke é aquele que simula o ataque e vai sofrer o movimento do Aikidô. O treino de Aikidô consiste no revezamento entre os parceiros: enquanto um simula o ataque (Uke) o outro (o Nague, ou ToriHitori) aplica a técnica de Aikidô.

No Aikidô a técnica a ser aplicada é sempre de prévio conhecimento de ambos, o que garante um treino seguro. De forma que também é importante que o Uke esboce o ataque de forma clara, sincera e segura, sem antecipar a reação do Nague baseados nesse conhecimento prévio. O Nague precisa de um ataque sincero a fim de absorver os conhecimentos de equilíbrio, coordenação motora e o fluxo da energia.

A atitude marcial adotada pelo Uke vai protegê-lo de ferimentos e promover seu próprio progresso e o do companheiro. O Uke será também recompensado por seus esforços adquirindo flexibilidade e condicionamento físico através das quedas – uma experiência perturbadora quando não perigosa para a maioria das pessoas.

O PAPEL DO NAGUE

Conforme descrito acima, conhecendo a natureza do ataque, o Nague pode se concentrar em sua postura, no distanciamento e no desequilíbrio a que irá submeter o Uke. O stress emocional, que normalmente existe em confrontos da vida real, passa a estar ausente do contexto básico do treino.

O movimento inicial do Nague deve ser no sentido de desequilibrar o Uke, que não oferecerá resistência aos efeitos da força da gravidade, pois estará sem centro. Os benefícios da prática contínua, para o Nague, é que as técnicas do Aikidô vão se tornar uma sua segunda natureza. Seus instintos serão reestruturados para evitar ataques iminentes de forma a adotar as posturas harmoniosas que caracterizam as técnicas do Aikidô. Ele aprende a manter o equilíbrio físico e mental diante de ataques que normalmente seriam desorientadores para pessoas sem treino.

Enquanto o processo de aprendizado se desenvolve (conscientemente ou não) o Nague amplia seu nível de sensibilidade ao mover-se em seu ambiente. Torna-se capaz de perceber o que possa ser ou não algum tipo de ameaça. Essa atitude de alerta constante é um componente fundamental da arte marcial e destaca as pessoas com esse conhecimento.

IDENTIFICANDO O OBJETIVO DO TREINO

Praticantes de Aikidô devem regularmente passar em revista suas atividades normais e as circunstâncias a fim de estar sempre identificando e dando atenção a situações de perigo ou fraqueza. Um exemplo: aikidocas costumam ver pontos fracos em sua arte, quando a comparam com outras artes marciais. Consequentemente ele passa a se sentir tentado a discutir situações hipotéticas com relação às técnicas de Aikidô do tipo “e se….?

Na verdade não se treina Aikidô para se descobrir capaz de enfrentar o campeão mundial de karatê, ou de boxe ou de luta livre. A partir do momento em que eu canalizo minhas energias para esse tipo de pensamento, como se esse fosse o meu objetivo em treinar Aikidô, como poderei eu estar preparado para todo e qualquer outro tipo de ameaça ou ataque a que a gente se sente exposto o tempo todo durante o dia-a-dia, durante a vida? Pensar assim só é bom para discussões acadêmicas. Não há como hierarquizar as artes em termos de eficácia nem como ficar especulando sobre a relatividade de seus métodos. Quem pensa assim é melhor que nem comece a treinar Aikidô. A abordagem do Aikidô não é por esse lado.

O objetivo do Aikidô é proteger a vida, a saúde, a integridade física, a liberdade, a propriedade, e não para derrotar o semelhante como num torneio. Vamos supor que a gente se depare com algum ataque aleatório. A gente pode ser surpreendido caminhando pela rua, dirigindo o carro, e mesmo dentro de casa. No mundo real, assaltantes geralmente portam armas de fogo, facas e vêm acompanhados de comparsas. O elemento surpresa geralmente é o que dá sucesso a esse tipo de ataque aleatório. Não se trata de avaliar a qualidade, a sofisticação do ataque, mas sim o fato de que a vítima quase sempre é apanhada desprevenida, com a guarda baixa, no que vai resultar em sua derrota, ou morte. Aqui é quando se deve dar ênfase muito mais ao preparo psicológico do que ao conhecimento de qualquer técnica específica de defesa.

Temos que desenvolver um constante estado de alerta a fim de responder imediata e instintivamente a ameaças inesperadas. Temos que nos tornar saudáveis, flexíveis e bem preparados para nos adaptar rapidamente a qualquer mudança de situação.

POR QUE O AIKIDÔ?

Essa pergunta traz à mente uma dúvida razoável. Por que estudar Aikidô e não qualquer outra coisa que traga um resultado mais imediato em caso de violência urbana, como treinamento com armas e técnicas de brigas de rua?

Dependendo de cada um, talvez seja mesmo o caso de se praticar outras disciplinas. Nesse sentido há fortes argumentos quanto aos benefícios de se saber várias coisas ao mesmo tempo. Aqui é que entra o segundo componente da proposta inicial, mencionada acima, relativamente ao “bu“. Acontece que o Aikidô é também, e mais ainda, um caminho para o desenvolvimento espiritual da pessoa. Ele contém um imperativo moral de cultivo e respeito por todo ser vivo. O Aikidô propõe uma visão idealista de um mundo vivendo em harmonia e as técnicas da arte tornam essa visão abstrata em algo físico, concreto, tangível. Mais que qualquer outro princípio, as técnicas de Aikidô se baseiam no princípio da não resistência, conforme o ensinamento do fundador, Morihei Ueshiba, o que deve estar sempre presente na mente de todo praticante de Aikidô. O que não deixa de consistir em uma excelente fórmula de viver bem a vida em meio a esse mundo atemorizado pelo perigo e pela discórdia.

EPÍLOGO: TOMANDO DECISÕES EM TEMPOS DIFÍCEIS

A maioria dos desafios que enfrentamos no dia-a-dia não são os de embates físicos. A maioria dessas batalhas são de origem interior, são travadas num plano psicológico, posto que nossa vida consiste em uma luta constante e interminável contra problemas e incertezas. O espírito marcial cultivado durante anos de treinamento de Aikidô acaba se transformando em um acervo precioso, de valor incalculável nessas horas.

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Tradução:

Nereu Peplow – Fudoshin Dojo – Curitiba – www.aikidofudoshindojo.pro.br

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Aikidô Natal – Em Maio – Treino com Sensei Rodrigo Martins

29/04/2013

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Nos dias 18 e 19 de maio de 2013, acontecerá na Academia Central de Aikidô de Natal treino especial com Sensei Rodrigo Martins. Sensei Rodrigo foi o introdutor do Aikidô – difundido por Reishin Kawai União Sul Americana de Aikidô – no Rio Grande do Norte e o fundador da Academia Central de Aikidô de Natal (em 1999).

Ainda hoje diversos alunos do grupo formado por Sensei Rodrigo ministram aulas de Aikidô no Estado do RN (Natal, Santa Cruz, Parnamirim e Mossoró).

A Academia Central de Aikidô de Natal aguarda a presença de Aikidocas de todo o Estado do RN, veteranos e iniciantes, para o treino de reencontro com o Mestre.

Os treinos ministrados pelo Sensei Rodrigo Martins terão uma pequena contribuição para as despesas gerais e acontecerão nos horários abaixo:

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Horários de Treino

18/05 – Sábado – 17h às 19h

19/05 – Domingo – 9h às 11h

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Investimento

R$ 20,00 (vinte reais)

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Local

Academia Central de Aikidô de Natal

Rua João Ferreira de Melo, 2978, Capim Macio, Natal/RN

(84) 2020-4841 – www.aikidorn.com.br

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Colaboração:

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www.aikidorn.com.br

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A Reverência no Aikidô

22/04/2013

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A reverência é parte integral da etiqueta oriental substituindo o aperto de mão das sociedades ocidentais em quase todas as situações passíveis de comparação. No Japão, as crianças, tradicionalmente, aprendiam a reverenciar antes mesmo que pudessem ficar de pé. Isso, porque as mães tinham por hábito carregar seus bebês nas costas fazendo com que os bebês, ainda que involuntariamente, reverenciassem todas as vezes que suas mães o faziam. Esta maneira de carregar um bebê não é mais tão usual no Japão de hoje, mas a reverência continua sendo o modo mais usado para se cumprimentar um ao outro.

Visto que não moramos no Japão e reverenciar não faz parte da nossa cultura, seria razoável perguntar por que devemos reverenciar quando estamos praticando o Aikidô na Nova Zelândia? A minha resposta para esta pergunta (resposta que pode estar condicionada por vários anos vividos no Japão) é, primeiramente, que o Aikidô é uma atividade cultural Japonesa não existindo razão especifica para descaracterizá-la e, segundo, a reverência é uma ótima maneira de demonstrar respeito, tão importante no Aikidô quanto na vida. Quanto mais praticamos o Aikidô naturalmente mais respeito sentimos pelos outros, e reverenciar é uma maneira de expressar isso mantendo a estética da arte. No seu aspecto marcial o Aikidô demanda respeito mútuo entre os companheiros como reconhecimento da natureza de “vida ou morte” das técnicas que estão sendo estudadas, mesmo que praticado dentro do ambiente seguro do dojô.

Do ponto de vista mental ou espiritual, naturalmente mantém-se o respeito pelos companheiros discípulos do Caminho (Dô) por seus esforços em realizar todo o potencial como seres humanos. A reverência ajuda criar um ambiente para este trabalho interior. O sentimento ao se reverenciar é importante e não há nada de humilhante ou degradante neste gesto aonde todo nosso corpo e mente estão envolvidos em expressar gratidão e respeito. De fato, treinar um pouquinho de reverência é algo do qual nós ocidentais poderíamos nos beneficiar.

No Budô o reigisaho[1] tem uma importância fundamental. Para o praticante ocidental, com tradições culturais diferentes das orientais, as exigências da reverência nas artes marciais japonesas, como o Aikidô, entre outras, são comportamentos que lhe são estranhos e que por vezes adquirem um caráter tão só de obrigatoriedade. Todavia, “qualquer arte marcial pressupõe a existência de uma severa disciplina na sua execução e aprendizagem; uma arte oriental não se pode conceber sem etiqueta. Diz-se que a arte marcial japonesa começa e termina pela delicadeza e respeito mútuo, indispensáveis à elevação da personalidade.” [2]

O dojô [3] deve ser um local onde se desenvolve uma personalidade forte, com qualidades como a humildade, a lealdade, a cortesia, onde o caminho deve ser o de um conhecimento cada vez mais profundo de si mesmo, onde é importante Ter presente o significado da reverência, da cortesia, da etiqueta. Portanto o dojô é um lugar sagrado onde se procura “unidade do corpo e mente através do coração, centralizar a energia, na sua autêntica compreensão…»[4]. É também, no dizer de Herrigel, “desde os tempos mais remotos: Lugar da Iluminação.”[5]

Podem encontrar-se duas atitudes básicas nos praticantes perante a reverência. Uma consiste na execução da reverência como se de uma mera obrigação se tratasse; a outra na execução da reverência de modo rígido e formal sem que seja acompanhada da consciência profunda do sentido do ritual, sem a consciência de que o dojô é “Templo privilegiado que celebra uma espécie de liturgia”.[6]

A compreensão da importância do cerimonial é fundamental. A reverência é uma introdução à aula que permitirá ao praticante afastar a mente das preocupações e stress cotidianos, permitindo-lhe a concentração que a prática das artes marciais exige.

Por outro lado as artes marciais tradicionais desenvolvem, através da sua prática, a agressividade de cada indivíduo (não confundir com violência). A reverência evita a degeneração de comportamentos agressivos, impedindo a falta de respeito pelo parceiro de treino.

Em todas as artes marciais tradicionais, podemos encontrar o reigisaho, concretizado de modo diferente de arte para arte, mas mantendo, quase sempre, o mesmo espírito e função.

No ocidente, a aceitação ou rejeição do ritual da reverência, correlaciona-se com a atitude, mais ou menos tradicional que os praticantes têm para com o budô. Nas escolas tradicionais, havendo um processo mais profundo de aceitação da cultura oriental, a forma de estar destes adeptos, dentro e fora do dojô, na prática marcial e na vida, traduz, em regra uma maior compreensão da etiqueta tradicional.

Tradicionalmente, no budô a etiqueta deve ser uma constante da vida. Os gestos devem ser belos, precisos, lentos, mesmo os mais cotidianos, como sentar, ou levantar, caminhar, ou dar algo a alguém. Pois “Cada gesto era para ser executado de modo que ele permita, na seqüência de uma cisão seguindo o ataque surpresa, a partir da resposta eficaz.” [7] É entendido, tradicionalmente, que a forma de reverenciar, só por si, revela o nível de compreensão da arte.

A função psicológica da prática marcial é influenciada pela reverência. A forma de fazer poderá dar-nos indicações sobre a personalidade de um praticante, se ele é tímido, agressivo, reservado, etc..

A reverência interfere não só com as funções psicológicas, mas também com as funções fisiológicas.

A reverência, considerada num plano prático, é uma tomada de consciência do corpo e do controle respiratório através de um movimento bem simples. E isto é tão verdade, que a estabilidade e segurança de um mestre, na reverência, são evidentes. De tal modo que o contrário também é verdadeiro. O valor marcial de um indivíduo revela-se na reverência. Não é acreditável que alguém que não consiga manter-se sentado de modo estável para saudar, consiga executar com eficiência um outro movimento. Os verdadeiros Mestres saúdam profundamente, de forma majestosa, porque toda sua experiência, seu conhecimento, sua humildade estão presentes em sua reverência. [8]

O controle da respiração pode ser exemplificado com a reverência em pé, com os pés em musubi: Os calcanhares devem estar unidos, a frente dos pés afastados cerca de 45.º, pernas direitas, coluna vertebral ereta, ombros naturalmente colocados na sua posição anatômica, mãos abertas e dedos esticados, colocadas lateralmente nas coxas. No instante anterior ao da reverência inspira-se. Quando o tronco faz uma certa flexão em frente, expira-se. No momento em que o tronco retorna à vertical inspira-se novamente, podendo a expiração seguinte servir para a execução imediata de uma técnica, seja de ataque ou de defesa. A descrição respiratória é válida para a reverência feita a partir da posição de sentado – seiza.

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Num dojô podemos encontrar vários tipos de reverências.

A prática marcial começa com uma reverência interna, a reverência a si mesmo, dirigida ao íntimo de cada um, com a qual se pretende alcançar o Mestre Interno [9].

Ao entrar no local de prática há uma primeira reverência exterior, aquela que é feita ao dojô, com a qual se demonstra respeito ao lugar da prática.

Com o início da aula todos os praticantes executam, ao mesmo tempo, uma reverência à tradição passiva. Esta reverência feita em direção ao kamiza, (local dos deuses), onde simbolicamente a tradição passiva se condensa, é o kamiza ni rei, ou shomen ni rei. Representa o respeito pelos mestres que nos antecederam, pela cadeia de transmissão do saber. Exprime o respeito pelas gerações anteriores, que nos legaram a arte com sofrimento e por vezes com o custo da própria vida. É não só uma humilde e sincera homenagem à tradição passiva, mas também uma forma de inspiração no seu exemplo.

Segue-se a reverência à tradição ativa. O Mestre volta as costas ao kamiza e é saudado – é o sensei ni rei. Traduz o respeito devido ao Mestre, como representante, através da atividade de ensino e de aprendizagem do budô, da tradição ativa.

Se estiverem perante a classe vários mestres há, neste momento, lugar ao yudansha ni rei, a reverência entre os mestres.

Segue-se, durante toda a prática, no início de cada exercício, de cada técnica, de cada combate, a reverência ao companheiro, o otogai ni rei. Representa o respeito profundo pela integridade física e psicológica do outro. Significa que, através do nosso esforço e empenho na prática, lhe vamos proporcionar a possibilidade de progredir.

No fim de cada aula repete-se o percurso acima referido, com pequenas alterações na ordem das saudações.

