Consistência e Regularidade – Por Roberto Shinyashiki

15/06/2009

Não importa qual direção você quer dar à sua vida. Seja o que for que decidir fazer, acima de tudo são necessárias a consistência e a regularidade para que possa chegar a seu objetivo.

Meu professor de tênis, Rodrigo Barbosa, sempre diz: o segredo do tênis é a regularidade. Regularidade nos treinos. Regularidade durante os jogos. Regularidade nos saques. Tudo é regularidade! Ele tem razão. Não adianta treinar oito horas por dia durante cinco semanas e depois ficar alguns meses sem ver a raquete. É melhor treinar duas vezes por semana, regularmente, porque o seu jogo ficará consistente. Não adianta você acertar um saque sensacional e errar um monte deles. É melhor dar um saque bem colocado e errar pouco.

A preocupação com a forma física tem levado muitas pessoas às academias, quadras e aos parques. O problema é que muita gente acha que pode ficar a semana inteira parada e, no sábado de manhã, correr para uma quadra de futebol, começar a jogar às 7 horas e só parar às 20 horas. Os resultados disso você já sabe: dores pelo corpo, lesões musculares e, até mesmo, um infarto.

Os cardiologistas são unânimes em afirmar que exercício físico bom é aquele feito com consistência e regularidade. Esse conselho vale para tudo. Na nossa jornada em busca do crescimento pessoal, as grandes vitórias vêm após ações consistentes e muito regulares. Nos estudos é a mesma coisa. Não importa se você estuda Direito, Literatura ou Marketing, se você reservar vinte minutos do seu tempo para estudar todos os dias, depois de um ano ficará impressionado com a sua evolução. Se você conseguir estudar uma hora por dia, então, vai ser sensacional. Pessoas que somente estudam para as provas podem até ser aprovadas, mas raramente aprendem.

Com a sua carreira profissional acontece a mesma coisa. Constância e regularidade são fundamentais. Se você pensa em ser engenheiro, presta vestibular, começa o curso e, no meio do segundo ano, decide que quer ser veterinário, tudo bem. É preciso entender que você mudou de idéia. Se você pensa em ter uma empresa de informática, prepara tudo, faz os empréstimos e os investimentos, mas depois de seis meses trabalhando decide que vai ser cabeleireiro, tudo certo. É preciso entender que você mudou de opinião.

Se você e sua namorada resolvem se casar, preparam a festa, arrumam uma casa para morar e cuidam de mobiliá-la, fazem planos para os filhos, e pouco antes da data do casamento você decide que vai ser padre, o que se pode fazer? Antes agora do que depois de casado, certo? Mas há algo muito errado nessas histórias todas. Como é que você consegue não terminar nada do que começa?

Tudo bem que exagerei um pouco nos exemplos. Mas a grande verdade é que é mais ou menos assim que muitos jovens se comportam. Mudam de idéia a toda hora, muitas vezes para direções que nada têm que ver com suas decisões anteriores. Dessa maneira, sua dedicação não constrói coisa alguma.

Lógico que não devemos ser rígidos como uma montanha, mas precisamos ter em mente que os resultados aparecem depois de algum tempo de dedicação. Infelizmente, muitas pessoas abandonam um projeto no momento em que ele iria começar a dar resultados. Peter Drucker, o grande professor de administração, dizia que a maioria dos projetos dá errado, não porque foi construída e administrada erradamente, mas porque as pessoas desistem deles antes mesmo de os resultados aparecerem.

Se as nossas decisões e os nossos atos não apresentarem consistência e regularidade, haverá um grande desperdício de nosso potencial humano, de dinheiro, de sonhos, de entusiasmo, de crenças. Significa perda de tempo, pois ficamos andando em círculos, podendo afundar cada vez mais no lodo. Não importa qual direção você quer dar à sua vida. Seja o que for que decidir fazer, acima de tudo são necessárias a consistência e a regularidade para que possa chegar a seu objetivo.

* Roberto Shinyashiki é psiquiatra, palestrante e autor de 13 títulos.

Colaboração: http://shinyashiki.uol.com.br

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A Técnica e o Caminho – Uma Reflexão – Por Marcos José do Nascimento

02/12/2008

No início de treino, a técnica está para o praticante como preocupação primeira, na busca do seu aprimoramento através dela, na busca de um determinado grau de controle dos movimentos, de forma a mostrar-se aos demais como conhecedor dela em algum nível.

