SANGEN – Triângulo, Círculo e Quadrado

24/03/2023

Muitas vezes Morihei Ueshiba observava, “A única maneira que encontro para explicar o Aikido é desenhar um triângulo, um círculo e um quadrado” – as três proporções mais perfeitas da geometria.

Um triângulo com seu vértice voltado para cima simboliza o fogo e o linga cósmico; com sua ponta voltada para baixo, ele representa a água e o yoni cósmico. Os três lados do triângulo representam várias trindades: céu, terra e humanidade; mente, corpo e espírito; passado, presente e futuro. Um triângulo significa a dimensão do fluxo de ki.

O círculo é o emblema universal do infinito, da perfeição e da eternidade. A natureza se expressa em círculos, circuitos e espirais. O círculo é zero, o vazio que preenche todas as coisas. Ele representa a dimensão líquida.

O quadrado é estável, organizado e material. Ele é a base do mundo físico, composto de terra, água, fogo e ar. O quadrado simboliza a dimensão sólida.

Também é importante conceber os sangens em suas formas tridemensionais: o tetraedro (pirâmide), a esfera e o cubo. Sobre as três figuras fundamentais, Morihei dizia: “O triângulo representa a geração de energia e a iniciativa; é a postura física mais estável. O círculo simboliza unificação, serenidade e perfeição; ele é a fonte de técnicas ilimitadas. O quadrado retrata a forma e a solidez, base do controle aplicado.”

Pode-se interpretar esta imagem em muitos níveis, mas a explicação que mais toca os estudantes de Aikido é a da integração do céu (círculo), da humanidade (triângulo) e da terra (quadrado)

Texto extraído do livro: Os Segredos do Aikido de John Stevens.

Editora: Pensamento

Colaboração:

Francisco Jefferson – @mibbbrasil

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7 anos do Projeto Aikidô – Feliz Aniversário !!!

26/06/2015

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O Blog I M P R E S S Õ E S – A I K I D Ô parabeniza o Projeto Aikidô – E.M São Francisco de Assis – pelo seu 7º ano de sucesso. Desejamos aos Voluntários e Alunos, que continuem a divulgar os ensinamentos de Morihei Ueshiba e a trilhar os caminhos da Arte da Paz.

Em comemoração à data, o Projeto Aikidô convida os aikidocas interessados a participarem de treino especial comemorativo pelo seu 7º aniversário – dia 28/06/15, às 15h na Escola Municipal São Francisco de Assis (Mapa).
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História do Projeto Aikidô

O Projeto Aikidô é desenvolvido na Escola Municipal São Francisco de Assis, bairro de N.S. de Nazaré em Natal/RN desde 26/06/2008. Local de grande desigualdade social, presença de comércio informal e inúmeras vilas em condições semelhantes às favelas. A violência do bairro é uma constante na mídia Norteriograndense.

A necessidade de afastar as crianças de tais condições e terem na escola do bairro um refúgio seguro, foram as motivações para a implantação do Projeto Aikidô. O Projeto, além de aulas de Aikidô (arte marcial japonesa) que prega a harmonia, a cooperação, e a saúde corporal, também incentiva a escrita, a leitura e a nutrição. Com o patrocínio do Projeto Escola Brasil – Banco Santander – com a doação de Tatames e Kimonos e a ajuda de voluntários – Marcus Vinicius Andrade Brasil (Advogado) e Cristiane de Morais Alves (Nutricionista) – o Projeto saiu da teoria para a prática e já está em seu sétimo ano, atendendo a criançada do bairro com Aulas de Reforço (Inglês e Português), e Aikidô, todos os domingos a tarde, das 13h:30m às 17h:30m.

Após sete anos de existência do Projeto Aikidô da Escola Municipal São Francisco de Assis observou-se que uma pequena ação pode trazer um grande resultado: melhora nas relações entre os alunos; melhoria da saúde e asseio; das relações sociais; na frequência escolar e no afastamento da violência. Os voluntários aprendem dia a dia com as diversas exigências; a escola está mais participativa na vida do aluno e vice- versa e a relação entre sociedade/escola está reforçada.

A cada fim de semana o Projeto Aikidô caminha em frente, superando os obstáculos que se apresentam para melhorar a vida das crianças do bairro de N.S. de Nazaré e Bom Pastor.
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Projeto Aikidô

Escola Municipal São Francisco de Assis – N.S de Nazaré – Natal/RN
Av. Miguel Castro, 126, Bairro Nossa Senhora de Nazaré, CEP 59062-000
Fones: (84) 3232-4867, (84) 3213-2133
Site: http://www.projetoaikido.wordpress.com
E-mail: mvabrasil@yahoo.com.br

Encontros todos os domingos das 13h:30m às 17h:30m

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“Budô” revolucionou a nossa compreensão na criação do Aikido moderno – Por Stanley Pranin

04/03/2015

“Budo”, escritos de Morihei Ueshiba de 1938, é um dos documentos históricos mais importantes sobre a evolução das técnicas de aikido, e é de grande relevância para os estudantes contemporâneos de aikido. Estamos em débito com o Fundador e com Morihiro Saito Sensei por ter criado esse recurso maravilhoso.

Do ponto de vista técnico, “Budo” oferece inúmeros insights sobre a arte marcial de Morihei Ueshiba referente ao período pré-guerra. Ele fornece uma visão das técnicas que Ueshiba considerava como sendo conceitos básicos e a maneira que elas foram executadas em meados dos anos 30. As descrições técnicas oferecidas são sucintas e altamente instrutiva. Como “Budo” foi publicado em 1938, as técnicas cobertas por ele representam uma fase de transição entre o Daito-ryu aikijujutsu que Ueshiba aprendeu com Sokaku Takeda e o aikido moderno. Várias técnicas básicas cobertas no manual – por exemplo, ikkyo, iriminage e shihonage – já tinham uma estreita semelhança com as ensinadas pelo Fundador no período do pós-guerra em Iwama.

Surpreendente, para alguns, será o grande número de técnicas incluídas no “Budo” que são executadas com armas. Um terço do livro apresenta técnicas executadas usando a faca, a espada, a lança e a mock-baioneta. Há uma série de influências identificáveis ​​que se relacionam com a inclusão dessas técnicas de armas. Uma delas é o fato de que, nesta época, Ueshiba foi experimentando as técnicas de espada da escola Kashima Shinto-ryu.

O manual inclui vários movimentos de suburi derivados de práticas (kumitachi) Kashima. Ueshiba, em conjunto com Zenzaburo Akazawa, frequentaram formalmente esta tradição clássica de 500 anos de idade, em Kashima, na prefeitura de Ibaraki em 1937. Apesar de Ueshiba nunca ter realmente praticado no dojo Kashima, instrutores da escola vistavam o dojo de Ueshiba uma vez por semana, por cerca de um ano, para ensinar a alguns alunos, incluindo Akazawa e o filho de Ueshiba, Kisshomaru. Ueshiba observava profundamente estas sessões especiais de formação e, em seguida, praticava por conta própria com seus alunos, tais como seu filho e Akazawa, que haviam tido aulas com os professores do Kashima. Ueshiba iria continuar a sua experimentação com essas artes de espada até por volta 1955. Estas formas iniciais foram as raízes das técnicas de aikiken que foram posteriormente sistematizados em suas formas atuais por Morihiro Saito em Iwama.

Referente à inclusão das técnicas de baioneta, sem dúvida, refletiram o fato de que Ueshiba foi contemporâneo no ensino destas em várias instituições militares, incluindo a Escola Toyama do Exército, onde o príncipe Kaya mais tarde serviu como superintendente. Tais práticas de baioneta eram do treinamento de infantaria do exército japonês até a Segunda Guerra Mundial. Quando jovem, o próprio Ueshiba praticava intensamente as formas de baioneta durante seu treinamento militar como soldado durante a Guerra Russo-Japonesa.

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SOKAKU TAKEDA e MORIHEI UESHIBA – Por Kisshomaru Ueshiba

26/02/2015

Sokaku Takeda está registrado na história do budo moderno como o transmissor do Daito-ryu Jujutsu. Ele era uma pessoa inspiradora com uma aparência formidável e, embora tivesse cerca de 2 centímetros a menos que o O-Sensei, ele sempre parecia olhar para baixo, e para as coisas, com um olhar misteriosamente penetrante, acompanhado por uma carranca de boca fechada devido à sua falta dos dentes da frente. Diz-se que Onisaburo Deguchi, que tinha a reputação de ser capaz de dizer a sorte das pessoas, uma vez disse a Takeda que mesmo que ele tivesse dominado um “Caminho”, ele era um homem com o cheiro de sangue e um destino infeliz. Mestre Deguchi muitas vezes se perguntou por que Ueshiba era tão subserviente à Takeda, e essa atitude foi um ponto de irritação para o líder religioso. Mas Ueshiba foi sempre fiel à etiqueta e era grato ao seu professor, para quem ele sempre tentou atender às demandas.

Foi em fevereiro de 1915, enquanto visitava Engaru em Kitami que O-Sensei conheceu Takeda. Ambos foram se hospedar no mesmo hotel e eles se encontraram nos corredores da pousada. Ueshiba, que na época tinha cerca de 30 anos, estudou com ele na estalagem por um mês, mas enquanto ele estava sendo ensinado ele sentiu algum tipo de inspiração, que espiritualmente ele não entendeu muito bem, então ele convidou Takeda para ir com ele à área de Shirataki onde cerca de 15 de deshi e servos de Ueshiba receberiam as instruções de Takeda no Daito-ryu. Mais tarde, quando perguntado a ele se enquanto estudava o Daito-ryu lhe havia vindo a inspíração para o Aikido, O-Sensei balançou a cabeça, “- Não”, e disse: “- Eu diria que a Takeda Sensei abriu meus olhos para budo”.

Quando se conheceram, Sokaku apresentou-se dizendo: “- Eu sou Sokaku Takeda.” O-Sensei reconheceu o nome, porque antes ele havia lutado e derrotado um enorme lutador de sumô de Kitami Ridge, e naquela época ele tinha sido perguntado se ele era Takeda. De acordo com o Sumo Ozeki (o segundo mais alto posto em Sumo) a quem ele havia derrotado, Takeda era um homem do budo, de classificação samurai, que tinha vindo para Hokkaido a convite de um de seus alunos. Foi esse incidente que tinha familiarizado O-Sensei com o nome de Takeda.

Este foi o início da ligação longa e decisiva entre os dois homens. Após a reunião, Takeda convidou Morihei para o quarto dele, onde eles conversaram a noite toda. Foi então que Morihei percebeu o grande conhecimento do budo possuído por este personagem formidável. Quando Ueshiba pediu para ser instruído em Daito-ryu jujutsu, algo completamente novo para ele, Takeda imediatamente o convidou para permanecer na estalagem. Parece que ele percebeu que Ueshiba tinha treinado duro e tinha um grande potencial.

O-Sensei ficou muito impressionado com as técnicas secretas de Daito-ryu que ele viu pela primeira vez durante esse mês de sessões de treinamento intensivo de um dia inteiro. Mais tarde, ele recebeu um pergaminho de transmissão que listou 188 técnicas gerais, 30 técnicas de aiki, e 36 ensinamentos secretos. Ele estava bastante surpreso com o enorme número de variações que tinha sido dado a ele.

As técnicas de Daito-ryu foram mais práticas do que as do Jujutsu que ele havia aprendido até aquele momento, e a eficácia violenta das técnicas de bloqueio bem como os ataques aos pontos vitais (atemi) eram algo novo para ele. Embora Morihei fosse fisicamente mais forte do que Takeda, ele era impotente em face de controle técnico do seu professor. Morihei tornou-se profundamente absorvido em pesquisar essas técnicas secretas, mas depois de cerca de um mês ele retornou à Shirataki.

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Mestre Sokaku Takeda e o Daito-ryu. 

Daito-ryu jujutsu é uma arte marcial tradicional do clã Takeda. O fundador foi Shinra Saburo Yoshimitsu a partir da linha Seiwa Genji (um ramo principal do clã Minamoto). O nome do sistema pode ter sido tirado da “Mansão Daito” em Shiga, onde o treinamento acontecia. A tradição foi transmitida na família Kai Takeda e quando Lord Takeda Tosa Kunitsugu foi nomeado para ser o senhor de “Aizu Han”, foi ele quem trouxe para Aizu. As técnicas mantiveram-se secretas nesse domínio até o final do período feudal em 1860. Sokaku tinha sido destaque em artes marciais quando jovem e foi chamado de gênio com a espada. Uma história conta que Takeda matou muitos desafiantes, e ele iria se vangloriar disso a Ueshiba. Parece no entanto, que depois de um tempo definiu que a espada seria absorvida na tradição Daito-ryu Jujutsu. Em 1898, ele recebeu a licença de um mestre nas técnicas secretas. Isto foi como Takeda tornou-se um transmissor (em japonês, literalmente, um “fundador do meio”) da tradição Daito. Depois disso, ele viajou para vários lugares para ensinar e difundir o Daito-ryu e, eventualmente, fez o seu caminho para Hokkaido.

Durante os anos O-Sensei tratou Takeda com muita humildade e educadamente, e fez o seu melhor para serví-lo até sua morte em 1943. Durante muito tempo Takeda viveu e ensinou na área de Shirataki, Morihei cuidou dele completamente sozinho e apesar do fato de que ele estava em uma posição de grande respeito na comunidade, ele voluntariou-se fazendo trabalhos humildes fora de suas atribuições. Era a crença de O-Sensei que a devoção total ao seu professor era simplesmente a etiqueta correta ou esperada, uma vez que tinha recebido instruções dele. Em referência ao acontecido, o segundo Dosshu Kisshomaru disse: “- Não consigo pensar em ninguém que realizou o decoro e a etiqueta em grau mais elevado do que ele (O-Sensei). É por isso que o fundador foi capaz de desenvolver a capacidade de impor respeito como o próprio professor “.

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Em 14/12/1883 nasceu Morihei Ueshiba – Ô Sensei – Fundador do Aikidô

15/12/2014

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Na data de 14 de dezembro do ano de 1883, nasceu em Tanabe – Japão, Morihei Ueshiba, aquele que seria reconhecido em todo mundo como um grande guerreiro e um grande mestre e que, com sua iluminação, viria a criar o Aikidô, a “Arte da Paz”.

O verdadeiro Budo é feito em prol da “construção da paz”. Treina todos os dias, a fim de fazer paz entre este espirito (Budo), e todas as coisas que se manifestam sobre a face da Terra.” 

Morihei Ueshiba em Budo Training in Aikido – 1933

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Morihei Ueshiba (1883-1969) – 45 anos da passagem do Fundador do Aikidô

25/04/2014

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Amanha, 26/04/2014, fará exatos 45 anos da morte do Fundador do Aikidô, Morihei Ueshiba, conhecido pelos Aikidocas ao redor do mundo como Ô –Sensei – Grande Mestre.

Os últimos anos de Morihei Ueshiba foram passados principalmente em Tóquio à medida que a sua saúde se tornava gradualmente mais frágil em virtude de sua idade já avançada, 86 anos. Não obstante, continuou ensinando até março de 1969, altura em que adoeceu, devido a complicações no fígado, e foi internado no hospital da Universidade de Keio. Na ocasião Morihei disse a seu filho Kisshomaru: “Deus está me chamando”.

Uma das últimas aparições do Ô-Sensei deu-se no dia 15 de abril de 1969, Morihei participou das comemorações do ano novo no Hombu Dojô. Mesmo parecendo estar com a saúde impecável, sua condição física deteriorava-se rapidamente e devido a tal quadro seus numerosos discípulos e amigos fizeram suas últimas visitas e homenagens. Mesmo já no final de sua existência neste plano Ô-Sensei propagava os ideais do Aikidô, e dizia aos presentes: “O Aikidô é para todos…” dizia o Mestre, “não treinem por razões egoístas, mas para todas as pessoas em todos os lugares”.

No dia 26 de abril de 1969, Morihei Ueshiba, aos 86 anos de idade, tomou a mão de seu filho Kisshomaru, riu e disse: “Tome conta de tudo”, e desencarnou.