Algumas escolas tradicionais, ainda cultivam o sempai ni rei, reverência entre os alunos mais adiantados e os mais novos – o Mestre já não faz a reverência. Representa o respeito que é devido pelos mais novos aos anciãos – sempai.

Durante a reverência, o estado de alerta, zanshin, e de antecipação deve ser permanente para evitar um ataque de surpresa. Este estado tem a ver com a percepção paranormal desenvolvida pelas artes marciais tradicionais, pelo maior ou menor potencial de ki do praticante. Mas neste trabalho não desenvolveremos estes temas, pois são questões que agora não nos ocuparão.

Deve ter-se presente que as noções de sensei, sempai, ou principiante são relativas. Como regra deve reter-se que um praticante novo deve inclinar-se profundamente, ao que o sensei responderá com uma ligeira inclinação. Assim numa aula um shodan pode ser sensei e na aula seguinte, ministrada por um 5.º dan, em que todos os outros alunos têm graduações entre 2.º e 4.º dan, não passa de um principiante.

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A maneira de efetuar a reverência tem vários entendimentos: um marcial, outro energético e outro simbólico. 

Ilustremos o que se afirma com reverência praticada em seiza. A primeira mão a ser colocada no solo em frente do corpo é a mão esquerda. No plano marcial, em caso de ataque do adversário, a mão direita pode desembainhar uma arma ou executar um movimento defensivo, se não houver armas. Se baixasse as duas mãos ao mesmo tempo isso não aconteceria.

No plano energético, a mão esquerda está associada à energia negativa (ura) e a mão direita à energia positiva (omote). Aquela tem um efeito destrutivo, esta tem um efeito construtivo.

O descer da mão esquerda à terra é um gesto simbólico da recusa de fazer mal, em relação àquele que é saudado. Em simultâneo, o contacto da mão com o chão neutraliza a potencialidade energética desta mão destruidora.

Com a colocação das duas mãos no chão, estas formam um triângulo equilátero. No plano marcial a finalidade é a de evitar um ferimento grave no nariz. Em caso de ataque à cabeça por parte de um adversário, o nariz está protegido e não será esmagado no chão.

Em nível energético permite a circulação de energia em circuito fechado, possibilitando a concentração mental. Este gesto simboliza a reunião de três lados: o homem, o céu e a terra. Também simboliza a junção entre tradição passiva e a tradição ativa, em que o Mestre desempenha um papel fundamental: é ele que transmite o conhecimento que já anteriormente lhe tinha sido transmitido. É um circuito de transmissão do conhecimento.

O triângulo simboliza também a capacidade de defender, assim como também a de atacar. A consciência do elevado valor energético e marcial da etiqueta e da cortesia deve estar sempre presente naqueles que seguem o budô.

Referências

[1] A etiqueta e a cortesia.

[3] O local de estudo da via, do caminho.

[4] Vide pg. 14, DELORME, Pierre, Dōjō. Le temple du sabre. Éditions Budostore, col. La Budothèque, 1994: Paris, pgs. 248.

[5] Vide pg. 81, ZEN e a arte do tiro com arco, Ed. Assírio & Alvim, col. sete estrelo, Março de 1997: Lisboa, pgs. 85.

[6] Vide pg. 11, DURIX, Claude, apud DELORME, Pierre, op. cit.

[7] – Vide p. 57, HABERSETZER, Roland, Le guide Marabout du Karaté, col. bibliotheque marabout service, éditions Gerárd & C.ª, 1969: Verviers (Belgique), pgs. 415.

[8] Vide pg. 198, Jazarin, El Espíritu del JUDO. Charlas com mi maestro. Ed. Eyras, col. cinturon negro, 1996: Madrid, pgs. 256.

[9] A prática implica sempre uma orientação segura, ministrada por um sensei, palavra pode ser entendida como «aquele que indica luz». Ora há sempre na relação Mestre-Discípulo uma transmissão para a luz. Contudo a relação com o Mestre possibilita que, cada um, no seu caminho, se projete sobre si próprio descobrindo no seu interior o seu próprio mestre – o Eu. Ou seja «cada um tem em si o seu Mestre, cada um é guru de si próprio».

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Colaboração:http://bukaru.zevallos.com.br

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Aikidô – Técnicas Básicas – Kihon Waza – Por Morihiro Saito Shihan

20/02/2013

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A importância de uma sólida compreensão das técnicas básicas não pode ser deixada de lado. Muitas escolas de Aikidô ensinam principalmente Ki no Nagare, ou seja, técnicas com fluidez de Ki. Neste tipo de treinamento, as técnicas são executadas a partir de um movimento inicial dispensando totalmente a prática básica onde você permite ser agarrado firmemente. Este tipo de prática pré-arranjada é bem sucedida somente quando ambos os parceiros cooperam completamente. Problemas ocorrem, no entanto, quando estudantes acostumados somente com este tipo de treinamento são confrontados com um oponente forte e não cooperativo. Treinando-se somente Ki no Nagare fica-se totalmente despreparado para a força e ferocidade de um ataque real. Os ataques fracos e não diretos realizados neste tipo de treinamento são comuns no moderno Aikidô, no entanto este modo de treinamento é totalmente contrário aos princípios marciais ensinados pelo fundador.

Aqueles que praticam as técnicas básicas, opostamente àqueles que treinam exclusivamente as técnicas em Ki no Nagare, aprendem como lidar progressivamente com ataques fortes. A fim de realizar isto, você deve estar certo de que quando estiver agarrando seu parceiro de treinamento, esteja fazendo-o firmemente e com uma real intenção. Se seu parceiro é incapaz de mover-se, então diminua a força de seu ataque até que ele ou ela seja capaz de executar uma técnica apropriada. Sempre regule a intensidade de seu ataque ao nível de seu parceiro.

No treinamento básico, todas as técnicas começam a partir de um Hanmi, ou postura preparatória. O Hanmi no Aikidô é uma postura triangular com o pé da frente voltado para frente e o pé de trás perpendicular ao frontal e voltado para o lado. A capacidade de mudar de posição rapidamente mantendo-se estável e girando os quadris completamente, depende de um apropriado Hanmi. As duas posições mais comuns são: Gyaku Hanmi (posição invertida) e Ai Hanmi (posição igual). Em Gyaku Hanmi você e seu parceiro têm os pés opostos à frente, enquanto que em Ai Hanmi ambos têm o mesmo pé a frente. Esta distinção é muito importante e, na maioria das vezes, o sucesso na execução das técnicas do Aikidô dependerá de iniciá-las no Hanmi apropriado.

Uma deficiência comum no treinamento de hoje é a falta da prática dos Atemi, ou ataques em pontos vitais. Os Atemi são usados para enfraquecer ou neutralizar um ataque do oponente para criar-se assim uma situação favorável na qual se pode executar uma técnica. Em muitas situações é virtualmente impossível desequilibrar um oponente forte, suficientemente para aplicar uma técnica sem recorrer-se ao Atemi. Aqueles que afirmam que o uso de tais ataques (executados com o intuito de tirar atenção do oponente do objetivo principal da técnica) é muito violento ou “não é Aikidô” ignoram os conceitos do Aikidô ensinados pelo fundador que dava grande ênfase sobre a necessidade de tais movimentos durante o treinamento. Os Atemi são uma parte essencial das técnicas básicas e também avançadas, e não devem ser omitidos de sua prática.

O fundador sempre iniciava as sessões práticas com os exercícios de Tai no Henko e Morote Tori Kokyo Ho. Ele terminava cada prática com o treinamento de Suwari Waza Kokyu Ho. Os exercícios de Tai no Henko constituem a base dos movimentos Ura, ou movimentos girando, e os dois Kokyu Ho, ou métodos de respirar, ensinam como respirar corretamente, a coordenação apropriada do corpo e como estender o Ki intensamente.

No treinamento do Aikidô nós abrimos nossos dedos para estender o Ki através dos braços. Abrir os dedos é uma forma de aprender as técnicas básicas, um treinamento que permitirá a você executá-las sem usar qualquer força. Abrindo os dedos quando seu pulso é subitamente agarrado torna-o mais grosso, e dá a você uma vantagem. Para aqueles aprendendo defesa pessoal é dito para abrirem seus dedos quando agarrados porque o braço torna-se difícil de segurar.

O Ki é algo adquirido naturalmente através da correta prática dos fundamentos básicos. Se você se preocupar de mais com o Ki, você será incapaz de mover-se. O Ki se manifestará por si mesmo naturalmente se você estiver treinando corretamente. Uma vez que você tenha desenvolvido o Ki, este fluirá livremente através de suas mãos mesmo quando seus dedos estiverem relaxados.

O fundador considerava as técnicas de Ikkyo até Sankyo como sendo movimentos preparatórios ao Aikidô. No Ikkyo você treina seu corpo; no Nikyo você “dobra” seu pulso para dentro estimulando e fortalecendo as juntas; no Sankyo você move seu pulso para fora na direção oposta. Através da prática destas técnicas, você desenvolve um corpo capaz de derrotar um inimigo com um único golpe. Estas técnicas básicas são sua preparação, e o treinamento nas técnicas do Aikidô começa através delas.

Outra parte essencial do treinamento dos fundamentos do Aikidô é o domínio da entrada e dos movimentos de giro. Se você decide avançar, você deve avançar totalmente. Se você decide girar para trás deve fazê-lo completamente. É difícil avançar depois de desviar um golpe, a menos que você possua uma vantagem em força. Portanto, gire sempre que necessário, como quando estiver em uma situação onde você seja incapaz de bloquear. A prática de técnicas girando é também necessária para se aprender como mover-se livremente.

Recentemente, o Termo “Takemussu Aiki” tem sido usado bastante livremente, porém parece que poucas pessoas compreendem seu significado. Takemussu Aiki refere-se a um estado onde técnicas nascem infinitamente como resultado do estudo dos princípios do Aikidô.

No treinamento do Aikidô – que inclui técnicas de mãos vazias, Aiki Ken e – é importante fazer claras distinções. Estas incluem as distinções entre Ikkyo e Nikyo, Omote e Ura, técnicas básicas e Ki no Nagare, e técnicas aplicadas (Oyowaza). Em uma recente viagem à Itália, experimentei executar tantas técnicas quanto podia. Concentrando-me apenas sobre as técnicas básicas, Ki no Nagare, variações e técnicas aplicadas, acabei por realizar mais de 4 centenas de técnicas, e estou certo de que o número teria subido para mais de 6 centenas caso tivesse incluído técnicas partindo da posição sentada, Hanmi Handachi (Atacante em pé, defensor sentado), e técnicas de contra-ataque.

Não importa quão esplendidamente as pessoas escrevam sobre Takemussu Aikidô, eles devem ser capazes de executar estas maravilhosas técnicas por si mesmas, se eles estão sendo considerados como professores. Se vocês continuarem a praticar assiduamente de acordo com o método tradicional, alcançarão o estágio onde serão capazes de executar um número infinito de técnicas desde as básicas até as mais avançadas.

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Tradução: Sensei Rubens Caruso Jr.

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Issen no Mai – Momento do Movimento – Por Kisshomaru Ueshiba

31/01/2013

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Katame (Controle)

Muitos mestres de várias disciplinas já falaram sobre a unidade ou sobre estar parado ou em movimento como sendo a parte central de suas artes. O mesmo acontece com os movimentos do Aikidô. Mesmo com a ênfase no movimento livre e fluido, bem como circular, o Fundador Morihei também ensinou que eram necessárias as técnicas de imobilização controlada.

Nas técnicas do Aikidô, as juntas nunca são dobradas em uma direção antinatural, as técnicas de imobilização devem ser vistas como uma forma aplicada de momento “parado” dentro do movimento.

As técnicas de imobilização, entretanto, não são estáticas, elas também devem manifestar a compreensão básica da conexão entre mente e energia. Assim, quando surge um ataque, ele deve ser neutralizado com fluidez natural, e então as juntas do oponente podem ser controladas. Descobrir como controlar a você mesmo e a seu parceiro através de técnicas de imobilização é um método superior de treinamento.

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Sabaki (Movimento)

Nas técnicas de Aikidô, movimento de avanço e movimento do corpo são como duas rodas de um veículo. Estes dois elementos se manifestam em todas as técnicas de Aikidô. O principio de “entrar” (avançar) é derivado de técnicas letais de antigas artes marciais, o principio do movimento do corpo é baseado nos padrões universais, e a união de ki-mente-corpo. Ambos os princípios precisam funcionar como um só.

Expressado de forma física, os movimentos do corpo no Aikidô são circulares e esféricos. Estes movimentos são fundamentais para o Aikidô. Um oponente pode ser puxado para dentro da esfera de outra pessoa com uma entrada certa e precisa; como um pião, mantenha-se estável no centro, e ponha em prática uma técnica eficiente. Para as técnicas do Aikidô, é essencial manter movimentos ilimitados e circulares.

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Irimi (Entrada)

Quando um atacante se atira contra você, no Aikidô nós instantaneamente deslizamos para o lado, avançamos sobre o ângulo cego do oponente (o lugar em que o oponente não pode contra-atacar), e evitamos o golpe. Este tipo de entrada decisiva, o instante em que (no passado) existe a questão de vida ou morte, é o coração das técnicas do Aikidô. O principio da entrada deve ser aprendido para a execução das técnicas Aikidô com precisão. O Fundador Morihei ensinou assim:

Assim que

O inimigo a minha frente

Ataca com sua espada,

Eu já estou

Às suas costas.

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Quando o inimigo

Corre para atacar

Avance um passo

Para o lado,

E corte profundamente!

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Estes poemas revelam a forma firme e inquestionável da natureza do irimi, avançar para controlar um oponente.

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Tradução: Jaqueline Sá Freire – Brazil Aikikai (Hikari Dojo – Rio de Janeiro).

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Exame de Faixa da Academia Central de Aikidô de Natal

12/07/2012

A Academia Central de Aikidô de Natal informa que sábado dia 14/07/2012 haverá mais um koshukai (treino livre), exame de faixa e confraternização. Todos estão convidados, aikidocas ou não, a prestigiar o evento. Entrada franca.

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Evento: Troca de Faixa da Academia Central de Aikidô de Natal

Data: 14/07/2012 – sábado

Horário: 15h:15m às 22h

Local: Rua João Ferreira de Melo, 2978, Capim Macio, Natal/RN (Mapa)

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Veja AQUI a programação da Academia Central de Natal para 2012.

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www.aikidorn.com.br

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Kawai Sensei – 2 anos de saudades

30/01/2012

A Comunidade Aikidoca Brasileira relembrou dia 26/01/2012, com saudade, de mais um ano da ausência física do Mestre e Exemplo, Reishin Kawai.

Em homenagem, um vídeo com belas cenas de Kawai Sensei AQUI !!!

Domo Arigato Gozaimashita, Kawai Sensei.

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Colaboração:

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O Blog I M P R E S S Õ E S informa…

05/07/2011

…que na barra acima foi adicionada nova página: LIVROS – fazendo companhia a Aikidô no RN, Vídeos de Aikidô e Projeto Aikidô. Acessem.

O conteúdo da página LIVROS foi dividido em: Aikidô, Ki, Zen, Samurais, Artes Marciais e Cultura Oriental. Links para livros on-line ou para baixar e-books em .pdf ao final da página.

Visite nossa prateleira: www.impressione.wordpress.com/livros

Colaboração: www.impressione.wordpress.com


Kawai Sensei – Primeiro ano de sua passagem (28/02/1931 – 26/01/2010)

26/01/2011

A Comunidade Aikidoca Brasileira relembra hoje, 26/01/2011, ainda com pesar e saudade, a passagem do primeiro ano de falecimento do Mestre e Exemplo, Reishin Kawai.

“Humanidade, cabeça tudo diferente, muito tem, budista tem, xintoísta tem, catolicismo tem, cada cada, respeito precisa, tudo interligado, entendeu?” Kawai Sensei.

“Cabeça não ocupada, não pensamento, não triste nada, ‘bida marabilhosa'” Kawai Sensei.

Domo Arigato Gozaimashita, Kawai Sensei.