 

À medida que o tempo passa, dentro da prática, permanece na técnica a preocupação central do praticante, dirigindo a ela toda a sua atenção, as suas energias, como fim primeiro e último de sua prática no âmbito do Dojô. Até mesmo pelo conhecimento que se vai estendendo para horizontes mais amplos, com maior número de técnicas e de combinação entre elas.

 

A situação não poderia dar-se de outra forma, uma vez que na realização de qualquer natureza, em fase de aprendizado ou de aprimoramento, o que se busca é conhecer e demonstrar determinado nível de controle sobre o conhecimento de que vai se assenhorando a pessoa, aos poucos.

 

Fora o fato de que, no âmbito das artes marciais, existe a prova prática perante uma banca examinadora, para a ascensão a uma graduação superior em relação ao que se encontra o praticante, situação geradora de ansiedade e de estresse na grande maioria dos que praticam as artes marciais, situação essa que, por si só, também contribui como um dos fatores determinantes, se não o principal, de busca constante de aprimoramento das técnicas em si.

 

Não obstante a técnica fazer parte do treino, formando a base do corpo de uma arte, cabe-nos indagar, talvez de maneira ousada: seria ela (a técnica) o fim último da realização de uma prática em que se consomem anos de atividade dentro de uma arte marcial? Ou seria apenas um meio para se chegar a um outro fim, talvez imperceptível no início ou mais à frente?

 

Na história das artes marciais japonesas é provável que tenha havido um período em que predominava a rigidez dentro dessas artes, haja vista o surgimento do Jujutsu em determinada época, tendo como princípio o uso da flexibilidade para controlar a rigidez, bem como o uso da força do oponente a favor de quem se aplica uma técnica, sendo este último o princípio básico do Jujutsu, nas suas mais variadas escolas, ao longo dos séculos.

 

Mas, ainda assim, durante a era do Jujutsu, a técnica era o foco principal dos seus praticantes, ainda que houvesse um ensinamento de cunho filosófico e ético, este não constituía o centro da arte. Haja vista a situação em que se encontrava o próprio Jujutsu na segunda metade do século dezenove, quando os seus praticantes exibiam-se em teatros contra lutadores de outras artes marciais, para o entretenimento da platéia, como também para auferir renda, assim como havia desavenças constantes entre praticantes de diferentes academias nas ruas de Tóquio, e, em alguns casos, os cidadãos comuns sofriam intimidação por parte de alguns Jujutsukas (praticante de Jujutsu).

 

Com a transição para o caminho (), o foco da prática, não obstante continuar-se na realização de treinos ao longo do tempo, com a concessão de graus mais elevados, à medida da passagem do tempo dentro de uma prática, passou-se a buscar a formação ética de seu praticante, procurando incutir-lhe hábitos salutares, passando a aprender, no âmbito do Dojô, normas de condutas e princípios filosóficos, através de orientações dadas pelos mestres das artes, e que, modificando-lhe os hábitos, paulatinamente, esses novos hábitos extravasariam para além dos limites da academia, contribuindo para a formação de um ser que coopere mais na sociedade em que vive.

 

Dessa forma, a técnica e sua realização contínua no tempo, deixariam de ser o fim último do praticante, passando a ser um meio para alcançar-se uma conquista que transbordaria para além dos limites físicos do Dojô.

 

Isso talvez ressalte a importância dessa transição que aconteceu no âmbito das artes marciais japonesas, a partir do início da Era Meiji (1868), pois, da mesma forma, que se pode incutir bons hábitos no praticante, a prática deformada de uma arte marcial, transfere para a sociedade um praticante de hábitos deformados, que, em lugar de trazer benefícios, causa danos aos outros, a si mesmo, e à sociedade como um todo.

 

Essa última hipótese decorre, em última análise, pela preocupação excessiva pela técnica em si, apenas, desconsiderando-se os aspectos do caminho, desprezando-os o praticante ou quem lhe transmite os ensinamentos técnicos de um combate. Daí porque, ainda quando se afirma como praticante de uma arte marcial cujo foco esteja no caminho (), sem caminhar nessa direção, não importa a graduação que ostente, aluno ou professor, essa pessoa, ainda estará na fase da técnica (Jutsu), quando não se apercebe desses aspectos.

 

Colaboração: Marcos José do Nascimento – 1° Kyu (Faixa-Marrom) de Aikidô da Academia Central de Aikidô de Natal


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