Uma vigília foi realizada no Hombu Dojô no dia 1º de maio de 1969, a partir das 19h e, no mesmo dia, foi consagrada ao Fundador do Aikidô uma condecoração póstuma pelo Imperador Hirohito. Suas cinzas foram depositadas no cemitério de Tannabe, no templo da família Ueshiba, e mechas de seu cabelo foram guardadas em relicários no Santuário Aiki, em Iwama; no cemitério da família Ueshiba, em Ayabe; e no Grande Santuário de Kumano. Kisshomaru Ueshiba foi eleito para suceder seu pai como Aiki Doshu, por decisão unânime da Aikikai, em 14 de junho de 1970.

O Budô não é um meio de se derrotar um oponente pela força ou com armas letais. Também não é seu propósito levar o mundo à destruição pelas armas ou por outros meios ilegítimos.O verdadeiro Budô busca ordenar a energia intrínseca do Universo, protegendo a paz mundial, moldando e também preservando tudo na natureza em sua forma correta. Praticar o Budô é essencial para fortalecer, em meu corpo e em minha alma, o amor do kami, a divindade que gera, preserva e nutre todas as coisas na natureza” – Morihei Ueshiba.

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Conheça o Aikidô

Local: Academia Central de Aikidô de Natal – ACAN

Endereço: Rua Prof. João Ferreira de Melo – Capim Macio – Natal/RN –  Fundos do CCAB Sul

Telefone: (84) 2020-4841

Site: www.aikidorn.com.br

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Projeto Aikidô – Nova Voluntária

09/04/2014

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O Projeto Aikidô dá as boas vindas à nova voluntária, Cristiane de Morais Alves, e responsável pelas aulas de inglês. Informa que as aulas com a Profa. Cristiane se darão aos domingos, das 13h:30m às 14h:15m, antes dos treinos de aikidô do projeto.

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AIKIDO PARA O DIA-A-DIA – Por Daniel Nicolau de Vasconcelos Pinheiro

17/02/2014

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Nas primeiras aulas de Aikido, recebemos várias explicações básicas sobre o funcionamento dos treinos, técnicas, etiqueta no tatame, entre outras. É natural que, ao longo da permanência do aluno nos treinos, a curiosidade comece a aumentar e que passemos a ler sobre aquilo que aplicamos nas práticas. Sensei fala – Aikido é para o dia-a-dia, exercício para o corpo e disciplina para a mente. Esta frase parece mais um simples jargão clichê que poderia ser aplicado a todas as formas de se exercitar ou mesmo outras artes marciais, mas nos parece que esta máxima é um pouco mais profunda na bela arte do “caminho para a harmonização das energias”.

Para sustentar esta afirmativa lembramos que, dentre muitos princípios que doutrinam a arte aikidoca, há um que nos dias de hoje nos parece um dos mais importantes, inclusive para o aprendizado e desenvolvimento dos outros princípios. Este é chamado Missogui, que significa: “a prática para remover a poluição (Kegare) do corpo, da mente e do espírito (…). Missogui é o primeiro conceito do Xintoísmo esotérico. É o Missogui aquilo que cria espaço dentro do indivíduo para que ele possa entrar em conexão (Mussubi) com o mundo divino.[1]

Abrir espaço para algo dentro de nós nos dias hoje é tarefa muito difícil, principalmente na sociedade ocidental, cada vez mais capitalista, consumista e desumana. E é neste ponto onde encontramos o maior presente que a prática do Aikido oferece. Um bom sensei irá levar o aluno à pratica do missogui no tatame mesmo sem que ele perceba. No entanto, quando o fazemos de forma consciente ele é muito mais proveitoso e eficiente. “Aikido é o exercício de estarmos sendo ensinados pelos Kamisama (divindade), sobre as vibrações da criação universal (tamashii)”.[2] É preciso estar aberto a estes ensinamentos para recebê-los em sua plenitude.

Para entrarmos no estado onde possamos nos harmonizar com a energia universal e ao aprendizado do Aikido, precisamos nos abrir e sermos propensos a receber. É aí que começa o exercício interno verdadeiro.

A prática do Missogui pode ser realizada de diferentes formas e ao longo de todo o dia. Algumas formas são mais ritualísticas, ligadas à religião e outras mais mundanas. Neste texto, não entraremos em detalhes sobre a ritualística Xintô, pois o nosso objetivo é justamente dar uma pincelada no que a segunda prática pode gerar de benefícios ao praticante de Aikido.

A etiqueta cobrada dentro do tatame e a presença do sensei, já nos convidam a doutrinar a mente para fazer uma pausa no nosso dia e descansar das preocupações. A “ritualística” da aula, o respeito pelas explicações e o treino do que é ensinado buscando imitar os movimentos da forma demonstrada nos leva a um estado de concentração que começa a limpar nossa mente de outros pensamentos, problemas, preocupações, etc.. A concentração “forçada” nas técnicas de queda, principalmente quando estamos como Uke, leva a aflorar nosso instinto de autopreservação que acaba por ajudar a retirar de nossa mente pensamentos ruins. Então o Missogui acontece. Começamos a retirar de nós tensões, asperezas e preocupações e, ao fim de um bom treino, começamos a ver tudo de forma diferente, com a mente mais tranquila e o corpo mais relaxado. Somos até capazes de julgar melhor os motivos de nossas apreensões e tomar decisões mais centradas.

Qual a mágica? Não há mágica, há perseverança, disciplina, disposição para o aprendizado e consideração mútua. Para que ocorra uma aula proveitosa que nos permita praticar o Missogui, é preciso que estejamos dispostos a ceder e a se por no lugar do outro enquanto nage, respeitando as condições físicas e mentais dos nossos colegas de treino. É necessário também que quando Uke, estejamos prontos para sermos flexíveis e perceber a condução do nage, condução esta que pode ser encarada como uma analogia para as formas que a vida nos apresenta as mais variadas situações.

De nada servem as correções e as explicações individuais se não houver espaço mental e humildade para recebê-las. A limpeza interna abre espaço para o aprendizado e para os bons sentimentos de todos aqueles que partilham o dojo conosco. Devemos nos sentir gratos pelas oportunidades e por toda a doação que encontramos no sensei e nos colegas de treino.[3]

Concluindo esta exposição, lembro a frase de Kisshomaru Ueshiba parafraseando o Fundador, “a ressonância do corpo deriva da unidade mente-corpo que se harmoniza com a ressonância do universo”[4]. Para que esta ressonância seja positiva e possamos nos beneficiar dela, precisamos estar no estado adequado para dar e receber. O Missogui é uma prática que nos leva a purificar-nos e abrirmos espaço para aprender a receber, sabendo conscientemente o que e como. E para nós, este é um grande diferencial da prática do Aikido das demais atividades físicas e artes marciais e um grande exercício para toda vida.

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*Daniel Nicolau é Arquiteto, Servidor Público e faixa-preta 1º Dan (Shodan) da Academia Central de Aikidô de Natal.

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Referências:

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[1] BULL, Wagner José. Aikido-caminho da sabedoria. A Teoria.Editora Pensamento, São Paulo. Pg 181 e 182.

[2] Idem

[3] SUNADOMARI, Kanshu. A iluminação através do Aikido. Ed. Pensamento. São Paulo 2006. Pg. 107 a 109.

[4] UESHIBA, Kisshomaru. O espírito do aikido. Ed. Cultrix. São Paulo, 1984.

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O Aikido e a Espada – Por Stanley Pranin

11/11/2013

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O Fundador demonstrava grande interesse pela espada durante toda a sua carreira nas artes marciais. Ele chegou a receber um certificado de uso de espada do Yagyu Shinkage-ryu de Sokaku Takeda em 1922, apesar do fato de que o conteúdo de seu treinamento de espada com Sokaku não ser conhecido. Posteriormente, em 1937, ele oficialmente se uniu à escola clássica Kashima Shinto-ryu que teve influência em suas experiências com o uso da espada, especialmente durante os anos de Iwama, de 1942 até cerca de 1960.

O-Sensei não tentou codificar ou desenvolver um kata de espada para ser usado formalmente no treinamento do aikido. A espada era, para o Fundador, uma extensão do poder divino, para ser usado exclusivamente com o propósito de dar a vida. Seu trabalho com a espada — e pode-se dizer o mesmo em referência ao jô – era simplesmente uma ferramenta diferente para a expressão do movimento do aiki baseado nos mesmos princípios universais que as técnicas de taijutsu.

Como a espada é uma extensão do corpo, certos usos e princípios dos movimentos são compreendidos melhor e com mais clareza em comparação com as técnicas de mãos livres. O Fundador frequentemente ilustrava um movimento ou algum princípio com e sem sua espada durante o treinamento para esclarecer seu inter-relacionamento.

Assim, as comparações do uso da espada por O-Sensei com as escolas clássicas são inúteis, pois sua intenção não era ensinar técnicas de campo de batalha mas sim demonstrar como a energia divina é canalizada através do corpo humano, pelo espaço a sua volta e através de todo o Universo.

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Awase, Kiai e Atemi – Por Stanley Pranin

30/10/2013

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AWASE

O conceito de “unir-se” com seu oponente no aikido é frequentemente usado quando os professores descrevem a mecânica de uma técnica. O que geralmente se quer dizer com isso é que o movimento deve ser coordenado para coincidir com a velocidade e a direção do ataque do uke. Após isso ter sido alcançado, como a ideia prossegue, o nage coloca o uke em uma posição desequilibrada e executa o arremesso.

Na verdade, essa é uma explicação muito superficial do conceito da união como era vista pelo Fundador. A razão é que, neste cenário, é o uke quem controla o tempo e a direção do ataque enquanto o nage “reage” em uma tentativa de se unir ou se igualar aos movimentos do uke. Contra um oponente hábil e capaz de movimentos muito rápidos, simplesmente não há tempo suficiente para responder desta maneira.

Em um nível bem mais alto, o nage toma a iniciativa forçando o uke a reagir à “direção” psíquica indicada pelo nage. O uke não consegue coordenar um ataque significativo contra a pressão psicológica aplicada pelo nage. Exemplos desta estratégia aqui descrita pode ser uma postura natural acompanhada por uma sutil mudança do corpo, metsuke ou contato visual, ou a alteração do ritmo da respiração, para listar algumas poucas possibilidades. Sob tais condições, o uke deve lidar com um campo de energia que se altera e mudar seu ataque para compensar.

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KIAI

O kiai é um “grito de combate” usado para interromper ou neutralizar o ataque de um oponente. O uso desta poderosa técnica de vocalização corresponde à exalação de ar e concentra o corpo e o espírito do nage em um ponto específico. O resultado final de um kiai bem executado é a interrupção do fluxo do ki do uke e a inutilização de seu ataque. Frequentemente o movimento do uke será congelado por um breve instante, dando ao nage uma excelente oportunidade para aplicar uma técnica.

O-Sensei frequentemente usava o kiai como um instrumento para controlar seu uke. Ele o usava com maior frequência ao fazer demonstrações com a espada. Ironicamente, o uso que o Fundador fazia desta técnica era tão eficiente que os ataques de seus uke costumavam parecer fracos, porque eles eram interrompidos por seu kiai bem sincronizado.

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ATEMI

O Fundador podia ser visto aplicando atemi ou “golpes antecipados” até o fim de sua vida. Mas, atualmente, o atemi caiu em desuso no aikido. Acredito que isso se deve à falta de compreensão quanto ao seu propósito. O atemi é uma ação usada para antecipar a intenção agressiva do uke através de uma manobra de distração na forma de um golpe. O uso do atemi não é para o propósito de ferir ou “enfraquecer” o uke antes de se efetuar uma técnica. Seu papel é semelhante ao do kiai, pois ele interrompe a concentração do uke.

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O Aikido de Morihei Ueshiba – Por Stanley Pranin

28/10/2013

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Uma das coisas que percebi cedo na minha carreira de pesquisador das origens do aikido é o fato de que poucos professores de aikido da atualidade têm consciência de certos dados específicos da arte do Fundador. Mais que Morihei Ueshiba, os pioneiros do aikido do pós-guerra eram pessoas como Kenji Tomiki, Gozo Shioda, Kisshomaru Ueshiba, Koichi Tohei, Morihiro Saito, Seigo Yamaguchi, Michio Hikitsuchi e outras, que foram as figuras principais que deixaram a impressão mais forte na forma como a arte é praticada atualmente.

A metodologia de ensino de Morihei Ueshiba, que estava fora de sincronia com a sociedade japonesa do pós-guerra, sua forte orientação religiosa, suas frequentes viagens e seus horários irregulares, tornaram difícil para a maioria de seus alunos receberem instruções profundas do Fundador. A isso se soma o fato de que o aikido se desenvolveu e se espalhou pelo Japão durante uma era de paz e posteriormente floresceu em um período de uma prosperidade econômica sem precedentes.

Em tal enquadramento social afastado do constante espectro da Guerra e da sensação de perigo físico, o treinamento do aikido em um período de paz não tinha a intensidade e o foco dos tempos de insegurança da era anterior à guerra. Além disso, a prática do judo e do kendo se espalhou antes da Guerra e era ensinada em escolas. Isso significa que aqueles alunos que aprenderam com O-Sensei no período anterior à Guerra tinham um nível preparação física e mental muito maior ao iniciarem seu treinamento se comparados aos alunos que vieram depois da guerra.

Certamente, existiram alguns técnicos excelentes e professores inspiradores durante os anos iniciais de crescimento do aikido a partir da década de 1950. Também havia alguns que falavam da dimensão moral do aikido e de seu papel como veiculo para o aperfeiçoamento dos indivíduos e da sociedade. Mesmo assim, a alta percepção, a agudeza e a absoluta exuberância apresentadas pelo Fundador ao demonstrar sua arte dificilmente poderiam ser vistos em qualquer lugar.

Da mesma forma, a perspectiva religiosa do Fundador e sua visão de si mesmo como um instrumento do “kami”, cujo propósito seria trazer a paz e a igualdade na terra, é uma visão muito grandiosa para a maioria dos professores de aikido, que veem a si mesmos principalmente como pessoas que oferecem treinamento em autodefesa e exercícios para o público.

Ninguém duvida de que não existe um substituto para longos anos de treinamento dedicado, e o Fundador é o exemplo máximo. Mas, além disso, quais são as características especiais da arte de O-Sensei que o separam das gerações de estudantes que seguiram seus passos?

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O Coração do Aikidô – Por Shirata Rinjiro e John Stevens

05/08/2013

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Milhares de horas são gastas no desenvolvimento das técnicas, porém muitas mais são gastas lutando com os grandes tópicos da existência humana, portanto considerar o Aikidô como uma arte marcial que envolve somente arremessos e imobilizações – habilidades que podem ser adquiridas em qualquer sistema de defesa pessoal – é um insulto à incansável busca espiritual do fundador.

A mensagem do fundador, no entanto, não pode ser assimilada rapidamente. Ele usou livremente ideias para expressar sua própria visão, sendo que suas conversas eram uma mistura de frases do Budismo esotérico, obscuros mitos Xintoístas e enigmáticas doutrinas da Omoto-Kyo. Nenhuma pessoa, incluindo o próprio fundador, jamais alegou compreendê-las por completo, e em uma ocasião ele afirmou : Palavras e letras nunca poderão adequadamente descrever o Aikidô – seu significado é revelado somente para aqueles que através de um intensivo treinamento obtém o esclarecimento”.

Shirata Sensei contou-me que embora estivesse no início totalmente confundido pelas explicações de Ô-Sensei, gradualmente com o passar dos anos elas começaram a fazer sentido.

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A seguir está um resumo dos pontos chave da filosofia religiosa do fundador, feito por Shirata Sensei. 

O Aikidô possui sua própria cosmologia. As palavras Aiki, Kami e Takemussu são termos antigos, porém o fundador as reinterpretou sob a luz de seu profundo despertar. Ki é a energia primária que surgiu do vazio. Através do Aiki, a combinação do Ki positivo com o Ki negativo (Yin e Yang), as infinitas formas dos fenômenos foram e são manifestadas. Aiki, a fonte e amparo da vida é KamiO Divino”, originalmente essa palavra consiste dos caracteres Ka (fogo) que simboliza o espírito e Mi (água) simbolizando a matéria. A confluência desses dois elementos resulta no surgimento do mundo material. A partir das funções do Kami, como o Iki (Kokyu, a vivificante respiração da vida), surgem os Kotodama (vibrações divinas). A essas duas forças procriadoras o fundador acrescentou uma terceira o Takemussu (o valor da atividade do ser), Take (ardor marcial) também pronunciado Bu como em Budô é o empenho incansável; Mussu é Mussubi, o poder de transformação.