Colaboração: www.aikidokawai.com.br e www.impressione.wordpress.com


Aikidô Natal – Encontro Anual – Sensei Rodrigo Martins

29/10/2010

 

Nos dias 4, 5, 6, e 7 de novembro de 2010, acontecerá na Academia Central de Aikidô de Natal o seu Encontro Anual. Aguarda-se a presença de Aikidocas do RN, PB, PE e CE, dentre outros Estados. Os treinos serão ministrados pelo Sensei Rodrigo Martins.

Sensei Rodrigo Calandra Martins foi, em 1999, designado por Kawai Sensei (Introdutor do Aikidô no Brasil) a trazer os ensinamentos do Aikidô ao estado do Rio Grande do Norte.

Em 99, no CONACAN (Candelária), nasceu a Academia Central de Aikidô de Natal. Hoje, com 11 anos de funcionamento, a Academia Central firmou-se no Estado, na Região e no País como sendo um exemplo no ensino da arte de Morihei Ueshiba.

 

Abaixo segue os horários do Encontro Anual

04/11 – Quinta Noite – Treino de abertura – 19h às 21h

05/11 – Sexta Noite- Seminário – 19h às 21h

06/11 – Sábado Tarde – Treino de encerramento – 16h:30min às 18h:30min

06/11 – Sábado Noite – Confraternização – 20h

07/11 – Domingo Manhã – Café da manhã – 9h

 

Investimento:

Alunos: R$45,00 até o dia 03/11 (com camiseta).

Alunos: R$55,00 durante o evento (com camiseta).

Visitantes de outros Estados: R$ 35,00 até dia 03/11.

Visitantes de outros Estados: R$ 45,00 durante o evento.

 

Inscrições na secretaria da Academia ou por depósito bancário.

Banco Bradesco – Ag. 2821-5 – C/C 17909-4

(enviar comprovante para aikidonatal@gmail.com)

 

Academia Central de Aikidô de Natal

Rua João Ferreira de Melo, 2978, Capim Macio, Natal/RN

(84) 3217-9182 – aikidonatal@gmail.com

www.aikidorn.com.br


Aikidô Natal – Academia Central – Exame de Faixa – Agosto/2010

17/08/2010

 

Sábado, 21/08/2010, 16h, na Academia Central de Aikidô de Natal, acontecerá mais um evento de troca de faixas. O evento, além de exame de faixa serve como confraternização entre os alunos dos diversos horários, seus familiares e amigos. Compareça você também. Leve um prato de doce ou salgado, sua bebida (não alcoólica) e comemore a harmonia, energia e as realizações. 

 

Local: Academia Central de Aikidô de Natal – ACAN

Dia e Hora: Sábado – 21/08/2010 – 16h

Endereço: Rua Professor João Ferreira de Melo – Capim Macio – Fundos do CCAB Sul

Telefone: (84) 3217-9182

Site: www.aikidorn.com.br

 

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AIKIDÔ, Um Amor Maior – Por Odorico Martins

08/04/2010

Meu primeiro contato com o Aikidô, como muitas pessoas, foi através de um livro. As imagens e a proposta enunciada soou em minha mente como algo que sempre esteve em mim, apenas estava adormecido.

Minha primeira vivencia com o Aikidô trouxe o caos a todos os meus conceitos pré estabelecidos. Começou a cair por terra tudo o que eu conhecia.

Era o começo de uma nova vida. Vida que hoje eu não consigo conceber sem ele.

Passei por diversos lugares, pois a mudança sempre fez parte de minha vida e isto me fez conhecer diversos professores (Sensei), alguns com técnicas apuradíssimas, outros também. Mas não quero me deter a nenhum em particular pois estaria sendo injusto, visto que cada um deles contribuiu de alguma maneira para o meu crescimento pessoal.

Hoje quero me deter apenas em um lugar. Lugar este onde aprendi o AIKIDÔ em sua expressão máxima, expressão esta que eu denomino AMOR.

Este lugar é NATAL. Academia Central de Aikidô de Natal. Um lugar inesquecível.

Lugar onde realmente descobri o que é SER humano. Lugar onde a graça dos movimentos se funde a beleza dos seres humanos. Falo beleza em um plano maior que apenas a estética. Falo sobre a beleza da amizade, da compreensão, da honra e do respeito.

Lá conheci pessoas fundamentais para minha vida e estas eu nunca esquecerei. Mais uma vez não quero citar nomes, pois senão começaria uma genealogia bíblica, visto que a ACAN tem muitos alunos e não menos professores. Mas este grande número deve-se ao prazer que o local proporciona, pelo aprendizado responsável e humanitário, assim como pelo simples convívio entre os participantes.

Tudo lá me encantou, tudo foi HARMONIA.

Sinto-me honrado em ter feito parte deste meio, de ter convivido com pessoas de tamanha qualidade.

Hoje tenho dado vários shomen uti’s na saudade, sufocado com yonkyos a tristeza de não estar mais aí.

Dou aula no Rio Grande do Sul, na cidade de São Leopoldo, e tem sido muito difícil para mim treinar em virtude das distâncias que me separam dos dojôs .  Carrego comigo apenas os ensinamentos daqueles que saudei ONEGAISHIMASSU e treinei. Levo em meu coração a pureza dos sentimentos que o AIKIDÔ exige. Carrego em minha alma o AMOR que sinto por cada um de vocês.

DOMO ARIGATO GOZAIMASHITA.

*Odorico Martins é graduado em Aikidô (Faixa-Preta 1º Grau – Shodan) pela Academia Central de Aikidô de Natal 

Colaboração: www.impressione.wordpress.com


Aikidô e o Princípio da Mente Vazia – MUSHIN – Por Marcus Vinicius Andrade Brasil

31/03/2010

Aquele que se aventura aos estudos das artes marciais, seja ela qual for, se depara, na maioria das vezes, com termos até então estranhos ao seu cotidiano. O próprio termo DO (caminho), termo presente no nome da maioria das artes japonesas – marciais ou não – como Kyudô, Karatê-Do, Judô, Shodô e também no Aikidô, além de indicar caminho, senda, é indicação de algo muito mais amplo, que seja, a própria vivência, a busca, o espírito incessante de se chegar próximo à perfeição naquilo que se propôs a fazer. É na realidade uma situação mais espiritual que física.

No Aikidô, dentre os termos usados tem um, em particular, que é pouco falado na sua literatura específica, mas bem difundido nos escritos Zen e sempre citado nas classes de Aikidô durante os treinos – O Mushin.

O Mushin, em sua etimologia, nasce da união de dois kanjis – Mu, vazio ou nulo e Shin, coração ou mente. Em tradução livre pode-se dizer que Mushin é mente vazia. Quem, em classes de Aikidô, nunca ouviu o Sensei falar em deixar a mente vazia?  Na maioria das vezes o mestre explica que se deve deixar a mente vazia, não pensar em nada (bem difícil para os ocidentais); não se ater a partes e ao mesmo tempo ver o todo. Explica ainda que se deve aguardar a ação do colega de mente vazia (não esperar nada de forma pré-estabelecida) e que em vista de tal atitude vem a facilidade na aplicação da técnica, pois o praticante não se atém a determinada forma e nem a determinada atuação do outro, fazendo o movimento fluir assim como os pensamentos, ou seja, deixa passar o ataque e adequar a defesa.

Mushin foi definido pelos estudiosos do Zen como um estado de consciência inconsciente ou de inconsciência consciente, o indivíduo está presente e ausente ao mesmo tempo. O vazio é o não apego, é a concentração no todo e não na parte, é o adequar-se, é, a grosso modo, o “fazer no automático”.

E como se chega ao Mushin? Como se chega ao ponto de fazer sem sentir o que faz? (Observe-se que não sentir o que se está fazendo não está ligado com a inconsciência pura, a consciência está adormecida, mas presente e sem interferir na ação). Como em todas as artes, é com o treino perseverante. Já disse em outras épocas o Guerreiro Espadachim Miyamoto Musashi: “tempere a si mesmo com mil dias de pratica e refine-se com dez mil dias de treinamento”.

Assim, partindo-se do pressuposto que não se deve, no Aikidô, separar a mente e corpo, e que o praticante deve estar integral na prática da arte, a percepção do Mushin vem a ser bem difícil.

Vê-se que o Mushin não pode se dissociar e passar para uma disciplina essencialmente mental ou essencialmente física. Não se pode atingir o Mushin através da razão pura e simples. No Mushin a mente não se prende a pensamentos, eles vêm e vão, a consciência passa a fluir livremente, de objeto a objeto, de sensação a sensação. Também não se deve controlar o corpo pela mente. O termo mente vazia determina que ela nunca está ocupada com uma determinada idéia, com concepção ou distinção, pelo contrário, por ela tudo passa e nada se fixa.

No Aikidô usamos o Mushin, e também podemos chegar ao Mushin através dele.  A fixação em pensamentos é uma tentação. Com o treinamento constante da arte do Aikidô podemos, com a prática, eliminar os pensamentos na aplicação das técnicas. O treinamento constante leva ao desprendimento e a simples atitude do fazer. É o “algo” que age, dogma difundido no Zen e no Cristianismo – “não sou eu que faço as obras, é o pai que as faz em mim; eu, de mim, nada posso fazer”. O treinamento constante da mente e do corpo leva o Aikidoca simplesmente a fazer o que deve ser feito e não conjecturar se deve fazer ou não.

No treinamento, cada ataque e cada defesa levam o praticante a se familiarizar com os movimentos e cada nova tentativa é uma chance de se não pensar em nada e agir. O praticante que fica a remoer uma técnica, seja bem ou mal aplicada e que poderia ter feito desta ou daquela forma, não está em conformidade com o Mushin. O Aikidoca que faz a movimentação de forma fraca e temerária vai levar esta fraqueza para a próxima tentativa; e se fez a movimentação de forma brilhante e objetiva também levará tal sensação para o próximo passo. De uma forma ou de outra será influenciado na aplicação da nova técnica que virá. Mas o Aikidoca que deixa a técnica, mal ou bem executada, de lado e parte para nova tentativa, livre de intenções e de definições, do início, e de mente limpa para a nova e única experiência, este sim, está no caminho do Mushin.

No Livro a Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen , o autor, Eugen Herrigel, descreve um estado que se observa, sem muito esforço, como sendo o Mushin:

Não se pensa em nada de definido, quando nada se projeta, deseja ou espera, e que não se aponta em nenhuma direção determinada… esse estado fundamental livre de intenção e do eu, é o que o mestre chama de espiritual

O Mushin “surge” quando o Aikidoca, que age, está separado do seu ato e os pensamentos não interferem no que ele faz. O ato (físico) inconsciente (mente) é o mais livre e descontraído de todos. Deixar a mente fluir, não se ater a partes ou pensamentos leva a respostas instintivas e prontas.

Na prática, quando se pensa em exibir perícia ou fazer uma bela apresentação diante dos mestres, o consciente do Aikidoca interfere no desempenho do físico e este vem a cometer erros. É necessário se eliminar da mente a sensação de que se está fazendo aquilo. A mente precisa mover-se entre as técnicas e suas passagens de forma que não se atenha nem nelas, nem na platéia e nem no colega que junto está na apresentação. No instante em que o Aikidoca está consciente do que está tentando, a fina força, fazer, o equilíbrio se desfaz e este simples momento de desarmonia interrompe o fluxo da movimentação. A atenção demasiada em algum ponto fará o Aikidoca se fixar naquilo que é apenas passageiro e assim travar o movimento.

O Mestre Zen Takuan Soho, em sua obra a Mente Liberta – Escritos de um Mestre Zen ao um Mestre de Espada – fala sobre o poder negativo de se prender a mente em um ponto.

“Se a pessoa situa sua mente na ação do corpo do oponente, sua mente será capturada pela ação do corpo do oponente”. 

Então, onde situar a mente? O próprio Takuan responde:

“Se não a situares em lugar nenhum, ela irá todas as partes do teu corpo e o preencherá inteiramente”.

E continua:

“Se tu te decidires por algum lugar e lá situares a mente, ela será capturada por este lugar e perderá sua função. Se a pessoa pensar, ela será capturada por seus pensamentos. Portanto, deixa de lado os pensamentos e a discriminação, lança a mente para fora do corpo inteiro e não a fixe nem aqui nem lá; então, quando ela visitar os vários lugares, ela realizará a função própria e agirá sem erro”

A mente presa é a uma das maiores armadilhas em que o artista marcial pode cair. Para não se prender nisso ou naquilo, em movimentos ou técnicas, em platéias ou no ego, além do treinamento árduo e a prática constante, há de se haver o desprendimento da mente na ação – O Mushin.

Por fim, observamos que o Mushin, além de importante princípio a ser seguido é atitude difícil de ser adquirida, é um princípio importante na prática marcial do Aikidô, mas, em contrapartida, atitude rara de ser observada. O treinamento constante, a prática reiterada das técnicas e o desprendimento na execução são formas de deixar a mente fluir e que podem levar ao Mushin. E você, já atingiu o Mushin?

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HERRIGEL, Eugen – A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen – Tradução do Inglês para o Português por J. C. Ismael – Ed. 23ª, 2009 – Editora pensamento – São Paulo/SP.

HYAMS, Joe – O Zen nas Artes Marciais – Tradução do Inglês para o Português por Cláudio Giordano – Ed. 1ª, 1992 – Editora pensamento – São Paulo/SP.

KUSHNER, Kenneth – O Arqueiro Zen e a Arte de Viver – Tradução do Inglês para o Português por Paulo César de Oliveira – Ed. 2ª, 1992 – Editora Pensamento – São Paulo/SP.

SOHO, Takuan – A Mente Liberta – Escritos de um Mestre Zen a um Mestre da Espada – Tradução do Japonês para o Inglês por William Scott Wilson – Tradução do Inglês para o Português por Marcelo Brandão Cipolla – Ed. 1ª, 1998 – Editora Cultrix – São Pulo/SP.

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* Marcus Vinicius Andrade Brasil é graduado em Aikidô (Faixa-Preta 4º Grau – Yondan) pela Academia Central de Aikidô de Natal

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Colaboração:

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Aikidô – Por Israel Félix de Lima Júnior

26/03/2010

Em certo momento da minha vida, onde já tinha treinado por alguns anos algumas artes marciais, soube de uma nova arte que havia feitos mirabolantes e de tamanha maestria e elegância, comecei a pesquisar cuja arte poucos sabiam em Natal/RN. O tempo passa e o universo conspira e, em um dia qualquer me deparo com panfletos informando sobre cuja arte havia iniciado a busca em outrora, logo, de prontidão vou ao dojô, assisto ao treino e de imediato decido treinar. O Sensei Rodrigo, observando minha ansiedade me pede para fazer um treino experimental primeiro, porém, decidido como uma flecha lançada, já me matriculo e começo a treinar.

A idéia de força física e a resolução de problemas através da pancada foi logo frustrada nos primeiros treinos, começo a observar que haveria sempre alguém mais habilidoso e mais forte que eu e, isso não seria propriamente força física, então, comecei a experimentar a sensação de fraqueza e tais sentimentos me mostraram que eu estava estudando algo completamente diferente e grandioso, me apaixono pela arte em que outrora ansiava tanto em conhecer.

A dedicação desprendida no decorrer dos treinos e do tempo, me fizeram ver que a força sugerida pela filosofia do Aikidô era espiritual, nesse momento descubro o quanto sou fraco e o quanto o caminho é longo e árduo. As experiências galgadas com mestres e colegas diferentes me fizeram ver o tamanho da riqueza do Aikidô e fortaleceu a minha compreensão sobre a filosofia, a força espiritual, mesmo o caminho sendo individual há necessidade da cooperação dos colegas, pois o individuo só existe porque há o todo.

Ao chegar aos dez anos de treino e ao 3º Dan, sinto como se eu tivesse dado o primeiro passo para essa longa jornada, pouco conheço sobre minha pessoa, a cada treino a cada novo colega, a cada Sensei, observo que pouco sei e que muito tenho a aprender.

