O Hakama

22/05/2013

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O hakama é a calça parecida com uma saia que alguns aikidocas usam. É uma peça tradicional da vestimenta de um samurai. O gi (vestimenta) padrão usado em aikidô bem como em outras artes marciais tais como judô ou karatê-dô era originalmente uma roupa de baixo. Vestir o hakama é parte da tradição do Aikidô (em muitas escolas).

O hakama era no princípio uma proteção para as pernas dos cavaleiros contra atritos, arranhões etc. – não muito diferente das calças de couro usadas pelos cowboys americanos ou pelos vaqueiros sertanejos. O couro era muito difícil de encontrar no Japão, um país sem pecuária, assim o tecido pesado era usado em seu lugar. Após a transformação dos samurais em combatentes desmontados, atuando mais a pé, o hakama continuou sendo usado porque isso os distinguia em meio à tropa e os tornava mais facilmente identificáveis.

Porém havia diferenças de estilo nos hakamas. O tipo usado hoje em dia pelos praticantes de artes marciais – com “pernas” – é chamado de “joba hakama” (ao pé da letra, utensílio para montagem a cavalo o qual alguém calça). Havia uma versão de hakama que parecia um tipo de saia em forma de tubo – sem pernas – e ainda um terceiro tipo que era uma versão longa do segundo. Ele era vestido nas visitas ao Shogun ou ao Imperador. Media habitualmente 3,6 a 4,5 metros de comprimento e era dobrado repetidamente e colocado entre os pés e a parte posterior do corpo do visitante. Isto fazia com que ele necessitasse shikko – “caminhar ajoelhado” – para sua audiência e dificultava bastante para alguém esconder uma arma ou erguer-se rapidamente para um ataque.

Em muitas escolas, apenas os faixas-pretas vestem hakama, em outras, todas as pessoas o fazem. Em algumas as mulheres podem iniciar seu uso antes dos homens (geralmente o motivo dado é a modéstia – recato – feminina – lembremos que o gi era originalmente roupa de baixo).

O Sensei era bastante enfático em que TODOS deviam vestir hakama, mas ele vinha de um tempo/cultura não muito distante em que o hakama era uma forma padrão de vestimenta formal.

Muitos dos estudantes eram pobres demais para comprar um hakama, mas era exigido que o usassem. Se eles não puderem conseguir um de um parente mais velho, poderiam pegar a cobertura de um velho colchão, cortá-la, pintá-la e dá-la a uma costureira para fazer um hakama. Se eles tiverem que usar uma tinta barata, porém, depois de um tempo a cor da capa vai começar a aparecer e a felpa do colchão começará a passar pelo material.

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Saito Sensei, sobre o uso do hakama no dojo de O-Sensei nos velhos dias:

No Japão do pós-guerra muitas coisas eram difíceis de obter, inclusive roupas. Por causa da escassez, nós treinávamos sem hakama. Nós tentamos fazer hakamas de cortinas de blackout contra ataques aéreos, mas essas cortinas tinham ficado ao sol durante anos, e os joelhos rasgavam tão logo arrastavam pelo chão na prática de suwariwaza. Nós estávamos constantemente trocando aqueles hakamas. Foi nessas condições que alguns fizeram a sugestão: ‘Por que nós não adotamos que seja aceito não vestir hakama até que a pessoa seja shodan?’ Esta idéia foi posta em prática como uma política temporária para evitar despesas. A idéia por trás da sugestão não tinha nada a ver com o uso do hakama como um símbolo da ascensão à faixa-preta“.

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Shigenobu Okumura Sensei, “Aikido Today” Magazine” #41:

Quando eu era uchi-dechi de O Sensei, todos eram instados a usar hakama para a prática, começando do primeiro dia em que pisassem no tatame. Não havia restrições sobre o tipo de hakama que você poderia usar, e o tatame era um lugar bastante colorido. Havia hakamas de todos os tipos, todas as cores e variedades, de hakamas de kendo, aos hakamas listrados usados em dança japonesa, até os caros hakamas de seda chamados sendai-hira. Eu imagino que alguns iniciantes foram mandados ao inferno por terem emprestado os caríssimos hakamas dos avós, usados apenas em ocasiões especiais e cerimônias, para esgarçarem seus joelhos fazendo suwariwaza. Eu lembro vivamente o dia em que esqueci meu hakama. Eu me preparava para subir ao tatame, vestindo apenas meu dogi, quando O Sensei me deteve. ‘Onde está seu hakama?’ Ele perguntou asperamente. ‘O que faz você pensar que você pode receber a instrução do seu professor vestindo nada mais que sua roupa de baixo? Você não tem senso de adequação? Obviamente. Você carece da atitude e etiqueta necessária em alguém que possui treinamento no budô. Sente-se fora do tatame e assista a aula”!

Este foi apenas o primeiro de muitos puxões de orelha que recebi de O Sensei. Porém, minha ignorância nesta ocasião alertou O Sensei a orientar seus uchi-dechi depois da aula sobre o significado do hakama. Ele nos falou sobre o hakama como tradicional indumentária dos estudantes do kobudo e perguntou se algum dos estudantes conhecia a razão para as sete dobras do hakama. 

‘Elas simbolizam as sete virtudes do budo’, disse O Sensei. ‘Estas são jin (benevolência), gi (honra ou justiça), rei (cortesia e etiqueta), chi (sabedoria, inteligência), shin (sinceridade), Chu (lealdade) e koh (piedade). Nós encontramos estas qualidades nos relevantes samurais do passado. O hakama convida-nos a refletir sobre a natureza do verdadeiro bushido. Vesti-lo simboliza tradições que chegaram até nós passando de geração em geração. O Aikido nasceu do espírito do bushido do Japão, e em nossa prática devemos buscar polir as sete virtudes tradicionais´”. 

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Colaboração:

www.impressione.wordpress.com

www.aikidope.com.br

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O uso do Hakama – Por Shigenobu Okumura Sensei

27/01/2012

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Quando eu era uchi-deshi de O-Sensei, todos eram instados a usar hakama para a prática, começando do primeiro dia em que pisassem no tatami. Não havia restrições sobre o tipo de hakama que você poderia usar, e o tatami era um lugar bastante colorido. Havia hakamas de todos os tipos, todas as cores e variedades, de hakamas de kendo, aos hakamas listrados usados em dança japonesa, até os caros hakamas de seda chamados sendai-hira. Eu imagino que alguns iniciantes foram mandados ao inferno por terem emprestado os caríssimos hakamas dos avós, usados apenas em ocasiões especiais e cerimônias, para esgarçarem seus joelhos fazendo suwariwaza (técnica de joelhos). 

Eu lembro vivamente o dia em que esqueci meu hakama. Eu me preparava para subir ao tatami, vestindo apenas meu dogi, quando O-Sensei me deteve. “Onde está seu hakama?” Ele perguntou asperamente. “O que faz você pensar que você pode receber a instrução do seu professor vestindo nada mais que sua roupa de baixo? Você não tem senso de adequação? Você carece da atitude e etiqueta necessária em alguém que possui treinamento no budô. Sente-se fora do tatame e assista a aula!”

Este foi apenas o primeiro de muitos puxões de orelha que recebi de O-Sensei. Porém, minha ignorância nesta ocasião alertou O-Sensei a orientar seus uchi-deshi depois da aula sobre o significado do hakama. Ele nos falou sobre o hakama como tradicional indumentária dos estudantes do kobudo e perguntou se algum dos estudantes conhecia a razão para as sete dobras do hakama. “Elas simbolizam as sete virtudes do budo”, disse O-Sensei. “Estas são jin (benevolência), gi (honra ou justiça), rei (cortesia e etiqueta), chi (sabedoria, inteligência), shin (sinceridade), Chu (lealdade) e koh (piedade). Nós encontramos estas qualidades nos relevantes samurais do passado. O hakama convida-nos a refletir sobre a natureza do verdadeiro bushido. Vesti-lo simboliza tradições que chegaram até nós passando de geração em geração. O Aikido nasceu do espírito do bushido do Japão, e em nossa prática devemos buscar polir as sete virtudes tradicionais”.

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Colaboração:

Aikido Today Magazine – nº 41

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