A grande percepção do fundador sobre o universo é Takemussu Aiki. Em seu mais alto nível Takemussu Aiki pode ser interpretado dessa forma: “Bu nasceu do Aiki; Bu dá a luz ao Aiki.” Dentro da perspectiva humana, poderia ser descrito assim: “Eu nasci dos meus pais; Eu dei a luz aos meus pais.” Isso é o mesmo que dizer, “Eu sou Aiki; Eu sou o universo!” Em termos mais concretos Aiki é primeiramente aplicado para harmonizar as três funções: Corpo, mente e Ki.

Depois de realizada essa harmonização, usamos o Aiki para fundir nossos movimentos com os do parceiro quando executamos uma técnica, nesse caso Aiki é A-i-Ki representado por um triângulo, um círculo e um quadrado que juntos formam os modelos básicos da criação. Os movimentos do Aikidô surgem a partir desses modelos: postura triangular, entrada circular e controle quadrado (Devemos lembrar que as técnicas não são Aiki; Aiki trabalha através das técnicas).

Uma vez que essas harmonizações são alcançadas – não com muita facilidade – é necessário nos colocarmos em sintonia com a natureza, naturalmente nos ajustando à suas mudanças (é por isso que os Dojôs no Japão nunca estão frios ou quentes demais para se treinar). Eventualmente nós imperceptivelmente nos fundimos com o universo, incorporando seu dinamismo ao nosso próprio, esse processo completo é Kimusubi (unificar os Ki para promover a vida). O Aiki unifica o corpo e a mente, nosso Eu com os demais, matéria e espírito, o homem e o universo. Em seus últimos anos o fundador sugeriu que Ai (harmonia) deveria ser vista como Ai (amor), já que o amor é a forma mais elevada da harmonia que nutri todas as coisas e as conduz para a realização.

O amor é a divindade guardiã de todos os seres; sem o amor nada pode florescer. O caminho do Aiki é uma expressão do amor. . . o amor não odeia, ao amor não existe nada para se opor. O amor é a essência de Deus”.

Kami Sama (Deus) foi a frase que o fundador usou para representar o mais elevado nível, o absoluto, o espírito universal de amor e harmonia. Hito, palavra japonesa para ser humano, é composta do símbolo Hi (centelha divina) parada temporariamente nesse vaso ao qual chamamos nosso corpo. O Ka de Kami, e Hi de Hito são o mesmo símbolo – Se não há Kami não há Hito e vice-versa. É por isso que o fundador insistia que “O ser humano é filho de Deus e um santuário vivo do divino”.

Aiki O Kami (O grande espírito do Aiki) é o símbolo supremo dos ideais que o fundador mais estimava. Através da prática devota das técnicas do Aikidô – funções do divino – é possível avançarmos para esse elevado estado. De fato podemos nos tornar um Kami, um ser humano perfeito. Um Kami não é uma criatura sobrenatural, mas sim alguém que descobriu sua verdadeira natureza – nada mais que o universo em si – através de seu constante esforço. “O Aikidô é o caminho de Deus estabelecendo a força do Aiki e edificando a força da atividade divina”.

A força da atividade divina é nenhuma outra senão Takemussu Aiki. Antigamente Take significava “lei da selva”: “Se eu não o matar, ele provavelmente o fará”. Tal atitude é contrária à sobrevivência da humanidade, o fundador compreendeu que Take não significava destruição e morte, mas sim vida e luz. A força e determinação do guerreiro devem ser canalizadas para um propósito elevado: O restabelecimento da harmonia, a preservação da paz e a proteção de todos os seres. Shirata Sensei acredita que o fundador foi uma espécie de mensageiro divino, que esteve aqui para prevenir a nós imprudentes seres humanos da inutilidade do empreendimento da guerra e da matança uns dos outros. “Aiki não é uma arte para derrotar os outros, mas sim para a unificação do mundo e para reunir todas as raças em uma grande família”.

Sobretudo o Aikidô é Misogi, o grande caminho de purificação. Já que estamos dotados de vida somos divinos, porém devido a pensamentos inferiores e imperfeições nossa verdadeira natureza está obscurecida. Em vez de utilizarmos a água para purificar nossas impurezas nós utilizamos as incorruptas técnicas do Aikidô, sendo que cada corte de espada, cada estocada do bastão e cada movimento do corpo é um ato de expulsar o mal limpando o coração.

Misogi é o processo de conduzir para fora do corpo a maldade, livrando-o de corrupções e polindo o espírito. Conforme as camadas de sujeira e corrupção são retiradas, nossa imaculada luz interior brilha com maior intensidade.

O legado espiritual do fundador – como viver em harmonia divina com o mundo e todos os seus habitantes, cheio de uma força indomável e de um criativo amor – deve ser buscado através do sincero treinamento do Aikidô.

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Shirata Rinjiro e John Stevens Extraído do livro “Aikido the Way of Harmony.

Tradução: Rubens Caruso Júnior – Instrutor de Aikidô 4° Dan – Aikikai – Aikidô Nova Era – São Paulo/SP

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Projeto Aikidô – Desde Junho de 2008 – Feliz Aniversário

26/06/2013

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O Blog I M P R E S S Õ E S – A I K I D Ô parabeniza o Projeto Aikidô – E.M São Francisco de Assis – pelo seu 5º ano de sucesso. Desejamos aos Voluntários e Alunos, que continuem a divulgar os ensinamentos de Morihei Ueshiba e a trilhar os caminhos da Arte da Paz.

Em comemoração à data, o Projeto Aikidô convida os aikidocas interessados a participarem de treino especial comemorativo pelo seu 5º aniversáriodia 14/07/13, às 15h – após o recesso escolar, na Escola Municipal São Francisco de Assis (Mapa).

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História do Projeto Aikidô

O Projeto Aikidô é desenvolvido na Escola Municipal São Francisco de Assis, bairro de N.S. de Nazaré em Natal/RN desde 26/06/2008. Local de grande desigualdade social, presença de comércio informal e inúmeras vilas em condições semelhantes às favelas. A violência do bairro é uma constante na mídia Norteriograndense.

A necessidade de afastar as crianças de tais condições e terem na escola do bairro um refúgio seguro, foram as motivações para a implantação do Projeto Aikidô. O Projeto, além de aulas de Aikidô (arte marcial japonesa) que prega a harmonia, a cooperação, e a saúde corporal, também incentiva a escrita, a leitura e a nutrição. Com o patrocínio do Projeto Escola Brasil – Banco Santander com a doação de Tatames e Kimonos e a ajuda de voluntários – Marcus Vinicius Andrade Brasil (Advogado) , Ellen Karine Mouzinho de Pontes (Técnica em Controle Ambiental e Professora de Inglês) e Andrea Karina Melo Lins de Pontes (Técnica em Manutenção de Microcomputadores – Professora de Português e Matemática) – o Projeto saiu da teoria para a prática e já está em seu quarto ano, atendendo uma média de 25 crianças com Aulas de Reforço (Inglês, Português e Matemática), Recreação e Aikidô, todos os domingos a tarde, das 13h:30m às 17h:30m.

Os exercícios de Aikidô desenvolvem a disciplina, a saúde física e mental, coordenação motora, o alongamento corporal e a postura. A nutrição dos participantes foi revista por profissional assim como o acompanhamento pedagógico.

Após cinco anos de existência do Projeto Aikidô da Escola Municipal São Francisco de Assis observou-se que uma pequena ação pode trazer um grande resultado: melhora nas relações entre os alunos; melhoria da saúde e asseio; das relações sociais; na frequência escolar e no afastamento da violência. Os voluntários aprendem dia a dia com as diversas exigências; a escola está mais participativa na vida do aluno e vice- versa e a relação entre sociedade/escola está reforçada.

A cada fim de semana o Projeto Aikidô caminha em frente, superando os obstáculos que se apresentam para melhorar a vida das crianças do bairro de N.S. de Nazaré.

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Projeto Aikidô

Escola Municipal São Francisco de Assis – N.S de Nazaré – Natal/RN

Av. Miguel Castro, 126, Bairro Nossa Senhora de Nazaré, CEP 59062-000

Fones: (84) 3232-4867, (84) 3213-2133 e (84) 9983-9443

Site: www.projetoaikido.wordpress.com

E-mail: mvabrasil@yahoo.com.br

Encontros todos os domingos das 13h:30m às 17h:30m

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O iniciante na Arte do Aikidô

17/06/2013

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O iniciante em qualquer área é um curioso por natureza. No Aikidô não poderia ser diferente. Abaixo seguem alguns questionamentos e diretrizes para facilitar a vida dos iniciantes no Aikidô, mas que se encaixam, em sua maioria, para iniciantes, ou não, em outras áreas de convivência. Quando cada um tem a consciência do espaço que lhe cabe e se porta de forma digna, a convivência é facilitada.

 

Propósitos do Aikidô

O objetivo do Aikidô é contribuir para fazer uma sociedade melhor através do treinamento do corpo e do espírito. “Todo mundo possui um espírito que pode se aperfeiçoar, um corpo que pode ser treinado e um caminho a seguir”.  – Morihei Ueshiba – Fundador do Aikidô.

 

Diferencial do Aikidô

Um caminho marcial japonês com a intenção de obter uma excelente saúde através do treinamento do corpo e do espírito. A partir de 4 anos de idade, todas as pessoas podem treinar.

 

Aula Experimental

As pessoas interessadas estão convidadas a ir a qualquer Dojô (academia) para fazer aulas experimentais, sem compromisso e sem custo, para ter uma ideia mais clara do que é o Aikidô.

 

Inscrição no Dojô

Para aqueles que se identificam com a arte, depois das aulas experimentais, é só dirigir-se à secretaria do Dojô para fazer sua inscrição.

 

Avaliações

Cada Dojô tem sua forma e datas de avaliação, mas os que estão subordinados à Academia Central de Aikidô em São Paulo – Federação Sul Americana de Aikidô – www.aikidokawai.com.br – seguem o estabelecido por esta. Caso esteja na época de fazer a avaliação, o Sensei comunicará ao aluno e este deverá dirigir-se à secretaria do Dojô, preencher a ficha de inscrição e pagar a taxa a ela referente.

 

Etiqueta e Costumes do Dojô (Local de Treinamento)

1. Ao entrar na área de treinamento do Dojô, ou sair, faça uma reverência em pé.

2. Ao pisar no tatame, ou sair dele, faça sempre uma reverência em direção ao shomen e ao retrato do Fundador.

3. Respeite o seu material de treinamento. O dogui (kimono) deve estar sempre limpo e em ordem. As armas devem estar em boa condição e no lugar apropriado quando fora de uso.

4. Nunca use o dogui ou as armas de outra pessoa.

5. Poucos minutos antes do início da prática, esteja aquecido, sentado formalmente segundo a hierarquia, e em meditação silenciosa. Esses minutos são para você esvaziar a mente dos problemas do dia e preparar-se para o estudo.

6. A aula começa e termina com uma cerimônia formal. É importante que você não se atrase e participe dessa cerimônia, mas, se houver motivo de força maior que retarde sua entrada, deverá esperar sentado formalmente ao lado do tatame, até que o Sensei lhe dê permissão para juntar-se à turma. Faça uma reverência prostrada ao chegar ao tatame. Evite com isso perturbar a aula.

7. O modo correto de sentar-se no tatame é em seiza (posição formal sentada). Se tiver alguma lesão no joelho, poderá sentar-se de pernas cruzadas, mas nunca estiradas, nem com as costas apoiadas na parede. Deve ficar alerta o tempo todo.

8. Não abandone o tatame durante a prática, exceto em caso de machucadura ou doença.

9. Durante a aula, quando o Sensei demonstrar uma técnica a ser executada, fique sentado em seiza, silencioso e atento. Após a demonstração, curve-se diante do Sensei e de um parceiro, e inicie a prática.

10. Quando o fim de uma técnica for determinado, pare imediatamente. Faça uma reverência ao parceiro e junte-se depressa aos outros estudantes.

11. Não perambule pelo tatame: você deverá estar praticando ou, se necessário, sentado formalmente à espera da sua vez.

12. Se, por alguma razão, for absolutamente preciso fazer alguma pergunta ao Sensei, vá até ele (nunca o chame), curve-se respeitosamente e espere o seu assentimento (a reverência em pé é apropriada).

13. Quando estiver recebendo instruções pessoais durante a aula, sente-se em seiza e observe atentamente. Faça uma reverência ao Sensei quando terminar. Se o Sensei estiver instruindo outro aluno, você pode suspender a prática a fim de observar. Sente-se formalmente e faça uma reverência quando ele terminar.

14. Respeite os mais experientes. Nunca discuta a respeito da técnica.

15. Você está aqui para praticar. Não impinja as suas ideias aos outros.

16. Se você conhecer o movimento que está sendo estudado e o seu parceiro não, conduza-o. Mas nunca tente corrigi-lo ou instruí-lo se não for sênior do nível yudansha (faixa preta).

17. No tatame, fale o mínimo possível. O Aikidô é experiência.

18. Não ande pelo tatame nem antes nem depois da aula. O espaço é para estudantes que querem treinar. Há outras áreas do Dojô para o convívio social.

19. O tatame deve ser varrido todos os dias, antes e depois da prática. É responsabilidade de todos manterem o Dojô sempre limpo.

20. Nada de comida, bebida, cigarro ou goma de mascar no tatame ou fora dele, durante a prática.

21. Não se usa qualquer jóia, pulseira, relógio, etc., durante a prática.

22. Jamais beba bebidas alcoólicas enquanto estiver com o seu dogui.

23. Se estiver inseguro quanto ao que fazer em determinada situação, consulte um aluno avançado ou simplesmente siga os passos de seu sênior.

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O Aikido que pode ser oferecido… – Por Rodrigo Calandra Martins

01/05/2013

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Aquele que ataca está em busca de amparo, em busca de suporte.

Quem ataca revela óbvia a desesperada necessidade em dividir a dor que carrega dentro de si – mas óbvia apenas aos olhos de um coração treinado.

A prática do Aikido pode ser então esse instrumento para ajudar a perceber essa dor que se esconde por trás de qualquer ataque, apesar da intensa maneira que ela possa ser manifestada – em agressão, violência física ou psicológica, coerção, prepotência.

O aceitar essa manifestação e a conexão com a dor que a origina, é o que vai possibilitar o alivio de tal sofrimento, e a dissolução de consequente conflito.

É claro que vai ser muito difícil para eu oferecer tal suporte, oferecer atenção a alguém com tamanha dor, se estou carregando eu mesmo tal fardo. O Aikido, então, pode começar exatamente nesse ponto –  o de aprender a escutar e aceitar a própria dor e conflito, que se fazem guardados em obscuros recantos da mente e do corpo, na maior parte das vezes por muito tempo, em um processo de resgatar a própria unidade. Mas, para tanto, eu preciso desenvolver a faculdade de percebê-la, encontrá-la, reconhecer essa dor.

Conceitos fundamentais em Aikido, como Zanshin e Shugyo podem nos apontar eficientes ferramentas nessa busca. 

Shugyo, um caso difícil de tradução para o português, é algo central no ensinamento de muitas artes marciais japonesas, e implica basicamente na prática de encontrar conforto no desconfortável. Treinar a mente e o corpo a não reagir, aceitando o desconforto, sem sucumbir à tendência natural de querer fugir ou afastá-lo. 

Isso vai me permitir acesso a áreas em minha mente que, no passado, foram abandonadas, provavelmente, devido a inabilidade de lidar com certas circunstâncias e sensações de maior intensidade. Nesse processo, a integralidade da mente vai sendo recuperada, devolvendo ao corpo-mente seu movimento sinergético e natural.