* Israel Félix de Lima Júnior é graduado em Aikidô (Faixa-Preta 3º Grau – Sandan) pela Academia Central de Aikidô de Natal

Colaboração: www.aikidorn.com.br


Projeto Aikidô – Escola Municipal São Francisco de Assis – Yasugi Aikidô Dojô

21/03/2010

Na manhã do sábado, 20/03/2010, a Escola Municipal São Francisco de Assis esteve mais uma vez em festa; aconteceu a primeira Troca de Faixa do Projeto Aikidô. Oito Aikidocas do Projeto, dentre os participante, foram avaliados e receberam promoção à faixa-amarela (5º Kyu).

A Banca Examinadora foi composta por 04 (quatro) membros graduados Faixa-Preta em Aikidô do Estado do RN: Sensei Sérgio Pellissari (3º Dan Aikikai) representando a Academia Central de Aikidô de Natal; Israel Lima Jr. (3º Dan Aikikai); Paulo Wanderley (1º Dan Aikikai) e Vinicius Brasil (3º Dan Aikikai) e responsável pelo Projeto Aikidô da Escola Municipal São Francisco de Assis.

Aproveitando as festividades do evento de Troca de Faixa foi divulgado aos presentes o nome e a logomarca do Dojô responsável pelos treinamentos de Aikidô na Escola Municipal São Francisco de Assis, YASUGI Aikidô Dojô.

Ainda na festividade, foram homenageadas com certificados de reconhecimento, os participantes da Banca Examinadora, bem como, a Diretora da Escola Municipal São Francisco de Assis, Maria da Natividade Moura Rodrigues e a Vice-Diretora, Roselane Praxedes, pelo bom trabalho e pelo apoio ao Projeto Aikidô e seus Voluntários.

YASUGI Aikidô Dojô

Nome em homenagem ao Mestre em Aikidô, o Sr. Reishin Kawai (conhecido no meio do Aikidô Nacional por Kawai Sensei), pessoa que foi designada pelo Hombu Dojo – Central de Aikidô no Japão – para difundir o Aikidô no Brasil e na América do Sul.

Nascido no Japão, na cidade de YASUGI, prefeitura de Shimane e falecido em janeiro deste ano em São Paulo/SP, Kawai Sensei representou no Brasil o Aikidô de Morihei Ueshiba durante 46 anos.

Assim, em reconhecimento e respeito ao Mestre Reishin Kawai, ficou determinado que o Dojô teria o nome de sua cidade natal, Yasugi, e se chamaria YASUGI AIKIDÔ DOJÔ.

Projeto Aikidô

Trabalho Voluntário, em prol das crianças do bairro de Nazaré e Bom Pastor (Natal/RN), nas dependências da Escola Municipal São Francisco de Assis, promovido por Marcus Vinicius Andrade Brasil, Advogado no RN, 3º Dan de Aikidô e Guilherme Augusto da Silva Lemos, Universitário, 1º Kyu (Faixa-Marrom) de Aikidô.

Promovidos para 5º Kyu – Faixa Amarela – no 1º Exame de Faixa do YASUGI Aikidô Dojô.

Alan Gustavo Pessoa Machado

Alyson Augusto Pessoa Machado

Josemar Veríssimo da Silva Júnior

Joyce Karoline dos Santos Hermógenes

Manoel Rafael da Silva Gomes

Maria Luiza Silva da Costa

Wesley Mateus da Silva

Weslley Leandro da Silva Freire

Para Informações sobre o Projeto Aikidô – YASUGI Aikidô Dojô, entre em contato com Vinicius Brasil e Guilherme Lemos pelo e-mail: mvabrasil@yahoo.com.br

Colaboração: www.impressione.wordpress.com


O Aikidô na Minha Vida – Por Giovanni Nóbrega de Paiva

17/03/2010

Sou professor de Educação Física (Judô e Aikidô) e pratiquei algumas artes marciais como: Karatê Shotokan, Kung Fu Shaolin, e atualmente pratico além do Aikidô, o Jiu-Jitsu.

Foi através do convite de uma aluna do Judô, que conheci a Academia Central de Aikidô, na época o Sensei da academia era Rodrigo Martins que foi uchideshi do Sensei Kawai. A empatia foi imediata, iniciei os treinos vivenciando no dia a dia toda etiqueta dessa arte, técnicas e um ambiente de muita harmonia, tudo muito parecido com os ensinamentos do judô.

Ao realizar as técnicas de Aikidô, percebi a sutileza e suavidade com que elas são aplicadas, e que é através dos movimentos circulares que os movimentos tornam-se ainda mais eficientes.    

Certa vez, um grande mestre estava meditando e observando a neve cair sobre as árvores, duas delas lhe chamaram a atenção: o salgueiro e o carvalho, quando a neve caía sobre os galhos do carvalho, acumulavam-se em grande volume, visto que, os galhos eram robustos e suportavam por um determinado tempo o peso da neve, mas rompiam-se bruscamente promovendo conflito, já o salgueiro era diferente ao receber a neve, por menor que fosse a quantidade, dobrava-se com flexibilidade, deixando a neve cair sem nenhum esforço e depois retornava ao estado inicial.

Com isso, o mestre verificou que ceder é mais interessante que se opor, ser flexível e adaptar-se sem confronto é melhor e gera menos conflitos, a partir dessa reflexão criou-se a primeira academia, a do coração do salgueiro.

O Aikidô por se tratar de uma arte mais sutil e suave não precisa da neve, mas da suavidade do vento para ceder sem conflito e promover uma nova perspectiva de caminho ou direcionamento, em que ambos (sem conflito e resistência) resolvem percorrer harmonicamente.

* Giovanni Nóbrega de Paiva é graduado em Aikidô (Faixa-Preta 3º Grau – Sandan) pela Academia Central de Aikidô de Natal

Colaboração: www.aikidorn.com.br


A Prática do Aikidô na Infância Constrói Cidadãos de Bem – Por Hellen Suely dos Santos Lima Paiva

11/03/2010

Por se tratar de uma arte marcial não competitiva, o Aikidô tem sido procurado por muitos pais, que desejam que seus filhos pratiquem esportes que tenham essa filosofia, já que as modalidades oferecidas nas escolas são direcionadas para definição de um vencedor e um perdedor, o que expõe essas crianças ao estresse, problemas físicos e muitas vezes psicológicos.

No momento em que vivemos, sempre estamos sendo cobrados à competitividade, quer seja no ambiente familiar, escolar e nos mais variados grupos sociais, daí a necessidade da procura de “válvulas de escape” para encontrarmos o equilíbrio. É aí que entra o Aikidô, uma arte marcial que busca a cooperação, a harmonia e a necessidade do outro para concretização da técnica. Dentre tantos benefícios para as crianças e adultos, o Aikidô também trabalha o condicionamento físico, a coordenação motora fina e ampla, a concentração, disciplina, respeito e socialização.

O ambiente harmônico onde se pratica o Aikidô favorece à aquisição de todos esses benefícios, pois é nesse momento que minimizamos a agitação do dia a dia, nos concentrando na respiração e na busca da paz interior.

Nas aulas com crianças não podemos esquecer de incluir o lado lúdico, que sempre são praticados ao final dos treinos, através da inclusão de jogos cooperativos, onde o trabalho em grupo é bastante focado, dentre as brincadeiras podemos citar: coelho na toca, bandeirinha, tica corrente, tica ajuda, estafetas, entre outras.

Na Academia Central de Aikidô de Natal, além das aulas em si, também são oferecidas oficinas de Educação Ambiental e Sustentabilidade, onde além das crianças, os pais também são convidados a participar. Nesses encontros, inicialmente temos um bate-papo inicial, onde vivenciamos experiências pessoais relacionadas às questões ambientais, sobre a atual situação do planeta e o que a falta de cuidado com a nossa casa (a Terra) pode ocasionar para as futuras gerações. Logo após confeccionamos objetos, utilizando como matéria prima o resíduo descartado (o lixo) e posteriormente fazemos um lanche coletivo.

Enfim, a prática do Aikidô além do trabalho marcial e corporal, contribui também para construção de cidadãos de bem, responsáveis e produtivos para sociedade.

* Hellen Suely dos Santos Lima Paiva é graduada em Aikidô (Faixa-Preta 2º Grau – Nidan) pela Academia Central de Aikidô de Natal

Colaboração: www.aikidorn.com.br


A Respiração no Aikido – Um Caminho para a Harmonia – Por Maria Cristina Cuono Pereira

08/03/2010

“Para viver, precisamos respirar – em japonês ’kokyu’. Podemos sobreviver durante semanas sem comida, durante dias sem água, mas não podemos deixar de respirar por mais que alguns minutos.” – Mitsugi Saotome

Quando se inicia na prática do Aikido sempre se ouve do Sensei que tudo é fluido e que se deve trabalhar a circularidade para se obter energia e proteção… Esse aspecto, à primeira vista tão contraditório quando se fala em Artes Marciais – o que sempre recorre à idéia de ataques violentos em pontos vitais, reveste-se de importância capital.

Numa visão inicial, tem-se a sensação de que tudo isso não faz parte da realidade dessa arte marcial e que o necessário é, realmente, atacar o nosso oponente. Ledo engano.

Depois de alguns anos de prática, pode-se perceber toda essa circularidade, incansavelmente citada desde o início dos treinos e que mais importante do que atacar é esperar, controlar-se, buscar o equilíbrio e reforçar a proteção. Para proteger, é necessário respirar e se encher de energia qualificada, purificando cada célula do corpo.

Outrossim, com o benefício da respiração controlada, aprende-se a trabalhar a ansiedade de querer estar sempre tomando decisões precipitadas, interrompendo, com isso, o ciclo natural da energia dentro de cada um.

Quando se praticam atos violentos ou impensados, as conseqüências são logo notadas pelo excessivo desgaste, perdendo-se muito tempo e energia para, novamente, alcançar a harmonia e o equilíbrio, algo inacessível quando não se recupera a respiração e o autocontrole.

Os limites que podem ser atingidos em estados alterados, bem como a técnica que se deve utilizar para retornar ao estado de equilíbrio, dependem, antes de qualquer coisa, de se possuir conhecimento de suas próprias características. Quando se busca esse autoconhecimento, pode-se entender melhor toda a dinâmica dos movimentos que ocorrem, sempre, num macro e micro cosmos.

Nas técnicas do Aikido, todo o movimento se inicia a partir de nosso centro (micro) e se expande até envolver o outro praticante (uke) no mesmo caminho ao qual a energia vai se moldando (macro).

Dentro de todo o movimento de Aikido, sempre acontece esse pequeno e grande deslocamentos, envolvendo a capacidade de concentração na respiração. Quanto mais concentrados no fluxo respiratório dentro de si mesmos, mais se pode relaxar e ter uma consciência cada vez maior da cinemática envolvida nas técnicas.

Kokyu (respirar) é a palavra que define todos os movimentos dentro das espirais de energia trabalhadas através dos chakras e expandidas no movimento de cada técnica praticada no Aikido.

A respiração é extremamente importante para todo e qualquer movimento. Sempre que se esquece a forma correta de respirar, cansa-se mais rapidamente e se torna mais comum se desconcentrar no movimento.

Quando entendemos melhor o caminho percorrido pela respiração no nosso próprio corpo, entendemos o que é relaxamento. Se nos concentrarmos na nossa respiração e relaxarmos em cada movimento, conseguimos uma melhor desenvoltura nas técnicas e, consequentemente, um melhor condicionamento físico.

Quando não se entende o caminho percorrido pela energia da respiração no corpo, limita-se o seu desempenho, expõe-se às contusões e fraturas, além de não se aproveitar o melhor de todo o treinamento, que é o alongamento.

Ao oxigenar-se todo o corpo através de uma melhor respiração, relaxamento e alongamento em cada técnica praticada, sente-se uma sensível melhora na saúde.

Sentimo-nos mais dispostos, atentos e preparados para o dia a dia, as vicissitudes da rotina e para se vencer os maiores inimigos de qualquer um: suas próprias limitações e imperfeições.

No Aikido busca-se encontrar a verdade interior e somente se pode conhecê-la, por meio da busca incansável da perfeição. Superando cada vez mais os próprios limites, e através da respiração, expandindo a consciência para níveis cada vez mais elevados da compreensão do Universo.

Com uma maior concentração no caminho que a energia da respiração percorre no nosso interior, consegue-se superar os próprios limites, evoluindo e aprendendo cada vez mais intensamente. Nosso corpo fala e, através da respiração, consegue-se ouvi-lo e tudo ao seu tempo vai se modificando e melhorando.

Quando se percebe a necessidade de se estar atento à respiração, pode-se, realmente, começar a aprender o quê é o AIKIDO.

* Maria Cristina Cuono Pereira é graduada em Aikido (Faixa-Preta 3º Grau – Sandan) pela Academia Central de Aikido de Natal.

Colaboração: www.aikidorn.com.br


HOMENAGEM – Kawai Shihan

01/03/2010

No dia 28/02, foi realizado na Academia Central de Aikidô, em São Paulo, o Yudanshakai (treino de graduados) em homenagem a Kawai Sensei, com a presença de alunos de várias Estados. Representando a Academia Central de Aikidô de Natal compareceu o Sensei Sérgio Pellissari (3º Dan).

Ono Sensei, como atual Presidente da União Sul-Americana de Aikidô, abriu o evento que contou com a demonstração dos instrutores com graduação de Godan (5º Dan) e Rokudan (6º Dan).

Pela tarde, foi celebrada uma missa budista de 35 dias de Kawai Shihan, com a presença dos alunos e amigos que vieram prestar suas homenagens ao Grande Mestre.

Colaboração: http://aikidopesquisa.wordpress.com


Missa da Passagem de Kawai Sensei

25/02/2010

Será realizada na Academia Central de Aikidô em São Paulo, no dia 28 de Fevereiro, 16:00h, missa referente à passagem de Kawai Sensei ao plano espiritual. Dia 28/02, ainda, seria comemorado seu aniversário se neste plano ainda estivesse.

Serão bem vindos os aikidocas filiados à União Sul Americana de Aikidô, discípulos, clientes e amigos de Kawai Sensei que sentem gratidão e desejam com a sua presença prestar homenagem ao saudoso mestre.

Colaboração: www.aikidokawai.com.br  


Kawai Sensei – Nota de Falecimento – Aikidô Brasileiro em Luto

27/01/2010

Faleceu na noite do dia 26/01/2010, Reishin Kawai, Introdutor do Aikidô no Brasil.

Kawai Sensei, como era conhecido no meio do Aikidô nacional veio a falecer aos 78 anos. O enterro será hoje (27/01) às 17:00h no cemitério de Congonhas. Kawai Sensei era o único com a graduação de 8º Dan no Brasil.

O Blog IMPRESSÕES presta homenagem ao grande mestre Reishin Kawai Shihan e solidariedade à família, amigos, discípulos e alunos, neste momento de profundo pesar.

Que Kawai Sensei seja sempre lembrado na história do Aikidô Brasileiro e que sua memória e ensinamentos não se diluam no tempo.

Kawai Sensei, Domo Arigatô Gozaimashita


Aikidô Natal – 10 Anos de Aikidô – Novos Graduados da Academia Central de Natal/RN

24/11/2009

Conforme prometido, segue a lista dos novos graduados da Academia Central de Aikidô de Natal (em ordem alfabética). Os novos graduados receberam seus títulos na presença do Mestre Reishin Kawai, 8º Dan de Aikidô, introdutor e representante do Aikidô no Brasil e do Sensei Rodrigo Martins, Fundador da Academia de Aikidô de Natal em 1999.

O evento foi parte da comemoração dos 10 anos de Aikidô em Natal/RN. Participaram também do evento o Sensei Rogério Paudejuenas (PB), Sensei Henrique (PE), e o Sensei Daniel (BA).

Atualmente Sensei Rodrigo reside nos EUA e a Academia Central de Aikidô de Natal está sob a direção de seus seguidores mais antigos: Marco Antonio Rocha, James Araújo, Sérgio Pellissari e Gabriel Lopes.