Zanshin é outra palavra japonesa difícil de traduzir, mas que também aponta aos fundamentos do Aikido e de outras artes marciais. 

Enquanto que em algumas situações pode ser usada para descrever somente a posição final de uma técnica, Zanshin pode nos remeter à ideia desse estado da mais delicada atenção e vulnerabilidade, vulnerabilidade essa que permite estar sensível, receptivo, e portanto, conectado com tudo a minha volta. Uma qualidade de atenção que me faz presente de forma permeável, numa espécie de fusão entre interior e exterior.

Comece por limpar sua própria casa“, nas palavras do fundador do Aikido, Morihei Ueshiba. Comece por você mesmo. A harmonia dentro de você vai florescer da qualidade do seu Zanshin – da sua capacidade de presença no próprio sentir, e da firmeza em seu Shugyou – sua tenacidade em aceitar a circunstância presente sem resistência.

Com a casa limpa, uma mente livre de conflitos, eu já não posso mais ser enganado. 

Com o meu coração como radar, eu passo a enxergar através das máscaras de quem ataca… além de todo julgamento, de todo orgulho, arrogância… além de qualquer prepotência, agressão, violência eu vejo, agora claramente, a imensurável dor e agonia, e o desesperado pedido de ajuda por trás de qualquer ataque.

E a partir do momento que o Aikido começa a acontecer dentro de mim que eu passo ser capaz de oferecê-lo, ofertá-lo.

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*Rodrigo Calandra Martins (Sensei Rodrigo) – Fundador da Academia Central de Aikidô de Natal/RN.

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Morihei Ueshiba (1883-1969) – 44 anos da passagem do Fundador do Aikidô

26/04/2013

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Hoje, 26/04/2013, faz exatos 44 anos da morte do Fundador do Aikidô, Morihei Ueshiba, conhecido pelos Aikidocas ao redor do mundo como Ô –Sensei – Grande Mestre.

Os últimos anos de Morihei Ueshiba foram passados principalmente em Tóquio à medida que a sua saúde se tornava gradualmente mais frágil em virtude de sua idade já avançada, 86 anos. Não obstante, continuou ensinando até março de 1969, altura em que adoeceu, devido a complicações no fígado, e foi internado no hospital da Universidade de Keio. Na ocasião Morihei disse a seu filho Kisshomaru: “Deus está me chamando”.

Uma das últimas aparições do Ô-Sensei deu-se no dia 15 de abril de 1969, Morihei participou das comemorações do ano novo no Hombu Dojô. Mesmo parecendo estar com a saúde impecável, sua condição física deteriorava-se rapidamente e devido a tal quadro seus numerosos discípulos e amigos fizeram suas últimas visitas e homenagens. Mesmo já no final de sua existência neste plano Ô-Sensei propagava os ideais do Aikidô, e dizia aos presentes: “O Aikidô é para todos…” dizia o Mestre, “não treinem por razões egoístas, mas para todas as pessoas em todos os lugares”.

No dia 26 de abril de 1969, Morihei Ueshiba, aos 86 anos de idade, tomou a mão de seu filho Kisshomaru, riu e disse: “Tome conta de tudo”, e desencarnou.

Uma vigília foi realizada no Hombu Dojô no dia 1º de maio de 1969, a partir das 19h e, no mesmo dia, foi consagrada ao Fundador do Aikidô uma condecoração póstuma pelo Imperador Hirohito. Suas cinzas foram depositadas no cemitério de Tannabe, no templo da família Ueshiba, e mechas de seu cabelo foram guardadas em relicários no Santuário Aiki, em Iwama; no cemitério da família Ueshiba, em Ayabe; e no Grande Santuário de Kumano. Kisshomaru Ueshiba foi eleito para suceder seu pai como Aiki Doshu, por decisão unânime da Aikikai, em 14 de junho de 1970.

O Budô não é um meio de se derrotar um oponente pela força ou com armas letais. Também não é seu propósito levar o mundo à destruição pelas armas ou por outros meios ilegítimos.O verdadeiro Budô busca ordenar a energia intrínseca do Universo, protegendo a paz mundial, moldando e também preservando tudo na natureza em sua forma correta. Praticar o Budô é essencial para fortalecer, em meu corpo e em minha alma, o amor do kami, a divindade que gera, preserva e nutre todas as coisas na natureza” – Morihei Ueshiba.

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Conheça o Aikidô

Local: Academia Central de Aikidô de Natal – ACAN

Endereço: Rua Prof. João Ferreira de Melo – Capim Macio – Natal/RN –  Fundos do CCAB Sul

Telefone: (84) 2020-4841

Site: www.aikidorn.com.br

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Kihon Waza – Por Fumio Toyoda Shihan

21/03/2013

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O progresso virá com a prática constante. Não procure por ensinamentos secretos que não levarão a nada. Confie nas experiências próprias. (Morihei Ueshiba).

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Kihon Waza” não são apenas técnicas para iniciantes. Em japonês “Kihon” significa “fundação original”. Estas técnicas são a base para todas as outras técnicas do Aikidô. Kihon, a fundação original, consiste em coordenação física e mental no treinamento do waza (técnica).

Todos podem se beneficiar com o treinamento físico do “Kihon”. Tamanho, sexo ou estado de saúde atual não importam. O treinamento físico vai melhorar sua saúde e bem estar.

O seu total compromisso com a formação irá desenvolver uma atitude mental que vai beneficiar você em todas as fases de sua vida. Mesmo se você não sabe o que é Aikidô, com um compromisso mental completo e com a ajuda de seu Sensei, você vai experimentar os princípios do Aikidô. Você vai ver uma melhoria em sua consciência, concentração e relaxamento e você irá se beneficiar não só em seu Aikidô, mas também em sua vida diária.

Kihon Waza” são as bases de todas as técnicas do Aikidô e você sempre as estudará. Com essa base, você será capaz de aprender técnicas avançadas (Oyo Waza) e será capaz de aumentar a profundidade de sua compreensão do Aikidô. Você deve praticar as técnicas básica diariamente para ser capaz de desenvolver e melhorar o seu Aikido. “Kihon waza” é como o café da manhã, ele lhe dá o alimento para começar o dia.

Kihon Waza” é a estrutura fundamental do Aikidô. É como o sistema operacional em um computador. Um computador é inútil sem um sistema operacional. Além disso, com uma forte estrutura fundamental ou sistema operacional você poderá se “atualizar” para princípios ou técnicas mais avançadas no futuro.

Uma prática diária de “Kihon Waza” produzirá um Aikidô forte, claro e dinâmico que vai continuar a melhorar e beneficiar você física e mentalmente em todas as fases de sua vida. Tendo em vista isso, não é o Aikidô um treinamento para a vida?

*Fumio Toyada Shihan – Mestre em Aikidô e Zen – Discípulo de Koichi Tohei (Ki Society).

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*Para saber mais sobre o Kihon Waza leia AQUI o texto escrito por Morihiro Saito Shihan.

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Aikidô – Técnicas Básicas – Kihon Waza – Por Morihiro Saito Shihan

20/02/2013

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A importância de uma sólida compreensão das técnicas básicas não pode ser deixada de lado. Muitas escolas de Aikidô ensinam principalmente Ki no Nagare, ou seja, técnicas com fluidez de Ki. Neste tipo de treinamento, as técnicas são executadas a partir de um movimento inicial dispensando totalmente a prática básica onde você permite ser agarrado firmemente. Este tipo de prática pré-arranjada é bem sucedida somente quando ambos os parceiros cooperam completamente. Problemas ocorrem, no entanto, quando estudantes acostumados somente com este tipo de treinamento são confrontados com um oponente forte e não cooperativo. Treinando-se somente Ki no Nagare fica-se totalmente despreparado para a força e ferocidade de um ataque real. Os ataques fracos e não diretos realizados neste tipo de treinamento são comuns no moderno Aikidô, no entanto este modo de treinamento é totalmente contrário aos princípios marciais ensinados pelo fundador.

Aqueles que praticam as técnicas básicas, opostamente àqueles que treinam exclusivamente as técnicas em Ki no Nagare, aprendem como lidar progressivamente com ataques fortes. A fim de realizar isto, você deve estar certo de que quando estiver agarrando seu parceiro de treinamento, esteja fazendo-o firmemente e com uma real intenção. Se seu parceiro é incapaz de mover-se, então diminua a força de seu ataque até que ele ou ela seja capaz de executar uma técnica apropriada. Sempre regule a intensidade de seu ataque ao nível de seu parceiro.

No treinamento básico, todas as técnicas começam a partir de um Hanmi, ou postura preparatória. O Hanmi no Aikidô é uma postura triangular com o pé da frente voltado para frente e o pé de trás perpendicular ao frontal e voltado para o lado. A capacidade de mudar de posição rapidamente mantendo-se estável e girando os quadris completamente, depende de um apropriado Hanmi. As duas posições mais comuns são: Gyaku Hanmi (posição invertida) e Ai Hanmi (posição igual). Em Gyaku Hanmi você e seu parceiro têm os pés opostos à frente, enquanto que em Ai Hanmi ambos têm o mesmo pé a frente. Esta distinção é muito importante e, na maioria das vezes, o sucesso na execução das técnicas do Aikidô dependerá de iniciá-las no Hanmi apropriado.

Uma deficiência comum no treinamento de hoje é a falta da prática dos Atemi, ou ataques em pontos vitais. Os Atemi são usados para enfraquecer ou neutralizar um ataque do oponente para criar-se assim uma situação favorável na qual se pode executar uma técnica. Em muitas situações é virtualmente impossível desequilibrar um oponente forte, suficientemente para aplicar uma técnica sem recorrer-se ao Atemi. Aqueles que afirmam que o uso de tais ataques (executados com o intuito de tirar atenção do oponente do objetivo principal da técnica) é muito violento ou “não é Aikidô” ignoram os conceitos do Aikidô ensinados pelo fundador que dava grande ênfase sobre a necessidade de tais movimentos durante o treinamento. Os Atemi são uma parte essencial das técnicas básicas e também avançadas, e não devem ser omitidos de sua prática.

O fundador sempre iniciava as sessões práticas com os exercícios de Tai no Henko e Morote Tori Kokyo Ho. Ele terminava cada prática com o treinamento de Suwari Waza Kokyu Ho. Os exercícios de Tai no Henko constituem a base dos movimentos Ura, ou movimentos girando, e os dois Kokyu Ho, ou métodos de respirar, ensinam como respirar corretamente, a coordenação apropriada do corpo e como estender o Ki intensamente.

No treinamento do Aikidô nós abrimos nossos dedos para estender o Ki através dos braços. Abrir os dedos é uma forma de aprender as técnicas básicas, um treinamento que permitirá a você executá-las sem usar qualquer força. Abrindo os dedos quando seu pulso é subitamente agarrado torna-o mais grosso, e dá a você uma vantagem. Para aqueles aprendendo defesa pessoal é dito para abrirem seus dedos quando agarrados porque o braço torna-se difícil de segurar.

O Ki é algo adquirido naturalmente através da correta prática dos fundamentos básicos. Se você se preocupar de mais com o Ki, você será incapaz de mover-se. O Ki se manifestará por si mesmo naturalmente se você estiver treinando corretamente. Uma vez que você tenha desenvolvido o Ki, este fluirá livremente através de suas mãos mesmo quando seus dedos estiverem relaxados.

O fundador considerava as técnicas de Ikkyo até Sankyo como sendo movimentos preparatórios ao Aikidô. No Ikkyo você treina seu corpo; no Nikyo você “dobra” seu pulso para dentro estimulando e fortalecendo as juntas; no Sankyo você move seu pulso para fora na direção oposta. Através da prática destas técnicas, você desenvolve um corpo capaz de derrotar um inimigo com um único golpe. Estas técnicas básicas são sua preparação, e o treinamento nas técnicas do Aikidô começa através delas.

Outra parte essencial do treinamento dos fundamentos do Aikidô é o domínio da entrada e dos movimentos de giro. Se você decide avançar, você deve avançar totalmente. Se você decide girar para trás deve fazê-lo completamente. É difícil avançar depois de desviar um golpe, a menos que você possua uma vantagem em força. Portanto, gire sempre que necessário, como quando estiver em uma situação onde você seja incapaz de bloquear. A prática de técnicas girando é também necessária para se aprender como mover-se livremente.

Recentemente, o Termo “Takemussu Aiki” tem sido usado bastante livremente, porém parece que poucas pessoas compreendem seu significado. Takemussu Aiki refere-se a um estado onde técnicas nascem infinitamente como resultado do estudo dos princípios do Aikidô.

No treinamento do Aikidô – que inclui técnicas de mãos vazias, Aiki Ken e – é importante fazer claras distinções. Estas incluem as distinções entre Ikkyo e Nikyo, Omote e Ura, técnicas básicas e Ki no Nagare, e técnicas aplicadas (Oyowaza). Em uma recente viagem à Itália, experimentei executar tantas técnicas quanto podia. Concentrando-me apenas sobre as técnicas básicas, Ki no Nagare, variações e técnicas aplicadas, acabei por realizar mais de 4 centenas de técnicas, e estou certo de que o número teria subido para mais de 6 centenas caso tivesse incluído técnicas partindo da posição sentada, Hanmi Handachi (Atacante em pé, defensor sentado), e técnicas de contra-ataque.

Não importa quão esplendidamente as pessoas escrevam sobre Takemussu Aikidô, eles devem ser capazes de executar estas maravilhosas técnicas por si mesmas, se eles estão sendo considerados como professores. Se vocês continuarem a praticar assiduamente de acordo com o método tradicional, alcançarão o estágio onde serão capazes de executar um número infinito de técnicas desde as básicas até as mais avançadas.

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Tradução: Sensei Rubens Caruso Jr.

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Para Reflexão…

12/02/2013

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Nasrudin postou-se na praça do mercado e dirigiu-se à multidão: “Ó povo deste lugar! Querem conhecimento sem dificuldade, verdade sem falsidade, realização sem esforço, progresso sem sacrifício?

Logo se juntou um grande número de pessoas, com todo mundo gritando: “Queremos, queremos!

Nasrudin: “Era só para saber. Podem confiar em mim, que lhes contarei tudo a respeito, caso algum dia descubra algo assim.

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E, no mesmo sentido, disse Morihei Ueshiba, Fundador do Aikidô:

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No seu treinamento, não se apresse, pois é necessário um mínimo de dez anos para dominar os elementos básicos e avançar ao primeiro grau. Nunca se considere um mestre perfeito que sabe tudo; você precisa continuar treinando diariamente com seus amigos e alunos, avançando juntos no caminho da harmonia.”

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Então, paciência, treino, treino e treino.

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Quando a opção modifica o comportamento: Uma Modalidade de arte marcial se diferencia das demais por oferecer filosofia de vida – Por Milena Sartorelli

24/01/2013

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O texto que segue foi enviado pelo Sensei Emerson Zacarella feito em forma de entrevista pela Repórter Milena Sartorelli. Sensei Emerson é o fundador do Dai Shizen Dojo e iniciou seu treinamento em Aikido no ano de 1996. Possui a graduação de Shodan (Faixa-Preta 1ª dan) desde 2006. É membro da FEBRAI (Federação Brasileira de Aikido) e é discípulo do Sensei Severino Sales – 6º DAN –  treinando sob sua orientação desde 2002.

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O professor é dotado de serenidade tal que – apesar de seu tamanho e feições típicas do ocidente, tem-se a impressão de estar na presença de um pequeno senhor de traços orientais. Os alunos, de frente para ele, ficam no lado oposto da sala. Todos em posição seiza. Um deles é convidado a se aproximar de seu sensei (mestre). Sem se levantar, o aprendiz rasteja pelo tatame, em um movimento alternado de pés e joelhos. Palavras de aprovação são proferidas. O aluno é parabenizado por sua mudança de faixa (Kyu); uma conquista que vem da superação não do outro pela força, mas de si mesmo pela técnica. A conquista é tomar o oponente por parceiro, a derrota dos inimigos internos e o aprendizado de uma filosofia de vida por meio do corpo.