NOVOS GRADUADOS

Shodan – Faixa-Preta 1° Grau

Alberto Sérgio G. Chagas

Beethoven Feitosa Gouveia

Cristiana Silva Barbosa

Cristiano Baia F. Araujo

Diego Fernandes Sales

Francisco A. Feitosa Junior

Francisco Laurentino Pontes

Frank Düesberg

José Francisco Cosme Silva

Leonardo Carneiro Ventura

Louise Leiros F. Siqueira

Luiz Augusto O. Souto

Marcos José Nascimento

Marcos William Pontes

Paulo Wanderley Sá Leitão Neto

Roberta Macedo Xavier

Nidan – Faixa-Preta 2° Grau

Hellen Suely dos S. L. Paiva

Marcelo Murilo G. dos Santos

Sandan – Faixa-Preta 3° Grau

Cristos Xenophon Aravanis

Israel Felix de Lima Junior

Marcus Vinicius Andrade Brasil

Maria Cristina Cuono Pereira

Maroni Costa Leitão

Giovanni Nóbrega de Paiva

Colaboração: www.aikidorn.com.br


Kawai Shihan em Natal/RN – 10 anos de Aikidô em Natal – Exames de Dan

09/11/2009

No final de semana dos dias 31/10/2009 a 02/11/2009, ocorreu na cidade Natal, estado do Rio Grande do Norte, as comemorações pelos 10 anos de Aikidô Kawai Shihan naquela capital. O evento deu-se na Academia Central de Aikidô de Natal com a presença do Sr. Reishin Kawai, 8º Dan de Aikidô e introdutor da arte no Brasil.

Dentre os convidados, além do Kawai Shihan e de sua filha Cristina Kawai, o evento contou com a presença de Rodrigo Martins Sensei, responsável pela Academia Central de Aikidô de Natal e pela introdução do Aikidô da linhagem do fundador Morihei Ueshiba na cidade do Natal e dos demais Sensei(s) da Academia de Natal (Marco Antonio, James Carlos, Sérgio Pellissari e Gabriel Lopes).

De outros estados vieram: Rogério Sensei, representando o estado da Paraíba; Henrique Sensei, representando Pernambuco e Daniel Sensei, representando a Bahia e colegas da Academia de Natal em outras cidades (São Paulo/SP, Parnamirim/RN, Mossoró/RN). Além dos ilustres convidados, alunos dos respectivos mestres compareceram ao evento.

O evento teve início no dia 31/10/2009 com um treino de abertura ministrado por Rodrigo Sensei. Após o treino, os participantes saíram em comitiva ao aeroporto da cidade do Natal (em Parnamirim) para fazer as boas vindas ao Mestre Reishin Kawai e sua filha Cristina.

No dia 01/11/2009, domingo, logo às 07:00h da manhã, os candidatos a aquisição de grau e mudança de grau já estavam perfilados no tatame da Academia Central de Aikidô de Natal para receber o avaliador Kawai Shihan. O exame se deu, como de costume, em uma atmosfera de confiança, alegria e descontração.

Após os exames, aqueles que participavam, foram prestigiar a presença do Mestre Kawai em um almoço no restaurante Sal e Brasa e depois, outra comitiva o levou ao aeroporto para seu retorno a São Paulo.

No final da tarde do mesmo dia, às 16:00h, os alunos da Academia Central de Aikidô de Natal e seus convidados participaram em peso do último treino do dia ministrado por Rodrigo Sensei.

Na noite do referido dia, por volta das 19:30h, deu-se a festa do evento comemorativo aos 10 anos de Aikidô em Natal com a participação no palco da Academia Central de Aikidô da violonista e aluna da Academia, a Srta. Mariana; apresentação da cantora e também aluna da Academia Central, Srta. Themis; da apresentação de Rodrigo Sensei, Leonardo (Ex Tricor), e Aleksej também alunos da Academia Central e Marco Antonio Sensei e seu filho Yuri.

Por fim, em 02/11/2009, segunda-feira, ocorreu às 08:00h da manhã, o treino de encerramento do evento com a presença dos alunos e dos convidados dos vários estados para encerrar as festividades dos 10 anos de Aikidô Kawai Shihan em Natal/RN.

Em breve será publicada a lista com os novos graduados da Academia Central de Aikidô de Natal.

 

Conheça o aikidô

Aikidô Kawai Shihan – União Sul Americana: www.aikidokawai.com.br

Aikidô em Natal: www.aikidorn.com.br

Aikidô em Pernambuco: www.aikidope.com.br

Aikidô na Paraíba: www.aikidopb.com

Aikidô na Bahia: www.aikidobahia.com.br

 

Colaboração: www.impressione.wordpress.com


Aikidô: luta japonesa desenvolve habilidades profissionais – Uol Economia

05/10/2009

O maior motivo para a tensão dos profissionais de TI (tecnologia da informação) é a instabilidade, típica da profissão. Para combater este mal, que leva ao estresse, os executivos da área apostam em atividades diferenciadas.

O Aikidô, arte marcial criada no Japão em 1942 e que ensina o espírito japonês de amor às forças da natureza, é um exemplo destas atividades. Além de promover o bem-estar, ela ainda capacita o profissional para o ambiente corporativo.

Vantagens da prática

Para o diretor comercial da CSF Storage – empresa de tecnologia – Moacir Ladeira, é uma luta essencialmente defensiva, baseada em movimentos fluidos e circulares que ajudam a desenvolver a disciplina e organização, por meio de técnicas que podem incluir armas como espadas, facas de madeira e bastão.

Para ele, é um verdadeiro exercício de autocontrole. “Aprendemos com paciência e com concentração a controlar os atos e avaliar os caminhos que queremos seguir e onde devemos chegar“, explicou.

Colaboração: http://economia.uol.com.br


Aprender com o Espírito – Por Makoto Nishida Sensei

30/09/2009

Existem vários estilos no Aikidô. Nos dojôs e em demonstrações, podemos ver que cada praticante possui um estilo diferente: movimentos lentos, movimentos rápidos, movimentos vigorosos, movimentos que parecem uma dança e muitos outros.

Mas, por quê? Isto porque o Aikidô é uma arte de grande amplitude. O objetivo do Aikidô não é impressionar os outros com a força física, mas sim expressar os movimentos do espírito através do corpo. Além do que os movimentos do Aikidô são relativos ao parceiro, ficando mais lento se o parceiro for lento ou mais rápido se o parceiro for mais rápido, e mais, os movimentos dependem das características físicas e dos pensamentos de cada um.

O fundador Morihei Ueshiba pregava severamente sobre a importância do espírito, mas parece que ele não enquadrava detalhadamente os movimentos. Entre as palavras do fundador existe uma que diz: “No Aikidô não existem formas. Não existindo formas, é tudo um aprendizado do espírito. Não se pode apegar às formas. Isto porque impossibilita a execução de movimentos delicados. A partir do corpo, tudo o que possui uma forma é chamado de “HAKU”. O espírito de tudo o que existe é chamado de “KON”, e nosso objetivo é aprender o aperfeiçoamento do “KON”. Hoje tudo é centralizado no “HAKU”, mas “KON” e “HAKU” sempre devem estar juntos. O “KON” é que deve controlar o “HAKU” “. Isto nos mostra que o ideal do Aikidô é de que o espírito é o principal, devendo o corpo se movimentar de acordo com o movimento do espírito.

Assim, todo o movimento oriundo do espírito do “Aiki” seria Aikidô. O problema é que sem uma forma determinada, é impossível aprender. Sendo assim, foram criadas técnicas básicas (KIHON), por exemplo: dai-itikyo, dai-nikyo, shiho-nague, etc. para que se possa treinar metodicamente. A partir do KIHON, devemos aprender os movimentos esféricos e por meio deste, sentir o Ki, para atingirmos a essência do Aiki. Este é o caminho indicado pelo fundador.

Vendo as demonstrações dos alto-graduados, apesar dos estilos diferentes, sempre existem movimentos circulares, o que nos impressiona. Os movimentos circulares são a manifestação do espírito do Aiki, sendo isto o princípio do Aikidô.

Existem vários dojôs de Aikidô, mas o importante é que o instrutor consiga ensinar os movimentos circulares através dos treinos básicos. O mais importante é aprender os movimentos circulares através do treino persistente do KIHON. O fundador disse “Eu sou o que sou hoje, pelos 60 anos que treinei o KIHON“. São palavras que advertem os que, sem saber o KIHON, tentar apenas imitar superficialmente as técnicas.

*Makoto Nishida – 6o. Dan de Aikidô – Representante de FEPAI

 

Colaboração: www.linseidojo.com.br  


Ukemi e a função do medo – Por Rubens Caruso Jr.

17/07/2009

Normalmente enxergamos a função do Uke como sendo simplesmente ser imobilizado, arremessado ou ferido. Nada poderia estar mais distante de sua verdadeira função durante o treinamento. Aprender a receber corretamente uma determinada técnica, proporcionando ao parceiro a possibilidade de estudá-la corretamente é algo realmente difícil.

Geralmente cedemos com relutância nosso corpo ao parceiro, esperando somente nossa vez de executar a técnica. Agindo dessa forma impedimos o crescimento de nosso parceiro e o nosso próprio, e pior ainda, acabamos por cultivar os sentimentos mais baixos como o ódio, o rancor e a vingança. . . Acabando por passá-los também ao parceiro, criando assim um círculo vicioso que somente terá fim com a destruição de ambos.

Muitas vezes durante o treinamento colocamos o fardo de nossa própria segurança excessivamente sobre os ombros do Nague, culpando-o por nossa falta de naturalidade e capacidade que muitas vezes vem de uma total falta de vontade em doar-se.

Aprender a receber um Ukemi leva muito tempo, mas certamente levará uma eternidade se o Uke não aprender a doar-se completa e construtivamente à sua função. Quando digo doar-se, quero dizer que você deve ir além do conceito que tenha sobre suas próprias limitações, e somente conseguirá isso cultivando a modéstia e a sinceridade além de uma atitude de cooperação.

O medo faz parte de nosso dia a dia, o Ukemi ensina não como extingui-lo, mas sim visualizá-lo como realmente é, nos possibilitando usá-lo de uma forma construtiva em nossa vida. Normalmente o receio de nos ferir faz com que acabemos por agir de uma maneira destrutiva para com os outros, utilizando como ferramentas os sentimentos como o ódio, rancor, repulsa e inveja. O verdadeiro estudo do Ukemi cultiva valores mais elevados, que nos conduzem à uma compreensão da verdadeira função do medo em nossa vida.

Abaixo coloco algumas indicações que consegui nos últimos anos, que podem ajudar à aprimorar sua arte do Ukemi e conseqüentemente seu Aikidô:

1) Enquanto iniciante esforce-se para aprimorar as qualidades físicas de seu Ukemi. É através dele que você alcançará uma compreensão melhor do coração do Aikidô.

2) Logicamente existem barreiras físicas e psicológicas difíceis de serem superadas mas não impossíveis, confie em seu instrutor, aprender a doar-se também significa aprender a confiar.

3) Quando mais experiente, aprimore-se a ponto de não opor uma resistência negativa ao Nague, mesmo que ele tente ferir-lhe aprenda a envolver-lhe no calor de seu coração transformando sua atitude de destruição em uma atitude de crescimento mútuo.

4) Cultive a entrega de si mesmo ao aprimoramento não seu, mas de seu parceiro. Isso lhe abrirá portas que jamais sonhou existirem.

* Rubens Caruso Júnior – 4° Dan de Aikidô – Aikidô Nova Era

Colaboração: www.aikidonovaera.com.br


Ouyouwaza e Henkawaza – Por Hiroshi Ikeda

16/07/2009

“Isso realmente funciona?” O ideal de qualquer budoka é ser capaz de executar técnicas eficientes.

Na desafiante busca pela técnica eficiente, há duas palavras japonesas – ouyouwaza e henkawaza – que descrevem conceitos essenciais para que “a técnica realmente funcione”.

Em termos simples, ouyouwaza é o estudo de como tornar uma técnica efetiva, ou como conseguir realizar o trabalho. É parecido a usar um copo de bebida para guardar uma flor, quando não há um vaso disponível; ou como temperar um prato com molho de soja, quando o saleiro está vazio. O aspecto de adaptação e/ou mudança está inerente à definição de ouyouwaza, e uma certa intenção está implícita. 

Henkawaza é de certa forma mais claro e refere-se ao estudo de como uma técnica muda para outra – ikkio em nikyo, por exemplo, ou ikkio em shihonague. Henkawaza entra em nosso treinamento quando começamos a aprender como mudar espontaneamente de uma técnica para outra, quando percebemos que a primeira técnica não é efetiva em certa situação. Por exemplo, podemos começar uma técnica, porém percebemos que nosso parceiro está resistindo – assim mudamos nossa técnica para usar esta resistência para transformar a técnica em outra.

Embora não possamos claramente recorrer à um destes dois conceitos durante nosso treinamento no budô, as chances são que todos os estudantes têm deparado-se tanto com o henkawaza como com o ouyouwaza durante a prática diária.

Pode-se dizer que ouyouwaza é a próxima fase depois do kihonwaza (técnica básica). É necessário anos para estabelecer nosso repertório básico, aprendendo a executar com confiança o passo a passo, movimentos básicos do kihonwaza – e no final alterar livremente estes e engajar-se na fascinante pesquisa de como “fazer o budô funcionar em uma situação real”.

Todos nós sabemos que em uma seção típica de treinamento, nosso parceiro está, na maior parte do tempo, cooperando e recebendo ukemi de nós. Porém, quando nosso parceiro ou oponente decide experimentar resistindo com força muscular ou o “centro,” aprendemos uma dura lição – “Isto não funciona.” Nesta situação, temos de ser capazes de extrair algo de tudo que aprendemos até então, a fim de tornar nossas técnicas eficientes com parceiros não cooperativos.

Ouyouwaza e henkawaza se misturam um pouco no significado, ambos significam técnicas que cultivam a habilidade de pensar livremente e mover-se sem restrição/força. Em nosso escolhido Budô, treinamos para conseguir esta abertura, fluida intenção/tendência através do treinamento de randori (estilo livre), kumite (disputa) e o treinamento de shiai (competição). O mérito destas práticas é que elas todas exigem e reforçam a consciência flexível, enquanto demonstram a ilusão das técnicas especificas pré-concebidas. 

Tradução: Rubens Caruso Jr. – Aikidô Nova Era – www.aikidonovaera.com.br

Colaboração: www.bujindesign.com


Shomenuchi Ikkyo – Contrário aos princípios do Aikidô? – Por Stanley Pranin

02/07/2009

Shomenuchi ikkyo é provavelmente a técnica mais praticada do Aikidô. Muitos instrutores vêem essa técnica como o pilar do Aikidô básico e frequentemente começam a prática em suas aulas com shomenuchi ikkyo omote. Além disso, é dito que o fundador ensinou muito essa técnica tanto antes como depois da guerra.

Como essa técnica é tipicamente praticada hoje em dia nos dojô(s) de Aikidô? O ukê inicia o ataque com um golpe shomenuchi contra o tori. O tori recebe o golpe, empurra o braço do atacante para trás ou para o lado enquanto dá um passo com o pé de trás para desequilibrar o atacante, e finalmente aplica o ikkyo. Esta é, claro, uma maneira muito simplificada de descrever o que é de fato um complexo processo físico, mas qualquer aikidoka reconhecerá o padrão de movimento que descrevi.

Eu tenho praticado esta técnica por anos, como está descrita acima, em aulas com diversos professores. Eu sempre considerei shomenuchi ikkyo omote difícil de ser executado com perfeição porque a coordenação do momento de se encontrar com o ataque shomenuchi é o ponto crítico. Se o praticante estiver um segundo atrasado ao responder o golpe de ataque, a técnica pode se tornar um choque de forças opostas que termina com uma batalha para se determinar quem tem o movimento de quadril mais estável ou maior força nos braços e ombros. Ela contrasta com outras técnicas básicas do Aikidô como yokomenuchi shihonage, munetsuki kotegaeshi, e várias outras, em que o objetivo é se retirar da linha de ataque, se unir à energia que se aproxima, e então aplicar uma técnica apropriada e depois uma imobilização. Nestas a força não é o mais importante porque a técnica não envolve confrontação direta. Estas técnicas são claramente do “tipo aiki” em suas manifestações físicas. 