Uma aula que começa no Brasil e termina no Japão. A todo o momento os valores de respeito e disciplina, hoje estranhos a cultura ocidental, são reforçados pelo sensei Emerson Zacarella , praticante de Aikido há quinze anos: “Muitas das artes marciais que vieram para nosso país perderam a característica da disciplina para se adaptar ao gosto do brasileiro, que adora informalidade. Aqui não. A primeira coisa que eu respeito é a disciplina, tanto é que nós ainda somo ligados ao Japão”.

Membro da Federação Brasileira de Aikido (FEBRAI) desde 2002, ele diz que certos cuidados como reverências, rituais e pontualidade de uma arte oficializada em 1948 – inspirada em modalidades como o Daito Ryu Aikijujutsu – são mais uma forma de aprendizado da paciência e humildade. “Hoje a gente vive em uma sociedade de resultados rápidos. Além disso, as pessoas não gostam de se submeter, de reverenciar. A pessoa não está se curvando. Ela está apenas agradecendo o local de treino e uma pessoa que te indicou um caminho” – fala Emerson referindo-se ao fundador do Aikido, Morihei Ueshiba.

Diferente das lutas e demais artes marciais, o Aikido é uma prática que tem por finalidade a doutrinação da mente pelo físico: “O corpo ensina a mente”, explica Emerson.

A repetição constante dos exercícios e a ausência de noções de vitória e derrota contribuem para o aprendizado que prima pelo equilíbrio. Outro ponto marcante é a questão da força: “Ao meu ver, no Aikido não é necessária a força física, muito pelo contrário: quanto mais força pior é a técnica. E a técnica desta arte é fluída, onde, por meio de movimentos circulares, o praticante absorve e devolve para o parceiro a energia que nele foi projetada”, e exemplifica “quando uma pessoa me pega, ela , de alguma maneira, tem a intenção de me conduzir para alguma direção. Eu não preciso brigar, eu vejo a direção para onde ela quer me conduzir e vou, mas da minha maneira. Daí eu consigo imobilizá-la. Parece meio contraditório porque a gente fala em luta e não tem força. Mas o fundador desta arte marcial, percebeu que é melhor se harmonizar com a situação e chegar junto a um consenso. A técnica é mais ou menos assim”, diz o professor.

A filosofia da prática no local de treino se transporta para o cotidiano do aprendiz, que aprende a lidar com situações de medo, preocupação e estresse. “A gente tem a ideia de que este tipo de atividade é para destruir. No Aikido não se destrói nada, você se une ao seu parceiro. E isso acaba refletindo na sua vida onde você passa a não querer mais competir com os demais” diz o sensei. Ele mesmo confessa ter tido muita dificuldade no começo do treinamento, mas que hoje se tornou mais centrado: “O Aikido muda muita coisa, principalmente na personalidade. Eu me tornei uma pessoa muito mais paciente, mais calma. Eu vejo o pessoal treinando e ninguém teve mais dificuldade no começo que eu. Eu tive muita dificuldade. Talvez tenha sido por isso que eu persisti”, ele ri.

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Em 14/12/1883 nasceu Morihei Ueshiba – Ô Sensei – Fundador do Aikidô

14/12/2012

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Nesta data de 14 de dezembro do ano de 1883, nasceu em Tanabe – Japão, Morihei Ueshiba, aquele que seria reconhecido em todo mundo como um grande guerreiro e um grande mestre e que, com sua iluminação, viria a criar o Aikidô, aArte da Paz”.

O verdadeiro Budo é feito em prol da “construção da paz”. Treina todos os dias, a fim de fazer paz entre este espirito (Budo), e todas as coisas que se manifestam sobre a face da Terra.”

Morihei Ueshiba em Budo Training in Aikido – 1933

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Impressões de um iniciante na Arte da Paz – Por Fernando Avelino*

05/11/2012

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“Eu não pensei em título, mas essa foi uma sugestão do meu amigo Sensei Vinicius Brasil

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Um mês aproximadamente de treino e a impressão que dá é que eu não sei de nada ainda, isso dá agonia as vezes. Mas ao mesmo tempo é interessante pensar assim, pois tudo que é passado é algo novo. Cada repetição é uma nova percepção do mesmo. “Pera”, “Calma”, “Então”, “Tá certo?”… Repito essas expressões o tempo todo tentando entender o desenho do movimento, se é avançando pela lateral, se é recuando para desequilibrar, se o braço gira para dentro ou para fora, por baixo ou por cima… Preocupar-me-ei quando começar a fazer os movimentos de forma mecânica e perder a diversão do aprender.

No começo estranhei a ritualística, não sou muito fã de “receber ordens”, tanto que fugi do exército pra não ficar ouvindo grito de graça. Mas no Aikido eu vi que isso é diferente, você não se curva ao Sensei por medo ou por “obrigação”, e sim por respeito e agradecimento. O Sensei não lhe dá “ordens”, ele lhe guia expondo as técnicas e supervisionando a sua execução, e tudo com o clima de amizade.

Eu iria começar a ler alguns livros que existem no site, mas preferi escrever esse texto antes de qualquer leitura para não influenciar a minha escrita. Ao contrário de outras artes que visam o combate, para mim o Aikido visa o crescimento pessoal fortalecendo corpo e espírito. Alguns acham que só as técnicas são importantes, mas não é só essa parte que importa no treino, a interação, a troca de experiência, a gentileza de se deixar levar ao chão para que outro aprenda uma técnica e poder ter essa gentileza retribuída, essas peculiaridades executadas de forma tão natural na nossa arte moldam o ser humano que a pratica em sua essência.

Eu agradeço imensamente aos Sensei(s) pela oportunidade do treino e pelos conhecimentos adquiridos, mas não posso esquecer dos meus companheiros de tatame, cada um de sua forma ajudam ao próximo nesse aprendizado. Em um dos treinos um faixa-preta se dispôs a direcionar o seu tempo para ao invés de estar exercitando as técnicas estar me ensinando alguns princípios básicos de pegada, de aproveitar o fluxo, se harmonizar.

O Sensei, em uma ocasião, viu que não estávamos praticando o que ele havia passado, mas ao invés de chamar para a técnica ele percebeu a interação que estava rolando e sorriu, nesse momento eu percebi que ao invés de estar aborrecido o faixa-preta estava feliz também por estar dividindo conhecimento e aí relaxei e o aprendizado fluiu. Esses pequenos atos nos tocam de forma que não percebemos. No dia seguinte estava fazendo dupla com uma faixa-branca, e aquilo que tinha aprendido um dia antes eu espontaneamente estava dividindo com ela. Quando ela assimilou o que eu estava passando aquilo me deu felicidade e eu me toquei de duas coisas: 1- que aquilo havia sido aprendido com aquele faixa-preta e entendi o prazer que ele estava sentindo enquanto ensinava; 2 – que enquanto isso acontecia havia um outro faixa-preta ao lado com um olhar satisfeito.

Para mim está sendo uma experiência maravilhosa, de aprender, dividir, cuidar do amigo se preocupando em não machucá-lo. Eu só tenho a agradecer a acolhida nessa nova família.

DOMO ARIGATO GOZAIMASHITA!

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*Fernando Antonio Avelino – É faixa-branca (6º Kyu) da Academia Central de Aikidô de Natal.

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Regras Durante a Prática – Por Morihei Ueshiba

20/09/2012

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As regras de prática do Aikidô de Ô-Sensei Morihei Ueshiba, foram postadas no Hombu Dojo por muitos anos, e têm sido traduzidas por diversas vezes e de maneiras ligeiramente diferentes. Esta versão foi publicada originalmente no livro “Aikidô”, de Kisshomaru Ueshiba, 2º Doshu, em 1974, livro este que foi um dos primeiros livros sobre o Aikidô traduzidos para o inglês. Abaixo das regras, as elucidações do 2º Doshu.

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Regras Durante a Prática

1) Um golpe no Aikidô é capaz de matar um adversário. Na prática, obedeça ao seu professor e não faça do período de prática, um tempo para testes desnecessários de força;

2) O Aikidô é uma arte em que um homem aprende a enfrentar muitos adversários simultaneamente. Por isso, exige que você aperfeiçoe a execução de cada movimento, de modo que você possa ter controle sobre, não apenas aquele que vem diretamente a você, mas também aqueles que se aproximam de todos os lados;

3) Pratique todas as vezes com um sentimento de alegria e prazer;

4) Os ensinamentos de seu instrutor constituem apenas uma pequena fração do que você vai aprender. Seu domínio de cada movimento vai depender quase que totalmente da sua prática individual e séria;

5) A prática diária começa com movimentos leves do corpo, aumentando gradualmente de intensidade e força, mas não deve haver excesso de esforço. É por isso que mesmo um homem idoso pode continuar a praticar com prazer, sem danos físicos, e vai atingir a meta de sua formação;

6) O propósito do Aikidô é treinar o corpo e a mente para fazer um homem sincero. Todas as técnicas do Aikidô são segredos da natureza e não devem ser revelados publicamente, nem ensinada para malandros que irão utilizá-las para fins malignos.

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Primeiro, é bom obedecer ao instrutor e lembrar-se de suas instruções, acima de tudo. Não importa o quanto você possa estudar, se você se apegar a si mesmo, você não vai desenvolver a sua capacidade.

Em segundo lugar, budô é para combater qualquer ataque de qualquer direção a qualquer momento. Quando você está pronto apenas para um adversário, sem estar preparado para os outros, será apenas uma luta comum. Postura em guarda, com um espírito inamovível é a base de todo exercício de budô. As pessoas geralmente dizem: “O homem se comporta irrepreensível“, ou “Um excelente artista marcial vive completamente em guarda.” Aqueles que estudam o Aikidô devem, portanto, passar a vida diária em guarda, mesmo se eles não estão conscientemente observando todas as direções ao redor.

Mas se você mantiver a disciplina de budô sem se cansar, você vai finalmente chegar a um estágio realmente agradável. Algumas pessoas não entendem que é melhor sofrer enquanto estuda, para não sofre depois. O verdadeiro estudo é agradável em todos os momentos. Aikidô tem alguns milhares de variações técnicas. Alguns estudantes querem apenas ir atrás de um acúmulo de quantidade de técnicas e não da qualidade delas. No entanto, quando eles olham para trás, eles vem a saber que não ganharam nada e assim logo perdem o interesse. Como há inúmeras variações de cada técnica, é necessário que os instrutores sempre enfatizem a importância da repetição para os iniciantes. Quando você praticar cada técnica básica, uma e outra vez, você domina-a e, em seguida, serás capaz de usar as variações.

Quando o Mestre veio pela primeira vez a Tóquio, entre os seus alunos mais fervorosos estava o Almirante Isamu Takeshita. Ele escreveu todas as técnicas que ele aprendeu com o Mestre. Eles ascenderam a mais de duas mil, e ainda havia mais. Ele estava num beco sem saída pois não poderia fazer todas elas. Após cuidadosa consideração de vários dias, ele entendeu o significado do cuidado do Mestre, “Você deve estudar, usando o exercício sentado como base.” Ele praticou e, então, finalmente tornou-se capaz de gerenciar as técnicas tão bem que ele pode entender as técnicas que ainda não tinham sido ensinadas por seu instrutor. Para um idoso de 60 anos, é o mesmo: A repetição do exercício é o segredo de melhoria, não importa quão inábeis possam vir a ser.

A quinta regra é não contradizer a natureza. Deve ser evitado o excesso em qualquer coisa. Moderação é a chave. Não importa quão pouco o excesso é, toda a postura e a condição do corpo estarão desequilibradas. O exercício natural cria a verdadeira força. Por esta razão, foi possível para o Dr. Niki, um homem de mais de 80 anos de idade, praticar o Aikidô.

Por fim, o objetivo do Aikidô não é apenas produzir um homem forte, mas criar uma pessoa integrada. Qualquer pessoa educada sabe que a força bruta não tem sentido nos dias de hoje de civilização avançada. Por esta razão, o Mestre proibiu que o Aiikidô fosse mal utilizado e severamente advertia a todos caso acontecesse. Ele não permitia a publicação de suas técnicas de arte marcial e suas apresentações sem as necessárias garantias para cada aluno. 

Em resumo, aqueles que desejam estudar o Aikidô deveriam ter a mente correta e justa, obedecer aos instrutores, e estudar naturalmente. Por uma questão de consequência, as técnicas serão cultivadas com a habilidade de cada um e um caráter nobre será criado neste ambiente.

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Ensinamentos de Morihei Ueshiba

10/09/2012

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“O Universo é nosso maior professor. Vejam a maneira como uma corrente flui em seu caminho pelo vale da montanha, suavemente transformando-se ao fluir por cima e ao redor das rochas. A Sabedoria do mundo está contida em livros e, ao estudá-los, incontáveis técnicas novas poderão ser criadas. Estude e pratique, e então reflita sobre o seu progresso. O Aikido é a arte do aprender profundo, a arte de conhecer a si mesmo.”

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Morihei Ueshiba – Fundador do Aikidô
No livro A Filosofia do Aikido de John Stevens

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É apenas o início, e não fim

25/08/2012

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“Conta-se que no grupo de pessoas próximas a J.F.Kennedy, nos anos 60, se propôs que a década não ia terminar sem que o homem chegasse à lua. E conseguiram! Mas depois, um número importante de cientistas caiu na depressão e loucura, inclusive no suicídio. Seu propósito era excelente, mas não estava vinculado a um objetivo mais alto. Se fazemos uma comparação com a prática do Aikidô, acontece que muita gente toma como finalidade chegar à faixa-preta. E depois produz um vazio. E na verdade, a faixa-preta é o primeiro degrau. É como aprender a ler e depois nunca mais abrir um livro.”

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Trecho do livroAikido, o desafio do conflito.

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Zanshin – Espírito do Gesto

15/08/2012

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Zanshin é o espírito que fica, que permanece sem se apegar, o espírito que está sempre vigilante. O Zanshin se aplica a todos os atos da vida.

A beleza natural do corpo é o reflexo do treinamento do espírito na concentração dos gestos. O trabalho manual, agricultura de arte ou de artesanato, não condiciona apenas a saúde do corpo e a habilidade das mãos, mas também a agilidade do cérebro.

Através do exercício, os gestos tornam-se naturais e controlados e o corpo encontra sua beleza. A ação natural é inconsciente e perfeitamente bela.

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A importância do treinamento – Por Kisshomaru Ueshiba

01/08/2012

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A única maneira de apreender o significado do Aikidô e de obter algum benefício, palpável ou não, é praticar realmente a arte. A maioria dos praticantes passou por um processo assim: começam com dúvidas e perguntas, são iniciados na prática e gradualmente se familiarizam com o método e a forma do Aikidô. Mais tarde, sentem sua irresistível atração, e por fim, obtêm certa compreensão de sua profundidade imensurável. Quem tenha percorrido este ciclo terá aprendido várias coisas sobre o Aikidô que o tornam uma arte marcial singular.

Em primeiro lugar, a pessoa se surpreenderá. Diferentemente da aparência suave vista nas demonstrações públicas, o Aikidô pode ser realmente duro, vigoroso e dinâmico, com chaves de pulso fortes e golpes diretos (atemi). A despeito do que poderia supor, o Aikidô dispõe de várias técnicas devastadoras, especialmente as destinadas a desarmar e a dominar o inimigo.

Em seguida, ela ficará chocada ao descobrir o quanto é complicado e difícil, mesmo no nível de principiante, executar as técnicas e movimentos básicos, tais como as quedas (ukemi), o distanciamento adequado (ma-ai), a entrada (irimi), e outros movimentos de corpo (tai sabaki). O fato é que o corpo todo, não apenas os braços e as pernas devem mover-se com rapidez, vigor e potência. É necessário um grau extraordinário de concentração mental e de agilidade, de equilíbrio e de reflexos para atuar com suavidade e rapidez.

Perceberá também a importância do controle da respiração, que inclui não somente a respiração normal, mas algo mais que se conecta com a energia Ki. Este domínio do poder de pulsação é a base para a execução de qualquer movimento e garante a continuidade do fluxo dos movimentos. Além disso, está intimamente relacionado com a filosofia do Budô desenvolvida por mestre Ueshiba, como veremos adiante.