Por muito tempo eu atribuí minha dificuldade em executar o shomenuchi ikkyo à minha inabilidade de compreender o conceito fundamental ou à minha técnica ainda fraca. Então, em 1973, 11 anos após começar no Aikidô, eu entrei em contato com um método diferente de prática. Passei um mês em Shingu, na prefeitura de Wakayama, treinando com Michio Hikitsuchi Sensei. A forma que o Sensei Hikitsuchi adotava se dava com o tori realmente iniciando a técnica, executando um atemi contra a cabeça do ukê. O ukê, apesar de ser quem seria arremessado, era forçado a proteger sua cabeça bloqueando o atemi, e então, estando desequilibrado, ele seria facilmente arremessado. Praticar dessa maneira era novidade para mim, e não gostei disso. O ritmo do treino era muito rápido, e, no papel de ukê, assim que me levantava de uma queda, a mão do meu parceiro já estava novamente no meu rosto. Eu pensei “como isso pode ser Aikidô, se eu, o atacante, estou sendo atacado”?

Alguns anos depois, em 1977, eu me mudei de vez para o Japão, e treinei no Dojô de Iwama com Morihiro Saito Sensei. Lá o shomenuchi ikkyo era praticado de maneira semelhante. O tori iniciava a técnica com um atemi, o ukê bloqueava e era então arremessado e imobilizado. Saito Sensei declarou que era assim que a técnica era ensinada pelo fundador Morihei Ueshiba nos anos que se seguiram a segunda Guerra Mundial. Finalmente eu me acostumei a praticar o shomenuchi ikkyo desta forma e não mais tive dificuldade em executar a técnica.

Mais tarde, em 1981, enquanto entrevistava um dos ushideshi de Morihei Ueshiba Sensei de antes da guerra, eu vi pela primeira vez o manual técnico Budô ao qual sempre nos referimos nas páginas do Aiki News. O Fundador descreve a execução correta do shomenuchi ikkyo com as seguintes palavras: “1) avance com a perna direita e ataque o rosto do parceiro com a mão direita. Seu parceiro bloqueia com a mão direita. 2) Segure o pulso direito do parceiro com sua mão direita e seu cotovelo firmemente com sua mão esquerda. 3) Movendo o quadril, traga o braço do parceiro de forma espiral para baixo na sua frente, então dê um passo largo com sua perna esquerda. 4) Puxe a sua perna direita em frente. 5) Pressione seu joelho esquerdo contra a área da axila direita do parceiro e com a mão direta segurando seu pulso, estenda o braço do ukê e faça a imobilização.” (AN#48, pp. 8-9).

É claro que o fundador praticava esta importante técnica básica em 1938 quando Budô foi publicado. Alguns dizem que as técnicas publicadas neste manual representam o aiki budô de antes da guerra, e que as técnicas do fundador mudaram após a guerra. Eles estão certos, mas só até certo ponto. Existem claras evidências de que Ô-Sensei ensinava muitas técnicas básicas de Aikidô de uma maneira muito semelhante ao seu estilo anterior à guerra mesmo depois, durante o período de Iwama e ao menos até meados de 1950. Nos filmes do fundador durante seus últimos anos, ele executa o shomenuchi ikkyo omote sem mover muito os pés, mas ele nunca espera muito pelo atacante para desferir um poderoso ataque sobre a cabeça. Ele está sempre à frente do ataque e nunca se choca com o ukê. Eu atribuo a falta de um claro trabalho de pés e de taisabaki neste ultimo estágio de sua vida à sua idade avançada e dificuldade de se mover livremente como antes.

Pessoalmente, eu considero as explicações do fundador sobre as técnicas básicas contidas nas páginas do Budô e como ensinadas no período de Iwama como sendo a “gramática” do Aikidô. O Aikidô pode agora ser raramente ensinado desta forma, mas nossa compreensão histórica da arte avançou a um ponto em que a técnica e a metodologia pedagógica de Morihei Ueshiba estão bem documentadas. E fica evidente que estes métodos ainda são considerados importantes, visto a recente autorização do Doshu Kisshomaru Ueshiba para a publicação de uma tradução para o inglês do Budô, pela prestigiosa editora Kodansha. Além disso, espera-se para breve uma reedição do livro em japonês.

O Aikidô, devido às suas características próprias como uma arte marcial ética, parece destinado a atrair muitas pessoas pelo mundo. Como tal, seu conteúdo técnico passará por uma análise detalhada e a arte será comparada às outras artes marciais. Se técnicas feitas como se fossem uma dança e praticadas de maneira descuidada, que contrariam as bases marciais fundamentais do Aikidô de Morihei Ueshiba, forem usadas como exemplo para tais comparações, temo que o Aikidô será considerado despido de um sentido técnico. Praticantes avançados de Aikidô, e particularmente quem tem um dojô sob sua responsabilidade, tem o dever para com eles mesmos e para com a arte de reavaliar o conteúdo de seu treinamento constantemente. Os ataques durante a prática são sinceros e fortes? O equilíbrio do atacante é quebrado antes que se aplique pressão ou antes da execução de uma queda? A queda é bem executada e seguida de um movimento de imobilização eficiente que impede qualquer fuga? Essas coisas devem sempre ser lembradas. E, finalmente, apesar de não podermos aprender diretamente do fundador, seu legado permanece para todos os que buscam explorar a genialidade de suas teorias e técnicas.

Tradução: Jaqueline Sá Freire – Hikari Dojo – RJ

Colaboração: www.aikidojournal.com


Quem foi KISHOMARU UESHIBA ?

18/06/2009

Kishomaru Ueshiba foi o filho caçula de Morihei Ueshiba, fundador do Aikidô. Nasceu na cidade de Ayabe no dia 27 de Junho de 1921.

Kishomaru começou a treinar seriamente enquanto era adolescente no ano de 1937 e, em 1938, já aparecia recebendo ukemi de seu pai no livro BUDÔ. Ele se tornou o diretor do Kobukan Dojô enquanto ainda estudava na universidade em 1942, logo após a retirada de seu pai para Iwama. Em 1946, se formou pela universidade de Waseda em Economia.

Depois da guerra, no começo de 1948, Kishomaru supervisionou o desenvolvimento do novo Aikikai Hombu Dojô. Ficou empregado por alguns anos em uma empresa de seguros até largar este emprego definitivamente em 1955 e dedicar-se totalmente ao crescimento da Aikikai. Em 1957, Kishomaru publicou seu primeiro livro sobre Aikidô que tornou-se um sucesso sendo editado diversas vezes. Desde então, ele foi autor de mais de 20 volumes sobre a arte.

Em 1963, Kishomaru fez sua primeira viagem internacional para os Estados Unidos e, subsequentemente, viajou em diversas ocasiões para a América do Norte, do Sul e Europa. Kishomaru Ueshiba teve papel fundamental na expansão e divulgação da organização Aikikai em torno do mundo. Sua influência técnica também foi muito grande.

Kishomaru gradualmente modificou o currículo técnico da Aikikai reduzindo o número de técnicas ensinadas e padronizando a nomenclatura. O seu estilo de movimentos fluídos ainda é utilizado em diversos dojôs.

Após a morte de seu pai em 1969, Kisshomaru herdou o título de Doshu que significa “O Guardião do Caminho.”

Kishomaru esteve em visita ao Brasil nos anos de 1978 e 1990.

No dia 04 de Janeiro de 1999, Kishomaru faleceu aos 77 anos.

Colaboração: www.aikidobr.com.br


O Praticante Sincero – Por Roque Vargas Sensei

14/05/2009

Entre os grandes legados que o Aikidô desenvolve nos seus praticantes “sinceros” estão a proatividade e a autodeterminação, chamo de praticante sincero, àquele que pratica o Aikidô com o coração, com a cabeça e com o corpo, quando há uma entrega total ao aprendizado. 

Num dia destes recebi uma mensagem pela internet, uma das poucas que recebemos com um cunho positivo e proveitoso, ela falava sobre a quantidade de pessoas que tem neste mundo que ficam só criticando e esperando que alguém faça o que ela acha que deve ser feito, o texto fala que: “Há muito, mas muito mais gente para comer o bolo do que gente para fazer o bolo. E às vezes aqueles que só comem o bolo ainda reclamam do gosto, mas continuam comendo e não ajudando. Sempre há mais gente para almoçar e menos gente para lavar a louça. Mais gente para assistir e reclamar do espetáculo, do que gente para montar a sala, carregar as cadeiras, varrer, limpar, organizar etc”. 

Porém o que tenho observado nestes 20 e poucos anos de ensino e prática do Aikidô, é que esta proporção é justamente o inverso no Aikidô, principalmente, entre os praticantes que chegam à graduação de 1º kyu em diante, posso dizer que, neste grupo, apenas uma pequena minoria se encaixaria naquela frase. 

Entre os novatos e os intermediários, acredito que a maioria seja como no texto citado, e isto vai aparecer muito fácil no movimento destas pessoas, na prática delas dentro do tatame, nas suas dificuldades de ter uma pronta resposta aos estímulos e a tomar decisões rápidas. Mas no grupo mais antigo, mais graduado, isto se inverte. Por isto tenho certeza, que tudo que alcançamos até hoje em termos de organização, foi pelo somatório dos esforços dos praticantes sinceros, e o número destes felizmente vem crescendo nos últimos tempos. 

Se hoje, este despertar de consciência tem o seu maior número a partir das graduações altas, sonho em ver o dia em que isto venha a ocorrer, já a partir das graduações intermediarias 3º e 2º (Kyu), vale frisar que não ignoro o fato de que algumas pessoas já chegam ao Aikidô, com uma conduta dentro destes valores. 

Só para refrescar as idéias e reforçar a criação de um “memo” positivo, coloco mais um pedaço do texto que citei anteriormente.  “Se hoje há sombra e fruto é porque alguém plantou uma árvore e o ato de plantar implica um ato de fé, acreditar que vai, nascer, que vai crescer e que vai dar frutos. Alguém precisa cavar a terra, plantar, enfim dá trabalho. Hoje temos a sombra. Mas há sempre mais gente para sentar e usufruir da sombra e dos frutos do que gente para plantar. Precisamos de gente para plantar, gente para ajudar a fazer a bolo, gente para lavar a louça e para montar o espetáculo. Veja bem: SE VOCÊ QUER PARTICIPAR DOS RESULTADOS, ENTÃO AJUDE A PENSAR, AJUDE A MELHORAR AS COISAS. Como podemos melhorar o atendimento, como podemos diminuir os custos, como podemos aumentar a produtividade. Sentir-se parte é pensar, é fazer o que esta precisando ser feito, sem esperar que alguém venha lhe pedir, é comprometer-se.” 

As pessoas que adotam esta atitude, e este comportamento, além de estarem contribuindo para uma família melhor, para uma rua melhor, para um bairro melhor, para uma cidade melhor, para um país melhor, com certeza estão contribuindo para um mundo melhor. E, sem dúvida, ela e os seus estarão entre os beneficiados. 

E você meu amigo, que tipo de pessoa quer ser? Aquela que ajuda, colabora, pensa e dá o melhor de si? Aquela que ajuda a fazer o bolo? Ou quer ser daquelas pessoas que se sentam à mesa e ficam esperando alguém lhe servir uma fatia? 

* Roque Vargas Sensei – 5º Dan em Aikidô – Responsável pelo Aikidô no Rio Grande do Sul por designação do Shihan Kawai (Confederação Sul-Americana de Aikido) e Hombu Dojo – Japão. 

Colaboração: http://vargasaikido.blogspot.com/


Aikidô Natal – Academia Central – Exame de Faixa – Abril/2009

13/04/2009

Sábado, 18/04/2009, 16h, na Academia Central de Aikidô de Natal, acontecerá mais um evento de troca de faixas. O evento, além de exame de faixa serve como confraternização entre os alunos dos diversos horários, seus familiares e amigos. Compareça você também. Leve um prato de doce ou salgado, sua bebida (não alcoólica) e comemore a harmonia, energia e as realizações.

 

Local: Academia Central de Aikidô de Natal – ACAN

Dia e Hora: Sábado – 18/04/2009 – 16h

Endereço: Rua Professor João Ferreira de Melo – Capim Macio – Fundos do CCAB Sul

Telefone: (84) 3217-9182

Site: www.aikidorn.com.br

 

By IMPRESSÕES www.impressione.wordpress.com


Sobre o aprendizado – Por Rubens Caruso Jr.

08/04/2009

O aprendizado de cada um no Aikidô é único, o que aprenderá está vinculado a sua personalidade e empenho em aperfeiçoar-se.

 

O treinamento do Aikidô pode apenas colocar o praticante em contato direto com sua vontade interior de “evoluir”, melhorando sua relação com outras pessoas e com ele próprio. Mas, até que nível chegará depende exclusivamente dele próprio. O instrutor em si pode apenas oferecer, através de seu exemplo, as indicações sobre qual caminho tomar e as conseqüências de cada, segundo sua própria experiência. A decisão de caminhar por um ou outro caminho deve ser do próprio aluno, já que ninguém pode tomar essa decisão por ele.

 

Em minha experiência dentro do Budô pude notar que a maioria das artes marciais que possuem um embasamento não só na técnica em si, mas também no desenvolvimento espiritual, tendem curiosamente a trazer à tona durante a prática o lado ruim de cada um quase sempre disfarçado em sentimentos como ódio, vingança, inveja, entre muitos outros.

 

Surgem também sentimentos de extremismo, como receio de machucar-se ou ao parceiro, e o empenho inconseqüente à prática física bruta, estes e tantos outros sentimentos e ações levados ao extremo só prejudicam o aluno.

 

Não quero dizer com isso que somente a parte ruim emerge durante a prática, mas que é ela que fica mais evidente conforme o tempo passa, especialmente se o aluno não aprender a lidar com isso de forma a transformar estes sentimentos e ações nocivos em algo positivo. Esse é o perigo das artes marciais… acabar intensificando o lado destrutivo do aluno, tornando-o apenas um lutador e um péssimo reconciliador.

 

Acredito que seja exatamente por isso que muitos Mestres não aceitam que determinadas pessoas iniciem a prática, ou a restringem desde o início… pois percebem através de sua experiência que o aluno não possui ainda maturidade para evoluir positivamente, e que a prática naquela momento seria mais prejudicial do que sadia.

 

Uma das idéias, ou melhor, objetivos do treinamento em dupla no Aikidô é tentarmos visualizar nas atitudes do parceiro nossa cota de influência. Nós o influenciamos, assim como ele nos influencia. O propósito de estudarmos esta interação não é somente despertarmos um sentimento de empatia para com o parceiro e com isso obter uma prática física menos “rançosa” entre nós, existe muito mais oculto por detrás da prática bem direcionada.

 

Temos que tentar de todo o coração compreender, aceitar e transformar os sentimentos que surgem durante a prática.

 

Tudo no Aikidô converge para um único e simples ponto: Compreensão da realidade, ou seja, nos tornar conscientes de que fazemos parte do processo de evolução do parceiro e que ele irremediavelmente faz parte do nosso!

 

O que isso significa? Que você é uma parte ativa na evolução do outro, e ele o é da sua… Quando o parceiro não evolui, nós também não evoluímos.

 

Praticar para transformar as técnicas marciais destrutivas em técnicas de “cura” e “reconciliação” do Aikidô, deve ser o principal objetivo do praticante sério desta arte. Se não for assim, do que adianta estudarmos um sistema tão rico e completo como o Aikidô? Melhor seria se praticássemos um sistema que ensinasse pura e simplesmente defesa pessoal.

 

RUBENS CARUSO JR.4° Dan – Aikikai – Aikidô Nova Era – São Paulo

 

Colaboração: www.aikidonovaera.com.br


Primeira Turma de Aikidô de Rodrigo Sensei em Natal – Por Aleksej Nobre Marques – 10 Anos da Academia Central de Aikidô de Natal

03/04/2009

Comecei a treinar na primeira turma de Aikidô de Rodrigo Sensei em Natal. Tudo começou no final de julho para o início de agosto do ano de 1999, na Academia Higashi no CONACAN, Bairro de Candelária.

 

Me lembro de Marco, Cláudio, James, Marcinha, Elvira, Verinha, Fernanda Coe e Carol Coe, Nísia, o Ministro da Igreja de Elvira (não me recordo o nome dele), Leilton,  Alfredo. Alguns dias depois, chegou Igor e Serginho, este último, havia me telefonado e pedido informações sobre os treinos. Logo o Sérgio começou a treinar e nunca parou, até hoje, sendo atualmente um dos instrutores e dirigentes da ACAN. Tinha mais gente, mas não lembro agora. Foi lá que tudo começou.

 

Em outubro do mesmo ano, nos mudamos pra nossa primeira sede no Cidade Jardim em cima da Drogaria Amadeus e por lá ficamos por mais de 3 anos. Lá fizemos nosso primeiro exame de faixa com a presença de Rogério Sensei e Federico Sensei e lá eu me graduei até a chegar a 1º Kyu (faixa-marrom). Com pouco tempo que chegamos lá, começaram a treinar o Gabriel, Marcos e Cláudia, Cristina, Paloma e Patrick, Gil e Maíra, Sol, Pedras, Maroni, Miquéias, Gutemberg e Rodrigo. Ficamos lá até 2002, nesse ano mudamos para o local em que a ACAN funciona até Hoje.

 

Nesse mesmo ano a 1ª turma de faixas-prestas (Shodan) foi formada em São Paulo com Kawai Shihan na banca examinadora: Marco, James, Sérgio, Gabriel, Carol, Cláudio, Miquéias, Maroni, Alfredo e Leilton e Marcos são sagrados Shodan(s).

 

Fico feliz por ter participado de toda essa história e continuar participando. Saudades desse tempo? Tenho e acho que todos têm, mas uma saudade gostosa que sempre é atenuada com os treinos na ACAN e o convívio dos que estão treinando atualmente. Beijo no coração de todos. Domo Arigatô Gozaimas.

 

ALEKSEJ ALEKSANDRO NOBRE MARQUES – Técnico Judiciário do TJRN – 1º kyu  (Faixa-Marrom) de Aikidô da Academia Central de Aikidô de Natal


Aikidô – Por Alberto Luciano Brito Lessa – 10 Anos da Academia Central de Aikidô de Natal

13/03/2009

Há muito tempo atrás em uma terra distante… brincadeira. Foi a aproximadamente uns 6 anos que conheci o Aikidô por intermédio do Daniel Dantas, hoje casado com Daniele que ele havia conhecido no dojô (o casal Dan Dan para quem lembrar). E lembro que depois de muita insistência, muitos filmes e histórias sobre o Aikidô, resolvi ir conferir essa arte marcial de que tanto tinha ouvido falar. Ao chegar no dojô, lembro como se fosse hoje, senti uma ótima sensação no lugar, para dizer a verdade eu me senti em paz, estranho admito, mas foi o que senti. Quando entrei achei esquisito a reverência feita pelo meu amigo a uma foto na parede e vi que todos que entravam e saiam do lugar faziam o mesmo, então perguntei: “Bicho que esquema é esse de reverência? É uma religião isso?” Foi me explicado que a reverência era uma forma de demonstrar respeito para com o fundador da arte, achei bem legal esse lance de mostrar respeito para com as raízes do Aikidô. Na ocasião estava ocorrendo aula de Sensei Marco e ao me aproximar do tatame Daniel foi falando nomes estranhos: “Olha, esse rolamento é chamado Mae Kaiten Ukemi e esse é  Ushiro Hanten Ukemi…” dentre outros nomes que na época achei estranhíssimo e perguntei se tínhamos que ficar decorando tais nomes, ele explicou que os nomes são a descrição dos movimentos e que com o tempo aprenderia os seus significados.

 

Daniel levou-me para conhecer os Sensei(s) que estavam conversando no escritório do dojô, Sensei James e Sensei Sérgio, eles chegaram e foram dando logo um abraço, achei isso muito esquisito, mas todos no dojô se cumprimentavam com grandes abraços, não tinha, até então, o costume de abraçar as pessoas, mudei isto depois de começar a treinar, pois o abraço é uma ótima forma de transmitir energia ao próximo e equilibrá-la. Os Sensei(s) me explicaram um pouco sobre a arte e sobre o funcionamento do dojô e fui logo convidado a treinar. Quando respondi de não tinha uma roupa para participar, Daniel logo tirou uma roupa e disse: “Usa o meu dôgi, tenho três!.” Pensei “ Dôgi? Que danado é dôgi??, lembro. Então vesti o dôgi e fui para o tatame participar da aula de Sensei James.

 

Para mim, foi muito engraçado a primeira aula, pois não acertava os rolamentos nem os movimentos, no entanto, Daniel e Sensei James se mostraram bem atenciosos em passar as técnicas. Lembro que logo nos primeiros alongamentos percebi o quanto estava sedentário e o quanto eles me seriam úteis.

 

No fim do treinamento estava acabado, mas muito motivado com as possibilidades que o treino me oferecia. Lembro também que achei muito estranho as pessoas se abraçarem no final de cada treino, como disse anteriormente, não tinha este costume, mas achei bem legal esta troca de energias. No caminho de volta indaguei meu amigo: “Cara eu estou precisando de uma atividade física para perder peso e acho que esse tal de Aikidô deve servir, mas eu não dei nem um chute! Que arte marcial é esta que não tem nem um chute!? Como vou exercitar minhas pernas?” Ele riu e disse “Espere amanhã e me diga como estão suas pernas. E enquanto ao chute, não se preocupe, pois você não vai precisar dele. O praticante de Aikidô trabalha em cima da energia recebida por ele de seu parceiro, então quanto mais energia melhor a técnica, então imagine o que poderia ser feito a alguém que chutasse uma Sensei de Aikidô?”. Como não tinha conhecimento sobre as técnicas, na minha mente não veio nada, foi um branco total!!! .Na manhã seguinte minhas pernas pareciam de chumbo, morava, na ocasião no quarto andar de um prédio sem elevador, foi um verdadeiro martírio descer e subir as escadas naquele dia. Mas estava decidido a continuar a praticar uma atividade que tinha se mostrado muito prazerosa…

 

O tempo foi passando e continuei praticando até atingir a faixa azul e dos vários momentos vividos no treino vou destacar alguns:

 

– Primeiro exame de faixa:

 

Na época era puro nervosismo, lembro que minha mão tremia muito, principalmente na hora dos Shomen-Uti e companhia… Era todo duro e para realizar cada movimento parecia que estava arrastando uma montanha de tão tenso.

 

– Último exame de faixa:

 

Na época Sensei Rodrigo estava no dojô e eram somente 3 faixas verdes, contando comigo, para realizar o exame para faixa azul. Quando chegou nossa vez, depois de muito tempo esperando, diga-se de passagem, eram muitos alunos na troca de faixa. Sensei Rodrigo olhou, viu que nosso exame iria demorar muito, pois teríamos que nos revezar para apresentar as várias técnicas necessárias e propôs que os Sensei(s) fossem os uke, nesta hora quase tive um infarto, e o mesmo se prontificou para ser um dos uke dizendo: “Alguém que fazer o exame comigo?”, com estava na sua frente e logo o chamei para ser meu uke, o que aceitou com o sorriso de sempre. E de repente apareceu um monte de câmeras e filmadoras apontadas para nós, pois Sensei Rodrigo é o fundador da Academia na cidade, pense como fiquei nervoso nesse momento!!. Mas o exame transcorreu normalmente, apesar de umas escorregas aqui e acolá.

 

– “Caída de ficha”, sabe aquele momento que após uma dica as coisas parecem mais claras? Estes foram alguns deles.

 

Redondo…” – Sensei Gabriel ao ver minha dificuldade em realizar os rolamentos, parecia um paralelepípedo “rolando”. Depois desse toque senti que meus rolamentos ficaram mais “redondos” mesmo.

 

 Feche os olhos e pense que está andando em pé...” – Sensei Marcos ao ver minha dificuldade em realizar o Shikko. Depois desse toque não tive mais dificuldades em realizar o movimento.

 

Vazio” – O Sensei Sérgio estava demonstrando uma técnica em Suwari Waza onde eu, como seu uke, precisava aplicar força em uma pegada no punho e o Sensei com um rápido movimento me projetou para longe caindo em rolamento a uma boa distância atrás dele. Nesse movimento senti realmente um vazio, vazio este que traga a pessoa e neste momento somos completamente conduzidos para onde o Sensei desejar. Foi um momento muito importante, pois percebi a “esfera dinâmica” em pleno funcionamento.

 

ALBERTO LUCIANO BRITO LESSA – 2º Kyu (Faixa-Azul) de Aikidô – a mais de 2 anos afastado… sei que vou voltar.


Minha História de Aikidô – Por José Ribamar Lopes – 10 Anos da Academia Central de Aikidô de Natal

11/03/2009

Lembro-me da primeira vez que tive contato com o pessoal da Academia Central de Aikidô de Natal. Passava eu em frente daquela farmácia, próximo a atual Academia, e vi umas pessoas usando uns kimonos meio que “boca de sino”, e achei muito interessante. Vi que treinavam ali um tal de Aikidô. Eu que já vinha procurando uma arte marcial que melhor me identificasse, procurei na lista telefônica e liguei para lá buscando algumas informações (se usava muitos chutes, socos, etc…), mas disseram: – amigo…melhor vir aqui…. Eu não fui. Afinal, não era mais nenhum adolescente, já era adulto, já era “pai de família”, e temia ser ridículo chegar “zerado” atrás de “coisas de menino”.

 

Acho que cerca de um ano depois navegando na internet, em sites sobre artes marciais (na hora do trabalho), entrei em contato, pela primeira vez, com a filosofia do Aikidô. Li uma entrevista com o fundador (de nome difícil) e seu filho, contando episódios fantásticos que ficaram marcados na minha memória. Era um velhinho com cara de mestre filme de artes marciais que lutava contra muitos, escapou de tiros e segurou outro só com um dedo. Meus colegas de trabalho viram o relato e riram das estórias.

 

Li sobre a filosofia, e então não havia mais como adiar…procurei a Academia Central que me envolveu, logo na chegada, com o seu ambiente harmônico…senti a paz ali. Desvencilhei-me da idéia de qualquer outra arte marcial, posto que havia, por esses dias, visitado uma academia de Kung fu, ao qual pensava que iria ser aluno. Era inclusive mais barata a contribuição… mas aquilo que eu senti no dojô não me permitiu titubear…era ali que eu iria treinar.

 

Cheguei para assistir um treino e fui recebido por um jovem professor… o Sensei Gabriel, receptivo e de voz tranqüila que me convidou a treinar experimentalmente por uma semana. Tentei mostrar algum conhecimento da teoria que eu havia ensaiado, mas…. Voltei dois dias depois para a aula às vinte horas.

 

Eu não tinha kimono, fui com uma calça de sarja caque que eu tinha, que envelheceu esperando o kimono que relutava em chegar, e segundo um professor, também de voz tranqüila, de sorriso fácil, chamado James, tinha havido um problema na remessa da fábrica, pois todos viriam agora com o bordado da academia. O fato era que estava muito envergonhado daquela calça que achava que me denunciava… mas o pior era o meu treinar desajeitado. E quando perguntavam: é o seu primeiro treino? Eu já enchia o peito e dizia, não, já é o quinto. Mas ainda sofria pra saber quando e como dizer Onegaishimassu ou Domo Arigato Gozaimashita.

 

Sentia-me no maior “mico” quando o Sensei mandava girar tenkan, tenkai ashi, e o pior o tal de irimi tenkan… No segundo giro, já era eu sozinho na direção oposta.

 

E os rolamentos… nunca me senti tão atrapalhado.

 

Chegava em casa e minha esposa ansiosa perguntava….e então???!!! E eu, com os ombros caídos, só dizia: É muito difícil.

 

Fiz amizade com um grande parceiro, o Adler San (meu primeiro uke), que como eu estava começando, tinha acho que a mesma idade, também “pai de família”, tão perdido quanto eu…

 

Caramba! Passados três meses Sensei Gabriel disse que eu estava “pronto” pra trocar de faixa (poucos dias depois de receber meu kimono, pois até então estava com a calça caque). Deixaram claro que era concedida somente pra estimular os novatos, o que me deu um certo alívio, pois sabia que continuava um bobo rodando e não entendia como iria ser “promovido”.

 

Então veio a troca de faixa. Robocop perdia. Ensaiei uma cara feia de lutador, e o movimento robótico era natural, pois não sabia fazer de outro jeito. Foram assistir minha esposa e minha filha. Nem acreditei… descolei e finalmente deixei de ser faixa branca. Pra mim três meses que foram uma eternidade.

 

As contingências fizeram mudar de horário e treinei com o Sensei Sérgio. Período excelente.

 

Devido ao trabalho, intercalei as aulas com o Sensei Sérgio e Sensei Gabriel que passou a dar aula às seis da manhã, quando então houve a segunda troca de faixa.

 

A experiência já era diferente. Já estava menos desengonçado. AGORA EU ERA ROXA CARA!

 

Mudei depois para verde, Sensei Gabriel foi para o Japão e Sensei Sérgio, pra minha surpresa foi pra São Paulo, sem que pudesse desejar boa sorte ao bom professor.

 

Então passamos a treinar de manhã com o Sensei James. O Sensei de sorriso fácil, mas que chegava de início, na aula das seis da manhã, com cara de quem caiu da cama, até que, finalmente se acostumar com o novo horário. Se acostumou de um jeito que aquela turma aumentou o laço de amizade. A turma criou um laço profícuo, continuado na volta do Sensei Gabriel do Japão, que chegou cheio de técnicas apuradas, e comprometido em burilar-nos para uma “técnica limpa’.

 

Neste ínterim, veio o Sensei Rodrigo, que cheio de novas idéias, veio com espadas e bastões para treinos e sugeriu o uso de faixa branca.

 

No exame para faixa azul, combinado todo mundo ir de faixa branca, no dia, tava lá só eu e Cris B, em mais um dos meus micos na academia.

 

Até que então tive de morar no interior. Eu nunca me importei em ser faixa preta pela faixa em si. Mas alguma coisa me dizia que um dia eu teria de me afastar e nesse dia a faixa seria útil, pois poderia ensinar onde eu estivesse. Mas não foi assim, eu ainda era faixa azul e tive de ficar longe dos treinos.

 

Nesta hora me vali da filosofia do Aikidô, para não me deixar prender pelas circunstâncias, deixar passar…como um rio. Continuei a ler… baixei vídeos, adquiri outros…e tentei fazer os movimentos sozinho, lá no interior. Uma coisa interessante aconteceu… como não tinha com quem me preocupar se estava atrapalhando alguém, percebi melhor a sutileza dos movimentos do Aikidô. Acho que finalmente vislumbrei a experiência do centro no Aikidô. Passei a treinar como se treina o Tai Chi Chuan, conforme vi a idéia de um vídeo chamado Taichi Aiki. Percebi o Aikidô mais profundamente nesses dias. Estava eu estudando, por essa época, o Zen de uma tradição apresentada pelo Sensei Gabriel. Por esse período fui a um Yudanshakai e foi muito bom. Consegui acompanhar… mas, parei de treinar… Mas já havia formado uma nova visão do Aikidô.

 

Mantive contato ainda com Vinicius Brasil, o “embaixador” da Academia Central via MSN, que me era solidário nesse período. Ah, alguém conhecido seu já recebeu alguns “spams” da Academia Central de Aikidô de Natal enviados por ele? Ah, tá.

 

Agora voltei, pela segunda vez, recepcionado pelo Sensei James. Nesta aula de volta, conduzida pelo Sensei Marcos para uma filmagem, Sensei este que possui uma grande carga filosófica, e nos remete ao Aikidô como inicialmente concebido, uma arte de harmonização, pude desfrutar da beleza de Aikidô, o Aikidô de centro forte, do Ki, da harmonização, conforme eu buscava no primeiro dia em que pisei na academia.