Por fim, à medida que o aluno avança, ficará admirado com o incontável número de técnicas, com suas variações e aplicações, toda caracterizadas pela racionalidade e economia. Só depois de experimentar a complexidade dos movimentos do Aikidô é que ele terá condições de apreciar o valor central do ki, tanto o individual como o universal. E então começará a sentir a profundidade e o refinamento do Aikidô como arte marcial.

Em síntese, somente através de um treinamento efetivo no Aikidô é que podemos compreender a plenamente a dimensão essencial do Budô — o treinamento constante da mente e do corpo como disciplina básica para os seres humanos que trilham o caminho espiritual. Só então podemos compreender completamente a recusa de competições e torneios de Aikidô e o motivo que justifica as demonstrações públicas como sendo uma amostra de treinamento constante, e não de exibição de ego.

 

Trecho do livro “O Espírito do Aikido”.

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Ensinamentos de Morihei Ueshiba

26/07/2012

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“No seu treinamento, não se apresse, pois é necessário um mínimo de dez anos para dominar os elementos básicos e avançar ao primeiro grau. Nunca se considere um mestre perfeito que sabe tudo; você precisa continuar treinando diariamente com seus amigos e alunos, avançando juntos no caminho da harmonia.”

 

Morihei Ueshiba – Fundador do Aikidô
No livro Os Segredos do Aikidô de John Stevens

 

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Aikidô no Kokoro – Por Kisshomaru Ueshiba

21/03/2012

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Empreendi o treinamento do corpo através do budô e, ao mesmo tempo em que aprendi todos os segredos, obtive uma verdade ainda maior. Quando compreendi a essência da realidade universal, vi claramente que os seres humanos devem unificar o ‘sentimento’ (kokoro), o corpo e o ki que une os dois e que a pessoa deve harmonizar sua atividade com a atividade de todas as coisas do universo, ou seja, dependendo da atividade sutil do ki, o sentimento e o corpo se harmonizam e, também, se harmoniza a relação entre o indivíduo e o universo.

Se não se utiliza corretamente a atividade sutil do ki, o sentimento e o corpo das pessoas adoecem, o mundo se torna caótico e o universo todo fica em desordem. Consequentemente é necessário harmonizar os três corretamente com a atividade de todas as coisas do universo para que haja ordem e paz no mundo. O Aikidô é o caminho da verdade. Treinar-se no Aikidô é treinar-se na verdade. Pela dedicação, treinamento e compreensão, nascerá a técnica divina.

Somente dedicando-se aos três tipos de treinamento mencionados a seguir, é que a verdade inabalável da força extraordinária se tornará parte do nosso sentimento e do nosso corpo:

1. Treinar para harmonizar o sentimento com a atividade de todas as coisas do universo;

2. Treinar para harmonizar o corpo com a atividade de todas as coisas do universo;

3. Treinar para fazer com que o ki que une o sentimento e o corpo se harmonize com a atividade de todas as coisas do universo.

Somente quem pratica e realiza esses três pontos simultaneamente, não apenas teórica, mas praticamente, no Dojô e em cada momento da vida diária, que é considerado o verdadeiro Aikidoca.

O Mestre Ueshiba ensinou repetidas vezes:

Cada técnica de uma arte marcial deve estar de acordo com a verdade do universo. Se isso não acontecer, a arte marcial estará isolada e com natureza diferente da arte marcial criadora de amor, o ‘take musu’. O ‘Aiki’ é desde a sua origem um ‘take musu’ por excelência. Aqui, marcial ‘take’ significa o bramido heroico, a vibração do corpo através do poder do ‘aum’ (o poder da respiração) que ressoa no espaço. A vibração interna do corpo deriva da unificação sentimento / corpo, que se sintoniza com a vibração do universo. A resposta mútua e o intercâmbio produzem o ‘ki’ do ‘Aiki’. A essência do Aikidô é o ecoar da vibração interna do corpo com a vibração do universo. Disso nascem o calor, a luz e o poder unidos num espírito plenamente realizado. O delicado ecoa do interior do corpo e a vibração do universo amadurece a atividade sutil do ‘ki’ e geram o ‘takemusu aiki’, a arte marcial que é amor e o amor que não é nada mais que arte marcial”.

A resposta à pergunta de como se alcança a unidade do ‘ki’ universal com o ‘ki’ individual, sua atividade harmoniza e resposta mútua, está no treinamento e na prática intensivos. Isso faz da harmonia e do amor a essência do Aikidô. Ambos estão no cerne do Aikidô. O fundador considerava que esta era a essência última e a verdade maior.

Extraído do livro “Aikido no Kokoro” (Kisshomaru Ueshiba) – Tradução e adaptação Ivan Sensei.

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O uso do Hakama – Por Shigenobu Okumura Sensei

27/01/2012

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Quando eu era uchi-deshi de O-Sensei, todos eram instados a usar hakama para a prática, começando do primeiro dia em que pisassem no tatami. Não havia restrições sobre o tipo de hakama que você poderia usar, e o tatami era um lugar bastante colorido. Havia hakamas de todos os tipos, todas as cores e variedades, de hakamas de kendo, aos hakamas listrados usados em dança japonesa, até os caros hakamas de seda chamados sendai-hira. Eu imagino que alguns iniciantes foram mandados ao inferno por terem emprestado os caríssimos hakamas dos avós, usados apenas em ocasiões especiais e cerimônias, para esgarçarem seus joelhos fazendo suwariwaza (técnica de joelhos). 

Eu lembro vivamente o dia em que esqueci meu hakama. Eu me preparava para subir ao tatami, vestindo apenas meu dogi, quando O-Sensei me deteve. “Onde está seu hakama?” Ele perguntou asperamente. “O que faz você pensar que você pode receber a instrução do seu professor vestindo nada mais que sua roupa de baixo? Você não tem senso de adequação? Você carece da atitude e etiqueta necessária em alguém que possui treinamento no budô. Sente-se fora do tatame e assista a aula!”

Este foi apenas o primeiro de muitos puxões de orelha que recebi de O-Sensei. Porém, minha ignorância nesta ocasião alertou O-Sensei a orientar seus uchi-deshi depois da aula sobre o significado do hakama. Ele nos falou sobre o hakama como tradicional indumentária dos estudantes do kobudo e perguntou se algum dos estudantes conhecia a razão para as sete dobras do hakama. “Elas simbolizam as sete virtudes do budo”, disse O-Sensei. “Estas são jin (benevolência), gi (honra ou justiça), rei (cortesia e etiqueta), chi (sabedoria, inteligência), shin (sinceridade), Chu (lealdade) e koh (piedade). Nós encontramos estas qualidades nos relevantes samurais do passado. O hakama convida-nos a refletir sobre a natureza do verdadeiro bushido. Vesti-lo simboliza tradições que chegaram até nós passando de geração em geração. O Aikido nasceu do espírito do bushido do Japão, e em nossa prática devemos buscar polir as sete virtudes tradicionais”.

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Aprenda sobre Shigenobu Okumura Sensei AQUI !!!

Veja um vídeo de Shigenobu Okumura Sensei AQUI !!!

Aprenda a dobrar seu Hakama AQUI !!!

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Aikido Today Magazine – nº 41

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Em 14/12/1883 nasceu Morihei Ueshiba – Ô Sensei – Fundador do Aikidô

14/12/2011

Nesta data de 14 de dezembro do ano de 1883, nasceu em Tanabe – Japão, Morihei Ueshiba, aquele que seria reconhecido em todo mundo como um grande guerreiro e um grande mestre e que, com sua iluminação, viria a criar o Aikidô, a “Arte da Paz”.

O verdadeiro Budo é feito em prol da “construção da paz”. Treina todos os dias, a fim de fazer paz entre este espirito (Budo), e todas as coisas que se manifestam sobre a face da Terra.” 

Morihei Ueshiba em Budo Training in Aikido – 1933

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Academia Central de Aikidô de Natal – Novo Horário de Treino

02/09/2011

A Academia Central de Aikidô de Natal instituiu novo horário de treino. Agora tem treino, também, aos sábados das 16h30m às 18h, com Sensei James. Prestigiem !!!

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Ibaraki Dojo – Iwama – Japão

17/07/2011

Nação Aikidoca, segue o site do Ibaraki Dojo, o berço do Aikidô.

No site, semelhante a um Blog, vocês encontram, em inglês ou japonês, textos sobre o fundador na época em que residia em Iwama, notícias de eventos e do dia-a-dia no Ibaraki Dojo, informações da Aikikai, fotos históricas – inclusive do resultado do tsunami de 2011 -, mapa de localização, guia com valores e horários de treinos, os instrutores, a cronologia dos Doshu e uma interessante página com fotos das quatro estações do ano em Ibaraki.

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Clique e faça sua excursão: AIKIDO IBARAKI DOJO

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Princípios Básicos da Filosofia do Aikidô: as dívidas, as gratidões e as virtudes dessa arte de Ser – Por Moaldecir Freire Domingos

30/04/2011

Morihei Ueshiba dedicou seu tempo (principalmente no período pós-Segunda Guerra Mundial) de vida para elaborar a filosofia do Aikidô, a partir de estudos budistas, xintoístas, e de sua própria percepção sobre o Ki, o Universo e a Vida experimentados ao praticar diferentes Artes Marciais.

Na obra de Stevens (2004) sobre a Filosofia do Aikidô, encontramos alguns princípios básicos dessa filosofia que foram escritos baseado nos ensinamentos, entrevistas e conversas de Morihei que foram traduzidas pelo próprio Stevens. Também se fundamenta nos ensinamentos de seu mestre Rinjiro Shirata (aluno direto de Morihei), nos escritos de Kisshomaru e na sua própria experiência enquanto praticante do Aikidô.

Stevens (2004) afirma que os princípios básicos são as “quatro gratidões”: a) Gratidão para com o Universo que significa agradecer pelo dom da vida; b) Gratidão para com nossos ancestrais e predecessores representando ser grato pelos pais, grandes líderes, professores, inovadores, artistas, entre outros; c) Gratidão para com o próximo, pois não se pode viver sem relacionamento; e d) Gratidão para com as plantas e animais que sacrificam suas vidas por nós, ou seja, nós existimos às custas de outros seres vivos.

Essas “quatro gratidões” estão diretamente relacionadas com quatro dívidas: a) estamos em débito com o Universo, pela dádiva de seu grande propósito; b) estamos em débito com nossos ancestrais pela dádiva de nossa existência; c) estamos em débito com os homens e mulheres sábios do passado, pela dádiva de toda cultura humana; e d) estamos em débito com os seres vivos pela dádiva de proporcionar o nosso alimento (STEVENS, 2004).

Além desses itens, a Filosofia do Aikidô envolve “quatro virtudes”: 1) a virtude da coragem, a vitória que buscamos é sobressairmos a todos os desafios e lutar até o fim; 2) a virtude da sabedoria, o Aikidô é a arte do aprender profundo, a arte de conhecer a si mesmo; 3) a virtude do amor, o verdadeiro Budô é a função do amor, o caminho do guerreiro não é a destruição e morte, mas experimentar a vida para continuamente criar; e 4) a virtude da empatia que preconiza a aplicação dos ideais do Aikidô nas diferentes esferas das relações humanas, ecológicas, econômicas e na política (IDEM).

Para finalizar a estrutura básica dos valores no Aikidô, citamos agora os três princípios filosóficos da unidade propostos pelo Ô Sensei: 1) a mente deve estar em harmonia com o funcionamento do Universo; 2) o corpo deve estar ajustado com o movimento do Universo; e 3) mente e corpo devem ser um só, unificados com a atividade do Universo (UESHIBA, s/d apud UESHIBA, 2005, p.25).

Morihei Ueshiba criou esses princípios básicos pensando no difícil período pelo qual passava o Japão, dentre os quais podemos citar a rápida modernização e o envolvimento em grandes guerras. Assim Morihei desenvolveu o Aikidô para que qualquer pessoa pudesse treinar e concluiu que o verdadeiro espírito do Budô não deve centrar-se em competições e combates, mas buscar a perfeição como ser humano através de treinamento cumulativo, unificando o ki individual com o ki universal (UESHIBA, 2005).

Nesse sentido, o Aikidô de Morihei não é um esporte competitivo, não participando de eventos competitivos ou de confrontos que incluam divisões por pesos, classificações baseadas no número de vitórias e a premiação de campeões. Essas características dos esportes de luta são consideradas como alimento para o egoísmo, para a vaidade pessoal e o pelo desinteresse nos outros. Não é objetivo do Aikidô criticar as outras artes marciais por tornarem-se esportes. Sobre isso, a transcrição a seguir é esclarecedora:

“Não estamos criticando as demais artes marciais por se tornarem esportes modernos. Historicamente, essa direção era inevitável para a sua sobrevivência, especialmente no Japão pós-Segunda Guerra Mundial, quando todas as artes marciais foram proibidas pelas autoridades da Ocupação Aliada. Mesmo como esportes, atraíram o interesse de muitas pessoas, quer como participantes quer como espectadoras. Isso é positivo, pois não há como negar que os jovens, de modo especial, são atraídos às artes marciais devido às competições e torneios que decidem quem é o melhor no campo. A despeito dessa tendência, o Aikidō se recusa a entrar nesse círculo e permanece fiel à intenção original do Budō: o treinamento e o cultivo do espírito” (UESHIBA, 2005, p. 23).

Dessa forma, compreendemos que o Aikidô é um exercício de aperfeiçoar a nossa condição humana em seus princípios éticos relacionados ao aprendizado e à compreensão das dívidas, ao exercício das gratidões e das virtudes como enunciado nos princípios básicos dessa arte de Ser.

Referências Bibliográficas:

STEVENS, J. A Filosofia do Aikidô. São Paulo: Cultrix, 2004.

UESHIBA, K. O Espírito do Aikidô. 6ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2005.

 

*Moaldecir Freire Domingos é formado em Educação Física pela UFRN e faixa-amarela (5º Kyu) da Academia Central de Aikidô de Natal.

Colaboração: www.impressione.wordpress.com


Morihei Ueshiba (1883-1969) – 42 anos da passagem do Fundador do Aikidô

26/04/2011

Hoje, 26/04/2011, faz exatos 42 anos da morte do Fundador do Aikidô, Morihei Ueshiba, conhecido pelos Aikidocas ao redor do mundo como Ô –Sensei – Grande Mestre.

Os últimos anos de Morihei Ueshiba foram passados principalmente em Tóquio à medida que a sua saúde se tornava gradualmente mais frágil em virtude de sua idade já avançada, 86 anos. Não obstante, continuou ensinando até março de 1969, altura em que adoeceu, devido a complicações no fígado, e foi internado no hospital da Universidade de Keio. Na ocasião Morihei disse a seu filho Kisshomaru: “Deus está me chamando”.

Uma das últimas aparições do Ô-Sensei deu-se no dia 15 de abril de 1969, Morihei participou das comemorações do ano novo no Hombu Dojô. Mesmo parecendo estar com a saúde impecável, sua condição física deteriorava-se rapidamente e devido a tal quadro seus numerosos discípulos e amigos fizeram suas últimas visitas e homenagens. Mesmo já no final de sua existência neste plano Ô-Sensei propagava os ideais do Aikidô, e dizia aos presentes: “O Aikidô é para todos…” dizia o Mestre, “não treinem por razões egoístas, mas para todas as pessoas em todos os lugares”.

No dia 26 de abril de 1969, Morihei Ueshiba, aos 86 anos de idade, tomou a mão de seu filho Kisshomaru, riu e disse: “Tome conta de tudo”, e desencarnou.

Uma vigília foi realizada no Hombu Dojô no dia 1º de maio de 1969, a partir das 19h e, no mesmo dia, foi consagrada ao Fundador do Aikidô uma condecoração póstuma pelo Imperador Hirohito. Suas cinzas foram depositadas no cemitério de Tannabe, no templo da família Ueshiba, e mechas de seu cabelo foram guardadas em relicários no Santuário Aiki, em Iwama; no cemitério da família Ueshiba, em Ayabe; e no Grande Santuário de Kumano. Kisshomaru Ueshiba foi eleito para suceder seu pai como Aiki Doshu, por decisão unânime da Aikikai, em 14 de junho de 1970.