 

Assim, estou voltando à minha jornada. O Aikidô faz parte da minha vida, assim como os colegas e Sensei(s) que me ajudam nesse caminho.

 

Há uma coisa que descobri nesse período de experiência… o Aikidô é arte de harmonização, em benefício da paz individual e coletiva… Aikidô não é luta… pra quem quer lutar melhor procurar outra arte… não o Aikidô, a qual já foi chamada de o Zen em movimento. Não é fácil, embora inspire-se no simples. A faixa preta é o começo. A humildade é forte, e arrogância enfraquece, porque sai-se do seu círculo de controle.

 

Ah, aproveitando a oportunidade, não custa nada lembrar que tem um regrinha nas etiquetas do dojô, que pouca gente observa…se você não é faixa preta NÃO ENSINE AO SEU COLEGA, pois você ainda está aprendendo também e pode estar transmitindo sua concepção errada. Ademais, o Aikidô é experimento e adaptação, o que dá certo pra você, talvez não se aperfeiçoe no outro. Por fim, você pode estar desestimulando atrapalhando o processo de experimentação de alguém.

 

Pra essas orientações temos os professores e faixas pretas.

 

Domo Arigatô Gozaimashita.

 

JOSÉ RIBAMAR LOPES – Servidor Público Estadual – 2º Kyu (Faixa-Azul) – Aluno da Academia Central de Aikidô de Natal desde março de 2004.


Sobre Aikidô – Por Marcos José do Nascimento – 10 Anos da Academia Central de Aikidô de Natal

04/03/2009

Eu treinei Judô desde a adolescência, de forma intermitente, com algumas grandes lacunas de período sem treino algum. Havia tido alguma notícia do Aikidô no Rio de Janeiro, nos anos 70, quando vi uma reportagem na extinta revista Manchete, foi o primeiro contato com o assunto. Achei interessantes as movimentações.

 

Meu primeiro professor de Judô, no Rio de Janeiro, Ceny Peres Barga, foi aluno de Masino Ogino, e costumava, Sensei Peres, ensinar-nos técnicas de defesa pessoal, e em meio a algumas dessas técnicas, vim a perceber traços de movimentação do Aikidô, rememorando essas lembranças após iniciado os treinos na arte de Ô-Sensei, e, posteriormente, ao pesquisar sobre a história do Aikidô, descobri que a academia em que iniciei meus primeiros treinos de Judô, Ginásio Portuário, recebera, nos anos 60, um japonês, Yudansha de Aikidô, que ministrou aulas na minha primeira academia de Judô.

 

Em 1999, nasceu o meu interesse pelo treino de Aikidô, no segundo semestre, mas não poderia iniciar os treinos, senão a partir de janeiro do ano seguinte, 2000, em virtude de não dispor de horário algum livre e em função de compromissos assumidos. Essa procura deu-se como forma de preserva a saúde, através de algum tipo de prática que envolvesse o físico. Eu queria, desta forma, uma atividade física que se realizasse sobre o tatame, mas sem competição e um pouco mais suave, por não querer mais o combate, em razão da idade e dos riscos envolvidos para quem já havia passado dos trinta anos de idade, um pouco.

 

Fui, inicialmente, informado de uma academia que funcionaria no bairro do Alecrim, da qual a pessoa que nos indicou forneceu-me um número de telefone, mas que não atendia as chamadas feitas. Assim, deixei para iniciar a procura somente em janeiro de 2000. Na ocasião, um colega de trabalho informou-me da existência de uma academia próxima à Churrascaria A Carreta, em cima da Drogaria Amadeus, o que, de início atraiu mais ainda a nossa atenção, por situar-se no caminho entre a nossa residência e vários locais, trabalho, centro de Natal, e muitos outros pontos.

 

Antes de tomar a decisão por inscrever-me, decidir assistir a um treino, observar o ambiente e como se processava tudo. Fui, durante a semana, numa tarde, por volta das 15h, as aulas duravam até às 16h. Sensei Rodrigo ministrava a aula, era janeiro de 2000, não me recordo bem de quem participava e nem das graduações, mas acredito que havia, no máximo faixas roxas, os Kyus mais avançados de alunos.

 

Percebi a seriedade do ambiente e a seriedade com que se tratava o Aikidô, e, ao final do treino, falei com Sensei Rodrigo, fazendo a minha inscrição, e iniciando os meus treinos em janeiro de 2000, sendo graduado faixa marrom, 1° kyu, em dezembro de 2002.

 

Os primeiros treinos foram um tanto quanto difíceis para mim, por não conseguir, inicialmente, desvincular-me da idéia de que já havia praticado o Judô, não que isso prejudicasse, mas a minha indisciplina mental prejudicava-me no início.

 

Nos primeiros exames, fui estimulado por Sensei Rodrigo, pois eu não pretendia realizar mudanças de faixas. A minha idéia era de permanecer um ano na faixa branca para então, somente depois realizar o primeiro exame. O Sensei demoveu-me dessa idéia. E eu comecei a fazer os exames, que muito me estressava, como me estressaria até hoje, pois é uma situação na qual se fica muito exposto. Dos exames que realizei, um me preocupou muito, foi quando da presença de Shihan Kawai, uma vez que eu guardava receio do rigor que presumia vir dele na cobrança de apuro na execução das técnicas, mas, nesse exame, fui convidado a ser examinado por uma banca da qual participava Sensei Rodrigo. Acredito que, em todos os meus exames, inclusive o para a promoção a 1° Kyu, Sensei Rodrigo estava na banca em que fui examinado.

 

Do que venho aprendendo sobre o Aikidô, percebo, entre outros tantos benefícios a respiração, a postura e a filosofia sobre a vida, sendo este aspecto o mais difícil de ser entendido na prática creio por muitos praticantes, não me excluindo deste rol, porque, na verdade, a proposta filosófica é entrar na técnica para sair dela, e, à semelhança do criador do Judô, Jigoro Kano, O O-Sensei propõe o Aikidô, como filosofia transformadora da criatura humana, praticado fora do Dojô. Mas acredito que o primeiro passo, sem o qual não é possível chegar ao seguinte, é buscar praticá-lo dentro do próprio Dojô do Aikidoísta.

 

MARCOS JOSÉ DO NASCIMENTO – Servidor Público Federal, 1° Kyu de Aikidô e Yudansha de Judô.


Os Cinco Espíritos do Budô – Por Dan Penrod

27/02/2009

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Shoshin: (初心) Mente de principiante;

Zanshin: (残心) Mente que permanece;

Mushin: (無心) Não Mente ;

Fudoshin: (不動心) Mente Imóvel;

Senshin: (先心) Espírito Purificado, atitude iluminada.

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Existem 5 mentes fundamentais ou espíritos do Budô; shoshin, zanshin, mushin, fudoshin, e senshin. Estes conceitos muito antigos são geralmente ignorados nos dojô(s) modernos de Aikidô. O budoka que se esforça para compreender as lições destes 5 espíritos em seu coração amadurecerá para se tornar um artista marcial e um ser humano forte e competente. O aluno que não se esforça para conhecer e receber estes espíritos sempre terá uma falha em seu treinamento.

 

Shoshin 

O estado de shoshin é aquele da mente de principiante. É um estado de atenção que permanece sempre completamente consciente, atento e preparado para ver coisas pela primeira vez. A atitude de shoshin é essencial para continuar o aprendizado. O-Sensei uma vez disse, “Não espere que eu lhe ensine. Você deve roubar as técnicas sozinho”. O aluno deve ter um papel ativo em cada aula, observando com a mente shoshin, para conseguir roubar a lição de cada dia.

 

Zanshin 

O espírito de zanshin é o estado do espírito que permanece, que continua. É freqüentemente descrito como um estado continuado de atenção aumentada e de decisão. Mas o verdadeiro zanshin é um estado de foco ou concentração antes, durante e depois da execução de uma técnica, em que uma ligação ou conexão entre o uke e o nage é mantida. Zanshin é o estado da mente que nos permite permanecer espiritualmente conectados, não apenas a um único atacante, mas a múltiplos atacantes e mesmo a um contexto completo; um espaço, um tempo, um evento.

 

Mushin 

O manual da ASU define mushin como a “Não mente, uma mente sem ego. Uma mente como um espelho que reflete e não julga”. O termo original era “mushin no shin”, que significa “mente da não mente.” É um estado mental sem medo, raiva ou ansiedade. Mushin é freqüentemente descrito pela frase, “mizu no kokoro”, que significa “mente como a água”. Esta frase é uma metáfora que descreve o lago que reflete claramente o que o cerca quando suas águas estão calmas, mas as imagens são obscurecidas quando uma pedra é jogada em suas águas.

 

Fudoshin 

Uma mente que não é abalada e um espírito que não se move é o estado de fudoshin. É a coragem e a estabilidade demonstradas mentalmente e fisicamente. Mas ao invés de indicar rigidez e inflexibilidade, fudoshin descreve uma condição que não é facilmente transtornada por pensamentos internos ou por forças externas. É capaz de receber um ataque forte e manter a postura e o equilíbrio. Recebe e devolve com leveza, está firmemente aterrado, e reflete a agressão de volta à sua fonte.

 

Senshin 

Senshin é o espírito que transcende os primeiros quatro estados da mente. É um espírito que protege e se harmoniza com o universo. Senshin é um espírito de compaixão que abraça e serve a toda a humanidade e cuja função é reconciliar e dissipar a discórdia no mundo. Ele considera que todos os tipos de vida são sagrados. É e mente de Buda e é a percepção de O-Sensei da função do Aikidô.

Aceitar completamente o senshin é essencialmente a mesma coisa que se tornar iluminado, e pode ir muito além da abrangência do treinamento diário do Aikidô. Entretanto, os primeiros 4 espíritos são provavelmente atingíveis por qualquer aluno sério através de atenção concentrada e treinamento firme. Abraçar estes estados da mente pode ser recompensador de diversas formas.

Shoshin pode libertar um aluno do “vale” frustrante do aprendizado, dando-lhe a visão para enxergar o que ele não poderia ver antes. Zanshin pode aumentar a atenção total, melhorando o treinamento de randori e de estilo livre. Mushin pode liberar a ansiedade do aluno quando está sob pressão, capacitando-o para uma performance melhor durante um exame. Fudoshin, pode lhe dar a confiança para proteger seu território em face de ataques físicos esmagadores.

O Aikidoka sério deve encontrar formas de incorporar estes espíritos do Budô em seu treinamento diário

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Tradução: Jaqueline Sá Freire – Brazil Aikikai – Hikari Dojo – Rio de Janeiro

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Aikidô e a Cadeira de Rodas – Por Ron Bundrun

21/01/2009

Uma noite, logo depois de entrar no dojô, meu Sensei me disse que queria que eu escrevesse o que o Aikidô tinha feito por mim. Eu sorri e disse a ele que para escrever sobre como o Aikidô havia mudado minha vida, eu necessitaria de compartilhar um pouco do meu passado:

 

Em 1974, fui diagnosticado como possuindo uma distrofia muscular. Uma doença misteriosa tinha tirado o ki de minhas pernas e esta era a única resposta lógica que os médicos podiam me dar. Mas vários meses mais tarde, o que parecia ser distrofia mudou para um câncer na coluna.

 

Em Setembro de 1974, um tumor do tamanho de uma grande laranja foi parcialmente retirado do meio de minha coluna. O que se seguiu nos próximos 20 anos foi uma parte do inferno: tratamentos de radiação, 13 operações corretivas e vários testes e exames de raio-X. Em uma ocasião em 1983, uma infecção hospitalar severa, com febres altas, me deu 5% de chances de continuar vivendo após aquela noite.

 

Como podem perceber eu sobrevivi, mas a minha vida havia mudado para sempre. Não somente a dor de quase ter morrido, mas fui confinado a viver em uma cadeira de rodas.

 

Em junho de 1993, entrei em um dojô de Aikidô enquanto visitava meu tio. Sendo sempre fascinado por artes marciais, decidi dar ao Aikidô uma chance, mesmo estando em uma cadeira de rodas.

 

A princípio, o Sensei ficou me olhando e a minha cadeira de rodas. Mas ele disse que se eu estava querendo treinar, ele queria me ensinar. O Sensei me disse que o Aikidô ensina que devemos nos misturar com pessoas e que todos devem ter uma chance. Então comecei a treinar.

 

Eu percebi mudanças em meu corpo desde o primeiro dia. A circulação de minhas pernas aumentou. A dor em minhas costas parece diminuir durante os treinamentos. E estou feliz, pois eventualmente alguns movimentos retornaram as minhas extremidades inferiores.

 

Com a ajuda de meu Sensei e meus amigos estudantes eu aprendi a mudar meu mundo físico. Aprendi que posso defender-me apesar de minha deficiência, que posso controlar minha dor expandindo meu ki e que o Aikidô pode ser praticado por qualquer um e estas são simplesmente as lições físicas. As lições emocionais que se seguiram foram mais surpreendentes.

 

A principal coisa que percebo quando treino com uma deficiência é que não estou realmente em desvantagem. Ô-Sensei desenvolveu o Aikidô para ser praticado em pé, sentado, e eventualmente deitado. (Eu já executei técnicas muito eficientes deitado).

 

Pessoas com deficiência enxergam a si mesmo como vulneráveis quando são atacados e este sentimento de vulnerabilidade tende a produzir pânico. Então, gasto uma grande parte do meu treino aprendendo a estar calmo durante um ataque. Eu tenho treinado a expandir meu ki e pensar, não em desvantagens, mas nas vantagens e qual técnica é mais eficiente para mim.

 

Claro que tive que fazer algumas alterações nas técnicas. Deste modo, shihonage é muito interessante. Eu faço o que chamo de “Pinole shihonage“, que eu nomeei em homenagem ao meu dojô, Pinole Aikidô. Ao invés de girar em volta de meu uke, eu agarro a mão do uke e rolo no chão. Fazendo isto, pareço um cão rolando, ou como dizem alguns alunos como um crocodilo tentando se alimentar. Se você pode imaginar sua mão na boca de um cachorro ou de um crocodilo enquanto está rolando, você pode entender o poder desta técnica.

 

Jo kata é outro aspecto do Aikidô que eu modifiquei. Eu o executo tanto em minha cadeira quanto no chão. Com a ajuda de meu Sensei e um estudante avançado. Eu planejei um kata que assemelha-se à canoagem. Aprendi, indo para baixo e forçando os agressores a abaixar ou pular sobre a minha cadeira, eu posso expor seus joelhos e tornozelos. O jo kata que faço é difícil de explicar, mas é muito eficiente para pessoas com ou sem deficiências.

 

Meditação (Zazen) foi um presente de Deus para mim. Eu tive 14 operações e a dor permanente é parte de minha vida. Mas, usando exercícios e técnicas de meditação Zen, eu aprendi a controlar muito da minha dor. Eu acredito no que o meu Sensei fala – que a dor é um estado mental e que controlando a mente podemos controlar a dor.

 

Minha filosofia no alongamento é a seguinte: faço todos os alongamentos no chão exceto os que necessitam realmente ficar de pé.

 

Eu vi a morte cara a cara. Mas lendo os textos de Ô-Sensei e ouvindo meu Sensei, aprendi que a morte é parte da vida. Nascemos, crescemos e então morremos. Treinando Aikidô aprendi que, enquanto estamos vivos, podemos tocar os outros com nossos corações, podemos nos misturar com os outros, ajudar e amar os outros. Também aprendi a viver cada dia como se fosse meu último, parando para ver a beleza de uma flor, o calor do sol e a companhia de amigos e da família.

 

O Aikidô me ensinou o respeito a mim mesmo e por todas as coisas vivas. Mesmo sabendo que eu nunca irei caminhar de novo, o Aikidô me mostrou que a medida de uma pessoa é seu coração e alma, não suas pernas.

 

Gostaria de terminar dizendo a todos que leram este artigo, que treinam Aikidô ou não, que continuem a acreditar em si próprios e que continuem a tentar.

 

Tradução: Antonino Barreto

 

Colaboração: www.aikikai.org.br