O Budô não é um meio de se derrotar um oponente pela força ou com armas letais. Também não é seu propósito levar o mundo à destruição pelas armas ou por outros meios ilegítimos.O verdadeiro Budô busca ordenar a energia intrínseca do Universo, protegendo a paz mundial, moldando e também preservando tudo na natureza em sua forma correta. Praticar o Budô é essencial para fortalecer, em meu corpo e em minha alma, o amor do kami, a divindade que gera, preserva e nutre todas as coisas na natureza” – Morihei Ueshiba.

 

Conheça o Aikidô

Local: Academia Central de Aikidô de Natal – ACAN

Endereço: Rua Prof. João Ferreira de Melo – Capim Macio – Fundos do CCAB Sul

Telefone: (84) 3217-9182

Site: www.aikidorn.com.br

 

Colaboração: www.impressione.wordpress.com


Ensinamento de Morihei Ueshiba – Fundador do Aikidô

13/11/2010

“A Arte da Paz começa em você. Trabalhe consigo mesmo e com a tarefa que lhe foi consignada na Arte da Paz. Todos temos um espírito que pode ser refinado, um corpo que pode ser treinado de certa maneira, uma senda conveniente a ser seguida. Estás aqui com um único propósito de dares conta de tua divindade interior e manifestar a tua iluminação inata. Alimente a paz em tua própria vida e aplique logo a arte a tudo o que encontrares.”

Morihei Ueshiba – Em A Arte da Paz

Colaboração: www.impressione.wordpress.com


Ensinamento de Morihei Ueshiba – Fundador do Aikidô

17/08/2010

 

“Quando te preocupas com o “bom” e o “mau” dos teus companheiros, crias uma abertura no teu coração por onde o mal entrará. Testar, competir e criticar os outros enfraquece e te derrota”.

Morihei Ueshiba, em A Arte da Paz

Colaboração: www.impressione.wordpress.com


Gozo Shioda Sensei – Aikido Yoshinkan – 16 anos de sua passagem

17/07/2010

No dia 17 de Julho de 1994, faleceu Gozo Shioda Sensei – Fundador do Yoshinkan Aikido. Shioda Sensei foi um dos alunos do Fundador do Aikido, Morihei Ueshiba e, de suas mãos, recebeu o 9º Dan na arte do Aikidô.

Gozo Shioda nasceu em Shinjuku, Tóquio, em 1915 e um momento decisivo em sua vida foi quando aos dezessete anos, seu pai levou-o para assistir um treino conduzido pelo O-Sensei Morihei Ueshiba no Kobukan Dojo. O Jovem Shioda, em sua primeira visita ao Kobukan, observou O-Sensei sendo atacado e arremessando o atacante facilmente, sem demonstrar esforço aparente.

Em 24 de maio de 1932, iniciou seu treinamento no Kobukan Dojo como Uchideshi (discípulo residente no dojo). Por um período de quase oito anos ele se dedicou somente a prática do Aikido e como resultado, desenvolveu-se dominando a arte. Mesmo como estudante, exibia técnicas firmes com um vigor extraordinário, observado, ainda, nos anos posteriores de sua vida.

Em 1955 Shioda Sensei, criou oficialmente o primeiro dojo do Yoshinkan Aikido em Tsukudo Hachiman, Tokyo. Atualmente o Yoshinkan Aikido está presente em vários países.

O estilo Yoshinkan de Aikido é chamado regularmente de estilo duro de Aikido, uma vez que o método de treinamento é um produto de uma época de grande esforço e dedicação do Sensei Shioda com o O-Sensei Ueshiba.

Gozo Shioda, Artista marcial excepcional, professor, fundador do Yoshinkan Aikido, faleceu em Tóquio, em um domingo 17 de julho de 1994, aos 78 anos.

 

Yoshinkan Aikido no Japão

Hombu Dojo: http://www.yoshinkan.net/indexE.html

 

Yoshinkan Aikido no Brasil

Representante: www.institutohikari.com.br – Sensei Eduardo Pinto

 

Literatura sobre Yoshinkan Aikido

Livro: Aikido Shugyo – Harmonia no Confronto. De Gozo Shioda – em Português

http://www.pensamento-cultrix.com.br/aikidoshugyoharmonianoconfronto,product,978-85-315-1642-9,53.aspx

Guia Básico: Yoshinkan Aikido no Brasil – em Português

http://www.institutohikari.com.br/guiabasico.html

 

Vídeos de Gozo Shioda Sensei

YouTube: http://www.youtube.com/results?search_query=gozo+shioda&aq=f

 

Colaboração: www.institutohikari.com.brwww.aikido.yoshinkan.com.br


Shomenuchi Ikkyo – Contrário aos princípios do Aikidô? – Por Stanley Pranin

02/07/2009

Shomenuchi ikkyo é provavelmente a técnica mais praticada do Aikidô. Muitos instrutores vêem essa técnica como o pilar do Aikidô básico e frequentemente começam a prática em suas aulas com shomenuchi ikkyo omote. Além disso, é dito que o fundador ensinou muito essa técnica tanto antes como depois da guerra.

Como essa técnica é tipicamente praticada hoje em dia nos dojô(s) de Aikidô? O ukê inicia o ataque com um golpe shomenuchi contra o tori. O tori recebe o golpe, empurra o braço do atacante para trás ou para o lado enquanto dá um passo com o pé de trás para desequilibrar o atacante, e finalmente aplica o ikkyo. Esta é, claro, uma maneira muito simplificada de descrever o que é de fato um complexo processo físico, mas qualquer aikidoka reconhecerá o padrão de movimento que descrevi.

Eu tenho praticado esta técnica por anos, como está descrita acima, em aulas com diversos professores. Eu sempre considerei shomenuchi ikkyo omote difícil de ser executado com perfeição porque a coordenação do momento de se encontrar com o ataque shomenuchi é o ponto crítico. Se o praticante estiver um segundo atrasado ao responder o golpe de ataque, a técnica pode se tornar um choque de forças opostas que termina com uma batalha para se determinar quem tem o movimento de quadril mais estável ou maior força nos braços e ombros. Ela contrasta com outras técnicas básicas do Aikidô como yokomenuchi shihonage, munetsuki kotegaeshi, e várias outras, em que o objetivo é se retirar da linha de ataque, se unir à energia que se aproxima, e então aplicar uma técnica apropriada e depois uma imobilização. Nestas a força não é o mais importante porque a técnica não envolve confrontação direta. Estas técnicas são claramente do “tipo aiki” em suas manifestações físicas. 

Por muito tempo eu atribuí minha dificuldade em executar o shomenuchi ikkyo à minha inabilidade de compreender o conceito fundamental ou à minha técnica ainda fraca. Então, em 1973, 11 anos após começar no Aikidô, eu entrei em contato com um método diferente de prática. Passei um mês em Shingu, na prefeitura de Wakayama, treinando com Michio Hikitsuchi Sensei. A forma que o Sensei Hikitsuchi adotava se dava com o tori realmente iniciando a técnica, executando um atemi contra a cabeça do ukê. O ukê, apesar de ser quem seria arremessado, era forçado a proteger sua cabeça bloqueando o atemi, e então, estando desequilibrado, ele seria facilmente arremessado. Praticar dessa maneira era novidade para mim, e não gostei disso. O ritmo do treino era muito rápido, e, no papel de ukê, assim que me levantava de uma queda, a mão do meu parceiro já estava novamente no meu rosto. Eu pensei “como isso pode ser Aikidô, se eu, o atacante, estou sendo atacado”?

Alguns anos depois, em 1977, eu me mudei de vez para o Japão, e treinei no Dojô de Iwama com Morihiro Saito Sensei. Lá o shomenuchi ikkyo era praticado de maneira semelhante. O tori iniciava a técnica com um atemi, o ukê bloqueava e era então arremessado e imobilizado. Saito Sensei declarou que era assim que a técnica era ensinada pelo fundador Morihei Ueshiba nos anos que se seguiram a segunda Guerra Mundial. Finalmente eu me acostumei a praticar o shomenuchi ikkyo desta forma e não mais tive dificuldade em executar a técnica.

Mais tarde, em 1981, enquanto entrevistava um dos ushideshi de Morihei Ueshiba Sensei de antes da guerra, eu vi pela primeira vez o manual técnico Budô ao qual sempre nos referimos nas páginas do Aiki News. O Fundador descreve a execução correta do shomenuchi ikkyo com as seguintes palavras: “1) avance com a perna direita e ataque o rosto do parceiro com a mão direita. Seu parceiro bloqueia com a mão direita. 2) Segure o pulso direito do parceiro com sua mão direita e seu cotovelo firmemente com sua mão esquerda. 3) Movendo o quadril, traga o braço do parceiro de forma espiral para baixo na sua frente, então dê um passo largo com sua perna esquerda. 4) Puxe a sua perna direita em frente. 5) Pressione seu joelho esquerdo contra a área da axila direita do parceiro e com a mão direta segurando seu pulso, estenda o braço do ukê e faça a imobilização.” (AN#48, pp. 8-9).

É claro que o fundador praticava esta importante técnica básica em 1938 quando Budô foi publicado. Alguns dizem que as técnicas publicadas neste manual representam o aiki budô de antes da guerra, e que as técnicas do fundador mudaram após a guerra. Eles estão certos, mas só até certo ponto. Existem claras evidências de que Ô-Sensei ensinava muitas técnicas básicas de Aikidô de uma maneira muito semelhante ao seu estilo anterior à guerra mesmo depois, durante o período de Iwama e ao menos até meados de 1950. Nos filmes do fundador durante seus últimos anos, ele executa o shomenuchi ikkyo omote sem mover muito os pés, mas ele nunca espera muito pelo atacante para desferir um poderoso ataque sobre a cabeça. Ele está sempre à frente do ataque e nunca se choca com o ukê. Eu atribuo a falta de um claro trabalho de pés e de taisabaki neste ultimo estágio de sua vida à sua idade avançada e dificuldade de se mover livremente como antes.

Pessoalmente, eu considero as explicações do fundador sobre as técnicas básicas contidas nas páginas do Budô e como ensinadas no período de Iwama como sendo a “gramática” do Aikidô. O Aikidô pode agora ser raramente ensinado desta forma, mas nossa compreensão histórica da arte avançou a um ponto em que a técnica e a metodologia pedagógica de Morihei Ueshiba estão bem documentadas. E fica evidente que estes métodos ainda são considerados importantes, visto a recente autorização do Doshu Kisshomaru Ueshiba para a publicação de uma tradução para o inglês do Budô, pela prestigiosa editora Kodansha. Além disso, espera-se para breve uma reedição do livro em japonês.

O Aikidô, devido às suas características próprias como uma arte marcial ética, parece destinado a atrair muitas pessoas pelo mundo. Como tal, seu conteúdo técnico passará por uma análise detalhada e a arte será comparada às outras artes marciais. Se técnicas feitas como se fossem uma dança e praticadas de maneira descuidada, que contrariam as bases marciais fundamentais do Aikidô de Morihei Ueshiba, forem usadas como exemplo para tais comparações, temo que o Aikidô será considerado despido de um sentido técnico. Praticantes avançados de Aikidô, e particularmente quem tem um dojô sob sua responsabilidade, tem o dever para com eles mesmos e para com a arte de reavaliar o conteúdo de seu treinamento constantemente. Os ataques durante a prática são sinceros e fortes? O equilíbrio do atacante é quebrado antes que se aplique pressão ou antes da execução de uma queda? A queda é bem executada e seguida de um movimento de imobilização eficiente que impede qualquer fuga? Essas coisas devem sempre ser lembradas. E, finalmente, apesar de não podermos aprender diretamente do fundador, seu legado permanece para todos os que buscam explorar a genialidade de suas teorias e técnicas.

Tradução: Jaqueline Sá Freire – Hikari Dojo – RJ

Colaboração: www.aikidojournal.com


Não é para todos… mas todos podem! – Por Charles Richet

03/06/2009

Seja grato mesmo diante de todos os sofrimentos, recuos e más pessoas. Lidar com tais obstáculos é uma parte essencial do treinamento da Arte da Paz“. Morihei Ueshiba – Fundador do Aikidô.

Escolher fazer algo, gozar dos benefícios e assumir com as cargas e responsabilidades é uma atitude coerente. Por exemplo: querer tomar sorvete sem a baixa temperatura do gelo é incoerente. Apaixonar-se sem querer se machucar é ilusão. Estar no mundo já é um processo com riscos, os riscos inerentes a existência humana. Treinar uma arte marcial não é diferente. As pessoas hoje não querem assumir riscos e responsabilidades, não querem plantar para colher, não querem se sujar, não querem esperar, não querem sentir dor… dor… dor faz parte do treinamento sério.

Há muita confusão em torno da afirmação “Arte da Paz”. “Arte da Paz” é algo complexo e simples, um paradoxo, porém essa afirmação pode ser entendida por todos aqueles que se entregarem ao afinco do treino e estudo sérios, tradicionais.

Escrevo esse relato para dar noção dos dois dias de treino que tive em São Paulo, dias 17 e 18 de março, com Leonardo Sodré Sensei. Leonardo Sensei, 3º Dan, é aluno de Ono Shihan, 7º Dan. Leonardo Sensei é destacado por ter em seu currículo cinco estágios no Hombu Dojo Aikikai de Tóquio, e mais estágios no Summer Camp de Nova York e na academia de Shibata Sensei em Berkeley. Ele treina e ensina Aikidô profissionalmente.

Fui a São Paulo pela amizade e pelo profissionalismo, “treinar com outro profissional”. Quatro horas de treino na terça e três horas na quarta, sendo uma delas uma aula particular em suwari waza por uma hora. Nestes treinos eu tive contato com muitas limitações físicas e técnicas, mas também pude ver o tanto que estou disposto a me entregar aos meus objetivos, os ônus e conseqüências de um treinamento sério. Acumulei ácido láctico como nunca havia feito em toda a minha vida. Porém é em momentos de exaustão física que muitas habilidades extras físicas ficam evidentes e se fazem necessárias. Mas todas essas técnicas só são internalizadas através do treino, mais treino e muito treino. Treinar, treinar e treinar.

As coisas verdadeiras, reais não são compradas, negociadas ou impostas. São reveladas, concluídas, intuídas, nascem da percepção interna. Em termos de Aikidô o treinamento é o caminho, não tem “cadeira do matrix” nem fórmula mágica. O treinamento em Budô/Aikidô serve a esses propósitos: desidentificação do ego, reconhecimento dos limites, expansão dos limites, cultivo de virtudes, autoconhecimento e burilamento do caráter. Não tem caminho fácil nem curto.

Treinar artes marciais é conviver com seu lado negro, conhecê-lo e a partir daí saber agir a partir do seu centro e não de seus instintos egóicos.  Para isso é preciso haver entrega, receber tanto o que é agradável como o não agradável. Mas claro: não estamos no Japão feudal, ninguém tem que cometer harakiri se desagradar seu mestre e nem aceitar os excessos dos instrutores. Hoje podemos escolher nossos mestres, e até mudar de mestre, porém devemos lembrar: o mundo exterior é em parte um reflexo do nosso ser interno e que para ser bom precisamos pagar um preço, o preço da entrega.

O treino sério em artes marciais não é para todos… mas todos podem praticar uma arte marcial.

Charles Richet – Fukushidoin, instrutor auxiliar, e faixa preta 2º grau, com ambas as certificações conferidas pelo Hombu Dojo Aikikai.

Colaboração: www.portalaikido.com.br


O Ego e o Aikidô – Por José Ribamar Lopes

22/05/2009

Não cabe manifestação de ego no Aikidô. É seu pré-requisito a intenção de desprendimento ao sentimento egóico. Aikidô é, acima de tudo, arte de iluminação, e a iluminação nunca se dá em benefício de um único ser. Lembremo-nos que Ô-Sensei era extremamente religioso, e este sentimento foi fundamental na formação do Aikidô.

Não há harmonia com a natureza, preso há uma vontade individual. A natureza não tem vontade…ela é. Assim devemos ser no Aikidô, livres e fluidos. Se há vontade não há fluidez, não há harmonia, não há Aikidô, que é o caminho da harmonia pela energia vital.

Levados por sentimentos adquiridos nas atividades esportivas, bem como no nosso meio social competitivo, preocupamo-nos em demonstrar destreza, conquistar graduações, obter destaque… Trabalha contra nossa prática a comparação com os outros, o objetivo de sermos os melhores. A busca da superação deve ser sobre nós mesmos. A melhora obtém-se no aperfeiçoamento, que requer desprendimento e entrega à prática. Portanto, não há entrega se há apego, que são opostos entre si.

No Aikidô há reverências, submissões a regras e posturas, a conduções; há humildade. Se nossa preocupação ainda é com a obtenção da graduação, a exibição da já conquistada, o aprendizado de uma técnica que nos faça bom de briga, talvez devamos tornar a buscar informações sobre a história do fundador, que migrou seus estudos da marcialidade para a espiritualidade, do Jutsu para o Dô. Assim procedendo, talvez compreendamos o significado da arte por você escolhida, e sejamos praticantes mais tranquilos e felizes, entregue as rotações naturais.

Nesse sentido, a lição do fundador:

A Arte da Paz é o remédio para o mundo doente. Há maldade e desordem no mundo porque as pessoas se esqueceram que todas as coisas vieram de uma única força. Voltemos para essa fonte, deixando para trás todo pensamento egoísta, desejos mesquinhos e raiva. Aqueles que não possuem nada possuem tudo“.

Se você não tem nada que o ligue ao verdadeiro desprendimento. Você nunca entenderá A Arte da Paz“.

José Ribamar Lopes – Servidor Público – 2º Kyu (Faixa-Azul) – Aluno da Academia Central de Aikidô de Natal.

Colaboração: http://umditoeumponto.blogspot.com/


Da arte da paz – Por Paulo Coelho

09/10/2008

Das poucas artes marciais que pratiquei em minha vida, a que mais me seduziu foi o Aikidô. Criado pelo japonês Morihei Ueshiba (1883-1969), a palavra quer dizer “A arte (ou o caminho) da paz. ” (*)  Lembro-me de passar noites a fio com meus companheiros, aprendendo a lutar de tal maneira que toda a energia negativa do adversário fosse dirigida contra ele mesmo. Ueshiba, que é conhecido pelos praticantes de Aikidô como “O Grande Mestre”, deixou uma série de práticas filosóficas suas conferencias, poesias, e conversas com  discípulos; a seguir, alguns de seus principais ensinamentos.

 

Onde começa a arte da paz

 

A arte da paz começa em você; trabalhe para conseguir com que ela permaneça ao seu lado. Todo mundo possui um espírito que pode se aperfeiçoar, um corpo que pode ser treinado, e um caminho a seguir.

 

Você está aqui para cumprir com estas três metas, e para isso são necessárias duas coisas: manter a tranqüilidade, e praticar a Arte em cada coisa que fizer. Nenhum de nós precisa de dinheiro, poder ou status para praticar a Arte; neste exato momento você está com os seus pés no Paraíso, e deve treinar agora.

 

O universo e o homem

 

Tudo no universo vem da mesma fonte. Esta fonte, que chamamos de vida, contem o nosso passado, o presente, e o futuro. Na medida que o homem caminha adiante, ele pode desintegrar ou harmonizar a energia vital. O mal nasce no momento em que passamos a acreditar que é apenas nosso aquilo que pertence a todos; isso provoca soberba, desejos inúteis, e raiva. Mas aquele que não é possuído pelas coisas, termina sendo dono de tudo.

 

O homem e a as oito forças

 

Para praticar a Arte da Paz, é preciso, em algum momento, mergulhar alternadamente nas oito forças opostas que sustentam o Universo:

 

  • Movimento e inércia
  • Solidez e adaptação,
  • Contração e distensão,
  • Unificação e divisão.

 

Isso está presente em tudo, da vastidão do espaço à menor das plantas; cada coisa traz em si uma reserva gigantesca da energia universal, que pode ser usada para o bem de todos.

 

O crescimento constante

 

A vida é desenvolvimento. Para atingir isso, suba as montanhas altas e desça até os vales profundos de sua alma. Inspire e sinta que está sugando para dentro de si tudo o que existe nos céus e na Terra. Expire e sinta que o ar que sai do seu corpo carrega a semente da fecundidade, e irá  fazer a humanidade ser mais verdadeira, melhor, e mais bela. 

 

A respiração infinita

 

Tudo que existe acima e abaixo, também existe dentro de você. E tudo respira; quando você perceber isso, irá também compreender a Arte da Paz. Aqueles que a praticam, sabem que são guerreiros protetores da Mãe Natureza, e em cada respiração estão colocando dentro de si o sol e a lua, o paraíso e o mundo, a maré alta e a maré baixa, a primavera e o inverno, o verão e o outono.

 

Todo o aprendizado do homem pode ser resumido na maneira como respira conscientemente. Cada vez que faz isso, compartilha da energia poderosa que sustenta a Criação. 

 

A atenção consciente

 

Faça com que cada dia seja realmente novo, vestindo-se com as bênçãos do Paraíso, banhando-se em sabedoria e amor, e colocando-se sob a proteção da Mãe Natureza. Aprenda dos sábios, dos livros sagrados, mas não esqueça que cada montanha, rio, planta, ou árvore, também tem algo para lhe ensinar.

 

(*) Aikidô em tradução livre é “o caminho da harmonização das energias”.

 

 

Colaboração: www.aikidonovaera.com.br


Ki no Nagare – O fluxo do Ki no Aikidô – Por Kisshomaru Ueshiba

30/09/2008

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O Ki é um dos conceitos centrais do pensamento oriental que contribuiu para o alto nível filosófico que nós asiáticos herdamos de nosso passado distante. E mais, nossos antepassados acreditavam que o “Ki” era a própria vida. É uma forma de “conceitualizar” a Força Vital, ou Poder do Espírito. Inclusive hoje em dia, em nossa vida diária, utilizamos muitas palavras que refletem esta herança. Por exemplo, sentimos que não se pode conseguir nada se uma pessoa “tiver perdido seu Ki” (estar desanimado), ou se seu “Ki enfraquecer/secar” (estar deprimido). A doença, em caracteres japoneses, se escreve literalmente “Ki enfermo” e, por tanto, é um conceito associado em nossas mentes à ideia da morte. Uma ativação máxima e livre manifestação do Ki que qualquer ser humano possui, permite um inconcebível poder e possibilita a ele viver a vida da forma mais livre e vigorosa. Aqui reside a importância da existência do Aikidô, já que o treinamento correto na arte ensina a capacidade de manifestar livremente seu Ki.

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Para dominar esta sensação, devem estar de acordo o Ki contido no “Poder Respiratório” humano e o Ki original, onipresente no universo. A característica que distingue os movimentos do Aikidô reside na harmonização com a ordem do universo e no ajuste espontâneo a suas mudanças. Por tanto, se pratica o Aikidô com o fim de realizar a unificação do Ki individual com o do universo, fomentando o Kokyu-Ryuku, Poder Respiratório. Quando este Poder Respiratório se estende de todas as partes do corpo e se projeta através de ambas as Mãos-Espada (Tegatana), as técnicas do Aikidô se vivificam e manifestam todo o seu valor. Isto, por sua vez, faz da pessoa uma encarnação da totalidade da natureza.

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Não é possível personificar em si mesmo a forma da Mãe Natureza se nossos movimentos estão baseados dentro do Ego. Ao contrário, deveríamos conduzir o adversário e nos tornar uno com ele no estado mental que se pode chamar “o Reino do não-ego”, no qual se sente o fluir do Ki vital. Quando alguém é capaz de dominar a técnica Aiki até o ponto de tê-la livremente à suas ordens, moverá seu adversário em qualquer direção que queira mediante o Fluxo do Ki vivo; haverá aprendido a absorver o Fluxo do Ki do adversário e a controlar-lhe por meio desta unificação, e não mediante a oposição.

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Esta utilização correta do Fluxo do ki só pode ser dominada através do treinamento constante no Aikidô e do esforço rigoroso para fomentar o Poder Respiratório. Assim, podemos definir o Fluxo de Ki como o estado em que toda a Força Vital concedida a qualquer ser humano adquire seu máximo desenvolvimento e manifestação.

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Tradução: Rubens Caruso Jr.

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Colaboração:

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www.aikidonovaera.com.br

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Quem foi MORIHEI UESHIBA?

28/07/2008

O Fundador do Aikidô foi alguém que, provavelmente como você, procurava estar em paz qualquer que fosse a circunstância. Ele desejava manter uma conexão harmoniosa com todas as coisas por todo o tempo. À medida que o tempo passava e suas habilidades marciais tornavam-se fenomenais, ele falava mais e mais sobre nossa família humana global, sobre a necessidade de cada pessoa estar aberta para os caminhos da natureza e do universo, viver o amor e o respeito por todos os seres com o objetivo de curar a si mesmo e ao mundo. O produto de sua vida, e o seu presente para nós, é o Aikidô.

Ele nasceu com o nome Morihei Ueshiba, em 1883, em Tanabe, uma pequena vila japonesa de pescadores e camponeses. Seu nome, Morihei, significando “paz abundante“, foi profético.

Começou seus estudos de artes marciais na juventude. Treinou primeiramente Sumô; em seguida, espada tradicional, uso de lança e Ju-Jutsu, enquanto, ao mesmo tempo, se dedicava com voraz apetite à matemática, à física e aos estudos espirituais. Investindo anos em treinamento, sua proficiência e sua reputação como renomado mestre de artes marciais cresciam. Sua fama atraiu muitos desafiantes que vinham testar suas habilidades e refutar a lenda do grande guerreiro. Inevitavelmente ele venceria a todos, sendo que muitos deles chegaram a pedir para serem aceitos como alunos.

Após um desses confrontos, onde facilmente se evadiu de repetidos golpes com uma espada de madeira, assim fazendo sem ferir seu desafiante, ele teve uma luminosa revelação: vencer como resultado da derrota de alguém não é uma verdadeira vitória. A partir desse ponto suas profundas crenças espirituais e sua extraordinária arte marcial tornaram-se uma coisa só.

Em 1941, Ô-Sensei (Grande Mestre), como ele mais tarde seria conhecido, começou a chamar de Aikidô – o caminho da harmonia e do amor – a seu sistema de arte marcial. Ele ainda atraía muitas pessoas, que vinham pela profunda admiração e respeito por uma lenda viva, e também pelo poder de seu Aikidô.

Ô-Sensei sempre manteve um estilo de vida simples, e uma forte ligação com a terra através de sua pequena fazenda. Ele amava o trabalho com o solo, o plantio, os cuidados com o crescimento e a colheita. Fez o mesmo com sua arte marcial, que cresceu por todo o mundo, espalhando milhões de sementes do alimento do Aikidô.

Ô-Sensei viu o grande potencial do Aikidô para criar uma cura global, e encorajava seus alunos a levarem esta arte para o mundo. “O propósito do Aikidô”, ele dizia, “é construir um céu na terra organizando as pessoas num convívio de amizade e harmonia. Eu ensino esta arte para ajudar meus alunos a aprenderem como servir seus próximos.”

Morihei Ueshiba faleceu em 26 de abril de 1969 sabendo que seu amado Aikidô já estava sendo ensinado e praticado não apenas no Japão, mas em vários lugares do mundo.

Colaboração:

www.aikidokawai.com.br Confederação Sul Americana de Aikidô.


Aikidô [合気道]: o caminho para a harmonia do espírito

23/07/2008

Ueshiba Morihei [植芝 盛平] era um garoto franzino que cresceu ouvindo histórias de seu bisavô, um bravo samurai da época. Quem sempre lhe contava as aventuras de Kichiemon era seu pai, Ueshiba Yokoru, proprietário de terras, militante político e fã das artes marciais. Morihei praticou sumô por um certo tempo mas acabou desistindo. Só começou a se dedicar às artes marciais depois que seu pai foi atacado por políticos do partido adversário. Os seus estudos levaram à criação de uma das mais famosas artes marciais do mundo: o aikidô.

Aikidô, “o caminho para a harmonia do espírito”, foi formado a partir da síntese de várias artes marciais, filosofias e estudos religiosos, são eles:

Daitoryu Aiki jujutsu: uma das primeiras artes marciais japonesas a se popularizar no século XX, é fruto da fusão entre Daitoryu (criado por Shinra Saburo Minamoto no Yoshimitsu, um grande estudioso do corpo humano) e Aiki jujutsu (uma derivação do jujutsu focada na antecipação e neutralização do ataque do oponente através de imobilizações).

Omotokyo: uma religião japonesa originada do xintoísmo, a qual era repleta de idéias em prol da paz mundial. Estimulava o desenvolvimento das virtudes pessoais para se atingir a harmonia universal.

Koryu:  sistema das antigas artes marciais japonesas criadas durante a época dominada pela cultura militar.

Com essas referências, não é surpresa que o aikidô seja uma arte marcial que procura entender o ritmo e a intenção do agressor para aplicar o contra-ataque e então controlar o oponente sem feri-lo. Os treinamentos baseiam-se em técnicas específicas para derrubar os adversários, rolamentos, quedas, imobilizações e torções. A flexibilidade e resistência também são treinadas constantemente.

O treinamento mental do Aikidô é realizado com o objetivo de relaxar a mente e o corpo em situações de perigo, proporcionando o controle emocional necessário para a boa execução dos golpes durante a luta.

“É preciso estar 99% disposto a receber o ataque do adversário e encarar a morte de frente para que se possa aplicar o golpe sem hesitação”, dizia Morihei.

O ocidente conheceu esta arte marcial em 1951 quando Minoru Mochizuki visitou a França e levou as técnicas para alunos de judô.

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Colaboração:

Bruno Kaneoyawww.nipocultura.com.br

 


Conheça o AIKIDÔ – 合気道

02/07/2008

O Aikidô (em japonês 合気道, transl. aikidō), é uma arte marcial criada no Japão nas décadas de 1920-40 pelo mestre Morihei Ueshiba (1883-1969), a quem os praticantes desta arte respeitosamente chamam Ô-Sensei (“grande mestre”) ou fundador (a expressão Sensei quer dizer aquele que nasceu antes). Ueshiba concebeu o Aikidô a partir da sua experiência com dezenas de artes marciais, sendo as principais o daito-ryu aikijujutsu, com sensei Sokaku Takeda, o kenjutsu (técnica da espada) e o jojutsu (técnica do bastão curto), sendo outro de seus mestres Onisaburo Deguchi, líder da seita Oomoto-kyo, no Japão. Seus sucessores principais no Aikidô foram kishomaru Ueshiba (1921 -1999) e Moriteru Ueshiba (1951), familiares que seguiram na difusão do Aikidô pelo mundo.

O termo Aikidô é composto por três kanji:

Ai : harmonia 合

Ki : energia 気

: caminho 道

Em tradução livre, “caminho da harmonização das energias”.

O Aikidô baseia-se em movimentos fluidos e circulares. Além das técnicas de mãos vazias, os treinos também podem incluir armas: bokken (espada de madeira), jô (bastão curto) e ou tantô (faca de madeira) e rolamentos.

Na sua teoria espiritual, parte fundamental da luta, o Aikidô busca a harmonia dos seres com uma energia universal chamada Ki, comum as práticas zen e ao yoga. Este termo não tem uma tradução estrita para o português, podendo denotar diversos conceitos: respiração, sopro vital, espírito, energia ou intenção.

Nas aulas práticas, usa-se a didática do método repetitivo (reiterada repetição de uma mesma técnica), ao invés do método competitivo. O Aikidô é mais do que esporte, porque não busca objetivos relativos como o de uma competição, mas busca, isto sim, os valores absolutos que transcendem os desejos de glória pessoal.

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Segundo mestre Ueshiba:

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O Aikidô não é uma técnica para lutar contra um inimigo ou derrotá-lo. É uma maneira de conciliar as diferenças que existem no mundo e fazer dos seres humanos uma família. Significa que o segredo do Aikidô é a busca da harmonia com o Universo, é tornar-nos unos com o Universo. Seus praticantes devem buscar esse entendimento
por meio de treinamento diário
“.

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Onde treinar?  Aikidô no Rio Grande do Norte

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Colaboração:  www.impressione.wordpress.com